Revista 7faces 22

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originais. Posteriormente, em abril 2003, saiu pela Quasi Edições, o texto integral, apenas em Portugal. Esta edição perfaz o projeto inicial do autor, no qual continha diversos elementos textuais diferentes e partes que já haviam sido integradas a outros textos como a nota autobiográfica “Microdefinição do autor” e cinco poemas, chamados de ‘murilogramas’: estes foram publicados anteriormente em Poliedro (1972) e em Convergência (1994), respectivamente. Sua única publicação brasileira se deu como parte integrante de Poesia completa e obra, pela editora Nova Aguilar e com organização da professora italiana Luciana Stegagno Picchio. O estilo adotado por Mendes em Janelas verdes corresponde ao de outras obras do mesmo período como Carta geográfica (19651967) e Espaço espanhol (1966-1969), em que desenvolveu a chamada prosa-poesia, em descrições e comentários sobre lugares que marcaram sua memória; e em Retratos-relâmpago (1ª série de 1965-1966, 2ª série 1973-1974) e A invenção do infinito (19601970), em que se utiliza da mesma prosa-poesia para falar de pessoas ― personagens literários, amigos e personalidades intelectuais, artísticas ou acadêmicas. Mendes sempre escreveu em prosa, iniciando-se como escritor de crônicas na adolescência, permanecendo este estilo literário em toda sua trajetória, entrecortado pela forte presença da poesia stricto sensu. Em sua prosa poética de textos curtos, porém entrecortados de alusões, imagens e referências, desenvolveu uma grande produção literária, como seu ponto alto nos últimos anos de vida. Segundo o próprio Murilo Mendes, em uma das últimas cartas escritas à Laís Corrêa Araújo, em 1974, Janelas verdes seria uma de suas obras mais originais, pois teria conseguido completar uma tarefa muito difícil de escrever textos sobre temas exploradíssimos fugindo de clichês (ARAÚJO, 2000, p. 234). Tal apelo de originalidade é retomado na nota final do texto, em que o poeta descreve não só sobre o seu exercício de escrita, mas expõem o desejo de que seu afeto tenha sido bem expresso: trata-se dum exercício do estilo; e, querendo dessacralizar a temática e as fórmulas, quase sempre convencionais ou ridículas, ‘Portugal pequenino’, ‘Portugal de meus avós’, procedi com extrema liberdade e desenvoltura. Espero, entretanto, que

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