Comunica-te N7

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA t PRODUZIDO PELOS ALUNOS DO 2.º ANO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE BRAGA t N.º 7 / MARÇO DE 2010 t DIRECTOR ALFREDO DINIS

ENTREVISTA

“Um jornalista não pode ser uma boneca insuflável” Manuela Moura Guedes revela ao “Comunica*te” que uma classe jornalística pouco abonatória e repleta de autómatos é meio caminho andado para a falta de liberdade de imprensa. \\\ P.2 a 4

t REPORTAGEM

t SOCIEDADE

t sOCIEDADE

t DESPORTO

t CULTURA

Investimento transformará Braga no centro ibérico de investigação científica em tecnologia e ciência. \\\ P. 8-9

Projecto com cerca de 20 anos só em 2011 é que vai ser posto em prática. Um investimento de sete milhões. \\\ P. 5

Assaltos a lojas de luxo aumentam na capital minhota. Polícia diz que faz o que pode e gostaria de ter mais meios. \\\ P. 7

A contagem decrescente para o Mundial de 2010 já começou. Eduardo revela-nos as suas esperanças. \\\ P. 10

Cidade prepara-se para acolher milhares de pessoas para uma das mais importantes comemorações religiosas. \\\ P. 13

24 milhões em Laboratório de Nanotecnologia

Parque da cidade previsto para 2013

Criminalidade assusta comerciantes

Guardião Nacional confiante

Solenidades da Semana Santa em Braga

- A FACFIL brevemente terá rádio - procuram patrocinadores - e-mail: radio.facfil.ucp@gmail.com


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Entrevista | Manuela Moura Guedes

PERFIL

De cantora pop a mal amada dos políticos

“Miguel Sousa Tavares vive contemplando o seu umbigo” Manuela Moura Guedes diz ao “Comunica*te” que não sabe se pretende continuar a fazer jornalismo ou a trabalhar para os portugueses.

Maria Manuela Guedes Outeiro Pereira Moniz, mais conhecida como Manuela Moura Guedes, nasceu a 23 de Dezembro de 1955, em Cadaval. É casada com José Eduardo Moniz e actualmente desempenha a profissão de jornalista. Passou a infância em Torres Vedras e frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde tirou o curso de direito e onde posteriormente leccionou como monitora da Disciplina de Teoria Geral do Direito Civil. Em 1978 estreou-se como locutora na RTP, onde apresenta, um ano depois, o Festival RTP da Canção. Esteve também presente no mundo da música, editando os singles Conversa Fiada, Sonho Mau e Flor Sonhada, tendo-se tornado uma grande voz na Rádio Comercial, onde colaborou em alguns programas. Em 1982 põe definitivamente fim à sua carreira musical com o lançamento de um álbum chamado Álibi. Em 1955 passa para a TVI, onde começa a apresentar o Jornal Nacional. Até 28 de Agosto de 2009, apresentou o Jornal Nacional de 6ºFeira, suspenso pela Prisa a 3 de Setembro do mesmo ano, o que levou a locutora a demitir-se da demissão da Direcção de Informação.

 ana pinheiro, daniela fernandes e marta cabral

É reconhecida a nível nacional como uma pessoa polémica, mas foi num discreto café que a fomos encontrar. À beira rio, Manuela Moura Guedes comentou o estado do país, das coisas e das gentes. Sem planos para o futuro, desvendou um pouco da pessoa que está por trás da jornalista. A alegada ameaça à liberdade de imprensa em Portugal está na ordem do dia. Se pudéssemos atribuir um ‘’fundador’’ a esse ‘’movimento’’, quem seria? Mário Crespo ou Manuela Moura Guedes? Não se fazem campeonatos sobre isso, todos nós temos que lutar pela liberdade de imprensa. Eu sempre trabalhei com o exercício efectivo dessa liberdade e sempre disse que, à mínima pressão, saía. O que foi exercido sobre o ‘’Jornal Nacional’’ é bem mais forte do que o que foi exercido sobre o Mário Crespo, até porque ele continua a trabalhar. Eu trabalhei muitos anos com ele, sei o que ele pensa sobre a liberdade de imprensa e ele também sabe o que eu penso sobre isso. Seria bom que os cidadãos pensassem exactamente a mesma coisa para que ela não fosse tão cortada, tão destruída, tão fustigada, tão maltratada como tem sido nos últimos tempos. Não chega que os jornalistas se manifestem. É, então, da opinião de que vivemos num país sem liberdade de imprensa?

Actualmente, a banca, em Portugal, está praticamente controlada pelo Estado e pelo Governo. As empresas acabam por ser controladas porque precisam de recorrer à banca e porque precisam do Estado. Infelizmente, com este controlo, sentem-se pressionadas e acabam por pressionar, também, a linha editorial das estações e dos meios de comunicação social. E, assim, temos a censura. Por outro lado, temos uma classe jornalística muito pouco abonatória. Não há uma paixão por aquilo que é o verdadeiro jornalismo. Não há princípios. Se o jornalista for tentado por uma outra carreira – normalmente é a de assessor – aí vai ele. No final do mandato, volta a ser jornalista com toda a promiscuidade que isto implica. Porque depois as pessoas não sabem que esse jornalista esteve a trabalhar para um político, não sabem que ligações teve. Para além de que um jornalista que se torna assessor é uma coisa nojenta. É uma espécie de criado de um político. Está a fazer o trabalho inverso àquele que fez enquanto jornalista. Está a vender a mensagem do político ao jornalista que, anteriormente, foi seu colega. Quando esta é a vocação verdadeira desses jornalistas é porque, de facto, eles não são jornalistas. Então deixam-se tentar por um telefonemazinho de um político. São facilmente vendáveis. Miguel de Sousa Tavares disse, em tom irónico à revista ‘’Visão’’, que a Manuela Moura Guedes, o Mário Crespo e o arquitecto Sarai-

va devem ser os próximos a ser condecorados com ordens da Liberdade. Que tem a dizer sobre isto? Praticamente nada. Miguel Sousa Tavares vive contemplando o seu umbigo. Por que considera que Sócrates não lida bem com a liberdade de informação? José Sócrates tem mais características de um ditador do que de um primeiro-ministro de um estado democrático. Nós, enquanto equipa do ‘’Jornal Nacional’’ de 6ª feira, somos a prova da falta de exercício democrático do primeiro-ministro. Saímos do ar porque investigávamos episódios estranhos que tinham a ver com a vida dele. Foram fruto de muita investigação, com muitas fontes e documentos e que incomodavam o poder. Se estivermos num país que oferece sérias dúvidas sobre o funcionamento das instituições, acontece o que está a acontecer agora: uma grande embrulhada jurídica, ninguém se entende, pareceres para cá, pareceres para acolá. Por que razão acha que a ministra da saúde, Ana Jorge, foi proibida por José Sócrates de participar no Jornal Nacional de 6ª feira? O Governo quis desvalorizar o Jornal desde o princípio. Nós até tínhamos dificuldade em aceder a documentos da Administração Pública. Como sabem, há uma lei que obriga o acesso dos jornalistas à documentação e, por isso, tínhamos de andar sempre a recorrer a ela. A certa altura, tínhamos de saber onde é que


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os membros do governo se encontravam e colocar jornalistas em todo o lado para lhes poderem fazer perguntas. Por vezes, os jornalistas iam atrás deles até à casa de banho, vejam lá. Eu até costumava dizer, em tom de brincadeira, que era do estilo ‘’Jaime Neves e os comandos’’. Na altura das eleições europeias, há sempre aquela 6ª feira em que os líderes partidários andam em comícios. Eu tinha todos os líderes, às 8h da noite, a falar para o Jornal. O Sócrates estava lá a um cantinho e não foi ele que falou. Porquê? Porque era o meu jornal e era eu. Não falou. Eu disse aos meus repórteres para irem lá, ele percebeu e zarpou nesse preciso momento. Só voltou mais tarde. Agora, vai à TVI a toda a hora e fazem-lhe perguntas sobre o seu estado de espírito, que é uma coisa extremamente interessante. Assim são favas contadas. O ‘‘Jornal Nacional’’ de 6ª feira foi suspenso um dia antes de ser revelado mais um caso sobre o ‘’Freeport’’. Estará uma coisa relacionada com a outra? Não. Um dia antes estive a ver os alinhamentos do Jornal e a

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estar semanas a chafurdar nos mortos e feridos da Madeira. O mesmo se passa com o Haiti, para onde vão dezenas de incapazes. Aquele país está há décadas a viver num estado lamentável. Um povo execrável. Matam-se uns aos outros, coisa que apenas acontece porque aquele país não tem estruturas. Mesmo assim, os jornalistas fazem campanhas de solidariedade e tecem os maiores comentários. Gastam rios de dinheiro, estão dias e dias a mostrar mortos. É lógico que, no próprio dia, aquilo é notícia mas, a partir de determinado dia, é tudo o mesmo. Isto não e jornalismo. Ficam muito chateados quando dizem que não há respeito pela classe jornalística mas são eles que não se dão ao respeito. Não estou a falar de todos, há muito bons jornalistas por aí que não podem dar aquilo que têm porque, se o fizerem, cortam-lhes as pernas. Se pudesse decidir, a crónica de Mário Crespo era publicada? Sim, porque não? Ele é responsável pelo que diz. Acha que, em Portugal, o jornalismo de buraco de fe-

“A verdade é sempre incómoda quando se tem um Primeiro-Ministro com tantos rabos-de-palha.”

Manuela Moura guedes bebeu um chá de camomila e conversou durante duas horas.

maior parte era sobre desemprego, falências, endividamentos... De facto, investigamos muito sobre o ‘’Freeport’’ porque não é normal que o primeiro-ministro tenha um caso como esse, nem como o da Cova da Beira, o do Vale da Rosa, o do Alentejo, o das casinhas da Guarda... No da licenciatura nem pegámos porque já estava gasto. Mas íamos acabar por pegar porque tínhamos descoberto umas coisas… E agora essas coisas? Agora, essas coisas estão arquivadas. Ficam para outra encarnação, para quando aparecer outro Sócrates ou outra coisa qualquer… Não as quer revelar? A quem? A vocês? Ah, bom... (Risos) O modo como dirigia o Jornal era um entrave para o Governo? A verdade é sempre incómoda quando se tem um Primeiro-Ministro como este, que tem tantos rabos-de-palha. Nunca cedeu a nenhum tipo de pressões? Não, nunca. Aliás, eles comigo não exercem pressões. Tentaram no princípio, mas eu era tão bruta que não dava hipóteses (Risos). Acha que o Governo já controla realmente os media? Nunca vi um governo tão eficaz na forma como exerce o controlo. Mesmo no “Jornal Nacional’’ notava que os ‘’do costume’’ não punham as mesmas notícias nos jornais, faziam de conta que não existiam. Que nojo de país... Coleguinhas... Não investigam o que realmente importa para

chadura é uma realidade? O jornalismo de buraco de fechadura é o jornalismo das revistas cor-de-rosa. Quem utilizou essa expressão, mais recentemente, foi o Sr. Primeiro-Ministro que, pelos vistos, percebe imenso de jornalismo. Na Comissão de Ética perguntaram-lhe se o pivot deve comentar as notícias... Eu nunca comentei as notícias, apenas fiz remates. Eu tinha a reacção natural de alguém que está atento. Um jornalista não pode ser um autómato ou uma boneca insuflável. Eu podia ser uma boneca insuflável, se calhar era giro. Mas não sou. E os ‘’pivotzinhos’’ também fazem comentários, só não fazem sobre o poder. Queriam o quê? Que levasse os políticos a sério? Já chega que eles se levem tão a sério. Então acha que o Código Deontológico dos Jornalistas devia ser alterado? Qual Código Deontológico? Deve haver muito pouca gente que o siga como eu. Sigo os princípios, as peças são feitas com base em documentos, ouço todas as partes. Só ponho as peças no ar quando tenho a certeza de, ab absolutamente, tudo. Sim, porque se não foram ouvidas todas as partes não foi porque não tentei. Sempre fui séria no que fiz. Não me vendi, fosse a quem fosse, por coisa nenhuma. Não fiz um único frete. Isto é respeitar o Código Deontológico. Os portugueses são tão mentecaptos que se deixam levar por uma reacção minha?Deixemo-nos de tretas.


04 | COMUNICA*TE | marçO 2010

Entrevista | Manuela Moura Guedes Marinho Pinto afirmou: ‘’Nós não varremos o lixo para debaixo do tapete como fazem os jornalistas’’. Acha que os jornalistas encobrem a verdade em prol de outros interesses? Ele já foi jornalista ou pretendeu sê-lo. Essa criatura escreveu um artigo sobre o Dr. Mário Soares que era uma coisa inacreditável. Chamou-lhe traficante de diamantes sem ter provas. Isso não a incomoda? Não. Não gasto um segundo com ele. Os advogados devem gastar algum tempo a pensar nele, porque é o bastonário deles. Quem o pôs lá tem que gastar, eu não. Uma vez que é advogada, era capaz de exercer essa profissão enquanto Marinho Pinto fosse o bastonário? Teria que fazer alguma coisa para o tirar de lá (risos). O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, mandou destruir as escutas. Porque razão não quereria ele torná-las públicas? Acho que não havia legitimidade para fazer escutas. Há uma lei, muito recente, que diz que para se fazer escutas ao primeiro-ministro tem que se pedir autorização ao presidente do Supremo. Segundo o parecer do presidente, aquela lei aplica-se também a escutas fortuitas e, portanto, precisavam de autorização. Como não houve autorização, as escutas foram consideradas nulas. E, por isso, mandou-as destruir. Por essa ordem de ideias, também podemos pedir - se formos apanhados numa escuta - que estas sejam destruídas, caso contrário, não há igualdade perante a lei. O que sentiu quando a informaram que o Jornal não ia para o ar, tendo em conta que a administração não lhe prestou qualquer esclarecimento? Tristeza, surpresa, indignação, revolta. Tudo junto. Sente saudades? Neste momento, não. Estou numa fase em que não sei se quero voltar a fazer jornalismo ou continuar a trabalhar para os portugueses. Não sei se vale a pena fazer jornalismo para um povo que se está nas tintas para o que vê. Chego à conclusão de que, se calhar, têm como heróis ‘’Armandos Varas’’ e companhia. Coitadinhos, vieram do nada e conseguiram chegar a administradores de bancos. Esses, sim, são fantásticos. Não interessa o

“Os portugueses são tão mentecaptos que se deixam levar por uma opinião minha?” meio nem a forma como conseguiram. É frustrante. Está a fazer projectos para o futuro neste momento? Eu nunca fiz projectos, as

coisas vieram ter comigo. Não gosto de planear nada, sempre fui um bocado preguiçosa nesse sentido. Sou um bocado resistente às coisas.

A revista ‘’Sábado’’ publicou uma lista em que constavam as personalidades mais odiadas de Portugal. Manuela Moura Guedes, Pinto

da Costa, Paulo Portas e Rui Santos faziam parte da lista. O que tem a dizer sobre isto? É puro sensacionalismo? Só não gostei da capa, estava horrível. Puseram-me lá de bigode e os bigodes nem eram o pior. Podiam ter feito uma coisinha mais jeitosa, aquilo era muito feio. Em relação às pessoas odiadas, sempre tive uma imagem de odiada. É um fruto da televisão. No princípio, as críticas faziam-me confusão quando eram muito injustas. Mas habituei-me a ver-me como um produto de televisão, sempre distingui. O seu marido nunca fez gestão política? Os directores de informação têm de saber lidar com os políticos, mas não têm de fazer uma gestão política da informação. Felizmente esteve dez anos na TVI, a trabalhar como director geral e foi conquistando terreno junto aos políticos de forma extraordinária. Só foi possível fazer o “Jornal Nacional” de sexta, com os accionistas que temos na TVI, graças ao director geral. A prova disso é que assim que ele de lá saiu, o jornal acabou. Então José Eduardo Moniz não fez gestão política nunca? Nunca, não sei. Aquilo que sei é que enquanto eu estive na direcção de informação não fez. Acha que, de algum modo, o seu casamento com José Eduardo Moniz possa ter interferido na sua ascensão, no seu estatuto enquanto jornalista actualmente? Só me prejudicou. Não aconselho ninguém a casar-se com alguém que trabalhe no mesmo sítio. É por causa disso, que as pessoas têm tendência a achar que há sempre favorecimento. Fiz a minha carreira toda à minha custa, com muitos problemas. A ascensão de que fala é a de sub-directora de informação? É essa a ascensão? Digo sem modéstia: Faço mais audiência do que provavelmente qualquer outro jornalista e do que qualquer outra televisão. Isso também é uma ascensão e para qualquer estação é uma mais-valia. Tudo aquilo que fiz deve-se ao meu trabalho de investigação. Lutei contra presidentes de clubes, levei-os a tribunal muito antes de conhecer o meu marido. Lutei contra Cavacos, numa altura em que estava completamente sozinha. Não precisei de bengalas nenhumas.


março 2010 | COMUNICA*TE | 05

Sociedade

Braga vai ter um Parque da Cidade projecto para o monte picoto tem 20 anos, mas só arranca em 2011  Ana lopes, ana pinheiro

Começou por ser um concurso de ideias mas ficou em águas de bacalhau. Nem os arquitectos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto Moura lhe valeram. Vinte anos depois, o projecto, que envolverá um custo de cerca de sete milhões de euros, volta a ganhar vida nas mãos do arquitecto da Câmara Municipal de Braga, Mário Louro. Embora a ideia do projecto tenha sido pensada há cerca de 20 anos atrás, só em 2011 é que o Parque da cidade no Monte Picoto vai começar a ganhar vida. O parque vai ocupar uma área de cerca de 157 mil m2 e terá áreas distintas, onde as pessoas poderão correr, fazer caminhadas e actividades ao ar livre. Terá também um parque radical, uma zona de restauração, uma zona habitacional e um hotel que servirá de reforço ao parque de Exposições. O objectivo é criar “um parque verde para as pessoas irem com as famílias passear, jogar à bola, fazerem piqueniques”, rematou o vereador da Câmara Municipal de Braga, Hugo Pires. Acrescentou ainda que o projecto está delineado ao pormenor, sem espaço para falhas e que a ideia é criar um espaço que não interfira com a zona natural já existente, pois o Monte do Picoto é, já por si, um pulmão da cidade. Confirma-se a futura existência de um Hotel na zona, que vai fazer parte da segunda área prevista para o local da construção do Parque. O Monte do Picoto será assim, dividido em duas áreas

Maquete do Parque da Cidade de Braga

fundamentais: uma zona verde com equipamentos de apoio e uma zona onde existirá um Hotel e algumas zonas habitacionais. Ainda sem dados específicos sobre o mesmo, a qualidade do Hotel, apenas será revelada depois da construção deste e da respectiva avaliação de um promotor imobiliário. Depois da restauração do Parque da Ponte, a Câmara Municipal pretende agora criar uma área verde conjunta, da qual os habitantes da cidade de Braga possam usufruir, área essa que contará com um circuito pedonal e uma ciclo via que ajudarão

a ligar toda aquela zona verde. Vai ser assim criada uma ligação entre o parque S. João de Souto, o Parque da Ponte e o Parque da Cidade: “O Monte do Picoto é praticamente uma estratégia para ligarmos aquele monte verde e aquele parque novo que se desenvolverá ao Parque S. João de Souto e ao Parque da Ponte”, explica o vereador Hugo Pires. A cidade de Braga passará a ser uma cidade com mais espaços verdes, que farão com que áreas, anteriormente consideradas menos seguras, passem a fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos. Apesar da construção do novo

Parque da Cidade estar para breve, quando questionado acerca dos espaços verdes, Hugo Pires reforçou que “deveriam existir mais espaços verdes em Braga.” O Projecto do Monte do Picoto, que, em princípio, estará concluído em 2013, “será um corredor, uma faixa verde, que ficará ligada depois pelo rio e acessos pedonais que vão de um lado ao outro. Ficará uma grande mancha verde para o uso dos cidadãos”, acrescenta o vereador Hugo Pires. O vereador finaliza constatando que “três milhões do novo parque serão comparticipados pelo Estado”.

Futuro hotel de luxo perdeu uma estrela para se adaptar  pEDRO lOBão, rICARDO BARROS

A inauguração do Hotel Melia Braga & Spa, inicialmente prevista para Junho deste ano, vai ser adiada. Um incêndio, no início de Março, consumiu parte da fachada do hotel e, segundo Manuel Rei, um dos responsáveis pela sua construção, o fogo começou na sequência de trabalhos de impermeabilização das telas exteriores e, rapidamente, se alastrou a toda a fachada. A estrutura da unidade hote-

leira não foi danificada mas este incidente vai provocar um atraso, que se prevê inferior a 90 dias. Estima-se que os prejuízos rondem os 350 mil euros. O hotel, que inicialmente iria ter cinco estrelas, ficou registado como um de quatro estrelas superior. Segundo o director, Delfim Filho, é uma estratégia para se adaptarem melhor ao mercado hoteleiro da cidade. A unidade hoteleira encontrase perto do novo Laboratório Ibérico Internacional de Nano-

O futuro hotel de Braga

tecnologia e da Universidade do Minho. Esta localização permite que cientistas, professores e outras entidades tenham onde se alojar sem necessitarem de meio de transporte, quer para a o pólo universitário, quer para o Laboratório. A obra, a cargo da Britalar e da Hotti, está avaliada em cerca de 25 milhões de euros. O hotel terá 181 quartos, que incluem 20 apartamentos. A unidade hoteleira conta ainda com três pisos VIP.

opinião

Porque já não é só o Old McDonald que tem uma... Estamos na era das redes sociais. Verdade de La Palice. O ‘’Twitter’’, o ‘’Hi5’’, o ‘’Facebook’’, o ‘‘MySpace’’... Actualmente, não estou inscrita em nenhuma. Não porque considere, como Miguel de Sousa Tavares, que seja ‘’a total promiscuidade das vidas humanas’’. Não tenho nada contra. Nem mesmo a favor. Já tive conta no ‘’Hi5’’ e, portanto, sei do que falo. Tem os dois lados: positivo e negativo. Como, de resto, quase tudo na vida. A minha manifesta insatisfação pauta-se pela nescidade de uns e de outros. Passo a explicitar. Em amena cavaqueira, numa dessas conversas de café, falava-se do ‘’Farmville’’. Para a ínfima minoria que ainda não ouviu falar do ‘’Farmville’’, tratase de um jogo do ‘’Facebook’’ no qual somos donos de uma quinta. Temos animais, legumes, frutas, flores... Tudo quanto há. Eu questiono-me sobre o grau de sanidade mental daqueles que chegam ao extremo de acordar a meio da noite, propositadamente, para jogar. Ou dos que o fazem durante o expediente. Sim, porque as couvinhas e outros afins apodrecem se não forem colhidos a tempo e horas. E depois desce-se no ranking, perde-se dinheiro virtual, etc.. Se acho este jogo uma total e inútil perda de tempo? Acho. E, agora que a probabilidade de ter ultrajado o leitor aumentou exponencialmente, também assumo humildemente que pouca ou nenhuma importância terá a minha opinião. A verdade é que o facto de não ser uma fervorosa adepta do social network torna-me quase uma leiga nesta efemeridade de mundos sociais. Por essa razão, só agora tive conhecimento de que há pessoas a pagar para jogar. É verdade, o vício atingiu tamanhas proporções que há quem prefira pagar a esperar a evolução natural do jogo. Deste modo, os objectivos atingem-se mais cedo. Mas sou eu que não sou normal ou estamos perante uma total alienação? Felizmente, ouvi há pouco na rádio: ‘’Se é daqueles que compra créditos no Facebook, lembre-se que o Haiti existe’’. E a Madeira, e a fome em África... Dá que pensar? Talvez, não. Colher cenouras é mais divertido.

Daniela Fernandes aluna da facfil


06 | COMUNICA*TE | março 2010

Sociedade | Dependência

um minuto

Marcha contra portagens nas SCUT’s As comissões de utentes contra as portagens nas auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT) agendaram um protesto para o dia 17 de Abril. Porto, Vila Nova de Gaia, Póvoa de Varzim, Esposende, Paredes, Paços de Ferreira, Viana do Castelo, Vila do Conde e Lousada estão entre os municípios que vão participar na marcha contra a cobrança de portagens, anunciada para este ano.

Hospital privado a funcionar em pleno em Junho Com a construção do Hospital Privado de Braga cria-se mais um hospital de 3.ª Geração, que se prevê em pleno funcionamento em Junho de 2010. Trata-se de um projecto pioneiro, que irá contribuir para a criação de 400 postos de trabalho. Braga foi a cidade eleita para acolher o novo hospital privado do Grupo Trofa Saúde, projecto em parceria com a Empresa BRITALAR.

O jogo está viciado? Mesas tradicionais estão a ser substituidas pelo online

foto: direitos reservados

Jogos de cartas causam mais dependência em Portugal Psicóloga clínica diz que “vício” começa cada vez mais cedo  André Fontinha, isolina gomes

Tradições pascais resistem em Fiscal Os costumes da Páscoa na Freguesia de Fiscal, em Amares, vão continuar a perdurar este ano, depois de um proprietário de um terreno vizinho do caminho típico da procissão pascal ter reclamado a sua posse. O Tribunal de Amares concluiu que o trilho é de domínio público. Os 80 metros de caminho contestados, todos os anos encaminham o ritual de Páscoa ao rio Homem.

Na sociedade presente o fenómeno do jogo é cada vez mais emergente. A sorte das cartas define rumos de vida. Cada vez há mais procura de ajuda profissional para o combate do vício, assim como a divulgação e participação em torneios aumenta. O surgimento de novas técnicas, meios informáticos e a manifestação da informação acabam por facilitar o acesso ao jogo. Fora dos casinos o jogo é proibido, no entanto, tal não impede que os adeptos desta modalidade não o pratiquem fora dos mesmos. “Os jogos clandestinos de cartas são os desafios a dinheiro que causam maior dependência em Portugal”, afirma a psicóloga clínica Andreia Machado. O que para muitos é

um ócio de distracção, para outros acaba por se transformar num vício. A psicóloga explica o aumento da procura de ajuda profissional dos jogadores. “A dependência pelo jogo nasce cada vez mais cedo, infiltrandose assim na vida dos que com este vício querem viver e passar o tempo. Horas e horas obstinados a um jogo cedendo o que têm e por vezes até mesmo o que não têm.” Actualmente, o jogo com maior popularidade é o póquer e nos últimos anos tem-se verificado um aumento do índice de inscrições nos torneios. Carlos Oliveira é um jogador de póquer semi-profissional que tem dado “cartas” em torneios nacionais e internacionais. “O aumento do número de jogadores é inequívoco. Mensalmente é visí-

vel um aumento de participantes tanto online como ao vivo, tanto em torneios portugueses como no estrangeiro. É uma modalidade que se encontra em franca expansão”, admite. Contrariamente às slot machines que são máquinas de pura sorte, o póquer rege-se pela capacidade dos jogadores de conseguir prever o jogo dos adversários e em simultâneo saber controlar as emoções para tentar ludibriar os adversários através de “bluffs”. Para Carlos, o vício do jogo é visto como um bom presságio. “A palavra viciado pode ter várias interpretações, pois assim como há viciados em futebol, cromos e revistas, no póquer em concreto também existem pessoas que gostam de jogar e aí sim existe um vício saudável.

Porém, é certo que existem pessoas para o qual o póquer é um mau vício.” Actualmente, existem correctoras que procuram jogadores de póquer para associarem às suas equipas e os melhores podem mesmo trocar as cartas e as fichas de póquer por gráficos de corretagem. O apetite da Wall Street por jogadores de póquer é explicado pelas qualidades em comum entre os campeões das mesas e os “traders” da bolsa. Numa perspectiva económica, o póquer pode ser considerado uma alternativa de investimento, tal como na bolsa o póquer para ser um bom investimento tem de ser estudado e trabalhado, usando vários rácios matemáticos çpara delinear jogadas, para definir lucros,etc” , confessa Carlos.


Março 2010 | COMUNICA*TE | 07

Sociedade | Criminalidade

Assaltos aumentam no centro histórico

Braga entre as três finalistas para a Capital Europeia da Juventude  Elisete Duarte e hélène fernanades

Assaltantes focam-se nas montras mais caras de Braga  Cristiano pinheiro, pedro lobão, ricardo barros

Os comerciantes temem pela sua segurança. A polícia não tem meios suficientes e os ladrões continuam com via verde para irem às “compras” mesmo quando as lojas estão encerradas. A ‘’Pic-Pic’’, a ‘’Janes’’ e a ‘’Valdemar’’ são lojas de roupa dispendiosa e vendem marcas de renome internacional. No último ano, as duas primeiras foram assaltadas duas vezes e a última foi assaltada três vezes. Os comerciantes querem soluções para este problema que se arrasta há já vários meses. Uma das medidas que os comerciantes dizem ser crucial para combater a criminalidade no centro histórico passa por implementar a videovigilância. “As pessoas de bem, como eu e outros, não se importam de ser vigiadas a partir de uma certa hora da noite. Até se vão sentir mais seguras”, afirma Manuel Silva, gerente da loja Janes. Manuel Silva admite que o facto de quase não haver moradores no centro histórico da cidade constitui um factor preponderante em matéria de assaltos. “É preciso sensibilizar as pessoas para irem morar para o centro, uma vez que esta zona se encontra praticamente inabitável. A partir das 2h da madrugada não se vê ninguém na rua. Para os que pretendem assaltar as lojas, isto é um grande atractivo”, acrescenta. “O policiamento nocturno praticamente não existe”, afirma in-

dignado um funcionário da PicPic que não se quis identificar. No entanto, o mesmo funcionário considera sentir-se seguro, visto que durante o dia não vê motivos para grandes preocupações. Muito fustigadas com os recentes assaltos encontram-se as galerias ‘’Valdemar’’. O gerente da loja José Manuel Silva, além de afirmar que o policiamento é insuficiente, apresenta outras soluções para diminuir a criminalidade. “A polícia deveria pôr mais veículos a circular no período nocturno. A zona comercial devia estar fechada durante a noite para que os criminosos não tivessem acesso às lojas com os seus carros”. Os comerciantes já tomaram medidas para reforçar a segurança das suas lojas através da implementação de portas mais robustas e da instalação de videovigilância interna. Fernando Lopes, subdirector da Associação Comercial de Braga, relega para a polícia a função de proteger os comerciantes e suas lojas. “Nós, enquanto associação, o que temos feito ao longo dos anos é alertar para o mal que as actividades marginais fazem ao comércio”, afirma o subdirector. A associação tem “acompanhado os projectos lançados pelo Ministério da Administração Interna no sentido de prevenir a criminalidade”, acrescentou Fernando Lopes. O projecto “Comércio Seguro” nasceu há cerca de dez anos e pretende dotar os comerciantes de técnicas de prevenção de assaltos. O “Policiamento de Proxi-

Policiamento no centro histórico de Braga diminui à noite

números da Criminalidade

421.037 Queixas em 2008. um acréscimo de 7,5% em relação ao ano anterior

1421

crimes contra pessoas. representa uma subida de 1,5%

145

homicídio. mais 12 casos em comparação como o ano de 2007

46.285

veículos furtados durante o ano de 2008

midade”, que foi implementado há um ano, é outro dos projectos que tem o apoio da Associação Comercial de Braga. Este programa consiste em ter um polícia em cada freguesia do centro histórico, de modo a garantir a segurança dos comerciantes durante o dia. A subcomissária da PSP de Braga, Ana Soares, referiu que o programa “Policiamento de Proximidade” só pode ser “exercido no período diurno, que é quando os estabelecimentos estão abertos”. No entanto, e indo contra o que os comerciantes dizem, a subcomissária afirma que “durante a noite é feito um policiamento intermitente em todas as artérias da cidade reforçado pelos carros de patrulha e por polícias à civil”. Ana Soares explica que gostaria de ter mais meios disponíveis, porém, afirma, “ a PSP tenta fazer o melhor possível com aquilo que tem para dar uma resposta a todas as solicitações”. A mesma comissária considera que a desertificação do centro histórico é um atractivo para a prática criminosa.

Desporto, voluntariado, música, artes plásticas, arte urbana, preservação do património e desportos radicais são algumas das áreas que o programa de actividades de Braga integra para a realização da Capital Europeia da Juventude 2012. De acordo com o vereador municipal Hugo Pires, o plano de actividades apresenta 12 grandes eventos, um para cada mês. “Music of de World“ é a primeira grande aposta. “Se formos Capital Europeia da Juventude vamos começar com um festival de sons. Vamos convidar jovens de todo o mundo para virem cá e mostrarem a música e os hábitos culturais dos seus países”, explica o vereador. Outras das actividades apresentadas pelo município são festivais, concertos, exposições, fóruns e bolsas de estudo internacionais para alunos carenciados. Segundo Hugo Pires, das várias entidades que apoiam esta candidatura estão a Universidade do Minho, a Secretaria de Estado da Juventude, Instituto Português da Juventude, Agencia Nacional do programa da Juventude e algumas estruturas associativas locais. Se Braga for a vencedora da Capital Europeia da Juventude 2012, está previsto um investimento aproximado de um milhão de euros por parte da Câmara Municipal. A cidade vencedora será anunciada no dia 24 de Abril, no congresso dos membros do Fórum europeu da Juventude.

Hugo Pires, vereador municipal


08 | COMUNICA*TE | marçO 2010

Reportagem | Ciência/nanotecnologia

Investimento de 24 milhões revoluciona Mundo a partir de Braga Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia na corrida para a vanguarda da ciência e tecnologia de ponta  fILIPA TORRADO, PEDRO SILVA

Diagnóstico rápido de doenças, síntese de órgãos de substituição, sistemas inovadores para a administração orientada de medicamentos, baterias solares de alto rendimento, electrónica de baixo consumo, materiais ultraleves e ultra-resistentes, reparação de danos ambientais. Tudo isto poderá ser criado a partir do International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), em Braga. A Nanotecnologia é uma área científica recente que permite produzir estruturas e novos materiais a partir de uma extrema pequenez. Em termos práticos, se dividirmos uma vulgar bola de ténis pelo planeta Terra obtemos o equivalente a um nanómetro, o que corresponde a um milionésimo de um milímetro. Esta nova unidade de medida é de tal modo reduzida que para ser vista na palma da mão teria que ser ampliada 10 milhões de vezes. O princípio fundamental desta área é o uso de técnicas e ferramentas que estão a ser desenvolvidas para adequar cada átomo e cada molécula no local pretendido. A Península Ibérica embarca rumo à descoberta do mundo das ciências e tecnologias de ponta. Pela primeira vez é fundada uma organização de investigação dedicada à Nanotecnologia à escala mundial e é a única do género, tanto em Portugal como em Espanha, na área da ciência. Situado em Braga, o INL está estrategicamente localizado en-

tre as cidades do Porto e de Vigo, servido por aeroportos internacionais. Deste modo, há um acesso facilitado ao INL vindo de qualquer parte do mundo, assim como várias Universidades do Norte da Península Ibérica têm uma proximidade privilegiada. Há ainda a vantagem de ser uma área de indústria dinâmica e de grande potencial. “Acredito que o laboratório venha a ser esse precioso fermento de mudança e inovação no nosso país e na península, com uma forte influência nas Regiões do Norte e da Galiza e nas suas economias”, assegura a este jornal o presidente da CCDR-N e da Comissão Directiva do ON.2, Carlos Lage. O funcionamento do Laboratório de Nanotecnologia vai contribuir para a redução da taxa de desemprego ibérica, pois estão disponíveis mais de 400 postos de trabalho. Aproximadamente 30% dos 200 a 300 investigadores deverão ser originários de Portugal e Espanha. “A entrada em funcionamento do Laboratório deverá contribuir não só para contrariar a tendência de desemprego, como também para melhorar a oferta de emprego altamente qualificado e promover o eventual regresso de investigadores, nomeadamente portugueses, que se sentiram motivados a procurar no estrangeiro oportunidades de carreira que não encontraram no seu país”, remata Carlos Lage. O investimento exigido neste projecto é suportado pelos Governos Português e Espanhol em partes iguais. As verbas anuais rondam os 30 milhões de euros

Números

400

é o número de pessoas que vão trabalhar no centro de Nanotecnologia em Braga

47000m2 é a área total que o campus INL irá ocupar. 26000m2 serão para a área de investigação.

3o milhões é o valor total que os Estados Ibericos suportam anualmente para investir no INL

Maquete do projecto do Laboratório

para o orçamento operacional. O contrato de investimento para a aquisição do equipamento científico do INL, assinado em Fevereiro deste ano, compreende o co-financiamento de 17 milhões

de euros para um investimento na ordem dos 24 milhões de euros garantido pela Comissão Coordenadora de Desenvolvimento da Região do Norte (CCDR-N). A CCDR-N visa, entre 2007 e 2013, o Programa Operacional Regional do Norte (ON. 2 – O Novo Norte) que apoia o desenvolvimento da região. Este programa é financiado exclusivamente pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. E é assim que este apoio financeiro vai abranger os espaços da “sala limpa”, “laboratório central de bioquímica”, os “laboratórios de microscopia e análise de superfícies”, o laboratório central de magnetometria, o laboratório de central de rádio frequência e medidas eléctricas e o laboratório central de encapsulamento. O primeiro director-geral do INL é o professor espanhol José Rivas que irá contar com uma equipa de investigadores recrutados em todo o mundo. Os cientistas vão representar diversas nacionalidades, culturas e perspectivas com o propósito de alcançar uma reputação imediatamente elevada desde o começo. “As nossas instalações invejáveis e o excelente equipamento são a chave para o sucesso de um plano de investigação altamente competitivo e sobretudo para atrair o melhor talento científico”, afirmou José Rivas em Fevereiro, na assinatura do contrato de investimento. O INL vai focar a sua investigação em quatro áreas específicas: nanomedicina; aplicações na monitorização ambiental,

segurança e controlo da qualidade alimentar; nanoelectrónica e nanomanipulação, e nanoinstrumentação. Estas escolhas devemse às necessidades científicas e económicas de Portugal e Espanha e, por outro lado, pelas oportunidades de desenvolvimento e maior número de vantagens competitivas no mercado mundial. “O Laboratório opta, a meu ver, pelas áreas mais prometedoras e susceptíveis de gerar bens, produtos e serviços que assegurem retornos económicos e de novos conhecimentos”, confirma o presidente da CCDR-N. A Universidade do Minho acordou uma cooperação com o INL que possibilita que, tanto professores como alunos, possam realizar trabalho de investigação em laboratório. Outras universidades, assim como centros de investigação e indústria, terão parte activa com este Centro. Do rol privilegiado de colaborações com entidades estrangeiras destacam-se o Instituto de Tecnologia americano


março 2010 | COMUNICA*TE | 09

MIT Massachusetts, o Instituto Nacional de Matéria de Ciência Tsukuba do Japão e a Universidade de Glasgow, no Reino Unido. O quadro de aconselhamento internacional é constituído por especialistas que estão na vanguarda do conhecimento tecnológico e científico. Engenheiros, Físicos, Químicos e Biólogos formam o núcleo de responsáveis pela estratégia e planeamento laboratorial. No entanto, as concretizações da revolução nanotecnologica terão um efeito previsto a médio-longo prazo, mas as expectativas são ambiciosas, constata Carlos Lage, que aponta uma meta: “Os efeitos mais estruturantes do INL na base científica, tecnológica e económica, que estão na base do projecto, poderão demorar seguramente uma década a concretizar-se. Por essa altura o Laboratório colocará Portugal e Espanha em pé de igualdade com outros países na linha de partida de um vasto ciclo ou onda de inovações”.

Investigação e desenvolvimento

As áreas de aposta do Laboratório Internacional Nanomedicina  Este campo vai permitir

o estudo e design de dispositivos para diagnóstico, técnicas de tratamento, prevenção de doenças e desordens genéticas  Produção comercial

utilizando a nanoescala e tecnologias no ramo da saúde

Aplicações na monitorização ambiental, segurança e controlo da qualidade alimentar  Criação de embalagens

capazes de controlar com precisão a qualidade dos alimentos

de substituição

Aplicações agrícolas:  Capacidade para administrar de um modo mais eficaz e seguro, pesticidas, herbicidas e fertilizantes

 Sistemas inovadores para

 Ferramentas para a detecção

 Síntese de órgãos

a administração orientada de medicamentos

e neutralização da presença de agentes biológicos ou químicos  Reparação de danos

ambientais e despoluição

Nanoelectrónica  Baterias solares

de alto rendimento

Nanoinstrumentação e Nanomanipulação  Criação de materiais ,

 Electrónica de baixo

consumo

dispositos e sistemas através do controlo da materia à escala atómica

 Apoio à biotecnologia,

 Superfícies que podem

medicina, monitorização ambiental e alimentar  Materiais ultra-leves

e ultra- resitentes

 Escalas reduzidas que

permitem a manipulação de quantidades de informação extremamente grandes associadas a rápidas velocidades de processamento

ser modificadas de forma a torná-las à prova de riscos, impermeáveis, limpas ou estéreis  Melhoria no desempenho

de materiais nas indústrias, automóvel, aeronáutica, espacial entre outras.  Construir materiais

biologicamente inspirados a nível molecular


10 | COMUNICA*TE | MARÇO 2010

Desporto |

opinião

As bandeiras voltam às janelas, está aí Portugal! Milagrosamente, a selecção de todos nós está mais uma vez presente no Mundial. África do Sul mostra-se, inevitavelmente, mais próxima dos caminhos de Portugal e as emoções começam a ficar ao rubro. Os treinadores de bancada tomam os seus lugares cativos e apuram os comentários para qualquer eventualidade. Os casos dos jogos estarão na ordem do dia e serão inevitáveis. Apesar de todo o esforço que foi feito, umas vezes mais do que outras, Carlos Queirós e os jogadores escolhidos para representar Portugal elevaram novamente a esperança dos portugueses, com mais ou menos apoio, ao vencer a Bósnia. A era Scolari já lá vai. Mas deixou marcas profundas de uma selecção consistente e com espírito de vitória. Algo que não se tem sentido nos últimos tempos, sejamos realistas. Acredita-se que as selecções que lá estão presentes são as melhores e é preciso ter consciência de que não se pode subestimar adversários por mais fracos que pareçam ser. Por vezes são mesmo esses que surpreendem! Vejamos o exemplo da Grécia no Euro 2004. Espera-se é que o “nobre povo” apoie de forma incondicional e emotive os nossos “heróis”. No final das contas continuamos a ser uma “nação valente” e, embora a nossa imortalidade possa ser colocada em questão, teremos todos que lutar pelo mesmo objectivos: muitas vozes juntas ecoam mais e poderão ter uma força brutal. Façamos jus ao facto de sermos reconhecidos pelo futebol. O objectivo é claramente ganhar, mas é preciso saber gerir a pressão, ser humilde e ter as forças necessárias. Será que é desta? A ver vamos…eu acredito!

Joana Martins aluna da facfil

eduardo: ”É um orgulho representar o meu país”

Campeonato do Mundo está nas suas “mãos” Eduardo “mãos de tesoura” tem um feeling para áfrica do sul  JOANA MARTINS, JOANA FIDALGO

Eduardo, actual guarda-redes da selecção nacional, conseguiu a sua titularidade com a chegada do seleccionador Carlos Queirós. Ciente de que se esforça a cada dia para esta posição, afirma com convicção que tem consciência da boa concorrência que é alvo, “deixando de lado as pressões”. Devido ao trabalho que tem realizado (enquanto guarda-redes do Braga), sente-se mais próximo da ida ao Campeonato Mundial. Este realiza-se daqui a dois meses e alguns dias. O guardião Nacional explica que “é um orgulho enorme poder representar e dignificar o meu (nosso) país, ajudando e lutando por um símbolo que a todos nós muito diz”. Rematou ainda que estar na selecção nacional “é um sonho” de criança. “Felizmente, consegui concretizar o meu objectivo”, disse. Demonstra também que, embora tenham passado por dificuldades na fase do apuramento para o Mundial, tendo sido necessário disputar um playoff,

afirma que o objectivo do grupo é a “união”. No entanto, “será necessário a concentração de todos”. Para Eduardo, as palavras de ordem deste Campeonato já foram referidas pelo seleccionador quando afirmou que “Portugal pode ser candidato”. À conquista do Campeonato Mundial, “deve-se encarar todas as equipas que se atravessarão pela frente de igual modo”, defende Eduardo. O guarda-redes põe de lado qualquer hipótese de derrota antecipada, atendendo ao facto de estar num grupo complicado. “Não podemos pensar dessa maneira. Sabemos do nosso valor e da importância de ganharmos os nossos jogos. Vamos pensar jogo a jogo”, referiu o jogador bracarense. Quanto ao apoio que os adeptos têm dado à selecção, Eduardo afasta a ideia de que o povo português esteja desconfiado e descrente das possibilidades de vitória. “Sentimos um apoio enorme dos nossos adeptos durante a fase de qualificação – e isso é que é importante”. Eduardo não quis comentar

“sabemos do nosso valor. tenho um feeling muito bom para este campeonato do mundo” Eduardo guarda-redes do s.p. braga e da selecção nacional

o facto de na selecção existirem jogadores naturalizados. Exclusivavente “luso-brasileiros” como o maestro Deco, o defesa Pepe e o avançado Liedson. Num tom de brincadeira, o jornal “Comunica*te” questionou o jogador relativamente ao seu feeling para o Mundial e inevitavelmente ele rematou com convicção que tem “um “feeling” muito bom para este Campeonato”. Eduardo dos Reis Carvalho nasceu em Mirandela há 27 anos. É actualmente o guarda-redes menos batido da liga, atraindo para si os holofotes e interesses de potências mundiais. Como qualquer jogador sempre ambicionou a ascensão na sua carreira. Esteve emprestado ao Setúbal e conseguiu vingar no jogo contra o Sporting na Taça da Liga no ano 07/08, defendendo três grandes penalidades. Nesse mesmo ano, retornou ao S.C.B. tornando-se titular incontestável. Com a chegada de Carlos Queirós à selecção nacional em 2008, torna-se titular ganhando o seu espaço e conquistando a simpatia dos adeptos.


MARÇO 2010 | COMUNICA*TE | 11

Desporto |

Braga Capital do taekwondo nacional  Bruno moura, nélson moura, rafael andrade

Atletas da modalidade em Braga dão cartas a nível nacional e internacional há 19 anos. “A nata do taekwondo em Portugal encontra-se em Braga”. Quem o diz é o treinador e seleccionador nacional Joaquim Teixeira que tem vindo a ser a face por trás desse crescimento. A leccionar há 19 anos nas escolas de formação de Braga, os seus atletas têm já um histórico de mais de 100 troféus colectivos sem contar com prémios individuais divididos pelos 120 membros da sua academia, incluída no ginásio Konceito Fitness e recentemente associada ao S.C.Braga. Jovens atletas de taekwondo como Eduardo Rodrigues (3º lugar no 1º campeonato Europeu universitário da modalidade em Braga), Michel Fernandes (atleta do S.C. Braga e medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juventude no México) e Pedro Povóa (primeiro atleta português de taekwondo nos jogos Olímpicos) espelham bem a força da modalidade na cidade dos arcebispos. Joaquim orgulha-se da dedicação e motivação dos atletas bracarenses e que segundo ele

Universidade Católica vai ter equipa de futebol A notícia foi divulgada pelo presidente da associação após ter falado com o director da facfil sobre a ideia de ter uma equipa de futebol. A ideia foi aprovada e o director já escreveu uma carta ao director da UM no intuito de obter uma autorização para a equipa poder treinar e jogar no “campo adversário”. A equipa terá jogadores das três faculdades unidas pelo objectivo da prática do futebol.

Pedro Póvoa em mais um combate no ginásio Konceito Fitness FOTO: BRUNO MOURA

“dominam a cena do taekwondo nacional” e “representam Portugal ao mais alto nível em eventos internacionais”. Domínio que considera acabar por ser negativo pois se a qualidade e concorrência das restantes academias do país fosse maior só seria positivo para a qualidade dos seus atletas. Lamenta também uma certa falta de apoio por parte da Câmara Municipal de Braga. “Às vezes, se fossemos mais acolhidos mais protegidos, até o simples fornecimento de um autocarro ou

S.C. Braga continua imparável no voleibol  Anselmo ferreira, carla costa, carlos bastos

Têm entre 17 e 18 anos. Treinam quatro vezes por semana para serem o que são e o resultado está à vista de todos. Não é só no futebol que o Sporting Clube de Braga tem sucesso. Também no voleibol há uma equipa que não pára de dar alegrias aos adeptos: as juvenis femininas. Segundo o professor Calos Dias, que é quem as treina, estas jovens já foram campeãs nacionais infantis e juvenis pela

modalidades

Equipa treina quatro vezes por semana

transporte far-nos-ia sentir mais apoiados” e talvez “concedesse mais ânimo”. Agora incluídos na estrutura do Sporting Clube de Braga, sentem-se motivados a reforçar o clube como uma potência e viveiro de talentos de taekwondo a nível nacional e sonhando com uma possível medalha de ouro para Portugal. “Os nossos antepassados eram gente guerreira habituada a fazer muito com pouco”, afirma confiante.

Escola E.B 2,3 de Lamaçães e também campeãs regionais ainda no ano que passou. Nesta época disputam o campeonato regional e encontram-se no primeiro grupo juntamente com o Vitória Sporting Clube, Leixões Sport Clube e Eanes Lobato, grupo do qual as adolescentes são cabeça-de-série. As jovens jogadoras de voleibol têm representado o Braga de forma positiva a avaliar pelos seus resultados. De facto, esta época ainda não perderam um jogo e de há dois anos para cá que ainda só tiveram uma derrota. O professor não hesita em acrescentar que esta tem-se demonstrado “uma equipa invencível”.

400 atletas de BTT deslocam-se a Montalegre Montalegre será, já este Verão, protagonista de mais uma grande prova mundial. O oitavo campeonato do Mundo de orientação em BTT terá lugar no alto Tâmega e Barroso, uma zona “com exelente potencial para a prática de BTT”, como consta no protocolo. A Federação Portuguesa de Orientação em conjunto com autarquia irão organizar o evento para acolher mais de 400 atletas.

Europeu de Rallycross no Barroso A pista automóvel de Montalegre abre o campeonato Europeu de Rallycross 2010, de 30 de Abril a 2 de Maio. Montalegre será o representante de um campeonato de 12 provas, de entre as quais pontuam apenas as dez melhores para cada piloto. São esperados milhares de adeptos desta modalidade, fazendo da vila o centro das atenções nesse fim de semana.

opinião

As changes de Portugal Imaginemos que é um crente extremamente fiel na capacidade matadora de Liedson, nas fintas e petardos de Cristiano Ronaldo, na visão de jogo de Deco, nos cabeceamentos e agressões do Bruno Alves à bola e jogadores incluídos.Agora imaginem que num impulso de loucura e contra todas as probabilidades decidiam apostar 2000 euros na vitória de Portugal. Se assim for então sigam estes passos para garantirem a vossa reforma. Segundo as estatísticas da Bwin poderiam ganhar mais que o dobro da vossa aposta (4500 euros) em caso de ganharmos contra a Costa do Marfim, guardavam o vosso dinheiro no jogo contra a inofensiva Coreia do Norte e apostavam numa vitória contra o Brasil, arriscando-se a ganhar 8000 euros pela vitória e por Portugal ter ficado em primeiro no grupo, a partir daqui meus amigos é só lucro. Se tivessem um feeling mesmo muito forte e antes de criar uma conta poupança apostavam contra a vizinha Espanha, campeã europeia e possível finalista e adicionavam mais 10 500 euros ao dinheiro guardado debaixo da cama. Viam Portugal passar os quartos-de-final na vossa suite da Foz e encaixavam mais 13 mil euros. Viam a vitória nas meias-finais, na televisão do vosso Audi TT e de seguida descontavam os vossos 380 mil euros. E enquanto bebiam champanhe e viam a selecção tuga levantar a copa do mundo, provavelmente contra o Brasil ou a Inglaterra, na suite VIP do estádio de Joanesburgo segredariam aos ouvidos do presidente da República que com os novos 874 mil euros pagariam vocês mesmos o próximo jogo de golfe. O verdadeiro adepto é assim contra tudo e contra todos pela sua equipa. Até contra o bom senso.

Nélson Moura alun0 da FACFIL


12 | COMUNICA*TE | março 2010

Cultura | sociedade

Liberdade de expressão posta em causa?  Joana martins, Rui gonçalves

A dupla de MC’s já está em estúdio a preparar o seu terceiro álbum

FOTO cedida por Mc Demo

Expensive Soul estão de regresso aos discos sucessor de “Alma Cara” ainda não tem título definido, mas será lançado no final de Abril  Cláudia bragança, hélène fernandes, liliana Andrade

Os portugueses Expensive Soul já estão a preparar o terceiro álbum de originais. Depois de “B.I.” (2004) e de “Alma Cara” (2006), a dupla de Leça da Palmeira está de volta ao panorama da música portuguesa com um novo trabalho. Demo (António Conde) e New Max (Tiago Novo), produtor do disco, estão em estúdio há alguns meses e apontam o final de Abril como data de lançamento do álbum. O primeiro single chama-se “O Amor é Mágico” e já se pode ouvir nas rádios nacionais. Demo, o MC (Mestre de Cerimónias) da banda, avança ao “Comunica*te” que o videoclipe do single já está a ser preparado. A banda promete um álbum “muito alegre e cheio de grandes canções com uma sonoridade igual a Expensive Soul, mas mais temperada”. A dupla está empenhada em produzir um bom álbum que leve as pessoas a inspirarem-se e a viajar com os temas. O disco conta com a participação de dois artistas com os quais Demo e New Max se identificam “completamente”, os MC’s Bob The Rage Sense e A.S. 2. Demo confessa que a inspiração para o álbum surgiu espon-

taneamente e que é em situações do quotidiano que os dois músicos se inspiram para criar novos temas. “A inspiração é algo que surge com o desenrolar das nossas vidas, é espontâneo e natural”. Em termos musicais, o grupo foi muito influenciado por grandes discos de soul e por artistas como Marvin Gaye e Ray Charles. Com dois álbuns no mercado

“É um álbum muito

alegre e cheio de grandes canções, com uma sonoridade igual a Expensive Soul mas mais temperada”

“A evolução do

nosso trabalho acontece com naturalidade. Consideramos que a nossa música está cada vez melhor.” e o terceiro em fase de finalização, Demo considera que a evolução do trabalho dos Expensive Soul acontece naturalmente. “Acho que este disco é o melhor que podemos fazer

neste momento. A evolução do nosso trabalho acontece com naturalidade, nota-se de disco para disco. Consideramos que a nossa música está cada vez melhor”, afirma. O nome do novo álbum ainda é uma incógnita para New Max e Demo. “Por incrível que pareça, o nome ainda não está decidido, temos alguns na mesa, mas ainda não temos certezas”, afirma Demo. O lançamento do álbum está previsto para o final do mês de Abril mas a dupla prefere não revelar o local, apenas adiantam que “ainda é surpresa” e pedem aos fãs que estejam atentos “porque vai ser bombástico”. O que já é certo é a presença dos Expensive Soul com a Jaguar Band, banda que os acompanha nas suas actuações, em vários palcos do país. Demo revela que a banda “vai andar a rolar pelas queimas, câmaras e festivais”, confirmando o início da digressão. Entre as datas já confirmadas estão as presenças na gala da rádio Nova Era, no Porto, no dia 10 de Abril, na feira de Maio em Azambuja, dia 29 de Maio, e num dos festivais mais mediáticos do país, o Rock In Rio Lisboa, onde os Expensive Soul actuarão dia 27 de Maio no palco Sunset com Omar and Incognito.

“A censura começa quando tentamos, por qualquer meio à nossa disposição, condicionar a liberdade dos outros”, afirmou Gregório Vasconcelos, escritor e jornalista, nos princípios do século XX. Há 35 anos que se celebrava a Liberdade em Portugal. Uma nova etapa, um novo começo, uma nova vida. No entanto, como dizia o químico Lavoisier, “nada se perde, tudo se transforma”. A censura não se dissipou totalmente e sente-se no mundo da comunicação social. À conversa com José Cândido Martins, docente da Universidade Católica Portuguesa, e Engénio Silva, docente da Universidade do Minho, encontramos duas opiniões que partilham as mesmas ideias. A pergunta em cima da mesa é se há ou não liberdade de expressão? Sem tempo para reflectir, ambos os professores defendem a existência da liberdade de expressão limitada e controlada pelo poder. Apesar de a liberdade de expressão constituir “um dos princípios fundamentais do regime democrático” e estar “consagrado na Constituição da República Portuguesa”, como rematou Eugénio Silva, “ existem abusos à liberdade de expressão: as limitações e os abusos são ilegítimos, portanto, condenáveis e puníveis”, concluiu. O professor Cândido Martins acredita que os jornalistas vivem num dilema: “publicar e perder o emprego; ou não publicar, pactuando com a manipulação política”. Com o impacto que os media têm na vida social, poder-se-á considerar que a tentativa do Governo controlar os meios de co-

Silêncio

municação é natural, já que estes são, de facto, um poder temível que controla e molda a opinião das pessoas, acerca de um certo e determinado tema. Contudo, tal como refere Cândido Martins, “o leitor terá de ser muito vigilante e muito crítico de todas as formas de controlo da comunicação social”, o leitor terá de ser muito vigilante e muito crítico de todas as formas de controlo da comunicação social”, já que todas as pessoas devem ter espírito crítico para tentar compreender aquilo que é verdade ou mentira. Em jeito de conclusão, ambos explicaram que “há liberdade mas é notório que está limitada pelo poder”.

Cândido Martins Professor Universitário

“����������������� o leitor terá de ser muito vigilante e muito crítico de todas as formas de controlo da comunicação”

Eugénio Silva professor Universitário

“as limitações

e os abusos são ilegítimos, portanto, condenáveis e puníveis”

167

jornalistas Estão presos e 76 foram mortos no Mundo em 2009 Portugal em 32.º lugar no que diz respeito À liberdade de expressão em 2009

FOTO cedida por cidade.blogger.com.br


Março 2010 | COMUNICA*TE | 13

Cultura | sociedade

opinião

Páscoa: Partilha ou comércio ?

Ruas de Braga decoradas a rigor para celebrar a Páscoa

Foto: Ângela Barbosa

Braga veste-se de roxo e cumpre tradição da Semana Santa da Arte Total do Centro de Educação pela Arte. No dia seguinte, numa iniciativa da Irmandade da Misericórdia, o grupo “La Portingaloise” dará um concerto coral e instrumental na igreja de S. Marcos (hospital). Entre as várias exposições, encontra-se a “Semana Santa de Braga”, uma exposição itinerante que decorre entre o mês de Março e Abril e vai percorrer várias cidades do país como Guimarães, Porto e Lisboa.

No que toca às celebrações religiosas, iniciarão no dia 27 de Março com a Transladação do Senhor dos Passos e a Via-Sacra que passará pelos vários “calvários” da cidade. A 28 de Março celebra-se o domingo de Ramos, que assinala a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém e também a abertura na Semana Santa. Nesse mesmo dia, ao final da tarde, sai à rua a Procissão dos Passos, cortejo simbólico das figuras que intervieram no julgamento, condenação e morte de Cristo. Outra procissão importante é a Procissão do Enterro do Senhor, a mais solene e imponente, que decorre dia 2 de Abril e leva ás várias ruas da cidade o esquife do Senhor morto. No dia 4 de Abril, Domingo de Páscoa, termina a Semana Santa. A visita pascal, em que um grupo de pessoas leva a imagem de Cristo na Cruz a várias casas, não só em Braga como em toda a região do Minho e no resto do país, marca o fim das celebrações.

O presidente da Junta acredita que há mesmo um fenómeno de adesão “maciça”, pela oportunidade de observar um momento de catequese e reflexão devido ao empenho da Comissão. As tradições religiosas levam famílias à procissão, sem esquecer os mais novos.

Uma das maiores dificuldades na procissão é dar lugar às centenas de pessoas que percorrem quilómetros para assistir a esta procissão. A procissão da “Burrinha” decorre a 31 de Maio, pelas 21:30h. O percurso vai da Junta de Freguesia de S. Victor ao Centro Histórico da cidade.

solenidades pascais prologam-se até 5 de abril  ãngela barbosa, tânia lima

Na semana que antecede a Páscoa, a Cidade dos Arcebispos recebe, todos os anos, milhares de pessoas de várias partes do país e um grande número de estrangeiros, número esse que vem aumentando de ano para ano. A Semana Santa é preparada pelos cristãos ao longo da quaresma como caminhada espiritual e penitencial e a Páscoa celebra o mistério da morte e ressurreição de Cristo.

À semelhança dos outros anos, para além das já conhecidas e tradicionais celebrações sagradas, este ano o programa de festividades da Semana Santa de Braga vai contar com diversas actividades culturais, tais como exposições, concertos e ainda um espectáculo de dança. As actividades culturais iniciam-se no dia 25 de Março com o espectáculo de dança, iniciativa da Comissão da Semana Santa e da responsabilidade dos alunos

Milhares de pessoas celebram a Páscoa na procissão da “Burrinha”  Diana sampaio, rita veloso

Quarta-feita de cinzas é o dia de eleição para a mítica Procissão da Nossa Senhora da Burrinha que dá início às procissões Pascais. Todos os anos traz à cidade milhares de pessoas, de várias regiões, sobretudo do Minho e Norte de Espanha. Segundo o presidente da Junta de Freguesia de S. Victor, Firmino Marques, “a vinda de tantas pessoas à procissão explica o facto de Braga ser como a Roma portuguesa”.

A procissão conta a história do Povo de Deus através de um Cortejo Bíblico. A organização está entregue à Junta de Freguesia e à paróquia de S. Victor e envolve muitos participantes, que começam a preparar a “Burrinha” no dia depois de cada procissão. Há uma grande participação de inúmeras pessoas: bandas de música, corais, orquestras, Bombeiros Voluntários e da Cruz Vermelha de Braga. Firmino Marques diz que “ há bons motivos para não faltar”.

Aproxima-se a Páscoa, mais uma data importante e mundialmente reconhecida, embora dotada de significações diferentes para cada um. Aquela que anteriormente era considerada a festa da vida, por constituir, para os cristãos, a Ressurreição de Jesus Cristo após ter sido julgado, condenado e crucificado, e para os judeus a libertação do povo do Egipto depois de terem sido escravos ao longo de quatrocentos anos, deixou de o ser nos dias que correm. Cristãos e Judeus interpretavam outrora a celebração da Páscoa como o triunfo da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte. Actualmente, estas convicções transformaram-se em crenças patentes apenas numa minoria. Apenas uma pequena parte da população encara a Páscoa como a verdadeira festa da vida, a exaltação do renascer. Hoje a Páscoa é somente um reflexo do materialismo exacerbado que caracteriza invariavelmente cada um de nós. Um engano a que muitos se sujeitam mas que já não consegue esconder as suas verdadeiras intenções de marketing e consumismo nitidamente manifesto na sociedade em que vivemos. Os hipermercados enchem-se por esta altura de amêndoas, chocolates, folares, e afins e as pessoas estão mais preocupadas nas confecções para o almoço ou no presente para dar à vizinha do que em estar com a própria família. Espera-se ansiosamente com a Páscoa a chegada de mais umas apetecidas mini-férias, que mais não são do que uma antecipação das grandes férias do verão. Troca-se assim, de modo fácil e despreocupado, todo o conceito de partilha, amor e família por uns dias de fuga ao frenético e stressante quotidiano. E assim se encontra a nossa sociedade, desprovida de valores, e caracterizada por um individualismo e egoísmo que causa verdadeira confusão e perturbação a qualquer um que se interrogue sobre o verdadeiro sentido da vida, sobre a verdadeira essência dos valores e conceitos fundamentais perdidos no tempo mas que dotavam a sociedade de uma ingenuidade saudável e de uma simplicidade apetecível.

Marta Cabral aluna da FACFIL


14 | COMUNICA*TE | MARÇO 2010

CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer

um minuto

Tiago Bettencourt em Guimarães Tiago Bettencourt vai estar no dia 26 de Março, pelas 22 horas, no Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, em Guimarães. O vocalista e compositor dos Toranja apresenta ao vivo «Em Fuga», o segundo álbum a solo. A acompanhar Tiago Bettencourt estão o contrabaixista Pedro Gonçalves (Dead Combo) e o baterista João Lencastre, habitual colaborador dos Blasted Mechanism.

Exposição de veículos clássicos em Braga Cerca de 100 automóveis e motociclos antigos são apresentados no Parque de Exposições de Braga, nos dias 26, 27 e 28 de Março. Este evento visa a aproximação do segmento automóvel e da motocicleta clássica aos seguidores do mundo do motor, dinamizando o sector empresarial e fomentando os valores desportivos e culturais que se desenvolvem dentro deste âmbito.

Mostra de cavalos lusitanos em Vila Verde A academia Equestre Arte Lusitana de Vila Verde, na Lage, vai ser palco de um espectáculo aberto a toda a população no sábado, 27 de Março, para conhecer e entender o cavalo. “Tudo está feito para contar a história do cavalo e o protagonismo que foi tendo ao longo dos tempos”, salientou o proprietário, Rui Vaz. O cavalo puro lusitano será o centro das atenções.

Intimidade de um homem do cinema António Pedro Vasconcellos lamenta que portugal seja “um país muito ingrato para fazer filmes”  joana martins, marta cabral, pedro ferreira

Intelectual por natureza, o cineasta António Pedro Vasconcellos partilha a sua paixão do cinema com a literatura, a televisão, o futebol e a família. Desde muito cedo se afirmou como um leitor compulsivo, sobretudo de romances, tendo sido atraído para o cinema através da ficção. No entanto, considera que o cinema tem algumas diferenças substanciais face à literatura, nomeadamente no que toca ao modo de contar histórias através de personagens de carne e osso, enquanto nos romances tudo tem de ser imaginado pelo leitor. Com a pretensão de escrever livros e contar histórias, desde muito novo, António Pedro Vasconcellos teve a consciência de que “escrever é uma actividade triste e solitária”. Detentor de uma indústria cinematográfica muito pouco abrangente, o realizador acusa a cultura portuguesa de ser “pequena, periférica e pobre”. Em Portugal a política do cinema passa pelo Estado, “que decide quem filma e quem não filma, coisa que é aberrante”. Só começou a filmar aos 30 anos e em 40 anos fez oito filmes. “Apesar de ser a minha única paixão eu não vivo disto!”, esclarece o realizador que considera que em Portugal é impossível viver exclusivamente do cinema. “Portugal é bom para se ter um restaurante ou uma farmácia”, ironiza. Para se fazer um bom filme, é essencial que se imaginem personagens e se saibam os actores exactos para a encarnar. “Tem que haver um dom que eu acho fundamental e que se cultiva”, afirmou. Como professor costuma dizer aos seus alunos que a única coisa que um cineasta não pode

António Pedro Vasconcelos

PERFIL

António Pedro Vasconcelos Nasceu em Leiria, a 10 de março de 1939. é um dos cineastas mais representativos do cinema português. Foi argumentista e teve participação como actor em alguns filmes. Fez crítica literária e cinematográfica. Na televisão, marca presença assídua como argumentista desportivo na RTPN e como escritor publicou “Interessa Público, Interesses Privados”

FOTO:Daniela fernandes

dispensar é saber antecipar a reacção do público, “se um grupo de espectadores não percebeu a piada, a culpa é tua, porque tu é que não a soubeste explicar!” “Eu sou um homem do cinema, mas interessa-me mais a televisão enquanto media porque a TV tem um efeito sobre as pessoas muito maior do que o cinema”, refere António Pedro Vasconcellos, ao mesmo tempo que considera a televisão uma verdadeira “alavanca de negócios, interesses e poder”. Na sua carreira, considera que faltou ter feito três ou quatro vezes mais filmes. No entanto, com sentimento realista, afirma que gostava que as coisas em Portugal mudassem, embora não tenha qualquer esperança que venha um ministro da cultura capaz de mudar essa situação. Em cada filme que faz tenta sempre não repetir os erros anteriores. É o seu lema para ob-

ter sempre melhores produtos. “Olho para os meus filmes e sou o meu maior juiz”, confessa. Para o futuro, deseja apenas que os seus filmes o deixem, se não for satisfeito por completo, pelo menos sem vergonha de os ver. Amante do futebol, e do Benfica em particular, não conseguiria escolher entre um e outro caso tivesse de o fazer. No entanto, não esconde o seu contentamento por serem perfeitamente compatíveis. “A satisfação que me dá um jogo de futebol como o Benfica e as vitórias que me dá são momentos e emoções não comparáveis com nada. Gosto muito de ir com o meu filho e os meus netos ao futebol e essa sensação de partilha com eles é simplesmente única. Ver um grande filme ou um grande jogo são emoções completamente distintas que não se anulam mas se podem somar, como outros prazeres que tenho na vida.”


MARÇO 2010 | COMUNICA*TE | 15

CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer roteiro / agenda

Theatro circo Braga susanna and the magical orchestra SÁB 10 ABR 22,00h Susanna And The Magical Orchestra é uma dupla composta por Morten Qvenild (teclados) e por Susanna Karolina Wallumroed (voz) que combina a acessibilidade da música pop tradicional, a rigidez da electrónica e a improvisação do jazz. Depois de “Melody Mountain”, um album de versões, a banda recupera a capacidade para composições originais que demonstraram em “List of Lights and Buoys” e apresentam “3”, um novo trabalho discográfico composto por oito novos temas e duas versões. Falar verdade a mentir QUA 14 ABR, 14h30 A peça é uma divertida comédia do grande reformador do teatro português, Almeida Garrett, escrita a partir do original “Le Menteur Veridique”, de Scribe. Conta a história de Duarte – um jovem da alta sociedade – que tem por hábito não dizer uma palavra sem mentir. Um dia as suas mentiras tornam-se verdades e ele nem acredita que o destino lhe pregou uma partida… EURO CONCERTMAGIC OF THE DANCE QUI 22 ABR 21,30h Aclamado pela crítica como o espectáculo mais elegante e apaixonante do século, “Magic

livros

of the Dance” é uma maravilhosa história de amor que decorre numa Irlanda assolada pela fome, onde o bem e o mal convivem, todo ele representado com umas impressionantes e refinadas danças, e com uma precisão assombrosa. A tragédia, a magia e o romance entrelaçam-se no argumento da obra, o que lhe dá grande dinamismo.

alicia keys Pavilhao atlantico, Lisboa 29 de Abril Bilhetes: 30 A 40 euros

O Miudo que pregava pregos numa tábua Manuel Alegre Dom quixote preço: 12,00€

cinema Braga

Depois de Cão Como Nós, lançado em 2002, eis o novo livro de ficção de Manuel Alegre, que poderá ser descrito como uma incursão do autor sobre a sua arte poética trazendo para a reflexão experiências da sua infância.

green zone Drama Título original: Green Zone Realização: Paul Greengrass País: EUA/ Espanha/ França/ Reino Unido Duração: 115 min Estreia: 8 de Abril O filme conta a historia de um pequeno grupo de soldados norte-americanos que descobre provas claríssimas da existência de armas de destruição em massa no Iraque. A sua descoberta é posteriormente explorada por um correspondente estrangeiro. sexo e a cidade 2 Comédia Título original: Sex and the City 2 Realização: Michael Patrick King País: EUA Estreia: 27 de Maio A sequência do filme “O Sexo e a Cidade”, que arrecadou em 2008 mais de 300 milhões de euros, vai ser lançada a 27 de Maio deste ano. Neste filme, as quatro amigas novaior-

quinas reaparecem em mais confusões envolvendo moda e homens. O tema principal será a crise mundial, uma vez que a historia tem uma relaçao muito estreita com o luxo.

múSica David fonseca coliseu dos recreios, Lisboa, 4 de abril Coliseu do Porto, Porto, 16 de Abril

Legendary Tigerman Casa das artes de

famalicão, Famalicão, 17 de Abril

Uma Palavra Tua

pavilhão atlantico, 18 e 19 de Maio Bilhetes 35 a 50 euros

Elvira Lindo editorial PRESENÇA preço: 14,50€

Dias 21, 22, 27, 29 e 30 de Maio, Parque da bela vista, lisboa Bilhete diário 58 euros

Galardoado com o Prémio Biblioteca Breve 2005, Uma Palavra Tua traz-nos as histórias de vida de Rosário e Milagros, duas mulheres desajustadas, dois percursos existenciais que se cruzam nas ilusões e realidades que dão forma ao medo de não merecerem ser felizes.

Metallica

rock in rio Lisboa

optimus alive

Dias 8, 9 e 10 de julho, Passeio maritimo de alges, Oeiras Bilhete diario 50 euros, Passe 3 dias 90 euros

atracções

O centro das atenções do centro da cidade  ana lopes, daniela fernandes

A restauração e renovação do já centenário ‘‘Astória’’ fizeram renascer este mítico espaço bracarense. Situado na Praça da República, no coração de Braga, o café/ bar/restaurante Astória tem um ambiente bastante aprazível. Apesar da esplanada só funcionar no Verão, no Inverno também se pode usufruir do exterior, uma vez que há um espaço coberto e com aquecedores decorativos. O restaurante possui uma

excelente vista para a praça da cidade, salas para fumadores e para não fumadores, decoração contemporânea e repleta de puro bom gosto. O chefe, Gabriel Mendes, sugere ‘‘Carpaccio de bacalhau’’ e ‘‘Cogumelos Portobello’’ como entradas. Nós sugerimos que, depois do ‘‘amuse bouche’’, se deleite com o quimérico ‘‘Tornedó Rossini’’ ou com os secretos de porco preto. Para os amantes do peixe, o mítico ‘‘Bacalhau à Braga’’ ou a ‘‘Pescada do Chefe’’ também não o vão desapontar. Para a sobremesa, podemos

RESTAURANTE CASA DAS ARTES Venha descobrir um ambiente acolhedor, deliciar-se com o requinte do paladar de uma cozinha internacional, acompanhada com uma decoração onde antiguidade e arte contemporânea, se unem lado a lado. O melhor de dois mundos em exposição permanente. A esplanada coberta do “Astória”

ainda sugerir a cremosa mousse-gelado para dar o toque final a esta agradável experiência palatal. A enoteca do ‘‘Astória’’ satisfaz o cliente mais exigente. Do branco ao tinto, do ‘’Esporão Reserva’’ ao ‘’Batuta’’, o proprietário

José Luís Pinheiro tem um vasto leque de opções ao seu dispor. Depois da refeição suba até ao bar, desça até ao café, vá passear pelo centro da capital do Minho... Fica ao seu critério. Mas há-de ter uma boa história para contar sobre o ‘‘Astória’’.

Morada: Rua Costa Gomes, nº353 4700-262 Real - Braga Contactos telefónicos: 253 622 023 938 990 101 E-mail : casadasartes@netcabo.pt


PALAVRAS CORROSIVAS

Suicídio jornalístico? No dicionário o suicídio é pragmático: acto ou efeito de suicidar-se; morte dada a si mesmo. No olhar simplório e menos atento de qualquer comum dos mortais é triste. Contudo, para alguns jornalistas, a palavra suicídio assume um valor semântico bastante diferente do habitual. Como é retratado o suicídio, infelizmente, por alguns desses profissionais? Não hesito em vestir a pele destes meros escritores e passo a explicar a sua visão: O suicídio é o auge dos romances; é o topo de qualquer história que o envolva; é um acto de coragem e de heroísmo; é uma magistral prova de amor; é uma atitude onde o romantismo adjacente à sensibilidade, onde as variáveis psicológicas adjacentes á pressão social se intensificam e se revelam as razões de todo o processo. O suicídio é o mais fascinante marco amoroso em qualquer artigo que um “jornalista” escreva; é a arte caracterizada pela sensibilidade que causa às pessoas. O suicídio é lindo! Bem. Até agora fui irónico nas minhas opiniões e de ironia sou eu bem cheio. No entanto, percebam que isto não caiu do céu Estou-me a basear numa sondagem revelada por um estudo da Psicologia Social que nos conta, estatisticamente, o que é o suicídio aos olhos desses poetas ditos jornalistas. A um primeiro olhar parece banal, a um segundo é fatalmente inquietante. Atormenta-me o tamanho da revolta que isto me causa, hum…suicídio jornalístico? Esses senhores percebem que o suicídio não é mais do que uma incapacidade em relação às adversidades, mas insistem em promovê-lo como acto de valor que não o é. Fascinam-me os livros fantasistas de vários escritores, mas chamemos as coisas pelos nomes: um jornal de referência não deve fantasiar com os factos que para nós, jornalistas éticos, são tidos como sagrados. Livro não é sinónimo de jornal. Escritor não é sinónimo de jornalista.

Rui Gonçalves aluno da facfil

Do sonho da arbitragem à realidade das relações públicas foi árbitra durante dois anos, mas agora alimenta novos sonhos fora das quatro linhas  adriana almeida, cláudia bragança

Jornal da licenciatura de Ciências da Comunicação da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica de Braga DIRECTOR Alfredo Dinis CHEFE DE REDACÇÃO Elisete Duarte EDITORES Daniela Fernandes, Filipa Ramos, Liliana Leite, Rui Gonçalves REDACÇÃO Adriana Almeida, Ana Lopes, Ana Pinheiro, André Fontinha, Ângela Barbosa, Bruno Moura, Carla Costa, Carlos Bastos, Cátia Cardoso, Cláudia Bragança, Cristiano Pinheiro, Diana Sampaio, Diana Cunha, Eduarda Pinto, Elisângela Monteiro, Hélène Fernandes, Hugo Cunha, Isolina Gomes, Joana Fidalgo ,Joana Martins, Liliana Andrade, Maiza Morais, Marcos Tomada, Marta Cabral, Nelson Moura, Paulo Coelho, Pedro Ferreira, Pedro Lobão, Pedro Silva, Rafael Andrade, Ricardo Barros, Rita Veloso, Rosa Barbosa, Silvana Barbosa, Tânia Lima ORIENTAÇÃO Domingos de Andrade DESIGN sizeprint@gmail.com ISSN 1646-8384 Tiragem: 2000 exemplares

Lúcia Leitão tem 21 anos, nasceu na Vila de Fão, Esposende, e em criança rumou a Barcelos onde passou a viver com a família. A mãe inscreveu-a às escondidas na Católica para evitar que fosse estudar para Portalegre. Contrariada no início, agora agradece o gesto da mãe. Aluna do 3º ano de Ciências da Comunicação, desde a adolescência sonhava conciliar desporto com comunicação. Considera que sempre foi “maria-rapaz” e que via o mundo do desporto como uma paixão. “Sempre joguei futebol e estive no meio de muitos homens. Marquei sempre posição”, confessa. A arbitragem surgiu na sua vida como mais um meio de manter o desporto presente. “Na altura, queria um curso de fotografia, como não consegui vaga, interessei-me pela arbitragem, o que me permitiu continuar ligada ao desporto. Era a única rapariga no meio de 232 homens”, explica orgulhosa. Durante dois anos, apitou jogos das divisões regionais, com equi-

pas de árbitros conhecidos da primeira divisão nacional, o que tornava a acção em campo mais perigosa e os insultos mais intensos e frequentes. “Apitei durante dois anos jogos em Barcelos, Guimarães e Braga, mas as partidas começaram a ficar muito perigosas. O contacto com o público era muito próximo e não tínhamos grande segurança”, afirma. Este facto levou-a a deixar os relvados e a dedicar-se mais ao curso de Ciências da Comunicação, do qual é finalista. Lúcia considera o curso da Católica atractivo, por englobar várias áreas da

Quem?

Lúcia Leitão Idade: 21 anos Curiosidades: Adora cozinhar e desportos de neve. Tem o sonho de concilar a área de Relações Públicas com a área de Hotelaria.

comunicação e ser prático: “Em relação a outras faculdades acho as disciplinas são interessantes. Actualmente pedem-nos mais experiências práticas do que qualificações e na Católica estagiamos nos três anos de curso”. Em relação à faculdade, Lúcia pensa que deviam existir melhores equipamentos para os alunos, “por exemplo apostar na área da televisão e desenvolver a rádio que já existe. Também seria imporante apostar em disciplinas relacionadas com marketing e comunicação empresarial que apenas damos superficialmente no terceiro ano.” O terceiro ano do curso fê-la descobrir novos objectivos para a sua vida profissional. A área de relações públicas tornou-se tão atractiva que quer fazer disso carreira. “O meu objectivo é ser relações públicas num aeroporto”, revela. Mas Lúcia não pretende ficar por aqui. Quando terminar o curso de Ciências da Comunicação pensa tirar o de Hotelaria e o de Etiqueta. A cereja no topo do bolo seria conciliar as três áreas, projecto que ambiciona realizar no futuro.


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