A Tribuna - Novembro | 2018

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SINTRACON-SP | NOVEMBRO DE 2018

GREVE NA GAFISA ADIADA PARA NEGOCIAÇÕES Em reunião realizada na manhã de 24 de outubro, Gafisa recua. Quer negociar com o sindicato. Apresenta avanços e vontade de dialogar. Leia entrevista com o líder da nossa categoria, Antonio de Sousa Ramalho, o Ramalho da Construção: FOTO: CLAUDINEI BITMAN

O coreano Mu Hak You, presidente da Gafisa, parece que deixou de lado o chá de peroba e passou a tomar o de maracujá, que tem efeito de acalmar ânimos, certo? Ramalho. Ficou mais tranquilo e decidiu procurar o nosso sindicato para negociar. Isso certamente aconteceu pela demonstração de força dos 2.500 trabalhadores da empresa, locados em 16 canteiros de obras, durante nossas assembleias, onde ficou decidido greve a partir da zero hora de 25 de outubro. Ele veio ao sindicato? R. Não chegou a tanto, mas, pelo jeito, já descobriu que banana não tem caroço. Na manhã de 24 de outubro, a mando dele, diretores da Gafisa vieram ao sindicato para negociar. Apresentaram avanços positivos, como a manutenção da jornada em 40 horas, respeito a todas as cláusulas de nosO avanço nas negociações adiou sa última Convenção Coletiva de Trabalho e a quitação, até meados de novembro, a greve? R. Nosso sindicato sempre deu prefedos serviços prestados pelas empreiteiras e fornecedores, assegurando pagamento rência ao diálogo, exceto quando aparece um coreano desavisado que quer botar fogo de salários. naquela que, ao longo de décadas, sempre E quanto a mudança para São Ca- foi uma ótima empresa. O magro um meetano, que vem atazanando a vida tro e meio de olhos puxados agora conhedos funcionários administrativos da ce a força e o brio do trabalhador. Assim sendo, devido à demonstração de negociar Gafisa? R. Sobre a mudança do prédio perto do da Gafisa, decidimos suspender a greve e Shopping Eldorado para um imóvel em São continuar, até 21 de novembro, dialogando Caetano do Sul, também houve retrocesso. com a construtora, sempre assegurando A Gafisa informou que o projeto é ainda em- os direitos do trabalhador. Mas, na reunião, brionário. Precisa passar em assembleia de deixamos bem claro que 21 de novembro acionistas, ou seja, o caminho a ser trilhado será a data final. Se as negociações não é longo. Mas estaremos atentos à evolução chegarem à medida do bom fim, a greve será imediata. das coisas.

CONSTRUTORA FALEIROS Parabéns, trabalhadores da obra da Construtora Faleiros, localizada na Vila Santa Catarina, na Zona Sul de São Paulo, que entenderam o verda-

deiro significado da sindicalização e se associaram ao nosso sindicato. Dos 80 operários da obra, quase 100% estão sindicalizados.

CHEQUE DE R$ 2 MIL Edmilson Araújo Furtado, que será pai em breve, recebeu, por meio da parceria entre o Sintracon-SP e a Seguradora Costa e Parra, R$ 2 mil. O valor é sorteado apenas para associa-

dos do sindicato. O diretor da entidade, Ramalho Júnior, entregou o cheque. Após o evento, quase 100% dos trabalhadores da obra se associaram ao Sintracon-SP.

dores sem receber passivos e 20 mil fornecedores sem captar seus créditos. Ele, inclusive, já andou dizendo que não gosta de brasileiros. Logo, logo, vai estar comendo buchada, dobradinha, feijoada e virado à paulista.

Como é que ele chegou ao poder na Gafisa? R. A Gafisa, hoje de capital aberto, sempre prestou bons serviços. Daí então, o tal do coreano comprou 37% das ações da empresa. Deu um golpe no presidente. Assumiu o controle e começou a fazer verdadeiras barbaridades contra seus trabalhadores e, também, contra seus consumidores. 60% do corpo funcional da construtora em todo o País foi demitido por ordem do “estimado” Mu Hak You. Nas homologações, feitas no próprio escritório da organização, ele parcelou o dinheiro do passivo trabalhista. Parcelou e não pagou. O que faz o nosso sindicato temer Deu calote também nas ações trabalhistas tanto as ações do tal de Mu Hak You, é algo em torno de R$ 9,5 milhões. esse o nome dele, certo? R. O Mu sei lá o que está causando. O Caso de hospício, certo? coreano pegou a Gafisa de assalto. SuspenR. Sim. Mas tem mais, tem mais. de obras. Demite funcionários aos quilos. Conquistas trabalhistas como seguro de Não paga direitos. Dá calote em fornece- vida, vale-alimentação, INSS, FGTS, endores e ameaça o sonho da casa própria tre outros, já foram para o espaço através dos consumidores daquela que foi uma das das ações desse senhor que aliás, nunca maiores empresas do ramo no Brasil. O his- trabalhou na vida por ser um especulador tórico não é nada bom. financeiro oportunista e venal. Folgado ele, hein? R. Nosso medo é que o coreano acabe transformando a Gafisa numa nova Encol que, na década de 90, deixou 720 prédios inacabados, 40 mil consumidores sem realizar o sonho da casa própria, 36 mil trabalha-

Concluindo... R. Gostaria de parabenizar os trabalhadores da Gafisa que, durante as assembleias, foram unânimes em demonstrar repúdio às ações do mandatário Mu Hak You.

TRABALHAR EM EXCESSO É COMO DIRIGIR BÊBADO, INDICA ESTUDO De acordo com a BBC Brasil, longas jornadas de trabalho aumentam os riscos de acidentes. Os níveis de estresse provocam até dor física. Mas o grande problema é que muitas pessoas simplesmente não podem evitá-las. De acordo com as últimas estatísticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 400 milhões de pessoas trabalham 49 ou mais horas por semana, uma proporção considerável do quase 1,8 bilhão de trabalhadores em todo o mundo. “Esgotar-se como se isso valesse uma medalha de honra abre precedentes perigosos. Trabalhar por muitas horas e finais de semanas é muito comum no setor da construção civil de São Paulo e do nosso País. Nosso sindicato, o Sintracon-SP, sempre lutou contra as malditas tarefas que enganam a boa fé do trabalhador, pois as horas extras, em alguns casos, não são pagas pelo valor correto e nem incidem no holerite, causando perdas para cálculo de aposentadoria, 13º salário, FGTS e por aí vai”, observa o líder da nossa categoria, Ramalho da Construção.


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