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Índice EDITORIAL
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ENTREVISTA: Armador Akira Onish
ARTIGO: Pesca - uma certeza e muitas dúvidas POR Francisco Gervásio
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FOTO DIVULGAÇÃO
EMPRESA QUE FAZ: GDC
16 IMPORTAÇÃO: Cota adicional para importação 18 ECONOMIA: Programa estimula exportação
MEMÓRIAS DA PESCA: Registros fotográficos da história da pesca em Itajaí
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TURISMO: Belezas e tradições de Navegantes
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PESQUISA: Laboratório da UFSC conquista prêmio nacional
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28 ATUALIZE-SE: Cadastramento de embarcações 29 CONSUMO: Itajaí terá o “Caminhão do Peixe”
QUALIDADE DE VIDA: “Cozinha Brasil” nas empresas de pesca SUPERANDO LIMITES: Empenho de deficiente visual na Pepsico RESPONSABILIDADE SOCIAL: Conheça o trabalho da ADVIR IMPOSTO: Governo renova a isenção do ICMS ARTIGO: Crédito Pesqueiro POR Claudionor Gonçalves
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EVENTO: Conferência Nacional da Pesca
FOTOS MARCELLO SOKAL
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CULINÁRIA: Receita com garoupa “Malu Kari” AGENDE-SE: Feiras e Eventos
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MENSAGEM: “O tempo é sempre certo para fazer o que é certo”, de Martin Luther King Jr.
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CAPA:
Farol da Barra, Navegantes, SC / DESIGN: GERSON
FOTO: MARCELLO SOKAL
REIS
REVISTA SINDIPI A REVISTA SINDIPI é uma publicação do SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DA PESCA DE ITAJAÍ E REGIÃO Diretoria do SINDIPI: Antônio Carlos Momm (presidente), Dario Vitali (vice-presidente), João Manoel da Silva (tesoureiro) – Departamento Jurídico: Marcus Vinícius Mendes Mugnaini (OAB/SC 15.939) – Sede: Rua Pedro Ferreira, 102, Centro, Itajaí, Santa Catarina – 88301-030; sindipi@sindipi.com.br – Fone: (47) 3348-1083 – Envie suas cartas para: cartas@sindipi.com.br – Coordenação editorial: Antônio Carlos Momm GRUPO ALPHA SUL COMUNICAÇÃO: Rua Argentina, 30, s/202, Balneário Camboriú, Santa Catarina – 88338-055 – Fone: (47) 3263-0590 R E V I S TA S I N D I P I – J o r n a l i s t a r e s p o n s á v e l : D a n i e l a M a i a ( S C . 0 1 2 5 9 - J P ) ; P r o j e t o g r á f i c o e D e s i g n : G e r s o n R e i s ; Reportagens: Rogério Pinheiro; Fotos: João Souza e Marcello Sokal; Secretaria de Redação: Briane Dal Cero; Revisão: Peu Japiassu; Departamento Comercial: Arlete Piccolo - publicidade@grupoalphasul.com.br – Envie suas cartas para: grupo@grupoalphasul.com.br; Impressão: Gráfica Pallotti – Porto Alegre, RS – www.pallotti.com.br – Tiragem desta edição: 5.000 exemplares – Circulação: setor pesqueiro nacional
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Editorial
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Todos os dias fazemos escolhas. É que sempre temos a chance de mudar as coisas. Temos apenas uma vaga idéia do nosso futuro e é exatamente isso que dá sabor à vida, que aquece a alma e enche o pensamento de esperança. Com esta inspiração de Martin Luther King Jr, desejo que em 2006 tenhamos muitas conquistas no setor pesqueiro. No nosso primeiro encontro do ano, compartilhamos com você muitas matérias de reflexão e sabedoria. O nosso entrevistado da 16º edição é o armador Akira Onish, uma homenagem aos seus 72 anos de idade. Propondo novas idéias, a nossa equipe vai dedicar, em cada edição, uma matéria especial de RESPONSABILIDADE SOCIAL e uma coluna sobre CRÉDITO PESQUEIRO, assinada por Claudionor Gonçalves, que sempre vai abordar um tema sobre financiamento.
Nesta edição você vai acompanhar matérias sobre programa de incentivo a exportação – PROGEX; as inovações da empresa GDC; destaque da pesquisa científica da UFSC, que contribui para que filhos de pescadores continuem na atividade da maricultura e muitas outras. Na editoria MEMÓRIAS DA PESCA, uma viagem no tempo da história da pesca em Itajaí. Uma contribuição do “mestre das palavras”, Francisco Gervásio que assina um artigo sobre as “pesquisas” da pesca no Sul divulgadas por instituições. Na editoria de TURISMO, a cidade escolhida foi Navegantes, em homenagem à sua padroeira, protetora dos pescadores. A matéria com Alexandre Cordeiro, deficiente visual da empresa Pepsico, é uma verdadeira lição de vida, e principalmente de força de vontade. Por isso desejo a você, amigo leitor, uma ótima leitura e até a próxima.
Daniela Maia, editora
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Entrevista: Akira Onish
A sabedoria retratada no tempo... Daniela Maia
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O entrevistado da primeira edição de 2006 é o armador Akira Onish, que soma mais de cinqüenta anos de experiência no universo pesqueiro. Akira conta sobre seu trabalho como pregoeiro, armador, as dificuldades na pesca e ações que podem otimizar a competitividade do setor.
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a época da 2ª Guerra Mundial, Akira Onish, com oito anos de idade já vendia peixe. Seu pai, o armador Shizuyoshi tinha embarcação em Santos. Completando 72 anos no dia 24 de fevereiro de 2006, Akira tem muita história para contar, a sua vivência com a pesca como vendedor de peixe, pregoeiro, líder de uma cooperativa e armador demonstra que sua sabedoria foi adquirida ao longo do tempo. Antes de fazer o primeiro contato para a entrevista, já descobrimos o quanto o “seu Akira”, como é chamado pelos funcionários, é uma pessoa respeitada e admirada. Ao marcar a entrevista, a secretária Socorro disse por telefone: “Você vai adorar conversar com seu Akira, ele tem muito conhecimento e é uma pessoa com um coração enorme”. Realmente, o armador, hoje proprietário da embarcação
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Primavera XIII, tem uma filosofia de vida: sempre preocupado com os funcionários, em primeiro lugar. Casado com Masako Onish, teve três filhos e duas netas. Natural de Santos, Akira reside em Itajaí desde 1982. Acompanhe a entrevista com o septuagenário da pesca, Akira Onish.
SINDIPI – Quando foi o seu primeiro contato com o comércio do peixe? Onish – A minha vida de comércio, de conhecimento de peixe começou em 1942, como produtor autônomo. Meu pai pescava e tinha embarcação em Santos e eu, com oito anos de idade, já vendia peixe, no início da 2ª Guerra Mundial. Na época era muita fartura e pouco comprador, as pessoas ignoravam os peixes. A embarcação partia pela manhã e quando eram quatro horas da tarde, já retornava com muito peixe. Hoje não tem mais nada. SINDIPI – O senhor sempre se dedicou à pesca? Onish – Não. Com 16 anos fui para São Paulo estudar, pretendia ser engenheiro, mas as circunstâncias não permitiram. Acabei sendo funcionário público, era escriturário do DER, na época, Governo Jânio Quadros.
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De auxiliar passei para técnico de estrada em apenas um mês, e meu salário dobrou. Anos mais tarde meu pai me chamou, ele estava com dificuldade financeira na família e precisava de alguém. Larguei o meu trabalho e fui trabalhar como encarregado de venda de uma cooperativa de pesca. SINDIPI – Como foi a experiência em administrar uma Cooperativa? Onish – Eu prometi a mim mesmo que nunca mais ia entrar numa briga de pescador, liderar um movimento. Liderar uma classe é muito bonito, na época eu era jovem. A pressão era bastante para a Cooperativa colocar preço baixo no pescado para exportar. Infelizmente o pessoal da retaguarda não brigava unido e eu ficava sozinho na luta pelo preço justo. Na época já brigávamos por preço, era muita captura, queríamos um tabelamento, mas o AI 5 proibiu. SINDIPI – E hoje, o senhor acredita que é possível ter uma Cooperativa aqui na região? Onish – Infelizmente, na região é difícil ter mudanças, tem muitas pessoas egocêntricas, não pensam em coletividade. O importante é ter palavra, com relação às cotas e preços, mas geralmente quem grita são os
primeiros a atrapalhar. É questão de educação do ser humano. Num grande conglomerado, onde gira bastante dinheiro, sempre aparecem facilidades, o encarregado precisa ser ético. Muitas vezes aquele encarregado vai crescendo e os outros não, e na Cooperativa todos precisam trabalhar e ganhar juntos. O homem tem que ter consciência do que ele é, não pode ser vendido, ou seja, hoje ele fala uma coisa e amanhã outra. Por exemplo, eu tenho colocação do peixe, um preço estipulado, mas o outro não tem, tem cota para 10 toneladas e traz 30, 40 ton. O comércio precisa ser sempre oferta e procura, é o melhor tipo de comércio, mas quem oferece precisa saber dosar a sua mercadoria. SINDIPI – Conte qual era seu método de trabalho. Onish – Um pregoeiro, conhecido como “Canarinho”, era meu freguês e comprava meu peixe na Rua Cantareira. E hoje ele conta que aprendeu comigo o melhor modo de se trabalhar. Para mim não tinha o grande comprador, ou o pequeno comprador; todos eram tratados da mesma forma. Por exemplo, o grande comprava 100 caixas de pescado e o pequeno duas a três caixas. Na época em que não havia fartura de
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Entrevista: Akira Onish pescado, o pouco que tinha eu não entregava tudo para o grande comprador. Meu sistema é assim: se quiserem continuar comprando de mim, tudo bem, e se não quiserem, também. Na época vendia o peixe da Cooperativa. SINDIPI – Qual a sua maior lição de vida nesse período na pesca? Onish – Foram as amizades, desde Cabo Frio até Rio Grande. Recentemente, o Serafim da GDC, me convidou para tomar um chá e disse que ia me apresentar uma pessoa. Na mesa, vi um senhor e ele disse: “Você não muda, né Akira”? Na hora não me lembrei, mas quando ele disse: “Quanta sardinha eu comprei do senhor lá em Cabo Frio!”. Eu falei: “Ah, meu Deus, é o Faustino”. O meu grande patrimônio são os amigos. SINDIPI – O senhor é a favor dos defesos? Onish – Tomara que o pescador se conscientize, na hora que der fartura. Eles têm que dosar a captura. Sempre digo: “O maior frigorífico que tem no mundo é o mar”. Evito falar que sou a favor do defeso, mas desde que o pessoal do CEPSUL e IBAMA me mostrem o controle, não só tomar nota do mestre para saber temperatura, profundidade.
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Tem que ter seriedade. O problema é disciplinar. SINDIPI – Se o senhor fosse o secretário Especial da Pesca, cite uma ação que faria?
“Infelizmente, na região é difícil ter mudanças, tem muitas pessoas egocêntricas, não pensam em coletividade. O importante é ter palavra, com relação às cotas e preços, mas geralmente quem grita são os primeiros a atrapalhar” Onish – Limitar barcos. Exemplo, o camarão, tem 100 barcos: limita essas embarcações. Uma ação de fiscalização em conjunto com a Capitania e o pessoal da cidade. E, se alguém fez um barco, denunciar. Tenho uma experiência pessoal. Traineira não podia ser construída – por coincidência este barco que tenho, o
Primavera XIII –, então precisei comprar a licença dele porque a SUDEPE, na época, não concedia mais licenças. Essa situação foi há 20 anos, depois disso já vieram mais de 200 traineiras. Eu pergunto: “A licença tinha acabado, como concederam mais?” SINDIPI – Perspectivas de captura para 2006? Onish – Esse ano de 2006, se der um pouquinho de peixe... Digo que o número de barcos que tem, supera as indústrias em 100 vezes. Ia precisar de mais 100 empresas médias para absorver o peixe capturado. Se der peixe dois dias seguidos, nem vão querer mais. O governo devia pensar na armazenagem. SINDIPI – Em sua opinião que ação poderia estimular o aumento de consumo de peixe? Onish – Teriam que eliminar uma série de impostos que incidem sobre o peixe e a produção pesqueira. Tenho uma embarcação, que a despesa do ano retrasado foi cerca de 11 mil reais por escuro. Já no ano passado a despesa triplicou, passou para trinta mil. Neste ano, nem sei para quanto vai. Outro ponto importante é o produto. Primo pela qualidade da minha mercadoria, uma vez o peixe deteriorado, não há como en-
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viar para indústria, porque o consumidor conhece o peixe. SINDIPI – De que forma o armador pode primar por essa qualidade? Onish – O armador precisa impor respeito ao mestre. Tratamento do pescado a bordo. SINDIPI – Quais ações podem garantir maior competitividade do pescado? Onish – Lembro que no ano de 1972 ou 1973, na praia da Armação, conversando com o então senador da República, Antônio Carlos Konder Reis, famosíssimo em Santa Catarina, comendo uma tainha, eu perguntei: “Quando vai dar a isenção do óleo combustível para nós pescadores, armadores?” Ele prometeu que ia levar essa matéria ao Congresso e em sete meses ele iria dar uma resposta. Passaram mais de 40 anos e não vi o óleo cair de preço. O imposto é ali, vence hoje e o Governo Federal quer cobrar ontem, e na hora de pagar a subvenção do óleo diesel, demora meses. Eu só queria que igualassem os impostos de outros países, como o Uruguai e a Argentina, aí poderíamos competir sem tanta desigualdade. O pessoal não fala, mas sabem que os barcos estrangeiros estão pescando aqui.
JOGO RÁPIDO Nomes que admira na pesca industrial: Atilinho, da Leardini, Nino, da Femepe e Evaldo Kowalsky. Um nome no cenário nacional: Antônio Ermírio de Moraes. Quando fui operado na Beneficência Portuguesa, Ermírio estava todos os dias no hospital. Ele dizia: “Quem quiser fazer alguma reclamação pode vir a mim direto. Para mim não tem empregado; somos todos iguais”.
Presidente Lula: O Presidente me decepcionou. Como pode um presidente ignorar o que passa na sua própria casa parlamentar? Funcionário: Eu sempre gostei que as pessoas que tivessem trabalhando comigo estivessem sempre bem. Quando eles têm algum problema, eu me preocupo.
O Armador: É o que convive e sofre o diaa-dia junto com o pescador. O que lamenta na pesca: Nada, pelo contrário, fiz grandes amizades. As inimizades deixo de lado.
Planos para o futuro: Estou com um barquinho e estou contente, pretendia comprar mais um, mas a patroa vetou, para não correr mais atrás de médico. Itajaí: É o porto pesqueiro número um do Brasil.
Qual o conselho que o senhor daria para alguém que quer entrar hoje na pesca: Não se meta nisso... (risos)
A pesca: É uma loteria: de manhã você pode estar todo aborrecido, e quando chega de tarde, todo sorridente.
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Artigo
Francisco Carlos Gervásio (*)
PESCA Uma certeza e muitas dúvidas Uma coisa é certa: ao continuarmos exercendo a pesca extrativista e exploratória da maneira que hoje fazemos – e certamente continuaremos a fazer –, com certeza estaremos nos dirigindo e levando ao fim a atividade que ora somos parte. Tenho certeza também que esta verdade não tem a pretensão de ser só minha e nem, muito menos, de mais meia dúzia de abnegados defensores do meio ambiente e dos seres indefesos na natureza.
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Tenho me inteirado dos relatórios mais diversos sobre o tema – emitidos por órgãos governamentais, por profissionais que se escondem por detrás de instituições, por profissionais sérios e competentes que se apresentam e expõem suas idéias, críticas e sugestões –, e cada vez mais tenho uma certeza: minhas dúvidas sobre cada uma das certezas expostas, aumentam a cada dia. Observo isto, principalmente, em razão das fontes de pesquisas apresentadas e então, lendo e relendo os pareceres dos técnicos responsáveis, cumpre-me aqui alguma outra questão sobre o futuro da pesca no Brasil, em Santa Catarina e especialmente Itajaí. Senão vejamos: os relatórios tidos como pesquisas, emitidos pelas instituições, se originam das informações contidas nos mapas de bordo, que por sua vez se constituem como a base da informação primária para a sua realização, ou seja, a contagem pura e simples dos que foram capturados, cabendo, portanto, perguntar: – Se simplesmente pararmos nossas embarcações, ou deixarmos de relatar nos mapas de bordo as
quantidades de uma determinada espécie de peixes capturados, poderemos concluir que tal espécie foi extinta? – Ou, qual a fonte de informação, que não seja a captura, irá determinar ao órgão de controle das espécies, o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, estabelecer que somente 9 (nove) embarcações poderão pescar “peixe-sapo”, além dos 300 metros de profundidade, ou que o “cherne” está sobrexplotado do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul? – Ou ainda, por que se pesca a tainha quando está ovada, portanto, em plena época de desova? – Onde está a regularidade do defeso e qual é a política adotada pelo órgão responsável pela preservação das espécies? E assim por diante, conclui-se que as fontes de pesquisas são sempre as mesmas, ou seja, a contagem dos peixes capturados. Acredita-se, portanto, tão somente na contagem dos abatidos, mas nunca na possibilidade de nos informar quais os sistemas e capacidades de reprodução de determinadas espécies, qual a sua biomassa, quais as suas rotas migratórias ou quais as
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épocas de reprodução das espécies. Desta maneira sinto-me na obrigação de recorrer ao “Aurélio” e lá, como não poderia deixar de ser, encontrei no verbete “contar” como sendo termo proveniente do latim computare e tendo como sinonímia: verificar o número, a quantidade; computar; ato de fazer contas; calcular, etc, etc... Mas não encontrei como resposta, em quase uma coluna de toda a página daquele dicionário sobre aquele verbete, o termo pesquisar. Também fui procurar no verbete “pesquisar” e lá estava como sinônimo: a busca com diligência; investigar; informar-se a respeito de; devassar; ato de fazer pesquisa; etc, etc... Mas também não encontrei correspondência sobre o verbete anterior, nada sobre o termo contar. Só para lembrar, noticiou-se no ano que passou, com grande alarde, a descoberta de uma nova espécie de peixe brasileiro não catalogada até a presente data. Agora a pergunta: será que não existem outras espécies que desconhecemos, ou só conhecemos a Hydrolagus matallanasi porque ela foi contada em um trapiche desconhecido, ou num convés de
barco, ocasionalmente? Segundo a BBC-Brasil, fonte altamente credenciada, “cientistas de mais de 70 países unidos em um projeto para estudo dos animais oceânicos, anunciaram que cerca de 13 mil novas espécies de organismos marinhos foram descobertas no último ano. Os cientistas se uniram no chamado Censo da Vida Marinha que, além das espécies, também descobriu rotas até agora
Contar é o ato de verificar o número, pesquisar é investigar, buscar com diligência desconhecidas de migração de alguns animais marinhos, como o atum e o tubarão. O projeto de dez anos iniciado em 2000, com custo de US$ 1 bilhão, tem como objetivo criar um grande banco de dados sobre as espécies para, assim, facilitar a criação de políticas de conservação e para o setor pesqueiro”. Portanto, dentro da minha única certeza – a de que pertencemos a
uma atividade extrativista, que pouco realizamos para melhorar nossas possibilidades da continuidade dos nossos negócios nos últimos 50 anos –, ficam aqui grandes dúvidas: quem irá nos dizer para onde vamos; que locais podemos pescar; quais os equipamentos necessários para o futuro que facilitem nossas atividades; quais espécies serão a bola da vez e até quando teremos, como verdade, a contagem das colas de peixes estiradas nos trapiches? Claro que, certamente, a contagem é uma “pesquisa” bem mais fácil de ser realizada, mas sinceramente, sem a devida conotação científica da prospecção e do futuro, aquela que irá fornecer informações, possibilidades e direcionamentos para o setor pesqueiro de Itajaí, de Santa Catarina e do Brasil, pois há muito tempo sabemos e conhecemos, quando uma espécie não é mais economicamente explotável. * Francisco Carlos Gervásio Administrador e empresário do setor pesqueiro Artigos para a REVISTA SINDIPI no: cartas@sindipi.com.br
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A partir da associação com o Grupo Calvo, da Espanha, a empresa GDC ampliou sua capacidade de produção, aumentou as linhas de produtos e postos de trabalho
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esde 1954, quando implantou a primeira A GDC produz cerca de fábrica, no Rio de Janeiro, a Gomes da Costa produz 17 milhões de latas de pescados em conserva para o mercado nacional. A marca sardinha ao mês e cresceu com a instalação de 10 milhões de latas de atum nova fábrica em Itajaí (SC), em 1998, próxima ao maior porto pesqueiro do Brasil e ao comerciais da maior complexo de captura, região”, destaca. recepção e processamento de Em 2004, a pescado da América Latina. De empresa produziu acordo com o vice-presidente da mais de 1 milhão empresa Gomes da Costa, de latas de Orácio Rocha, Itajaí é pescados por dia, considerada a região número 1 distribuídas para todo o Brasil, para manter esse crescimento da alcançando faturamento de Empresa. “Temos ótimas relações mais de U$S 100 milhões. com o governo do Estado, com os Foi nesse ano, também, que a pescadores, armadores da região, Gomes da Costa associou-se ao além de considerar todos os aspectos
Grupo Calvo, da Espanha, uma das cinco maiores empresas de pescados em conserva do mundo, fortalecendo ainda mais a liderança da Gomes da Costa no Brasil e permitindo posição de destaque para as empresas no cenário internacional. A Gomes da Costa é uma companhia voltada ao mercado interno, mas pretende, com a associação, crescer sua presença no mercado mundial de pescados. Hoje, as exportações representam 8%, atendendo os mercados da América Latina, Continente Africano e Leste Europeu. Para 2006, a perspectiva é aumentar esse percentual para 10%. O parque industrial da GDC tem cerca de 1.200 mil postos de trabalho. Para 2006, a meta é contratar de 200 a 300 trabalhadores.
ESTRATÉGIAS De acordo com o vice-presidente da GDC, nos últimos 12 meses a empresa investiu 22 milhões de euros em tecnologia, novos processos e equipamentos. A empresa é considera líder nacional no mercado de atum e ocupa a segunda posição no mercado da Argentina. “Uma das nossas principais ferramentas é a inovação.
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Empresa que faz Buscamos tendências com linha de produção eficiente, um bom marketing, venda treinada, procurando oportunidades de levar os produtos atraentes mais perto do consumidor”, destaca Rocha. Além de lançar novos produtos, a empresa elabora estratégias voltadas ao crescimento do setor da pesca no Brasil. “Valorizamos o nosso potencial pesqueiro e estamos buscando peixe o ano inteiro, privilegiando o pescado do Brasil”, argumenta.
novos produtos: os molhos para macarrão Pronto Pasta e as embalagens de Atum Sólido 80g, direcionadas para o público single (consumidores que moram sozinhos), o Atum Claro e o Atum em Pedaços. Foram diversas ações que ampliaram a presença da marca no mercado e nas prateleiras dos pontos de venda.
2005 nas versões em óleo e ao natural (light), é considerado um produto versátil para preparações culinárias. De acordo com a pesquisa, para cada tipo de atum há uma aplicação mais conveniente, que pode otimizar o uso do produto. Com os dados da pesquisa, a Gomes da Costa elaborou uma tabela para orientar o consumidor quanto ao tipo de atum que deve ser utilizado, em diferentes situações. Veja na tabela abaixo, ao lado.
LANÇAMENTOS
CONQUISTAS Em 2005 a empresa passou por uma transformação que levou à renovação da sua logomarca, modernização das embalagens e lançamento de novas linhas. Com base em pesquisas realizadas com consumidores, a Gomes da Costa desenvolveu e colocou no mercado
PRINCIPAIS
APLICAÇÕES
SÓLIDO QUALIDADE
PEDAÇO VERSATILIDADE
CONVENIÊNCIA
X X X X
X X X X X X
X X
Salada Macarrão Sanduíche Torta/Pizza Patê/maionese Omelete
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A partir de uma pesquisa com 1,2 mil consumidores das principais capitais brasileiras, a empresa levantou dados importantes sobre a utilização das diversas variedades de atum enlatado existentes no mercado: Atum Sólido, Ralado e em Pedaços – lançado em setembro de
RALADO
UM
PRODUTO PARA O PÚBLICO
GOURMET
A Gomes da Costa dá continuidade ao crescimento de sua linha de produtos com o lançamento do Atum Claro na versão Natural (light). O atum claro, diferente do tipo de atum encontrado no mercado (o skipjack), é a versão enlatada do yellowfin. Esta variedade de atum habita as águas quentes dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico e possui características que o tornam um peixe nobre: é o único atum que tem as barbatanas amarelas, por isso o nome yellowfin (do inglês, barbatana amarela). Pode chegar a dois metros de
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comprimento e pesar mais de 200 kg. O atum claro tem sabor delicado e marcante, excelente para preparações leves e requintadas. A textura de sua carne é firme e sua coloração é rosada, o que lhe confere mais beleza. As embalagens desenvolvidas para o nobre atum claro são mais um atrativo para o consumidor. Os rótulos são feitos em papel metalizado – dourado para óleo e prata para o natural light – com cinco cores impressas. É considerado um produto ideal para o público gourmet.
Picante são os três molhos que a Gomes da Costa criou para incrementar o macarrão e tornar mais fácil e prático o preparo de pratos com atum, no dia-a-dia. Em embalagem com tampa abrefácil, os molhos vêm prontos para serem adicionados à pasta. Antes de colocar o produto Pronto Pasta no mercado, a empresa fez uma pesquisa com os consumidores brasileiros e constatou que 44% dos compradores utilizam o produto para comer com macarrão. Cada latinha de Pronto Pasta tem peso líquido de 170g com 65% de atum.
porções individuais – saladas, quiches, sanduíches. A empresa, além de apostar na variedade e qualidade dos produtos, também investiu no visual da marca e em novas embalagens. Em 2005 a logomarca da empresa ganhou mais destaque, sendo mais facilmente identificada nas prateleiras do varejo nacional. O novo visual das embalagens traz a logomarca em primeiro plano, e a figura do chef foi renovada, com o Gomes em destaque nas latinhas. Cores alegres e jovens completam as novidades nas embalagens e promovem a visibilidade e a comunicação com o consumidor. Como resultado da evolução do produto e do mercado, e focados na praticidade, a Empresa também apostou no sistema da tampa abrefácil que oferece maior facilidade para o consumo e preparo do atum e filés de sardinha. Basta levantar o lacre e a tampa se abre. A linha de atuns Sólido e Claro e a de filés de sardinha Gomes da Costa ganharam o novo sistema de tampa.
novos mercados com inovações
MOLHOS UMA
PARA MACARRÃO
PREFERÊNCIA DOS BRASILEIROS
Atum ao Molho Alho e Óleo, Atum ao Molho de Tomate com Ervas e Atum ao Molho de Tomate
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CONSUMIDOR SINGLE
A nova embalagem de 80g do Atum Sólido foi criada pela Empresa para atender às necessidades do consumidor single, que encontra a medida certa para o preparo de
Atendimento ao Consumidor: 0800 704 1954 sac@gomesdacosta.com.br
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m 2005, a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 44,764 bilhões, recorde histórico. As exportações no ano passado chegaram a US$ 118,309 bilhões. Na avaliação de economistas, o desempenho do país poderia ter sido melhor, se as micro e pequenas empresas também investissem nas exportações. As grandes queixas são as dificuldades de colocar os produtos no mercado internacional, que esbarram na falta de qualidade do processo produtivo, alto custo, descumprimento com as normas técnicas vigentes e as barreiras comerciais.
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Rogério Pinheiro
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Para estimular as exportações das pequenas empresas, o Governo Federal institucionalizou, em dezembro de 2005, o Programa de Apoio Tecnológico à Exportação – PROGEX –, que já vinha operando em alguns estados desde 2002. Além de prestar assistência tecnológica às micro e pequenas empresas que queiram se tornar exportadoras, o PROGEX atende também àquelas que já exportam e desejam melhorar seu desempenho no mercado externo. Para obter o benefício, a empresa precisa apenas entrar em contato com o PROGEX e solicitar a visita de um técnico representante. Atualmente, a coordenação do programa é feita por um Comitê Gestor, dirigido por representantes do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e a parte operacional é realizada pelo Grupo
Técnico composto pelas instituições que atendem as empresas. Os prérequisitos básicos para poder participar do PROGEX são simples: a empresa tem que ter um produto a ser exportado, e a definição para onde – país, região – deseja exportar, além de estar legalmente constituída. Os custos para uma empresa participar do PROGEX resumem-se a R$ 900,00 na primeira fase, onde é feito o diagnóstico da situação, e a R$ 2,5 mil na segunda fase, chamada de Adequação, que é onde os serviços indicados na primeira fase são executados. Os participantes do programa ainda têm a possibilidade de negociar a forma de pagamento. Nessas duas fases o Governo Federal, através da FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, disponibiliza até 15 mil reais, a fundo perdido, para a contratação dos serviços indicados como necessários à melhoria do produto. Segundo o engenheiro de telecomunicações do Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) Robert Hipólito, o PROGEX tem o papel de subsidiar as atividades tecnológicas realizadas para a adequação do produto para a exportação. “Fazemos a análise e estudo dos processos produtivos para solucionar problemas como aumento
da produtividade, melhoria da qualidade e redução de custos. Identificamos as normas técnicas vigentes e providenciamos a realização de ensaios e análises. A adequação técnica e econômica das embalagens, seguindo o modelo de design do mercado importador, é um dos exemplos. Outro ponto importante para as empresas ligadas ao setor de alimentos é o apoio do PROGEX na implantação das Boas Práticas de Fabricação, e do sistema HACCP – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, considerados indispensáveis para quem atua no comércio exterior” explica. Hipólito esclareceu que o primeiro passo é conhecer a empresa e o produto. “Nas visitas à empresa realizamos um diagnóstico do produto e do processo produtivo, identificando os principais problemas tecnológicos a serem resolvidos, estimando os custos e os investimentos necessários para a implementação das soluções sugeridas”, relata o engenheiro do TECPAR. Robert Hipólito, engenheiro do PROGEX – TECPAR (41) 3316 3052 / 3053 / 3054 (41) 9123 0017 robert@tecpar.br / ripolito@gmail.com
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Importação
Acordo inédito entre
armadores e industriais Setor luta por cotas e diminuição da alíquota de importação da sardinha
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o final de 2005, na sala do SINDIPI, Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região, uma reunião para ficar registrada no setor pesqueiro. Representantes das maiores indústrias de pesca e os armadores da região participaram de um fórum de debates na entidade que resultou em um acordo de cooperação. O tema em foco: a importação da sardinha. As indústrias de conserva pediram o apoio do setor produtivo para a eliminação total (alíquota zero) do imposto de importação que incide sobre a sardinha congelada durante todos os meses do ano. A exclusão do imposto é para a sardinha proveniente de países que não negociaram com o governo brasileiro nenhuma preferência tarifária. Em contrapartida, as indústrias conserveiras se comprometeram formalmente a absorver, dentro dos
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limites de suas capacidades industriais, todo o pescado nacional – de acordo com os padrões sanitários e regulamentares –, que venha a ser ofertado pela frota nacional. As indústrias de conserva se colocaram à disposição para desenvolverem seus melhores esforços, em conjunto com os armadores brasileiros, para buscar o pleno restabelecimento da captura nacional de sardinha. A solicitação das empresas se baseou em três pontos básicos: o grande consumo das empresas enlatadoras, a captura nacional, o papel social das indústrias: consumo, renda e empregabilidade. De acordo com dados divulgados pelas indústrias, o consumo das duas principais enlatadoras nacionais e signatárias deste acordo de cooperação é superior a 70 mil ton. anuais e que a captura nacional média anual no Brasil, nos
últimos 5 anos não ultrapassou a 30 mil ton., e que 40% desse volume é ainda destinado a outros mercados, além das indústrias de conserva. Outro ponto mencionado é o período de defeso da sardinha, atualmente de seis meses, levando as indústrias a recorrerem à importação, uma forma de adquirir a matéria prima durante o ano todo. Outro item levado em consideração foi o reconhecimento do setor produtivo do papel importante da indústria conserveira, como o principal agente no processo de manter o hábito de consumo de sardinha junto à população brasileira. No acordo de cooperação é recomendado ao governo brasileiro que a eliminação total da alíquota de importação passe a vigorar somente na condição de que a sardinha congelada seja destinada ao processamento e transformação
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industrial, ou que seja exclusivamente o peixe sem cabeça e eviscerado ou ambas as formas. O acordo de cooperação foi assinado pelos representantes dos Sindicatos: SINDIPI, Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí, SINDIFLORIPA, Sindicato das Indústrias de Pesca de Florianópolis, SAPERJ, Sindicato das Indústrias de Pesca do Rio de Janeiro, SAPESP, Sindicato das Indústrias de Pesca de São Paulo e as indústrias GDC Alimentos e Pepsico do Brasil Ltda. O documento encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio teve um resultado positivo. De acordo com a portaria nº 1, de 12 de janeiro de 2006, foi liberada a cota adicional de cerca de 13 mil ton. para a importação da sardinha, com a alíquota de 2% em vigência até março de 2006. A distribuição de
12.654 ton., que representam 95% da cota adicional, para emissão de licenças de importação no SISCOMEX, será feita entre as empresas que importaram, no período de janeiro a dezembro de 2004, quantidade igual ou superior a 10 mil ton. De acordo com a norma, a cota remanescente de 666 ton., que corresponde a 5% da cota adicional, constituirá reserva de contingência para atender a situações não previstas, podendo ser destinada, ainda, para amparar importações de empresas que importaram quantidades inferiores em 2004. Na análise e deferimento destes casos também será obedecida a ordem de registro dos licenciamentos no SISCOMEX, e a cota inicial a ser concedida a cada empresa será limitada. As novas concessões para a mesma empresa beneficiada com distribuição da cota remanescente de 666 ton. estarão condicionadas à
comprovação do efetivo despacho para consumo da mercadoria. A partir de 1º de fevereiro de 2006, os saldos não utilizados para emissão de LI e eventuais recuperações de cota, por devolução ou cancelamento, poderão ser distribuídos a qualquer empresa solicitante, por ordem de registro do licenciamento no sistema. A medida, segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Indústria e Comércio, foi para atender às indústrias que foram prejudicadas com fim da importação de sardinha proveniente da Venezuela, assim, a cota adicional com alíquota de apenas 2% seria para viabilizar a produção do setor. Os armadores e industriais decidiram realizar reuniões periodicamente para discutir temas relacionados à pesca nas regiões Sul e Sudeste, com o objetivo de garantir o desenvolvimento do setor.
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MEMÓRIAS DA PESCA
Registros fotográficos marcam a his 1
O projeto “Memórias da Pesca” idealizado pela SEPESCA, Secretaria Municipal de Aqüicultura e Pesca de Itajaí, em novembro de 2005 recebeu de armadores, pescadores e industriais do setor, cerca de cinco mil fotos. São memórias da indústria pesqueira, equipamentos de trabalho, atracadouros, embarcações e personagens da pesca. Do total de fotos entregues, foram selecionadas 70 imagens que hoje fazem parte de uma exposição itinerante que esteve até o dia 15 de fevereiro na sede da SEPESCA e depois no Mercado Público Municipal de Itajaí.
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a história da pesca em Itajaí Além da exposição, será entregue um prêmio para as melhores fotos de cada categoria. A data da premiação está marcada para o próximo dia 10 de março, às 18 horas, na Secretaria. Outro objetivo, segundo o secretário da SEPESCA, Manoel Xavier de Maria, é publicar um livro sobre a história da pesca em Itajaí. A ação cultural tem o apoio do SINDIPI, Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região. Confira algumas fotos que retratam a “Memória da Pesca” em Itajaí.
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Uma viagem no tempo... 9
1. Na embarcação “Cabral VI”, o armador Wilson Cabral e a esposa Leonete exibindo o cherne de 126 quilos, capturado com pesca de anzol – 1999
2. Pedro Celso e Dona Apolônia foram homenageados com seus nomes registrados nas embarcações do estaleiro Abílio Souza 3. Estaleiro Abílio Souza, localizado na Rua Blumenau – 1976
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4. Trabalhadores responsáveis pela construção da embarcação Casa Blanca 5. Presença do 1º Superintendente da SUDEPE na inauguração da embarcação “Apolo I” – 1969
6. Encontros na pesca: o armador Fernando Luiz Leal, o armador in memorian José Vasquez Martinez (Pepe), o industrial da pesca Orlando Ferreira (Nino da Femepe) conversando com Wilson Russi, vendedor de motores para barco do Grupo Batistela
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7. Trabalhadores que construiram a embarcação “Pedro Celso”
8. Tripulantes da traineira “Cabral”, em descarga, peixe miragaia 9. Embarcação “Dona Apolônia” em construção 10. Serviço de atuação, localidade de Gabchos – Governador Celso Ramos
11. “Vô David” – a primeira embarcação de pesca oceânica brasileira
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12. Navio alemão “Santa Thereza”, ancorado no Porto de Itajaí – 1925 FEVEREIRO/MARÇO
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TURISMO
O português João Dias Arzão pisou em Navegantes pela primeira vez, no de Santa Catarina. Colonizado por ano de 1658 em imigrantes açorianos, o município busca de ouro. está localizado no litoral norte do As praias são o cartão postal Após garimpar as Estado. da cidade: Pontal, Meia Praia, terras do município, Gravatá e Centro, entre outras. Ao todo são 12 quilômetros de em companhia de orla com águas limpas, próprias Manoel Lourenço de para banho e ideal para a prática de esportes Andrade, fundador de São aquáticos e pesca. Francisco do Sul, não encontrou nenhum sinal da riqueza sonhada e abandonou a região. O português deixou para trás um tesouro bem mais valioso. Mais de 300 anos depois, outros aventureiros foram a Navegantes, uma cidade com uma natureza invejável, formada por montanhas, terras férteis, rios, cachoeiras e praias. Com uma população de 50 mil habitantes, ultrapassando os 150 mil na alta temporada, Navegantes é uma das principais cidades turísticas 22 REVISTA SINDIPI
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A cidade ainda guarda outras atrações que vão além das águas do mar. O Morro
da Pedra, localizado no bairro Escalvados, zona rural do município, é indicado principalmente para quem gosta do turismo ecológico e de aventura. O Morro da Pedra oferece uma visão privilegiada de toda a região e está estruturado com rampas para vôos de asa-delta e parapente. Ele é considerado por especialistas como um dos melhores pontos na região sul para a prática desses esportes ao ar livre. O município ainda possui cachoeiras com águas transparentes, muito visitadas pelos turistas, que
Farol da Barra, inaugurado em 1938, orienta os navios e barcos pesqueiros
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Aeroporto Internacional “Ministro Victor Konder” movimenta cerca de 50 mil passageiros/mês
naturais e investimentos FOTO MARCELLO SOKAL
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Instalação do Porto em Navegantes, um marco na economia do município
preferem lugares mais tranqüilos. Outro ponto muito freqüentado é a Pedra da Miraguaia, localizada na Praia do Gravatá. O lugar é um viveiro natural de frutos do mar, como o marisco. Para quem gosta da pesca de arremesso, o Farol da Barra é o lugar ideal. O Farol atrai vários visitantes pela proximidade com os navios que diariamente entram e sai do Porto de Itajaí, cidade vizinha de Navegantes. O turismo religioso é outro destaque no município. Entre os lugares mais visitados estão o Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes e a gruta de Nossa Senhora de Guadalupe. O Santuário
foi construído em forma de barco de pesca para homenagear a padroeira do município, protetora dos pescadores. Seja por terra, água ou ar, todos os caminhos levam a Navegantes. A cidade é cortada por duas rodovias federais, a BR-101 já duplicada e a BR-470, em fase de duplicação. Por mar, a opção é o píer turístico de Itajaí. Até 2007, o município vai ter um porto, que deve ser uns dos mais modernos da América Latina. Navegantes possui o segundo maior aeroporto de Santa Catarina. O Aeroporto Internacional de Navegantes “Ministro Victor Konder”, importante no
desenvolvimento econômico e turístico catarinense, tem um movimento de cerca de 50 mil passageiros/mês. “Diversão, lazer e tranqüilidade”. Com essas três palavras, o secretário municipal de Turismo de Navegantes, Rafael Sedrez Silva, resumiu o que o turista pode esperar de Navegantes. Sedrez garantiu que o município tem toda estrutura para acomodar o visitante. “Temos muitos hotéis, pousadas e inúmeros restaurantes e bares pela orla. Temos dois postos de orientação turística, um no aeroporto e outro no bairro Gravatá”, explica. O secretário disse também que Navegantes tem atração para todos os gostos. “Além das praias, o município ainda oferece aos seus visitantes outras atrações, como as cachoeiras, morros e trilhas ecológicas”, comenta o secretário.
Festa religiosa é atração no município Dezembro de 1940. O barco de pesca “Almirante”, cuja tripulação era de Navegantes, saiu da cidade do Rio de Janeiro, em direção a FEVEREIRO/MARÇO
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A praia do Gravatá, conhecida como o refúgio da agitação, é a tranqüilidade do mar
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AO LADO: A festa religiosa em homenagem à Nossa Senhora dos Navegantes é uma das mais tradicionais em SC ABAIXO:
“Navegando para um futuro de qualidade”, frase do prefeito de Navegantes, Adherbal Ramos Cabral
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Santos, no litoral paulista. O retorno a Navegantes estava marcado para acontecer em janeiro do ano seguinte. No entanto, o barco não apareceu. Uma tempestade mudou os planos da tripulação. Após 34 dias em alto-mar, às 14 horas do dia 2 de fevereiro (dia da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes), quando todos pensavam que a embarcação teria naufragado, chegou ao porto de Navegantes, o barco “Almirante” com sua tripulação sã e salva. Durante a tempestade os marinheiros fizeram promessa à Santa, caso conseguissem se salvar. Este é apenas um, dos inúmeros milagres atribuídos à Nossa Senhora dos Navegantes. Realizada desde 1896, a festa religiosa é uma das mais tradicionais de Santa Catarina. Todos os anos, sempre no mês de fevereiro, milhares de pessoas, entre devotos e turistas, participam dos festejos em homenagem à santa. O ponto máximo das festividades é a procissão fluvial que acontece no rio Itajaí-Açu. Com mastros embandeirados, fitas coloridas e flores, barcos de pesca, de passeio e pequenas embarcações acompanham o cortejo pelo rio, que segue até o Santuário de Nossa Senhora dos Navegantes. Com muita religiosidade a comunidade e romeiros das cidades vizinhas, participam da festa em homenagem à padroeira do Município.
Miniestaleiro público Navegantes é um dos poucos municípios no Brasil que disponibiliza aos pescadores artesanais, um miniestaleiro público. “Carrera” como é conhecido o miniestaleiro, fica localizado nos fundos da Secretaria Municipal de Agricultura, às margens do rio Itajaí-Açu. Ele serve para os pescadores artesanais do município puxarem suas embarcações e realizarem reparos. O local possui quatro berços para embarcações de pequeno porte, com até 11 metros de comprimento e com capacidade de até 10 toneladas de carga. Em Navegantes, o miniestaleiro público
beneficia aproximadamente 400 famílias, que dependem exclusivamente da pesca artesanal. Segundo o secretário de Agricultura e apoio à pesca artesanal, Élson “Jacaré” dos Santos, o “Carrera” foi criado com o objetivo de dar suporte ao pescador e diminuir as suas despesas. “Para fazer a puxada, levantar a embarcação, um estaleiro comum cobra entre R$ 500 e R$ 600.”, explica. Jacaré disse que o único gasto que o pescador tem é com o material. “O pescador traz a embarcação no “Carrera”, um carpinteiro naval pago pela Prefeitura faz o orçamento e depois os reparos, sem cobrar mais nada por isso. Isso já alivia bastante na despesa desses pescadores. Para ter o beneficio, o pescador tem que estar em dia com a Colônia dos Pescadores de Navegantes”, conclui o secretário.
O mar rege a economia do Município Além do turismo, o mar também tem papel fundamental na economia do município. A construção naval e as indústrias de pescas, são responsáveis por grande parte da geração de empregos. Navegantes é hoje, o terceiro maior centro de captura e beneficiamento de pescados da América Latina, com
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empresas que exportam seus produtos para o mundo inteiro. Ao longo do rio Itajaí-Açú estão instalados dezenas de estaleiros de pequeno, médio e grande porte, de onde saem botes, barcos pesqueiros, iates e veleiros.
Novos investimentos devem trazer mais desenvolvimento Nos últimos três anos, junto com os turistas, Navegantes chamou a atenção também de empresários. Eles são atraídos pelos incentivos fiscais, localização privilegiada, aproximação com rodovias importantes, como a BR-101 e a BR-470, pólo de exportação e mão de obra qualificada. O estaleiro norteamericano Navship, o inglês Catarina Yachts, o depósito central das lojas Magazine Luiza e o Porto de Navegantes são alguns bons exemplos. Ao todo estão sendo investidos, em Navegantes, R$ 600 milhões, num prazo de dois anos. O impacto na economia do município deve ultrapassar um bilhão de reais. Diversas ruas foram asfaltadas e os acessos aos bairros foram melhorados. Em conseqüência disso, novas empresas se instalaram por acreditarem que o município possui um grande potencial, com um aumento de quase 100% na geração de empregos em relação ao ano anterior. “Os investimentos na saúde, educação, turismo, obras e demais áreas, mostram que a cidade está se transformando a cada dia, num verdadeiro canteiro de obras, melhorando a qualidade de vida da população. Navegando para um futuro de qualidade”, destaca o prefeito de Navegantes, Adherbal Ramos Cabral (Deba).
Ex Ex--oficial da guarda de Getúlio VVargas argas é atração turística A casa do senhor João Inácio Moreira, 102 anos, morador do bairro Nossa Senhora das Graças, em Navegantes, é bem movimentada. Por lá passam pessoas procurando benzeduras, receitas de remédios caseiros, entre outros favores. No período escolar, o “seu Mikimba”, como é conhecido, recebe a visita de muitos alunos que procuram auxílio nas suas pesquisas de História, já que seu Mikimba tem uma ótima memória e participou ativamente de grandes fatos que ocorreram no Brasil, no século 20. Nascido em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, no dia 16 de abril de 1903, seu Mikimba está em Navegantes desde a década de 1970. Em terras gaúchas, foi corneteiro da guarda do presidente Getúlio Vargas, em 1934. “Participei da revolução de 30 e cheguei a tomar chá com o Getúlio. Homem como ele não vai existir mais. Tudo que o trabalhador tem hoje é graças a ele”, conta emocionado. Na década de 1950, seu Mikimba foi funcionário dos Diários Associados, empresa do empresário Assis Chateaubriand. Na vida pessoal ele já esteve casado com 14 mulheres e até perdeu a conta do número de filhos, netos, bisnetos e tataranetos. Há 30 anos vive com Ivone Maria Inácio, de 65 anos. Muito lúcido e bem falante, seu Mikimba disse o segredo para viver tanto: “não beber e nem fumar”.
ACIMA: Com uma população de 50 mil habitantes, Navegantes é ideal para esportes aquáticos ABAIXO: “Seu Mikimba” e Da. Ivone, figuras tradicionais de Navegantes MAIS ABAIXO:
Portal. Cerca de 150 mil pessoas visitam a cidade na alta temporada
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Pesquisa
As ações são do Laboratório de Mexilhões Marinhos da Universidade. Com a valorização da produção de moluscos, melhorou a qualidade de vida dos produtores. Hoje, os filhos dos pescadores aprendem a atividade através de uma formação técnica, não abandonando as comunidades pesqueiras.
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esde que foi criado, em agosto de 1988, o Laboratório de Mexilhões Marinhos (LMM), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é o grande colaborador de pequenos produtores de moluscos marinhos do Estado. Os resultados desse trabalho, em parceria com a EPAGRI, Secretaria da Agricultura de Santa Catarina e as associações de pescadores artesanais, podem ser comprovados no litoral catarinense, com a melhoria da qualidade de vida de mais de mil famílias envolvidas na atividade. O reconhecimento científico e social desse trabalho é a conquista do Prêmio Finep (Financiadora de Estudos e Projetos, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia) de Inovação Tecnológica 2005, na categoria Inovação Social. Com o título “Cultivo de Moluscos: Uma Revolução Social no litoral catarinense”, o projeto da Universidade recebeu a premiação em dezembro de 2005. O prêmio foi disputado com 29 empresas e instituições de pesquisa, no Brasil. A Fundação CERTI (SC), ligada à UFSC, 26 REVISTA SINDIPI
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recebeu menção honrosa na categoria Instituição de C&T. O LMM é o único laboratório nacional que produz regularmente sementes de moluscos (ostras e mexilhões). O projeto apresentado pela equipe do Laboratório de Moluscos Marinhos para concorrer ao prêmio mostra que as atividades desenvolvidas pela universidade e o repasse desse conhecimento para pescadores artesanais estão na base do crescimento da maricultura catarinense. Em Santa Catarina, várias regiões foram beneficiadas pelo crescimento do cultivo de moluscos, mas Florianópolis ganhou um destaque maior. A capital catarinense se tornou o maior produtor de ostras do Brasil e, impulsionado pelos restaurantes que têm os moluscos como um dos principais pratos da gastronomia, consolidou-se como importante pólo turístico da cidade. Além disso, o crescimento da maricultura beneficiou a implantação e o crescimento de novos setores da economia, como fabricantes de insumos e de equipamentos para cultivo. Por ano, o laboratório da
Universidade (LMM) atende aproximadamente 180 pessoas, gratuitamente, que recebem orientações e informações sobre moluscos. O atendimento à comunidade é realizado no laboratório e, muitas vezes, se completa com uma visita orientada ao cultivo experimental de moluscos marinhos, na praia da Ponta do Sambaqui. No Laboratório de Moluscos Marinhos da UFSC são desenvolvidas diversas etapas essenciais para o cultivo de ostras em Santa Catarina. Entre elas, o estoque de reprodutores, a fecundação, a indução para desova e a produção de larvas que depois se transformam nas sementes de ostras que são repassadas aos pescadores. “Esse trabalho, desenvolvido pelo LMM é fundamental porque o principal tipo de ostra comercializada e consumida no estado e já difundida para vários outros locais do Brasil é a japonesa, espécie que se adaptou bem às condições do mar catarinense”, destaca o coordenador do Laboratório de Moluscos Marinhos, professor Jaime Ferreira. Além da ostra japonesa, o LMM
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FOTOS ARLEY REIS
ACIMA:
Para 2006, a prioridade é selecionar geneticamente a espécie de ostra nativa que melhor se adapte ao litoral catarinense. ABAIXO: Laboratório de Mexilhões Marinhos da UFSC, criado em agosto de 1988
trabalha com três espécies nativas: a ostra de mangue, a vieira e o mexilhão. Atualmente, o laboratório repassa ao setor produtivo cerca de 40 milhões de sementes no ano. O produtor paga pelo milheiro da ostra média R$ 10 e R$ 20 pela grande. Segundo a bióloga da UFSC, Marisa Bercht Canozzi, o LMM, tem uma importância social muito grande para Santa Catarina. “No fim da década de 1980, muitas famílias viviam sem expectativa, muitos pescadores deixavam de
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trabalhar no mar por causa da baixa lucratividade, para se dedicar a outras atividades. Depois da valorização da produção de moluscos, a situação foi revertida. Hoje, os filhos dos pescadores aprendem a atividade através de uma formação técnica e não abandonam as comunidades pesqueiras”, explica. A bióloga destaca que a conscientização dos produtores também aumentou, eles passaram a se comprometer com a limpeza do ambiente. “O cultivo das ostras precisa de um ambiente limpo e os próprios produtores já pressionam as autoridades a tomar providências com a contaminação dos mares”, salienta. Para 2006, Marisa explica que a prioridade é selecionar
geneticamente a espécie de ostra nativa que melhor se adapte ao litoral catarinense. “Duas espécies estão sendo estudadas, mas apenas uma será escolhida. Essa espécie de ostra nativa não perde em qualidade para a ostra japonesa”, conclui.
Maricultura em Florianópolis A maricultura teve início em Florianópolis na década de 1970, quando foram realizados os primeiros estudos sobre a produção de ostra (ostreicultura), sem muito sucesso. Naquela época, mergulhadores e pescadores extraíam dos costões ostras e mexilhões para incrementar sua renda. Florianópolis reúne condições favoráveis para a maricultura. Entre o continente e a ilha há formação de baías com águas calmas, com influência de correntes frias, ricas em produção primária, como os fitoplânctons. Para solucionar o problema, em meados da década de 1980, foram trazidas sementes de outras regiões e a UFSC passou a produzir sementes em laboratório, construído em 1986 na praia de Sambaqui. Dois anos mais tarde, a EPAGRI, vinculada à Secretaria de Agricultura do Estado, começou a incrementar as técnicas de cultivo.
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Consumo
PROJETO
“ Caminhão
do Peixe”
O investimento – um veículo adaptado para a venda de peixe – será de 300 mil reais e ampliará o atendimento na comunidade. FOTO JOÃO SOUZA
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s bons resultados obtidos com o projeto “Peixe nos Bairros”, da Secretaria Municipal de Aqüicultura e Pesca de Itajaí (SEPESCA), ajudaram na aprovação de recursos federais para mais um plano: O “Caminhão do Peixe”. A proposta é inovadora, um veículo específico para transportar e vender o pescado diretamente à população dos bairros da cidade. O objetivo é facilitar o acesso ao peixe, com menor custo, aumentando o consumo do pescado em Itajaí, SC. Na primeira semana de janeiro deste ano, a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (SEAP/PR), liberou R$ 280 mil para a compra de um caminhão trucado para a comercialização do pescado. 28 REVISTA SINDIPI
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Ao total serão investidos em torno de R$ 305 mil, com recursos federais e da Prefeitura Municipal de Itajaí. Um projeto municipal que deverá ser ampliado a outros estados brasileiros. Segundo o secretário da SEPESCA, Manoel Xavier de Maria, o próximo passo é encaminhar toda a documentação necessária ao Departamento de Compras da Prefeitura, para que seja aberto o processo de licitação pública. “O ‘Caminhão do Peixe’ especificado no projeto é um modelo 1418, capacidade para 10 toneladas, trucado, com carroceria frigorífica plástica monobloco, equipado com câmara frigorífica de estocagem de produtos congelados. É com essas características que vamos comprar o caminhão”, explica. Xavier de Maria
informou também que deseja colocar o caminhão nas ruas antes da Páscoa, até o dia 10 de abril. “Os peixes, de diversas espécies, vão ser comprados direto da embarcação pesqueira, sem passar por atravessadores”, esclarece. A SEPESCA estima que a economia com o caminhão será em torno de 50%, se comparado ao projeto “Peixe nos Bairros” que vendia o pescado em 11 postos fixos espalhados pelo município, com preços acessíveis à população. “O investimento no caminhão deve reduzir custos, equipamentos utilizados na comercialização do peixe nos bairros, além de atender um número maior de pessoas. Para ampliar o “Peixe nos Bairros”, através dos postos fixos, a SEPESCA gastaria cerca de R$ 600 mil, sem contabilizar os gastos com água, energia elétrica e vigilância patrimonial, o dobro do custo com o caminhão. Além do “Caminhão do Peixe”, a SEPESCA tem outras ações que incentivam o consumo de pescado. A Secretária está programando a 2ª Festa do peixe, que deve reunir 50 grupos que preparam o pescado para ser vendido no evento, programado para os dias 17 e 18 de junho de 2006.
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Atualize-se
Capitania dos Portos alerta sobre
recadastramento de embarcações O
novo documento com código de barras facilita a identificação da embarcação e evita falsificações. O primeiro-tenente encarregado da Divisão de Segurança do Tráfego Aquaviário da Delegacia de Itajaí, Evangelista da Silva, informa que a Delegacia da Capitania dos Portos em Itajaí está realizando o recadastramento de embarcações de acordo com determinação da Diretoria de Portos e Costas. O objetivo é que as embarcações recebam os novos números de acordo com os novos sistemas da Marinha. De acordo com o primeiro-tenente, o processo de recadastramento de embarcações foi implementado desde 2001. Para fazer o recadastramento os armadores, ou seus representantes legais, precisam encaminhar para a Delegacia da Capitania dos Portos, em Itajaí, documentos em conformidade com o tamanho das embarcações. A transferência é gratuita e o armador recebe um novo documento com código de barras. “Um novo
sistema que facilita a identificação e evita a falsificação”, alerta. O novo documento é fornecido gratuitamente. O prazo para a solicitação é até o dia 31 de março. A capitania orienta que para embarcações miúdas (menor, ou igual a 5 metros), o armador deve encaminhar o boletim para cadastramento de embarcações miúdas (BCEM), o original do documento de propriedade, o termo de responsabilidade, seguro obrigatório DPEM em vigor, o comprovante de residência, a cópia do CPF ou CNPJ. E para as embarcações maiores de cinco metros, o boletim para cadastramento de embarcações (BADE), no caso de embarcações de esporte e/ou recreio e passageiros, apresentar uma foto 15x21 com a embarcação flutuando; o original do documento de propriedade, o seguro obrigatório DPEM em vigor, o comprovante de residência e a cópia do CPF ou CNPJ, conforme o caso. Para mais informações sobre o recadastramento: (47) 3348-0129.
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Qualidade de vida
Ação em parceria ensina
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O SESI, em parceria com o SINDIPI, leva a cozinha itinerante às empresas de pesca e familiares.
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ucos variados com cascas de frutas, uma salada com casca de abóbora, um prato colorido de verduras só com aproveitamento dos talos e ramos, brigadeiro preparado com mandioca, um pão de trigo econômico. Estes são alguns exemplos de uma alimentação saudável, econômica e fácil de preparar. Para divulgar essas receitas, o SESI de Santa Catarina, em parceria com o SINDIPI, Sindicato das Indústrias de Pesca de Itajaí e Região, promoveu pela primeira vez em Itajaí, de dois a 13 de janeiro, o programa “Cozinha Brasil”. A ação foi realizada com a participação das empresas Vitalmar Pescados e Kowalsky. Nesse período, uma unidade móvel da instituição – um caminhão projetado com uma cozinha pedagógica experimental – ofereceu cursos gratuitos aos 30 REVISTA SINDIPI
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trabalhadores da indústria e seus familiares. Nos cursos são trabalhados temas como educação nutricional, alimentação saudável, alimentação funcional, boas práticas de manipulação, aproveitamento integral dos alimentos e economia no orçamento. Para a coordenadora do programa “Cozinha Brasil”, Marluce Lima, a cozinha móvel é uma forma de inclusão social. “Permite que a pessoa tenha dignidade ao comer, de forma saudável e adequada. É o consumo consciente, o aluno aprende a aproveitar todo o alimento”, explica. O gerente industrial da Vitalmar Pescados, Luiz Carlos Ramos destaca que o mais importante é estimular a mudança de hábitos alimentares. “Aqui nós aprendemos como preparar os alimentos, valorizando
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os nutrientes e ainda somos multiplicadores, divulgando as informações para a comunidade, ou seja, uma ótima orientação nutricional”, ressalta. Na avaliação do presidente do SINDIPI, Antônio Carlos Momm, essa ação com o SESI é uma forma de valorizar o trabalhador, uma pequena contribuição com o social. “Se cada empresa de pesca na região promovesse um curso de cozinha experimental, seriam mais de 30 mil pessoas beneficiadas. A boa alimentação é sinônimo de qualidade de vida. Uma refeição saudável, com proteínas, vitaminas e outros nutrientes é essencial para o crescimento e desenvolvimento do ser humano, uma garantia de cidadania aos nossos trabalhadores e familiares”. Para o funcionário da Vitalmar Pescados, Alberto Sartirio Borges, o curso contribuiu para a economia do lar. “Além de poder ajudar a minha esposa, aprendi a comer sem
Luiz Carlos Ramos destaca que o mais importante é estimular a mudança de hábitos alimentares
desperdícios, fazer uma compra consciente no supermercado e preparar alimentos nutritivos para os meus quatro filhos”, ressalta. De acordo com o SESI, a cozinha itinerante vem percorrendo o estado de Santa Catarina desde julho de 2005 e já formou cerca de 3,5 mil alunos. As receitas são feitas no local e oferecidas aos participantes para degustação. Além disso, são abordados temas como armazenamento, congelamento e
descongelamento de alimentos. As aulas são gratuitas e ministradas por nutricionistas. Cada participante ganha um kit contendo avental, touca, caderno, lápis, livro com 250 receitas e certificado emitido pelo SESI, uma entidade do SISTEMA FIESC. Além dos funcionários e familiares, as duas empresas de pesca que participaram desta ação, a Vitalmar Pescados e a Kowalsky estenderam o curso para a comunidade.
Receita de pão de trigo Valor calórico por porção: 252, 64 kcal Rendimento: 20 porções Tempo de preparo: 3h Ingredientes 1 xicara de chá de trigo para kibe 3 tabletes de fermento biológico 1 xícara de chá de leite ½ xícara de chá de óleo 3 colheres de sopa de açúcar 8 xícaras de chá de farinha de trigo sal a gosto Modo de preparo Coloque o trigo de molho por 2 horas. Escorra a água e esprema o trigo. Dissolva o fermento no leite morno, acrescente o trigo espremido e os demais ingredientes. Amasse muito bem. Divida a massa em duas partes, coloque em fôrmas enfarinhadas (própria para pão de forma) e deixe descansar até dobrar de volume. Asse em forno quente por mais ou menos 50 minutos. Dica: o trigo contém ferro.
Dica para acompanhar o pão Suco Vitaminado Valor calórico da porção: 294 kcal Rendimento: 5 porções Tempo de preparo: 20 minutos Ingredientes 8 xícaras de chá de casca de abacaxi 1 litro de água 4 xícaras de chá de tomate maduro 2 xícaras de chá de açúcar Modo de preparo Lave o abacaxi com uma escovinha, descasque-o e reserva as cascas. À parte, cozinhe os tomates e coloque-os no liquidificador com as cascas de abacaxi, o açúcar e a água. Bata bem, coe e sirva bem gelado. Dica: a casca do abacaxi melhora o funcionamento dos intestinos.
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Superando limites
Deficiente visual
trabalha com empenho
em empresa de pesca S
em enxergar desde os dois anos de idade, Alexandre Cordeiro demonstra que para realizar projetos, conquistar sonhos e ser reconhecido profissionalmente, são etapas que não dependem dos olhos, e sim da vontade em vencer e dedicação. Desde que perdeu totalmente a visão, Alexandre aprimorou outros sentidos, e concluiu, com maestria, o segundo grau na escola, com cursos em operador de câmara escura, massoterapia, de dirigente, almoxarifado e curso básico de computação. Hoje, com 28 anos de idade, casado com Marly da Silva, deficiente de baixa visão, com duas filhas (de 4 e 6 anos), Alexandre é um exemplo de superação de limites. Quando perguntado qual foi sua grande conquista nestes anos, a resposta foi imediata: “O meu primeiro emprego. Hoje eu me sinto útil, recebo um salário do meu trabalho e ajudo em casa”, revela. Alexandre trabalha há um ano e meio na empresa Pepsico do Brasil, destaque no segmento de pescados com a marca Coqueiro. 32 REVISTA SINDIPI
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Ensacar atum ralado é mais do que um serviço. Foi a primeira oportunidade de emprego oferecida para Alexandre Cordeiro pela empresa Pepsico Na empresa, o funcionário trabalha na linha de produção, ensacando atum ralado. A habilidade com as mãos e a concentração no serviço traduz em grande produtividade: são cerca de 20 toneladas de peixe cozido, ensacadas por dia. De acordo com o supervisor Lacort Laurentino, não foi preciso fazer modificações no posto de trabalho. “Ele é um ótimo funcionário, com desempenho
excelente, um exemplo de crescimento e lição de vida”, destaca. Trabalhando das 7 horas da manhã até 16h48, Alexandre reside distante do serviço, no município de Camboriú, por isso precisa pegar dois ônibus para ir e retornar do trabalho. Acorda todos os dias por volta das 4 horas da manhã. Uma rotina que realiza sozinho e faz questão de sempre chegar no horário. O primeiro emprego sempre fica marcado, mas para Alexandre este trabalho é mais que uma experiência: é uma oportunidade de crescimento. No início ele conta que recebeu muito apoio dos colegas de trabalho, que hoje são considerados grandes amigos. Planos para o futuro? Sim. “Pretendo conquistar cada vez mais a minha independência, crescer na vida profissional e conquistar em 2006, o que não consegui em 2005”, responde. Esse entusiasmo mostra o porquê da atitude em abrir mão da aposentadoria especial, para trabalhar na Pepsico. “Acho bem melhor conviver no meio da sociedade, trabalhar com as pessoas.
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Esse é o maior ganho”, conta. Dificuldades existem, mas nada que não se resolva com atitudes simples. “É só ter força de vontade, gostar do que faz, agarrar a primeira oportunidade”, sugere. Nas horas de lazer, atletismo, dominó e futsal são seus esportes favoritos. Alexandre conta que participou com colegas de trabalho de uma partida de futebol, e quem enxergava teve os olhos vendados. “Vencemos o jogo, mas o que importa é a brincadeira com os amigos”, disse. A contratação do Alexandre faz
FOTO MARCELLO SOKAL
Alexandre Cordeiro trabalhando na linha de produção da Pepsico
parte do Programa de Capacitação de Pessoas Portadoras de Deficiência, implementado no ano passado pela empresa Pepsico do Brasil. Independente desse programa, a inclusão desses profissionais nas diversas operações da Pepsico existe há muitos anos, desde 1994. A intermediação foi realizada pela ADVIR, Associação de Deficientes Visuais de Itajaí e Região (veja matéria seguinte). De acordo com o Diretor de RH da Pepsico do Brasil, Nilton Pierroni, o Programa prevê a contratação de 40 portadores de deficiência por semestre, um investimento de 500 mil reais ao ano. Através de um convênio com o SENAC, os portadores de deficiência recebem treinamentos, orientações de trabalho em equipe durante um período de três meses. Após essa fase, é levado a campo para aprender, na prática, a função. O grande diferencial desse Programa é que durante o período de capacitação, que dura seis meses, os integrantes desse programa já fazem parte do quadro de funcionários da Pepsico e são remunerados, recebendo todos os benefícios enquanto se desenvolvem. A empresa também contrata profissionais para fazer um trabalho de conscientização com as pessoas que trabalharão direta ou
indiretamente com os novos contratados. A empresa tem hoje em seu quadro, 193 pessoas portadoras de deficiência. Segundo Pierroni, os funcionários da empresa também participaram de uma campanha para o recrutamento dos portadores de deficiência, indicando pessoas. Na avaliação do diretor de RH da Pepsico, os trabalhadores que convivem com as pessoas portadoras de deficiência no ambiente de trabalho têm reações positivas. “Os próprios funcionários se sentem mais sensibilizados e acabam valorizando o potencial da pessoa e reforçando, para outras áreas da empresa, a contratação”, cita. Pierroni afirma que o tratamento aos portadores de deficiência é o mesmo que para os outros funcionários. “Não existe proteção e as oportunidades de crescimento na empresa são as mesmas”, reforça. Muitos outros são os programas que visam o desenvolvimento dos funcionários e de seus filhos. Todos, em geral, têm como base, a busca pela excelência individual e do grupo, assim como a ampliação da capacidade de inovação e de identificação de novas oportunidades, pessoais ou ligadas ao próprio negócio.
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Responsabilidade social
ADVIR atende 170
deficientes
visuais em Itajaí A
ADVIR, Associação de Deficientes Visuais de Itajaí e Região completa em julho, 12 anos de fundação, com 170 associados. Uma trajetória de muitas histórias e conquistas. O deficiente visual Alexandre Cordeiro, destaque na matéria “SUPERANDO LIMITES” conta, com carinho, da ação da ADVIR, que foi essencial para a sua carreira. A Associação realiza um trabalho junto às empresas, integrando os deficientes no mercado de trabalho. Os diretores da ADVIR avaliam quem está mais
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Para o presidente da Associação, ainda há preconceitos no mercado de trabalho, mas, aos poucos, as empresas estão se conscientizando do bom trabalho desempenhado pelos cegos preparado para cada atividade e fazem a indicação. Segundo o presidente da Associação, Gildo Alexandrino, o deficiente faz um estágio supervisionado, um período de adaptação nas empresas. “Ainda há preconceitos, mas aos poucos essa barreira está sendo quebrada. Afinal, o cego é uma pessoa normal, apenas não vê, somos capazes e desenvolvemos um bom trabalho. Hoje já são seis deficientes com colocação nas empresas”, revela o presidente.
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NA PÁGINA AO LADO:
o vice-presidente da ADVIR, Lucimar Rodrigues, o técnico de esportes, Álvaro da Silva e o presidente Gildo Alexandrino.
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AO LADO: o diretor de esportes, Magno Figueiredo digitando em braille.
Além de intermediar a colocação no mercado de trabalho, a Associação investe em outras atividades que contribuem na interação do deficiente com a família e a sociedade. Entre as ações, estão a A.V.D, Atividades da Vida Diária. “Nós ensinamos aos associados a partir dos 14 anos de idade, noções básicas do dia-a-dia, desde amarrar os sapatos, fazer um lanche, oferecemos apoio psicológico, aulas de orientação e mobilidade, artes plásticas e esportes”, explica o vice-presidente da Associação, Lucimar Rogério Rodrigues, que perdeu a visão aos 44 anos. O vice-presidente revela que a adaptação foi difícil, mas exemplifica que o apoio da Associação foi primordial. “Aqui
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aprendi que há outras pessoas na mesma condição que eu e são muito felizes. Aos poucos fui me adaptando e recebendo orientação e hoje sou voluntário da ADVIR”, ressalta. Na Associação também são ministradas aulas de arte, computação e método braille. Na sala de informática, o sistema usado facilita o uso da Internet. É um programa operacional sintetizado, o Dos Vox, onde cada letra teclada emite um som e o sistema Jaws do Windows. A ADVIR também é reconhecida pelas medalhas conquistadas na área esportiva. Segundo o diretor de esportes, Magno Roberto Figueiredo, há atletas-revelação no cenário internacional. “A atleta Indaiana, de apenas 16 anos, é destaque
na seleção brasileira de atletismo. O futsal foi classificado na série B do Brasileirão”, disse. Bocha, xadrez, dominó, também são praticados pelos associados. O técnico de todas as modalidades, Álvaro da Silva, da Fundação Municipal de Esportes, treina os atletas todos os sábados. A Associação recebe ajuda da comunidade e apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Itajaí. Mesmo assim, há gastos com combustível e viagens de alunos para campeonatos que não fazem parte do custeio. Segundo o presidente da ADVIR, ainda há muitas ações a serem conquistadas. “Placas de ônibus em braille, semáforos sonoros, mais monitores para atender cegos nos supermercados e ações que facilitem o acesso aos lugares, como rampas e lajotas especiais”, cita. ADVIR – Associação de Deficientes Visuais de Itajaí e Região R. Camboriú, 1082, Fazenda – Itajaí – SC (47) 3349-2297
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Imposto
Governador de SC renova a para as A ação deve gerar uma economia de cerca de 11 milhões de reais aos armadores da região de Itajaí, principal pólo pesqueiro do Brasil. A iniciativa partiu do presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, após reuniões com o setor
O
governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira assinou na Federação das Indústrias (FIESC), no dia 12 de janeiro de 2006, o decreto prorrogando até 31 de dezembro de 2006, a isenção do ICMS sobre o óleo diesel marítimo, destinado ao consumo de embarcações pesqueiras, em Santa Catarina. A medida vale para os barcos registrados no Estado junto à Capitania dos Portos e ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Estiveram presentes, na ocasião, o presidente do SINDIPI, Antônio Carlos Momm, a presidente do SINDIFLORIPA, Ida Costa, os secretários
Autoridades presentes na assinatura do decreto na sede da FIESC
FOTO ELMAR MEURER
Max Bornholdt, da Fazenda, Marcus Vieira, da Administração e Felipe Luz, do Planejamento, o deputado federal Edison Andrino, o presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa, o prefeito de Itajaí, Volnei Morastoni, o secretário da SEPESCA, Manoel Xavier, entre outras autoridades. De acordo com o secretário da Fazenda, Max Bornholdt, os objetivos do Decreto são equiparar o óleo diesel marítimo de Santa Catarina aos preços internacionais, e incentivar a atividade pesqueira no Estado. A contribuição estadual equivale a 12% do custo total do produto. Como o óleo diesel representa 70%
dos gastos operacionais, a redução dos valores possibilita o crescimento do setor, em investimentos. O presidente do SINDIPI, Antônio Carlos Momm, explica que para fazer o cálculo desse benefício, o governo do Estado utiliza a média do valor do óleo diesel marítimo nas bombas. A partir dessa base de cálculo são descontados os 12% de impostos. Momm relata que em 2004, o decreto representou uma economia de R$ 6,4 milhões para as embarcações da região de Itajaí, e em 2005, R$ 8 milhões e 239 mil reais. “Para 2006, a isenção deve gerar uma economia de R$ 11 milhões de reais e a possibilidade de
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isenção
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investir esse valor na atividade, um dinheiro que fica na nossa região, viabilizando o crescimento do setor pesqueiro”, destaca. “O governo anterior navegava de costas para o mar”, disse Momm. “Este governo navega de frente!”. Um outro fator relevante da medida é manter a competitividade do segmento, que no Estado tem 359 empresas e gera mais de 10 mil empregos formais diretos, e em torno de 50 mil empregos indiretos. De acordo com dados tabulados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego, Santa Catarina emprega, no setor pesqueiro, duas vezes mais do que o Rio Grande do Sul, segundo principal estado em número de trabalhadores. “A renovação desse incentivo é essencial para a indústria pesqueira
Embarcação pesqueira sendo abastecida no Posto Polináutica
catarinense. Sem isso, poderíamos ter redução de empregos no setor e um aumento do produto para os consumidores”, relata o presidente da FIESC, Alcantaro Corrêa. “O peixe tem concorrentes fortes em nosso próprio mercado. É um segmento que tem de brigar eternamente para sobreviver”, afirmou. Para o governador Luiz Henrique
da Silveira, a iniciativa da manutenção atende a um pedido da FIESC e está em acordo com a filosofia do Executivo de adotar uma política fiscal e tributária que incentive a geração de emprego e renda. “Essa nova filosofia tem beneficiado setores da nossa indústria que, em contrapartida, tem trazido grandes ganhos para a nossa economia, através da criação de novos postos de trabalho.” Só em Itajaí a medida beneficia 225 armadores, equivalente a 419 embarcações pesqueiras. Em média, cada armador economiza 32 mil e setecentos reais em um ano, com a isenção do imposto.
ICMS
do
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FOTO JOÃO SOUZA
Artigo
Claudionor Gonçalves (*)
Crédito Pesqueiro Tanto o Banco do Brasil, quanto a Caixa Econômica Federal e outros agentes financeiros credenciados pelo BNDES, financiam projetos de investimentos para as micro e pequenas empresas, em qualquer ramo de atividade, com faturamento bruto até R$ 5 milhões com objetivo de proporcionar a geração ou a manutenção de empregos e renda na área urbana. Se o financiamento for destinado à embarcação, caracteriza-se como crédito rural (pescado) e, portanto, só pode ser financiado pelos agentes financeiros que operam o Crédito Rural. Por outro lado, se o financiamento for para
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investimento fixo (câmara fria, unidade de beneficiamento, instalações ou equipamentos para indústria, ou construção naval, etc.) pode ser atendido por todos os agentes financeiros credenciados pelo BNDES. Esta linha de crédito denomina-se Proger Urbano Empresarial, mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT. O financiamento tem prazo de até 5 anos com taxa fixa de 5,4% ao ano + TJLP (mais ou menos 9,75 %) e seu reembolso é feito em parcelas mensais e sucessivas. O valor financiável está limitado a R$ 400 mil, porém condicionado ao limite de crédito destacado na agência operadora, para cada proponente, e não pode ultrapassar a 80 - 90% do orçamento. Para maiores detalhes, simule você mesmo o seu financiamento, acessando a página do banco – www.bb.com.br –, entre em SUA EMPRESA/PROGER URBANO EMPRESARIAL. A título de exemplo, um financiamento simulado no valor de R$ 400 mil, com 5 anos de prazo, apresentou um valor médio para as 60 parcelas de R$ 9.460,00.
PRINCIPAIS
ITENS FINANCIÁVEIS
Máquinas e equipamentos novos ou usados (equipamentos de navegação para embarcação)
Móveis e utensílios (petrechos de pesca) Veículos automotores: caminhonete pick-up leve, até 2000 CC, e furgão leve, até 2000 CC Construção civil ou reformas com ampliação (comerciais novas)
Reformas sem ampliação em instalações comerciais (elétricas, hidráulicas, depuradoras de resíduo, vitrines, pintura, pisos, etc); adequação das Salgas (unidades de beneficiamento) para obtenção dos registros de inspeção municipal, estadual e federal (SIM, SIE OU SIF) Equipamentos de informática Despesas com elaboração de projetos e assessoramento * Claudionor Gonçalves Engenheiro Agrônomo Msc, Diretor da Secretária Municipal de Aqüicultura e Pesca diretor_sepesca@itajai.com.br
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Evento
Conferência Nacional irá estabelecer FOTO DIVULGAÇÃO
O evento será realizado em março deste ano e deve contar com a participação de 1,5 mil delegados de todo o Brasil, representando o setor da pesca artesanal e industrial
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2ª Conferência Nacional de Aqüicultura e Pesca com o tema: Consolidação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aqüicultura e Pesca está agendada para os dias 14 a 16 de março deste ano. O evento, promovido pela SEAP/PR, Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República será realizado em Brasília. Antes do evento nacional está sendo realizada nos 27 estados brasileiros a Conferência Estadual com a participação de associações, sindicatos, entidades empresariais, Ong’s, órgãos públicos que têm relação com a pesca. Nas conferências serão debatidos temas como o desenvolvimento, a infra-estrutura e comercialização, o ordenamento, pesquisa e estatística, a política internacional e a participação de todos os segmentos e profissionais no desenvolvimento da Aqüicultura e da Pesca no Brasil. A Conferência Estadual em SC será realizada nos dias 2 e 3 de março em Itajaí.
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De acordo com o coordenador da Conferência Nacional, Altemir Gregolin, nas reuniões estaduais é apresentado um documento aprovado pela comissão organizadora. “O documento é a pasta de discussões dos estados, que define todas as medidas necessárias para a realização das Conferências. As propostas de cada estado serão incorporadas neste documento-base que será encaminhado para a Conferência Nacional”, explica. A partir das Conferências estaduais serão eleitos delegados para participar do encontro nacional, além dos conselheiros do Conepe que são membros natos. “Com certeza o SINDIPI tem representação, é um setor da pesca industrial que tem vaga garantida”, disse. A partir da 1ª Conferência foram definidas políticas para o setor pesqueiro e oito eixos de ação para o desenvolvimento sustentável da Pesca. “Agora é hora de fazer um balanço dos três anos de trabalho da SEAP,
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Culinária
Malu Kari Este prato, originário do Sri-Lanka, é apreciado pela combinação de especiarias e cebolas, que lhe atribui um sabor levemente adocicado Ingredientes 1 posta de garoupa 1 colher de chá de gengibre sal a gosto ½ colher de chá de pimenta dedode-moça 1 colher de cebola 1 colher de óleo ½ colher de chá de canela em pó ½ colher de chá de cardamomo ½ colher de chá de pasta de curry verde 1 colher de coentro ½ colher de chá de erva-doce fresca ½ xícara de leite de coco suco de 1 lima da pérsia 3 colheres de cebola fatiada 2 colheres de açúcar mascavo
Modo de preparar Tempere o peixe com sal, doure no óleo dos dois lados. Retire e leve à uma wok (panela apropriada), coloque mais óleo e doure o alho, o gengibre, a cebola em pasta e a pimenta dedo-de-moça. Volte o peixe para a wok e acrescente o restante dos ingredientes: a canela, o cardamomo, a pasta de curry, a erva-doce, o suco de lima, o leite de coco e, por último, o coentro. À parte doure a cebola com o açúcar mascavo e tempere com pouco sal.
Montagem do prato Faça o espelho no fundo do prato com o molho. Coloque a posta de peixe e por cima a cebola caramelada. Ao lado ponha o arroz, que pode ser o tailandês ou de cereais (confere um sabor rústico ao prato). Decore com shoyo e a pimenta dedo-de-moça. Receita de Gabriela Mendes, chef do Restaurante Yurt, Balneário Camboriú. Foto de Peu Japiassu
Dicas de culinária FOTO DIVULGAÇÃO
COMO CONGELAR PEIXES Para manter os filés úmidos no freezer, congele-os até que endureçam e mergulhe-os em água gelada. Uma leve camada de gelo se formará ao seu redor. Peixes inteiros podem ser mergulhados duas vezes para formar uma camada mais espessa. 40 REVISTA SINDIPI
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Depois empacote e congele-o. Rotule sempre os pacotes, colocando a data do congelamento. Peixes brancos podem ficar até 12 meses no freezer, os oleosos, 6 meses. Pratos com peixe cozido só podem ficar 3 meses. Recongelado verifique se o peixe não foi congelado antes. Não é aconselhável recongelá-lo.
CALDO DE PEIXE * Para fazer um caldo de peixe com sabor mais suave, prefira carcaça de peixes brancos, como o linguado. * O vinho branco seco é opcional, e deve ser de boa qualidade. * O caldo de peixe pode ser guardado por 2 a 3 dias na geladeira. Neste caso, sua consistência fica gelatinosa. Revista Menu
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Agende-se
Fique informado sobre as principais
Feiras de Negócios Seafood Expo Latin America Feira Internacional de Pescados, Frutos do Mar e Tecnologia para Indústrias da Aqüicultura e Pesca De 24 a 26 de maio de 2006 – das 13h às 21h Local: Expo Center Norte – Pavilhão Amarelo – São Paulo – SP Informações: www.seafood.com.br Gourmet & Cia. VI Feira Sul Brasileira de Gastronomia De 26 a 30 de julho de 2006 De 4ª à 6ª – das 17h às 22h
Sábado – das 14h às 22h Domingo – das 14h às 21h Local: Centro de Exposições de Curitiba – Curitiba – PR Informações: www.diretriz.com.br FI South América Feira Internacional de Soluções e Tecnologia para a Indústria Alimentícia De 12 a 14 de Setembro de 2006 – das 13h às 20h Transamérica Expo Center – São Paulo – SP Informações: www.fisa.com.br
Fenacam Feira Nacional do Camarão De 21 a 24 de março de 2006 Local: Centro de Convenções – Natal/RN Informações: www.fenacam.com.br
Seafood Show The International Boston Seafood Show De 12 a 14 de março de 2006 Local: Boston/ Massachussetts Informações: www.amcham.com.br
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O tempo é sempre certo para fazer o que é certo
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a maioria das vezes, achamos que é tarde demais, o que tinha que ser feito e não foi, é passado. Em parte estamos certos, mas isso não significa que não podemos modificar o que pode acontecer do momento presente para a frente. Todos os dias fazemos escolhas, optamos por viver de uma forma ou de outra, conviver com pessoas ou não, lembrar ou esquecer alguns fatos, ir ou não a algum lugar, sorrir ou chorar, enfim, escolhas não faltam. Vão, desde coisas absolutamente normais, como a cor da roupa, até escolhas que vão modificar nosso destino. Muitas e muitas vezes fazemos escolhas baseados no impulso da hora, acreditando que agir daquela forma será "melhor para nós". Não é assim que dizemos? Não precisamos ficar analisando tudo o que fazemos, decisões que tomamos, criando estratégias e manipulando fatos. No entanto, temos dois pólos que precisamos usar para que tenhamos o equilíbrio necessário para tomar decisões importantes: razão e coração. A razão é que analisa todos os pontos, soma, divide, multiplica e
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chega ao resultado final de maneira rápida e racional. O coração, que toma decisões baseadas em sentimentos, não pensa, não analisa, apenas age e pronto, depois vem a conseqüência, e arcamos com ela. Vivermos em um ou em outro pólo exclusivamente não nos fará felizes; um precisa do outro. Mas, o mais importante de tudo, é que sempre temos a chance de mudar as coisas! Está certo que o que já passou, não voltará, mas novos fatos e momentos surgem todos os dias para completar os "vazios" que vamos deixando para trás, por escolhas erradas. Durante os acontecimentos, quando estamos agindo, sempre achamos que é a melhor escolha e é exatamente isso que nos faz crescer: lições aprendidas às custas de nossas ações. Precisamos escolher sempre, seja certo ou errado, e em ambos os casos sairemos ganhando. Hoje temos a escolha de fazer algo diferente por nós mesmos. Não importa as opções que você assinalou antes, pense nas que ainda estão em branco. Assinale sua vida com atitudes seguras. Se darão certo ou não, ninguém pode saber. Não temos o controle dos resultados,
temos apenas uma vaga idéia do nosso futuro e é exatamente isso que dá sabor à vida, que aquece a alma e enche o pensamento de esperança. Vivermos apenas olhando a vida passar é chato demais. Não fazer escolhas diferentes para modificar nosso destino é fraqueza. O que não está certo, o que não nos dá prazer ou não nos trará momentos felizes, não devemos assinalar e manter em nossa vida. Precisamos ter coragem de ser o que devemos e queremos ser. Coragem para construir a vida da maneira como queremos e deixar para trás algo que não nos eleva, só diminui. Pense, faça uma lista de coisas que quer manter em sua vida, desejos que almeja, e também tudo o que não quer mais. Não precisa mostrar sua lista a ninguém. Basta que você saiba, e então comece a trabalhar para sua grande conquista: a VIDA VERDADEIRA que deseja construir. Você sabe que toda construção precisa de base forte e segura e leva tempo para se erguer, portanto não fique aí esperando, coloque logo a mão na massa." Martin Luther King Jr.
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12/2/2006, 15:48