Revista Sindipi Nº 26

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Livro

O Brasil visto do Mar Sem Fim O jornalista e músico João Lara Mesquita lança no mercado uma obra rica em detalhes, com relatos a partir de diversas entrevistas e de sua viagem onde percorreu mais de 6 milhas em um veleiro. Fotos: João Lara Mesquira

E

ntre abril de 2005 e abril de 2007, João Lara Mesquita desceu a costa brasileira a bordo de seu veleiro, o Mar Sem Fim, produzindo uma série de noventa documentários para a TV Cultura de São Paulo. Foram 33 etapas (era preciso voltar sempre a São Paulo, para a edição dos programas), nas quais percorreu mais de 6 mil milhas – ou 11 mil quilômetros – entre o Oiapoque e o Chuí. Mesquita registrou com sua máquina fotográfica e em seu diário um material diversificado, sempre acom-

panhado de sua equipe, relatando as dezenas de conversas, entrevistas, impressões sobre a ocupação da zona costeira. O resultado: dois volumes, 312 páginas, com cerca de 600 fotos e o texto fiel ao registrado em seu diário: uma obra rica e importante documento sobre a costa brasileira. Confira trechos do livro “ O Brasil Visto do Mar Sem Fim”, de João Lara Mesquita: “Saímos da cidade de Oiapoque em direção a Mont Dargent – uma localidade fora do estuário do rio, no lado francês –, onde pretendíamos passar a noite. Só que, umas quinze milhas antes de chegarmos, o Mar Sem Fim encalhou num banco de areia. A maré

Antônio Carlos Momm com Mesquita em Itajaí.

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Revista SINDIPI

João Lara Mesquita é músico de formação e jornalista. Entre 1982 e 2003 foi diretor da Rádio e Estúdio Eldorado, criou o Prêmio Eldorado de Música, foi um dos fundadores do Núcleo União-Pró Tietê. De 1992 a 1995, foi diretor do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM. Foi conselheiro do Greenpeace de 2001 a 2004. Capitão amador desde os anos 1990, hoje acumula cerca de 40 mil milhas navegadas.

estava começando a baixar, e em alguns minutos o veleiro já estava quase “deitado” de lado, bastante adernado. Não houve jeito: tivemos que passar a noite ali mesmo. Uma das ameaças é a enorme falta de saneamento básico. Esgotos correm soltos. No município do Oiapoque, pudemos observar que todo o esgoto dos mais de 12 mil habitantes é despejado diretamente no rio – a despeito das inúmeras placas colocadas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura, em português e francês, pedindo aos moradores que preservem o rio, “fonte de vida”. Muitos dos velejadores que conheço, quando souberam que eu pretendia trazer meu barco para o extremo norte do país, foram enfáticos em me


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