Animal Business Brasil 28

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Entre as de biotecnologias utilizadas na reprodução suína, Mariana cita a avaliação seminal que aumenta a acurácia da predição da fertilidade do sêmen, podendo acarretar na redução de espermatozoides por dose, fato que produziria um forte impacto econômico. “Visando também à redução da quantidade de espermatozoides por dose, observa-se a rápida difusão da utilização de pipetas que proporcionam a inseminação pós-cervical". Outra biotecnologia que vem ganhando espaço é a utilização de protocolos hormonais para a sincronização das inseminações. “Vários tipos de protocolos, que permitem sincronizar até o momento da ovulação, podem proporcionar a inseminação em tempo fixo, sem a necessidade de detecção de cio, o que é bastante promissor em tempos de mão de obra reduzida e com alto custo”, explica. Segundo Mariana, a melhoria do controle do ciclo estral, por meio de hormônio, também auxilia na utilização de outras ferramentas, como o uso de sêmen congelado, o que viabiliza a importação de sêmen, apoiando o desenvolvimento de programas nacionais de melhoramento genético. Outra tecnologia amplamente aplicada na bovinocultura, mas ainda em fase de pesquisa e desenvolvimento, é a técnica de produção de embriões in vitro (PIV). “Além de ser uma possível ferramenta para a avaliação da fertilidade em machos, a produção de embriões in vitro em suínos ainda é considerada abaixo do ideal, sendo que os índices de embriões que atingem o estágio de blastocisto são em média de 20% a 30%”, acentua. Neste aspecto, a pesquisadora afirma que a espécie suína apresenta dois problemas que precisam ser resolvidos: os altos graus de polispermia (penetração por mais de um espermatozoide em um óvulo) e menores índices e qualidade dos blastocistos produzidos in vitro, quando comparadas aos in vivo.

Baixa emissão de carbono Sidney Medeiros, fiscal agropecuário do Mapa, diz que o projeto de Suinocultura de Baixa Emissão de Carbono tem o objetivo maior de disseminar junto aos produtores e aos outros atores do setor as principais alternativas de uso econômico para o tratamento dos dejetos. O ponto de partida foi o levantamento de todas as tecnologias utilizadas no país, seguida da análi-

se de viabilidade econômica, considerando os diferentes sistemas e escalas de produção. “Os modelos que se demonstraram viáveis foram a produção de energia térmica e elétrica, por meio da geração de biogás, e o uso de biofertilizantes sólido ou líquido para a agricultura e pecuária”, explica e acrescenta que a última etapa é a difusão da informação, por meio de 12 fóruns. Em relação à suinocultura de baixa emissão de carbono, Fabiano Coser, consultor do Mapa ligado ao plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), afirma que a tendência é aproveitar todo o resíduo da criação. “Atualmente, a suinocultura é uma atividade muito mais sustentável porque, além de não poluir o ambiente, com a utilização dos resíduos, busca uma solução economicamente viável para o produtor agregar à sua propriedade”, analisa Coser. Além do surgimento de novas tecnologias, o diretor-executivo da ABCS destaca a melhoria da qualidade dos produtos disponíveis no mercado, sobretudo dos biodigestores e dos grupos geradores utilizados para a geração de energia elétrica. Ele conta que no Brasil, também já há projetos com turbinas para geração de energia elétrica a partir do biogás. “As tecnologias para a redução da emissão de carbono estão se tornando cada vez mais baratas, duráveis e eficientes, o que, certamente, auxiliará a sua expansão pela suinocultura brasileira”, atesta Sá. Rodrigo Nicoloso, do Núcleo Temático de Meio Ambiente da Embrapa Suínos e Aves, lembra que existem duas tecnologias, hoje subsidiadas pelo governo federal, no contexto da suinocultura de baixo carbono e do Plano ABC: o tratamento de dejetos por biodigestão e a compostagem. O pesquisador afirma que, além dessas, outras tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e parceiros têm contribuído para a redução das emissões de gases de efeito estufa na suinocultura e atividades correlatas. Dentre essas, Nicoloso destaca o aumento da eficiência de conversão alimentar na produção de suínos, redução do consumo energético nas granjas, tecnologias para aumentar a eficiência de reciclagem dos dejetos como fertilizantes (injeção de dejetos no solo, entre outras), produção de adubos orgânicos e organominerais, reaproveitamento energético do biogás e produção de microalgas, entre outras. Animal Business-Brasil_23


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