Jornal o sul nº26 Setembro

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2012 SET

NR 26

à bolina 05 Pintura de Onofre Manata ou a Cidade e os seus habitantes gens escondidas, nas esquinas, na rua, simples e cruas. Não são pessoas especiais. Facilmente se adivinha as suas profissões, reivindicações, vícios, vidas. São pessoas verdadeiras. E toda a nossa ignorância sobre os habitantes destas cidades labirínticas se desfaz. Já não somos turistas, estas personagens são reais, habitam os nossos espaços e imaginários, podem ser o Sr. Lopes ou o Joaquim, a “Santinha”, a Miquelina, o “Belga” ou o “Nazaré”. Intimidade Só então compreendemos e somos aceites na intimidade destas casas e personagens. Podemos partilhar a mesa, a vista de uma janela aberta, ou um rosto, como que numa visita a casa de um amigo. Os momentos de intimidade que partilhamos na casa dos amigos, não são coisas que se comentem, apenas desfrutamos a generosidade.

Pintura de Onofre Manata | “Labirintos da noite” | Óleo sobre tela, 92 cm x 73 cm

A pintura de Onofre Manata desperta emoções. Num itinerário possível, proponho a seguinte leitura, sem seguir qualquer cronologia: Labirintos Fico particularmente fascinado com as cidades labirínticas, tão familiares e tão distantes, onde tudo acontece entre paredes e apenas se adivinha a vida das pessoas, onde, num quase voyeurismo, procuramos os detalhes, quase envergonhados, testemunhos de personagens escondidos mesmo quando estão à nossa frente. São assim as cidades labirínticas de Onofre Manata, sejam traçadas a tinta-da-china ou pintadas a cores fortes. Cidades oníricas de ângulos impossíveis, que saturam o espaço, nos tiram o fôlego, e nos dizem que naqueles territórios somos apenas turistas, que podemos visitar, ver e cheirar mas que nunca poderemos verdadeiramente habitar. Pessoas E a seguir pinta estas persona-

Fernando Teixeira www.galeria.apriltrade.pt

O Ar e o Cinema Livre ao Ar Livre A Prima Folia Cooperativa Cultural e o Made in Café efectuaram uma parceria no sentido de oferecer à cidade de Setúbal uma tela pintada com imagens em movimento junto ao Sado. Mestres do Cinema ao Ar livre, assim se chama o resultado desta combinação de vontades, que através de filmes mudos e a preto e branco pretende arriscar as mais variadas cores em quem vier para se juntar a assistir. E assim foi, no passado dia

14 o ciclo cinematográfico arrancou com “Os Tempos Modernos” de Chaplin, a noite era soalheira e dada a pouco movimento porque o próprio respirar era pesado, suspirava-se pelos gelados, a bebida fresca, ou com os pés de molho no rio quando o filme começou... o que de inicio poderia ter causado alguma indiferença às amenas cavaqueiras de sexta à noite, Chaplin e sua muito querida personagem Charlot começam a despertar curiosidade. Primeiro nos mais

novos, a empatia pela honestidade e coração da personagem, o seu andar, a capacidade de rir e fazer rir apesar das circunstâncias e do seu ser atrapalhado e ainda assim descomplexado. Depois os graúdos, contagiados pelas crianças, deixaram-se ir com o “rolar da fita”. Ainda Charlot começava com as suas peripécias a desafiar os males nos seus tempos que corriam mais depressa que a vida das pessoas, tal como hoje em abono da verdade, com o sorriso e e

infindável esperança mesmo em adversidade, a comunhão concretiza-se entre todos os que se juntaram em família, sozinhos e acompanhados. Como achamos que o cinema de autor não é só coisa de elites, fizemos uma programação para toda a família, clássicos para ver e rever, para levar a família, amigos, filhos, avós e netos, mas, ao Ar Livre num local privilegiado como este onde o Made In Café assenta arraiais. Haverá Chaplin, Buster Keaton, Fritz

Lang, Méliès, Bucha e Estica, os Três Estarolas entre outros... Desta forma convidamos todos os que quiserem a vir ao Cinema nestas Sextas de Setembro e Outubro, sempre às 22 horas no Parque Urbano de Albarquel. (Sempre que as condições climatéricas o permitirem).

Mestres do Cinema ao Ar Livre No Parque Urbano de Albarquel em Setúbal todas as Sextas feiras de Setembro e Outubro às 22h Cinema para toda a família na melhor esplanada do Sado Chaplin, Buster Keaton, Laurel an Hardy, Dziga Vertov, Fritz Lang, Murnau entre outros...

Uma parceria: made in café e prima folia

Leonardo Silva Presidente Prima folia Cooperativa Cultural


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