Turismo Etnico - Português _WEB

Page 25

Introdução Entre os séculos XVI e XIX, milhões de escravos vindos de várias partes da costa africana chegaram ao Brasil, tanto pelo tráfico legal, como através de contrabando. Na Bahia, segundo o etnólogo, Pierre Verger3, o tráfico de escravos pode ser dividido em quatro períodos. O primeiro ciclo, conhecido como ciclo de Guiné, ocorreu na segunda metade do século XVI e recebeu essa denominação em função da rota do tráfico, que partia da costa oeste da África ao norte do Equador. Também conhecida como Guiné Portuguesa ou Costa da Malagueta, como denomina o etnólogo Edison Carneiro, a região abrange a área que hoje vai do Senegal, ao norte, a Serra Leoa, ao sul. Segundo Verger, calcula-se que nesse ciclo tenham chegado ao Brasil entre 50 e 100 mil africanos. Na Bahia, esse ciclo foi pouco representativo. O número estimado de africanos é de sete mil, em sua maioria pertencentes a etnias sudanesas. O segundo ciclo, o de Angola e Congo, mas que abrange também os africanos da chamada Contra-Costa (Moçambique), tem início por volta de 1580, mas estende-se até o final de século XVII. O número de africanos dessa região que chegou ao Brasil é estimado em 600 mil. Na Bahia, não se sabe ao certo o número de escravos que veio dessa parte do continente africano. Entretanto, pela grande quantidade de navios negreiros que aportaram aqui nessa época, presume-se que tenha chegado um número significativo de escravos. O certo é que a maioria deles foi levada para trabalhar nos engenhos de canade-açúcar, instalados na região do Recôncavo. Além de angolas e congos, vieram também, nesse ciclo, escravos oriundos de Moçambique, todos eles do ramo étnico bantu. No final do século XVII, uma grande epidemia de varíola, registrada em Angola, provocou uma nova mudança na rota do tráfico negreiro para o Brasil. 3

VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo do tráfico de escravos entre o Golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. Salvador: Corrupio, 2002. 25


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.