Catálogo Bienal Naïfs do Brasil 2006

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[entre cu5tura/s] O O O O G- O 'Tj O G C

Bienaíl Naíps do Bra/siíí 200¿ SAO

PAULO

• BRASIL



NaTjvs [entre cuítura/*] Bienaü Naif/s do Bra/sií 200<4 De 22 de Setem bro de 2003 a 31 de Janeiro de 2007

SESC PIRACICABA



Na'rfvs [entre cuítura/s] O Bra/sif É ntre Cuíltura,*

5

Na F ro n te ira da/S C u ltu ra ,*

7

é n tre CuStura/s

?

Linhar de Fugaos a Ingenuidade Revi/sitada

13

O C o n c it o É ntre Cuíltura/S

17

O T rin /s ito É ntre CuStura/s

21

Carregando a Pre¿a peSo/S Dente/i

23

B ie na í Nai|¡/S„ em S in to n ia com a C o n te m p o ra n e ia d e

27

Que Naí|¡ Sou

?

2?

Urna A r te A Íém do/s É /steriótipo/s

31

A rti/s ta /i Premiado/s

33

Arti/sta/s Seíecionado/s

57

/A oA tra [É ntre Cuíltura/s] /A a triz e * Popuíare/S

151

[É ntre C u ítu ra /i] A \a triz e ¿ Popuítare/S

153

ÉngSi/sh Text/s

203

Texto/S en É^pañoS

21?

C ré d ito /s

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O Bra/sii Entre Cuitura/S A b ra m Szajman PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DO SESC SÃO PAULO

esde sua criação, em 1946, por em presários do

D

com ércio e serviços, o SESC vem desenvol­ vendo papel crescente e sig nifica tivo na busca pela m elhoria da qualidade de vida do tra b a ­ lhador no com ércio e serviços e seus fam ilia­

res, função que vem desem penhando tam bé m

no ensejo de acentuar valores Intrínsecos da cultura nacional. Num co m p ro m isso com o d e se n vo lvim e n to social, e co ­ n ô m ico e cu ltu ra l do país, vem os no eve nto a transm issão e

a m an uten ção de tais valores, de uma geração a outra, com o fo n te inesgotável de bens tã o preciosos co m o a vida e as re­ lações humanas, um a p re n d iza d o que nasce da p rá tica do fa ­ zer artístico. Nos variad os ram os da ação cultural, a Bienal Nai'fs do Brasil representa uma das verten tes mais ricas da pro d u çã o a rtística nacional. Com re co n h e cim e n to internacional, a arte nai'f p ro d u zid a no país p ro je ta m uito s artistas brasileiros, que passam a ap rese ntar suas obras, e ju n to com elas seu po vo e sua cultura, em diversos museus espalhados pelo m undo. Desenvolvida pe lo SESC São Paulo, a Bienal hoje te m em sua d ifu são o e n riq u e cim e n to d o acesso d e m o c rá tic o à c u l­ tura e ao lazer. Incentiva e valoriza as m anifestações a rtís ti­ cas ligadas às tra d içõ e s brasileiras e m antém vivos a p a rtic i­ pação social crítica e o exercício da cidadania.

[ 5 ]



Na/s Fronteira/s da/S Cuitura/S Danifio Santo/s de AViranda DIRETOR REGION AL DO SESC SÃO PAULO

a p o lítica cu ltu ra l do SESC, os lim ites en tre o

N

ta çõ e s mais diversas sob re o povo. Com um a p ro p o s ta de

que se d e fin e p o r c u ltu ra p o p u la r e p o r c u l­

in te rlig a r cultu ras, a firm a n d o d ife re n te s olha res c o m p ro ­

tura e ru d ita são p e rm a n e n te m e n te fle x ib ili­

m e tid o s com as expressões populares, a Bienal em 2 0 0 6

zados, Há um a ig u a ld a d e de o fe rta s no c o n ­

p re te n d e p ro vo ca r uma ou tra sen sib ilidad e que ultrapasse as

ju n to e s p e c ífic o das expressões artísticas,

tra d icio n a is distin çõ e s en tre o sagrado e o p ro fa n o na obra

evide ntes na valoriza ção das m anifestações

de arte, ou ainda, co m o tã o bem situ o u O cta vio Paz1, que

tradicio nais, no trâ n s ito que vai do local até a p lura lid ade c u l­

transg rid a, de certa form a, os a n tig o s cu lto s à arte.

tural, ultrapassando, m uita s vezes, os co n to rn o s nacionais

Afinal, o que pretendem os, tam bém , é reite rar que os lim i­

nas ações exp erim e ntais e na realização de grandes eventos.

tes en tre as de finições vig en te s para a arte ingênua, naíf, arte

A p a rtir dessas d ire trize s, a B ie n a l Naífs do B ra sil teve

a u todida ta , arte p o p u la r e a rte com tem as populares, são ex-

o rig e m no Sesc Piracicaba, no ano de 1986, e renovou-se, a

clu de ntes e tê m p e rd id o sig n ifica d o nos te m p o s que correm .

cada edição, na m aneira de ap rese ntar ao p ú b lico as cara c­

E assim, pela dissolução das dem arcações que vigoraram

terísticas plásticas desse olh a r sensível e e sp on tâ ne o no c o n ­

nesse específico do m ín io artístico, optam os, de com um a co r­

te x to da cu ltu ra brasileira. C oncebida co m o espaço para uma

d o com a curadoria e sua cura do ria adjunta, p o r p a rtilh a r com

o p o rtu n a ca rto g ra fia da p ro d u çã o artística, a Bienal Naífs

0 p ú b lico as características desse trâ n sito perm an ente de

sem pre tro u x e consigo, ainda, a m issão de re d e fin ir c rité rio s

bens sim b ólicos que oco rre d e n tre as variadas culturas no

para um fazer a rtístico mais d e m o c rá tic o e com vistas à fo r ­

Brasil, e está m arcado pelos fluxo s que vão e vêm do ce n tro

m ação con tinu ad a de público.

para a periferia, d o local para o global, do urbano para o rural.

Nas edições anteriores, a Bienal Naífs seguiu co m o in te r­

Com o cará te r in te rcultu ral deste m o m e n to con tem po rân eo,

ven ção so cio cu ltu ra l visando, não à in te rm e d ia çã o d o a rtista

é possível que descubram os co m o a expansão do universo

e sua obra, mas ao d iá lo g o fra n co e d ire to do a rtista com o

e sté tico naíf nos ajuda a id e n tific a r os co n ta to s culturais ine­

p ú b lico , orie n ta d a pela p o lítica da E ntidade, que espera a l­

vitáveis que anim am essas pro du ções cultu rais e artísticas, e

can çar no panoram a da a rte e da cu ltu ra a d ilu içã o de certas

tam b é m o q u a n to ainda é preciso m udarm os para c o m p re e n ­

fronte iras, valores e significados.

derm os o real se n tid o da diversidade.

Nesta 8- edição, "E n tre C u ltura s” , dam os seqüência à d i­ nâm ica de tra n sfo rm a çõ e s tra d u zid a na expansão das rela­ ções en tre a rte naíf, p ro d u çã o visual p o p u la r e as represen­

1 Octavio Paz, escritor e intelectual mexicano, Prêmio Nobel de Literatura no ano de 1990, a propósito de seu ensaio sobre as diferenças entre a arte e o artesanato, “ O uso e a contem plação” .

[7 ]



uma d e m on stra ção de p o lítica de resistência,

C o n tu d o , buscaram cla ssifica çõ e s para esses c ó d ig o s

o SESC Piracicaba e A n tô n io N ascim ento c ri­

em ergentes, a fim de dife ren ciá-los do c ó d ig o a lto e e ru d ito

aram há 14 anos a Bienal Naífs do Brasil, de

que praticavam . Surgiram classificações arb itrária s co m o A rte

início p rim a n d o pela busca de a u te n ticid a d e

Nai'f, A rte Prim itiva, O utsiders, A rte Popular, A rte Ingênua,

co m o in s tru m e n to de a firm a çã o fre n te aos

A rte incita, A rte Tradicional, A rte Étnica, A rte Espontânea, e

preconceitos. Era o m o m e n to de luta pela v i­

até m esm o "p ain ters o f the sacre d h e a rt" (W ilh e lm Uhde). As

N

classificações m u ito genéricas foram sendo descartadas ao

s ib ilid a d e de uma p in tu ra po u co reconhecida. Já a ú ltim a Bienal Nai'f, curada pelo crític o Paulo Klein,

lo n g o do te m p o porque m u lto claram ente revelavam p re co n ­

a m p lio u o con ceito , in clu in d o o a rtista que, a d e sp e ito do ní­

ceitos, co m o cham ar de p rim itiva a a rte da Á frica e dos a rtis ­

vel de esco la rida de e da classe social a que pe rte ncia, tra b a ­

tas a u to d id a ta s . Para estes ú ltim o s, a d o to u -s e m ais la rg a ­

lhava com m ito s e ico no grafia popular.

m e n te o te rm o nai'f, isto é, ingênuo, expressão prim eira m en te

Nesta Bienal co n tin u a m o s exp an­

usada para d e fin ir a obra do artista p o ­

d in d o as relações difíceis de separar

bre e não m u ito le tra do Henri Rousseau,

e n tre a arte d ita nai'f e a arte p o p u la r e

e ta m b é m para d e fin ir a ele p ró p rio . Era

in te n sifica m o s a dissolução de te rr itó ­

alfandegário, uma profissão c o m p le ta ­

rios, acre scen ta nd o a cultu ra visual do

Entre C u itu ra ¿

m ente de spro vida de charm e para os

p o vo e as representações eru d ita s c o n ­

q ue p re fe ria m m o rre r de fo m e a tra ir

te m p o râ n e a s q u e in c o rp o ra m o p o p u ­

sua arte ace itan do aquela espécie de

lar. Esta p ro v a v e lm e n te

e m p re g o . Passado o p e río d o h e ró ic o

não é um a

Bienal da pureza naif, mas da c o n ta m i­ nação, da afirm a çã o de d ife ren te s tes­

d o p rim e iro m odernism o, chegam os ao

Ana A\ae Barbo/sa

a lto m o d e rn ism o , q u a n d o só valiam a

CURADO RA

A rte A bstra ta , o M inim alism o e o Con-

tem u n h o s visuais c o m p ro m e tid o s com

ceitualism o, que q u a n to mais h e rm é ti­

a cu ltu ra do povo. Foram os p rim e iro s m od ern istas que na sua guerra co n ­

co, mais poderoso. Tudo o que era p o p u la r se to rn o u in d e fe n ­

tra o a ca d e m icism o atrib u íra m im p o rtâ n cia e deram v is ib ili­

sável. Reinava o rep úd io à narrativa, à revelação do e n to rn o

dade à a rte da criança, dos loucos, dos índios, dos africanos

d o artista, e até à figura. Para a tin g ir o ideal da “ au tono m ia

e dos a u to d id a ta s, co m o c ó d ig o s cultu rais con stru ídos à

absoluta da obra de arte", pregada p o r C lem ent G rinberg, era

m argem dos valores dom inantes.

preciso abjurar referentes.

Penso até que a arte dos loucos, das crianças e dos in g ê ­

A arte classificada co m o nai'f, que con qu istara au to n o m ia

nuos a u to d id a ta s serviu de m a rke tin g para a obra daqueles

de m e rca d o (e m b o ra em sep ara do da a rte h e g e m ô n ica ) e

a rtistas m odernos. R eclam avam liberd ad e de con cep ção e

atraíra colecio na do res desde os p rim o rd io s d o século XX, es­

criação, lib e rta ç ã o das norm as e, no caso dos expressionistas

b a rrou no p re c o n c e ito dos crític o s de arte, das in s titu iç õ e s

e surrealistas, de fend ia m a expressão da in te rio rid a d e do ser

e dos artistas eru d ito s d o a lto m odernism o.

hum ano co m o gênese da arte. V a loriza r o tra ç o ingênuo dos

Hoje, a situação m udou. Na co n d içã o pós-m od erna , o fe ­

não e sco la riza d o s e a o rd e m o c u lta da a rte das crianças

m in ism o e o m o vim e n to de artistas a fro-a m erica no s resp on­

e loucos era va lo riza r as origens internas da sua p ró p ria arte.

deram à exclusão que lhes im p un ham os círculos dos artistas

[

f

]


com p e d ig re e : retom a ram a narrativa, agora engajada e de

vem sendo de fin id a pela classe social do artista. Para ser Naíf

co n o ta çõ e s críticas em relação à socied ade excludente.

a u tê n tic o é preciso ser pobre, ile tra d o ou ig n o ra n te e a u to d i­

M uitos artistas negros, com o Faith Reingold e A m inah

data? Na socied ade da inform ação, e x ig ir ig no rância para

Brenda Lynn Robinson, apesar de haverem fre q ü e n ta d o uni­

co n firm a r alguém c o m o a rtista em qu a lq u e r c a te g o ria é um

versidade — a últim a te n d o fe ito até m estrado e sendo pro fe s­

paradoxo. Um dos tra b a lh o s escolhidos pelo jú ri este ano, o

sora universitária de Design —, escolheram de lib era da m ente o

“ R a fitin g nas c o rre d e ira s ” , de R ô m u lo Cardozo, d e m o n s tra

co m p o rta m e n to visual n a if com o de m onstração de rebeldia

o acesso que os artistas naífs e populares tê m à inform ação,

contra os valores celebrados pelos brancos. Por o u tro lado, a r­

m esm o em língua estrangeira. A TV a b erta talve z seja, d e po is

tistas afro-am ericanos de to d o o con tine nte am ericano, que

d o rádio, o veículo mais d e m o c rá tic o de com unicação, o fe re ­

trabalham a p a rtir das raízes africanas, freqü en te m en te eram

cen do as mesmas in fo rm açõ es para tod as as classes sociais.

taxados, pela crítica hegem ônica, de naífs e narrativos, Um

Nunca em nossa h istó ria a cu ltu ra do po vo fo i tã o inform ada,

exem plo é Manuel Mendive, de Cuba, sendo que poderíam os

o que am plia sua sig n ifica çã o para a sociedade. É só a te n ta r

c ita r ta m b é m alguns pintores im agistas de Chicago (1945-

para os tem as p o lítico s que inspiram m uitas das obras esco­

1975). O c o n tra d itó rio é que, cham ados de naífs pelos “o u ­

lhidas pelo jú ri desta Bienal Naífs do Brasil [E n tre C ulturas],

tro s ” , fizeram ruir as definições de n a if com o ingênuo e de

O grande núm ero de tra b a lh o s enviados para esta Bienal

“ outsider■” co m o au to d id a ta ou louco, e m uitas outras d e fin i­

— o m aior destes 14 anos e quase 40% m a io r do que na ú lti­

ções excludentes, lim itantes, determ in ante s de te rritó rio s d e ­

ma Bienal — d e m on stra a eb u liçã o cultu ral d o povo. É bem

m arcados co m o guetos. Ray Yoshida, p o r exemplo, afirm ou

verd ad e que con corre u para esse a u m e n to a am p lia çã o do

várias vezes que não fazia distinção entre arte triba l, folk, ver­

esco po da com p etiçã o, co n vo ca n d o não apenas os artistas

nacular, nai'f ou “o u ts id e r” . É im p o rta n te n o ta r que sua posição

naífs, mas ta m b é m os populares que se sabem não ingênuos.

não era sequer binária, os artistas distin to s de um lado e os

Mas a c re d ito que a in fla çã o de in scrições e a boa q u a li­

sem distinçã o do outro, pois afirm ava que se era para consi­

d a de d o desenho e da p in tu ra se devem p rin c ip a lm e n te à

derar os ou tside rs em separado deviam -se incluir entre eles

dissem in açã o de experiências de a p ren diza ge m de a rte en ­

V incent Van Gogh, A uguste Rodin, Edvard Munch e o artista

tre o po vo através das ONGs em to d o o Brasil e p rin c ip a l­

japonês Sharaku tam bém . Para ele, era a visão pessoal intensa

m en te das O ficinas de A rte m u ltip lica d a s pe lo E stado de

em beb ida numa poderosa e inventiva form a visual que carac­

São Paulo, d o m ic ílio de quase m e ta d e dos in scritos. V eri­

terizava a arte dos “ o u tsid e rs” . O jú ri da Bienal Naífs do Brasil

fica m o s isso a p a rtir dos cu rrícu lo s dos p a rticip a n te s, leitura

[E n tre cu ltu ra s] op ero u com os valores de Yoshida. O que

que nos inspirou o desejo de pe squ isar o universo dos a rtis ­

p ro cu ro u va lo riz a r fo i a exuberância da im a gin açã o c o m b i­

tas populares, de saber co m o eles d e sco b rira m a A rte , que

nada com uma construção visual convincente. O le ito r há de

estím ulo s receberam das in stitu içõ e s de suas cidades, co m o

co n co rd a r que m uita pintura dita na'íf é rebarbativa pela p e r­

avaliam sua a tiv id a d e a rtística, que con sciê ncia tê m acerca

sistente recorrência a festas de São João e a casam entos na

d o que precisam para se a p rim o ra re m . Respostas precisas a

roça, e que m uitos pintores acadêm icos e até expressionistas

essas pe rg u n ta s seriam úteis às po lítica s pú blicas para que

enveredam pelo naíf para d iversifica r pro du ção e m ercado.

atingissem , além da e lite p rivile g ia d a de sem pre, ta m b é m

Por o u tro lado, é classista o req ue rim en to de au tenticida de

um p ú b lic o e um p ro d u to r. A p e sa r do e fe ito p o s itiv o da e d u ­

para se va lo riza r a A rte Naíf, uma vez que esta a u te n ticid a d e

cação na p ro d u ç ã o a rtística do povo, no que d iz re sp e ito à

[ 10 ]


a rte n a if a a p re n d iza g e m da A rte é abjurada. Por que os

flu ê n cia em nosso im a g in á rio é d ire ta e alicerçante, m esm o

nai'fs não tê m d ire ito a se ap rim o ra re m no c o n ta to uns com

nas mais longínquas cid ad es do in te rio r o n de haja recepção

os o u tro s nem m esm o em o ficina s educacionais? Não se tra ­

de TV. Temos d ire ito de negar ed uca ção a um jo ve m com a

ta de fo rja r nai'fs, o que é absurdo, verdadeira de sonestidade

p re te nsã o de pre serva r sua suposta a u te n ticid a d e ?

cu ltu ra l e velhacaria co m o m anobra com ercial, mas é ta m ­

Q uando vi as im agens que os artistas eleitos pe lo jú ri p ro ­

bém p re co n ce itu o sa a m aneira co m o foi vista a Escola do

duziram , aprese ntara m -se -m e m uitas questões co m o essas.

P iram bu dos ajud ante s-a lu no s de Chico da Silva. E nq ua nto

Haverá resposta para elas?

eles p in ta va m os esboços e até p ro d u zia m to d a a im agem ,

Uma coisa é certa. A m u ltic u ltu ra lid a d e brasileira se evi­

ca b e n d o ao m estre apenas re to c a r e assinar seu p ró p rio

dencia nesta Bienal, pois te m o s e n tre os p a rtic ip a n te s e q u ilí­

nom e, o m e rca d o fe ch o u os olhos. Q ua n d o os a jud ante s-

b rio de gêneros e d ive rsid a d e de etnias levando a diferenças

alunos passaram a p ro d u z ir in d e p e n d e n te m e n te do m estre,

m arcantes de pro d u çã o visual.

m o s tra n d o uma co n stru çã o pessoal, o de spre zo que lhes foi

Por o u tro lado, a e xp osição de ob ras escolhidas p o r

d a d o pela e lite im p e d iu que eles se desenvolvessem e se

m im , pelos cura do res a d ju n to s e co n su lto re s está m arcada

torna ssem mais in d e p e n d e n te s ainda. Será que nas u n ive rsi­

pe lo ideal de in te rc u ltu ra lid a d e g e ra d o r d o títu lo [E n tre

dades q u e p ro d u ze m a rtista s e ru d ito s o processo de a p re n ­

C u ltu ra s], que o d e sig n e r V ic to r B u rto n m e a jud ou a definir,

d iza g e m é m u ito d ife ren te ? Quase sem pre os alunos são es­

e ao qual, p o r p u ro desejo de reite raçã o, acre scen te i Ma­

tim u la d o s a seg uir a m esm a d ire çã o d o p ro fe sso r d o p o n to

triz e s Populares, de que falarei m ais a d ia n te em o u tro lu ga r

de vista da lin g u a g e m e a té do s m ateriais. F re q ü e n te ­

do c a tá lo g o .

m ente, de um a tu rm a de 20 alunos de A rte s Plásticas na

Em bora a m uralha e n tre o e ru d ito e o p o p u la r ainda p e r­

U niversidade, apenas cin co c o n q u ista m in qu estion áve l in d e ­

dure apesar de da n ifica d a pelo pós-m od ernism o, fica cada

pendência, e destes som e nte dois alcançam sucesso de m e r­

vez m ais d ifíc il se p a ra r os "s u b te x to s ” p o p u la re s, sep ara r

cado, se g u n d o resu ltad o de esta tística am ericana que li em

a arte d ita naif, da arte popular, da cu ltu ra visual d o po vo e

uma revista de A rte. No Brasil ning uém se arriscou a p e sq u i­

da arte e ru d ita que busca referentes populares.

sar o n d e estão os egressos dos cursos u n ive rsitá rio s de

A g ra d e ço ao jú ri que selecionou os artistas p a rticip a n te s

A rte s Plásticas. Por o u tro lado, c o m o lem bra R o b e rto G alvão

da exp osição co m p e titiva , Maria Alice, Maria Lúcia e Oscar,

no c a tá lo g o da exposição C hico da Silva e a Escola do Piram ­

pela clareza nas decisões e pela aliança com as idéias d o p ro ­

bu (ja n e iro 2 0 0 6 ), os m od elos europeu e n o rte -a m e rica n o

je to cura to ria l.

ab u n d a m no ensino de A rte u n ive rsitário , de Lé ge r a A nselm

Pelo d iá lo g o e n riq u e ce d o r a g rad eço a V ic to r B urton.

K ie fe r e de Tunga a Ernesto Neto. Por que os po bre s que não

A o SEÇC devo o co n vite para esta aventura co g n itiva , o

p o d e m fre q ü e n ta r a un ive rsida de não tê m d ire ito a eleg er

ap o io para sua co n cre tiza çã o e o carinh o com o qual fui tra ­

seus m o d e lo s inspiradores? Fica a pe rgu nta: O que é a e d u ­

tada num m o m e n to m u ito d ifícil de m inha vida pessoal.

cação pela a rte de um jo ve m nai'f? A in d a a cre d ita m o s na v ir ­ g in d a d e expressiva? V ivem os cercados de im agens, cuja in ­

A N A M A E B A R B O S A É A R TE -E D U C A D O R A .

[ 11 ]



//

a b er se p o d e cham ar-se p o p u la r ao que é c ria ­

Em oposição ao te rm o Arte, com A m aiúsculo1, en con tra­

d o pelo po vo ou à q u ilo que lhe é d e stin a d o é,

mos os term os arte na'if, arte popular, ínsita, etc., fre q ü e n te ­

pois, um falso pro blem a. Im p o rta antes de mais

m ente ligados a m anifestações e produções da criação do

nada id e n tific a r a m aneira co m o se cruzam e se

povo. Os conceitos de prim itivo, ingênuo, marginal são usual­

im b rica m d ife re n te s form as c u ltu ra is ” . (C hartier,

m ente ligados à arte po pu lar e seus desdobram entos e con cor­

1990:56)

rem para situações de exclusão, violência e anomalia. Parecem

O m ote entre culturas desta 8 â edição da Bienal Naífs de

nom enclaturas inocentes, mas revelam form as de opressão, de

Piracicaba é instigante e pe rtine nte para o m om e nto atual, em

colonização. Situam -se à m argem , atrelados à noção de p o p u ­

que d iscutim o s pós-colonialism o, hibrid ism o e de sterritoriali-

lar ou da extensão do caráter de m arginal e de periferia.

zação cultural, conceitos de ntre m uitos outros que passam a

C o nve ncio na lm en te , d e fin e -se o c o n c e ito de p o p u la r a

fazer parte do re p e rtó rio de autores nas mais diversas áreas do

p a rtir das suas diferenças em relação ao que não é popular,

conhecim ento. De acordo com o folder,

a saber, a lite ra tu ra e ru d ita e letrada, a

a Bienal Nai'fs do Brasil 2 0 0 6 pretende

arte fe ita e encenada em espaços o fic i­

ser um te rritó rio fé rtil de idéias e rico em

Linhar de FiMao

produção, d ifu n d in d o assim a diversida­ de cultural do povo brasileiro. Entendo que esta mesma busca pela diversidade esteve presente na edição de 20 0 4 . O

com base na tradição culta etc. (Chartier,

a Ingenuidade Revi/sitada

cura do r Paulo Klein, no te x to de a b e rtu ­

1 9 9 9 :5 5 ) .

E m b o ra

c o n te m p o rá n e a ­

m e n te essas op osições sofram reavalia­ ções e d e scon stru çõe s p o r vários ca m ­ pos teó ricos, po d e m o s d ize r que ainda

ra do catálogo, assume o desejo de “ sa­ cud ir o cenário cultural” num evento que,

ais, até m esm o o c a to lic is m o o ficia l

Leda G uim arães

com certeza, se configura num dos bas­

CURADO RA -A DJU NTA

perdura um m o d e lo b iná rio de d is tin ­ ção cultural. M arginalidade é um co n ce ito que,

tiões para que a produção n a if tenha

em oposição à norm a culta, mas ta m ­

c o n s e g u id o id e n tid a d e e v is ib ilid a d e no ce n á rio a rtís tic o

bém em op osição à sociedade, é ap lica d o àqueles que vivem

nacional e internacional. Sigo na mesma direção da ênfase na

à m argem dela, indica g ru p o s díspares, tais com o prim itivos,

diversidade para re fle tir sobre conceitos de n a if e de popular

alienados e até m esm o crianças, mas reunidos sob um a m es­

contam inados. Para tanto, revelo desde já minha adesão teórico-

ma id en tidad e, qual seja, os periféricos.

conceitual à pro po sta da curadoria da m ostra de 20 06 :

Neste te xto , não p re te n d o revisitar a con cep ção de n a if

“ Sugiro para esta Bienal a incorporação do te rm o ‘entre

nem faze r uma revisão h istó rica te n d o o D o ua nie r Rousseau

culturas’ para continuarm os expandindo as relações entre arte

co m o m arco do su rg im e n to do term o. M uitos já o fizeram .

naíf, arte popular, cultura visual do povo e as representações

Meu in te n to é ressaltar que no sécuio XX, de fo rm a pro g re s­

eruditas que incorporam o popular. Esta provavelm ente não

siva e p o r d ife ren te s m eios, instâncias de le g itim a çã o e d is­

será uma Bienal da pureza naíf, mas da contam inação, da a fir­

tinção, fo ra m sendo criadas para uma a rte “ p e rifé ric a " em

m ação de diferentes testem unhos visuais co m p ro m e tid o s com

m oldes não m u ito dife ren te s dos da cham ada a rte “ eru dita ".

a cultura do nosso po vo” . (Barbosa, Ana Mae. Folder de d iv u l­

Na co n stru çã o de uma a rte que fo i e con tinu a sendo co n si­

gação da 85 Bienal Naíf de Piracicaba).

derada de m en or valor, c rité rio s in te rno s são estabelecidos

[ 13 ]


para cria r cate gorias valorativas hierárquicas que, a p a re n te ­

em pequenas co m u n id a d e s — to d a s fo ra m usadas para re ­

m ente, não po de m ser d iscutid as num m esm o pacote.

fe rir a arte popular. Revelam a im p o rtâ n cia da atuação da

Assim, tem os as variadas ten ta tivas de diferenciação de

Missão F olclórica Brasileira en tre as décadas de 4 0 e 60, para

n a if do popular, do ingênuo, do prim itivo, do louco do hospicio,

a sistem a tizaçã o da pesquisa sobre arte e c u ltu ra p o p u la r no

das crianças. Quais as aproxim ações possíveis entre a arte dos

Brasil. Os fo lclo rista s tive ra m um papel d e cisivo na in s titu c i­

pacientes de Nise da Silveira e a arte “ ingênua” dos artistas

onalização de museus e m ostras de a rte popular, fo rm a n d o

apresentados po r Lélia Coelho Frota? Que situações com uns

um cam p o esp ecífico para pro du ções do gênero.

poderiam existir entre os artistas nàifs e os pacientes do

A exem plo da cham ada arte erudita, a c u ltu ra po p u la r

Hospício do Engenho de Dentro? Seriam to d o s autodidatas?

ta m b é m en tra para um c irc u ito de connaisseurs. Museus,

Quais as características de uns e de outros? M uitos já d is c u ti­

galerias, ca tá lo g o s e m ostras in dividu ais co n s titu e m esse

ram term in olo gias e questões conceituais, ora reforçando as

cam p o oficial do popular. Se prestarm os ate n çã o aos textos

diferenças de cam po, ora te n ta n d o esclarecer equívocos quan­

p ro d u zid o s sobre o assunto, verificarem o s que as idéias ba­

to ao uso indevido ou incorreto de um te rm o ou de outro.

silares são as de estudiosos com o Frota, Valladares, Jacques

A cre d ito que o te rm o “en tre cultu ra" está além dessa revi­

Van de Beque e Janete Costa, d e n tre outros.

são conceituai e coloca a discussão no utro patam ar: o de flu ­

Fazem p a rte desse circu ito : teó ricos, livros, artig os, casas

tuação entre os conceitos, en tendidos com o construções his­

de cultura, de acervos pa rticulares a museus, e m ostras com o

tóricas que partem do olhar d o dom inador. Tal discussão, creio,

a Bienal Na'if. Assim , pares conceituais de op osições binárias

é im p o rta n te até m esm o para o fenôm eno que quero ressaltar

não se sustentam . O de safio é perceb ê-lo s co m o n e g o cia ­

aqui: o da con stituiçã o de um cam p o — o do popular, ou do

ções que se dão num jo g o sutil de ap rop riaçõ es, de reem pre-

n a if — não exatam ente um cam p o a margem, mas um cam po

gos, de desvios que se apóiam e se excluem . Q uestionar a ingenuidade atribuída às m anifestações da

próprio, que internam ente tem centro, m argens e periferia. O rtiz d iz que “a discussão so b re c u ltu ra p o p u la r re fo rç a

cultura do povo im plica ressaltar trânsito s e con tágios com

a dim e n sã o da separação, segregação, h e te ro g e n e id a d e "

a cultura eru dita e de massa, com os quadrinhos, com o c ó d i­

(2 0 0 0 : 37). A separação im p lica na con cep ção d o “ o u tro ” .

go escrito, com ou tro s artistas, com o p ró p rio co n ce ito de n a if

As m anifestações populares são recolhidas do c o tid ia n o para

ou popular. Da parte dos artistas populares, há, p o r exemplo,

serem

au têntica .

a apropriação da discussão conceituai entre “ artista e artesão” ,

P aradoxalm ente, os con ceito s de pureza e a u te n tic id a d e fo r­

“ arte e artesanato” , “cópia e o rig in a l” , entra nd o no seu reper­

m ulados p o r in te le ctu ais instauram ta m b é m um cam p o sa­

tó rio questões discutidas na academ ia ou paralelas a esta.

preservadas e sob reviverem

de fo rm a

g ra d o para a p ro d u çã o popular. Eles rep ercu te m ainda as

Nesta pe rspe ctiva, já não fazem se n tid o o p u rism o dos

pre ocu paçõ es m anifestas na Carta do F olclore da A m érica

te m p o s de H erder e G rim m nem a a titu d e passiva das m as­

Latina de 1970, que revelam a pre ocu paçã o com o desapare­

sas em relação à Ind ústria cultu ral, ta m p o u c o um a o p o siçã o

cim e n to das tra d içõ e s populares.

fro n ta l ante a c u ltu ra eru d ita . Os c ru za m e n to s que fo rm a m

Essas pre ocu paçõ es estiveram presentes nas políticas

as ligas cu ltu ra is são co m p le xa m e n te in co rp o ra d o s uns aos

cultu rais do Estado nas décadas de 70 e 80. De um a m an ei­

ou tro s. Para C h a rtie r "to d a s as no rm as cu ltu ra is nas quais os

ra geral, vem os que noções co m o au te n ticid a d e , e sp írito do

h is to ria d o re s reco nh ecem a cu ltu ra do p o v o su rg e m sem pre,

povo, não-relação com o m ercado, iso lam e nto da pro d u çã o

hoje em dia, co m o co n ju n to s m istos que reúnem , um a m ea-

[

K ]


da d ifíc il de desem baraçar, e lem e ntos de o rlg e n s b a stante

valoriza do s na p e rspe ctiva da pó s-m o d e rn id a d e . É p o r essa m esm a ó tic a que a discussão sobre cu ltu ra v i­

diversa s" (1990: 56). Hoje, já não cabem , p o r um lado, o viés esquerdista p o p u ­

sual se c o n s titu i em um valioso cam p o de in te rlo cução , pois

lar que procurava maneiras de "re sg u a rd a r” a cultu ra p o pu lar

considera as c o n trib u içõ e s da a n tro p o lo g ia , da história das

da c o n ta m in a çã o e da vu lg a riza çã o da m ídla e, p o r o u tro

m en ta lid a d e s, da p sico lo g ia e psicanálise, dos estu dos c u l­

lado, o vlés d o discurso nacionalista p ro m o ve n d o as form as

tu ra is e p ó s-co lo n la ls, fo rm a n d o um fe ixe tra n s d is c ip lin a r

populares co m o id e n titá ria s de um Brasil tra d icio n a l. Tanto

para a pe rcep ção de situações en tre cultu ras, e n tre fro n te ira s

pro po sta s u tó p ica s da esquerda q u a n to ufanistas da d ire ita

co m o a desta 8 1 edição da Bienal Naífs de Piracicaba. E xperiências de fro n te ira s im p lica m em passagens, na

tê m um ar redentor. A discussão sobre a cultu ra e a arte do p o p u la r na con-

po ssib ilidad e de en tra r e sair de lugares, em ir e voltar. Os

te m p o ra n e id a d e pe rm ite -n o s con sid erar reconhecim entos e

cru za m e n to s tra n s c u ltu ra is e as e xp eriências d iasp órlca s

reconstruções identitárias, form as de d o m in ação do d o m in a ­

acontecem d© várias form as na co n tem po ran eid ad e. A cultu ra visual d o povo é transversal, intra e inte rcultu ral.

do e diferentes m od os de con stru ção de en con tro s culturais. C o n tra ria n d o to d a s as con stru çõe s con ceitu ais ao lo ng o

H íbrida p o r natureza, abarca um am p lo leque de m an ifesta­

da historia, as cham adas tra d içõ e s “ puras” (a da cu ltu ra p o ­

ções de a rte — design, m oda, arq uite tu ra, objetos, danças, ri­

pu la r e a da c u ltu ra e ru d ita ) vêm -se d ilu in d o paulatinam ente,

tuais e festas — nas quais oco rrem subversão e interação com

às vezes m istu ra n d o -se en tre si, e tra n sfo rm a n d o -se ao lo n­

ou tro s cód ig os, co n flito s estéticos, bricolagens, rea pro pria -

go do processo, ge ra n d o uma m u ltip lic id a d e de form as —

ções e relelturas, num ritm o sem fim de invenções e tradições.

ta n to orais q u a n to escritas e, fina lm e nte, e letrôn icas — e c ir­

D ado que to d a cultu ra é fragm e ntad a, nenhum a fo rm a

culan do pelas várias cam adas sociais dos países europeus e

a rtís tlc o -c u ltu ra l p o de ser vista com o to ta lid a d e . O e sfo rço é

la tino -am ericano s. No entanto, c ó d ig o s de “alta c u ltu ra ” são

para evita r-se uma visão essencialista, s itu a n d o a pro d u çã o

p e rm a n e n te m e n te reelaborados para a m an uten ção de id e o ­

do po vo na esfera do exótico. U tiliza r op era ções de descons-

logias das classes dom inantes.

tru ç ã o não sig nifica elim in ar ou re fu ta r c ó d ig o s já instituídos,

Se os cam p os cultu rais se h ibrid iza m , as relações sociais

mas sim, a tin g i-lo s transve rsalm ente com ou tro s c ó d ig o s c u l­

co n tin u a m c ria n d o distinções. Q uando a obra de um artista

turais em pro po sta s m ulti, inter, transcu ltura is e in te rte xtuais.

co m o Bispo do R osário é com p ara da aos re a d y-m a d e de

A arte, ou a cu ltu ra do povo, não é fixa e rep rese ntativa de

D ucham p, o c o rre a le g itim a çã o a rtística em fa vo r do c ó d ig o

uma cultu ra nacional estanque. A b rig a diásporas, estranha-

com status mais forte.

m entos, alteridades, reelaborações id e n titá ria s no c o tid ia n o

Precisam os de várias po rta s de acesso para c o m p re e n d e r

e nas tra d içõ e s pe rm a n e n te m e n te redesenhadas.

com o, ao lo n g o do século XX, os e n tre cru za m e n to s de in ú­ m eros cam inh os te ó rico s coloca ram a cu ltu ra p o p u la r num

1 “ Para G om brich, a arte é fru to do trabalho do artista, do humano ‘dese­ jo de fazer’, desencadeado por m otivações m uito diferentes, em tem pos

lugar de enunciação na com p ree nsão de cultu ra e co n h e ci­

e lugares diferentes, e assim, a A rte com A m aiúsculo não existe, é um fe ­

m ento. As m icro -histórias, a histó ria vista de baixo, o co n h e ­

tiche.” (Losada, 1996, p.5)

cim e n to c o tid ia n o , a esfera dom éstica, os traba lh os manuais, o afeto, as relações com u nitá rias e a eco lo g ia estão sendo re­

LEDA GUIMARÃES É AR TE-ED U C A D O R A .

[ 15 ]



A

cu ra do ra Ana Mae Barbosa faz um desa­

ser vistas co m o m anifestações d is tin ta s dos o u tro s tip o s de

fio ao a p rese ntar a p ro p o s ta da Bienal

arte (e ru d ita , clássica, etc.). Essa d ife re n ça é re su lta d o das

Naífs do Brasil 2 0 0 6 : Entre Culturas. Ela

de sig ualda des e dos c o n flito s existentes e n tre os g ru p o s so­

p ro p õ e a inclusão da p ro d u çã o dos a r­

ciais. A tu a lm e n te , é fá cil p e rce b e r a de svaloriza ção , p o r p a r­

tista s dos seg m en to s à m arg em ou de

te dos g ru p o s do m in antes, das cu ltu ra s não hegem ônicas; e,

p ro d u to re s in d ivid u a is que não po de m

m esm o que não se tenha consciência dessa desvalorização,

ser e n q u ad ra do s no le ito plan o das artes realizadas c o n fo r­

ela re fle te po sicio n a m e n to s po líticos. Para faze r fre n te a essa situação, devem os te r em m ente

m e os valores de re co n h e cim e n to e ace itaçã o geral. Desafia

a d e rru b a d a dos p re co n ce ito s excludentes, das p re o c u p a ­

que to d o s os g ru p o s e in d ivíd u o s possuem o d ire ito de de-

ções com pe cad os de o rig e m e con vid a para o a la rg a m e n to

senvolverem -se e expressarem -se de m o d o in de pen de nte;

dos conceitos, e lim in a n d o as falsas barreiras e n tre p o p u la r

que inexistem m od os expressivos universais e que é in ace i­ táve l q u a lq u e r tip o de avaliação que

e eru d ito . É a perm issão de e x p lic ita r in fluê ncia s;

estabeleça s u p e rio rid a d e s e n tre m an i­

de libera r o co n fro n to ; de apresentar

festaçõ es e p ro d u to s cultu rais. A des­

h ib rid is m o s ;

de

m o s tra r

MARGARIDA

LEDA KANCIUKAITIS PANDOLFO

E OSGÊMEOS, A MOÇA, A BORBOLETA

E O QUERUBIM

(DETALHE).

problem as; de a b rir discussões; de a b rir espaços para o reco nh ecim e nto de p ro ­ duções g e ralm e nte excluídas.

O C o n f iit o E ntre C u ítu ra /i

va lo riza çã o de alguns tip o s de a rte é uma m an ifestaçã o da existência e do e stá g io em que se e n co n tra a luta pela

O e n te n d im e n to de q u a lq u e r p ro ­

im p o siçã o de valores esté ticos, o que,

d u ção a rtística pressupõe, en tre outras

em essência, é um a d isp u ta en tre g ru ­ pos sociais pela im p o s iç ã o dos v a lo ­

coisas, a sua co n te xtu a liza çã o , a c o m ­ preensão dos valores que in te rfe rira m e

R o b e rto Gaxvão

res em que a cre dita m .

CU RA DO R-AD JUN TO

po ssib ilita ra m o seu su rg im e n to . C om o

É cla ro que os g ru p o s do m in a n te s

e n te n d e r a p ro d u çã o a rtística de se g ­

p ro cu ra m m a n te r e re p ro d u z ir os seus

m en to s sociais ou de pessoas que se en co n tra m à m argem ,

privilé g io s. Para ta n to , tê m que d e te r a p ro p rie d a d e dos

fora das e stru tu ra s sociais, excluídos, in te n cio n a lm e n te ou

m eios de p ro d u çã o e de a p ro p ria çã o da m ais-valia cultu ral,

não? A a rte ta m b é m pressupõe um c e rto d o m ín io té c n ic o e

c o n tro la r os m eca nism o s de re p ro d u ç ã o m a te ria l e s im b ó ­

o c u m p rim e n to de algum as regras de um cânon e s té tic o do

lica da fo rça de traba lh o, bem co m o os das relações de p ro ­

te m p o em que se dá a p ro d u çã o a rtística. Mas sabe-se que

dução, e ainda os m ecanism os c o e rcitivo s.

estas regras, geralm e nte, são im postas. Então, co m o ve r a

Nesse processo os gru po s he ge m ônicos utilizam -se de

a rte daqueles que, p o r q u a lq u e r m o tivo , não fo ra m ple n a ­

tu d o o que fo r possível: meios de com unicação, escolas, m u­

m en te a tin g id o s pelos m od elos ed uca cion ais form ad ore s?

seus, to d o s os espaços culturais. Esses e q uipam e ntos p ro d u ­

A p a rtir d o pe nsa m ento de N e sto r G arcia C anclini1, en­

zem estruturas e hábitos estéticos, e, con seqüentem ente, p rá ­

te n d e m o s as artes naífs, ou q u a lq u e r o u tro nom e que se

ticas de aco rdo com os interesses dos dom inantes. Todavia,

dê a esse tip o de pro d u çã o artística, co m o um in stru m e n to de

devem os im aginar que os g ru p o s sub alte rnos desenvolvem

compreensão, reprodução e transform ação social de um d e te r­

m od os de resistência e form as específicas de rep rod ução dos

m in a d o s e g m e n to social ou m esm o de in divíd uos, p o d e n d o

seus saberes, arte e cultura, processo que, de c e rto m odo,

[ 17 ]


co n stitu i-se numa luta peia dom inação. É im p o rta n te perce­

Num p rim e iro g ru po , reuniríam os os a rtista s que, tra b a ­

be r que, m esm o sem estar nos registros, existe uma pro du ção

lh an do com e ru pçõ es das im agens fixad as na nossa m ente,

estética que foi e é c o tid ia n a m e n te descartada da história das

na p ro d u çã o de obras essencialm ente re p re se n ta tiva s da

artes: a das cam adas mais populares.

c u ltu ra do povo, exp rim em , com valores p ró p rio s, um a re a li­

Nesse fio c o n d u to r som os levados a co m p re e n d e r de fo rm a m ais efe tiva a p ro d u çã o a rtística dos g ru p o s e in d iv í­

da de in te rn a a to d o s nós, não n e cessita nd o de um m u n d o à parte, e faze n d o da a rte um flu x o da vida.

duos que não estão in te g ra d o s às e stru tu ra s sociais e sta b e ­

Num se g un do g ru p o estariam aqueles que p o r q u a lq u e r

lecidas na atu alidad e. Mas não é sim ples a a b o rd a g e m e

m o tivo , e n tre eles a in ge nuida de, buscam sin to n ia com os

c o m p ree nsão desses universos cu ltu ra is d ia n te dos c o n d i­

valores d o m in a n te s e p ro d u ze m um a a rte dista nte, m eio

c io n a m e n to s ou id eo log ia s que agem sob re os g ru p o s so c i­

sem técn ica, m eio sem alma.

ais e suas m anifestações artísticas, s o b re tu d o se se tra ta r de

Um te rc e iro g ru p o seria o das m an ifestaçõ es artísticas

p rá tica s que a p a re n te m e n te são elaboradas a p a rtir de so­

realizadas sem as pressões e c o n d ic io n a m e n to s do c o n h e c i­

nhos, de negações do real e do presente, da busca de u to p i­

m e n to té c n ic o -e ru d ito : o de tra b a lh o s in gê nuo s e cria tiv o s

as en volta s em mil e um a e straté gia s de re tórica. Elas p a re­

que reg istram e re fle te m a sab ed oria popular. Um su b g ru p o

cem te r vid a e m esclar-se, m esm o sendo c o n tra d itó ria s .

reuniria artistas — que p o d e ria m ser co n sid erad os um a fra u ­

São ob ras a p a re n te m e n te in gê nua s e cria tiva s, q u e re ­

de — em busca de um m erca do m o v id o pelo lucro. Eles exe­

g is tra m o un ive rso d o povo, re fle tin d o sua sab ed oria . Mas

c u ta ria m tra b a lh o s de aparê ncia ingênua, re g is tra n d o fo l­

será qu e po de ría m os, rea lm en te, cla ssifica r esses a rtista s

g u ed os tra d ic io n a is e festas populares, d ife re n te m e n te da

de in gênuos? Ou será qu e a in g e n u id a d e é nossa ao q u e re r­

sua expressão p ró pria , com o o b je tiv o m era m en te d e c o ra ti­

m os an alisar os seus p ro d u to s a p a rtir de valores que não

vo. Na h istó ria de vida de m u ito s artistas populares, po de -se

são os deles? Será que eles se s e n tiria m im p u ro s se tiv e s ­

p e rce b e r a m utação, o d e slo ca m e n to de uma p o siçã o inicial

sem um p e rfe ito d o m ín io das té c n ic a s em p re g a d a s pelos

“ ge nu ín a” para um d e sm e d id o m an eirism o em p o u c o te m p o

a rtis ta s e ru d ito s?

de exercício da profissão,

Um c o m p lic a d o r a mais nessa busca é que alguns a rtis ­

Poderíam os im a g in a r vá rio s o u tro s se g m e n to s de p ro ­

tas com fo rm a ç ã o re g u la r e s o cia lm e n te in te g ra d o s tê m in ­

d u ção artística, mas aqui um a qu e stã o deve ser coloca da:

c o rp o ra d o nas suas p ro d u çõ e s valores e sté tico s de g ru p o s à

p o r que seria fra u d u le n ta a p ro d u ç ã o realizada na te n ta tiv a

m arg em ou de artistas que não seguem os cânones esta be­

d e a tin g ir um m ercado? Buscar a tin g ir um m e rca d o é alg o

lecidos. As várias de no m ina çõe s e m p reg ada s na busca p o r

fra u d u le n to ? Ou é fra u d u le n to apenas para pessoas das

a p re e n d e r a a rte destes seg m en to s (naíf, p rim itiv o , ínsito,

classes subalternas? Por que o a rtis ta p e rd e ria a g e n u in id a -

popular, e tc ) parecem não co n se g u ir c o n te r a larga ab ra n ­

de ao p ro d u z ir para o m ercado? Será que fra u d u le n to não

gência e a m u ltip lic id a d e de faces que estas p ro du ções a rtís­

é, isso sim, o pro cesso eco n ô m ico ? E so b re a “ p u re za ” do

tica s ad qu irem . Todas as denom inações, até o m om e nto,

a rtista : seria v e rd a d e ira m e n te possível um a rtis ta puro?

tê m sid o insatisfatórias.

C o m o se dá a tra n sfe rê n cia ou tro c a de c o n h e c im e n to no

Nessa p ro d u çã o excluída po de -se p e rce b e r a existência

â m b ito das artes? Será que existem a rtista s sem in fluê ncia s

de vá rio s seg m en to s dos quais vam os c ita r apenas os que

e xte rn as ao seu universo? O que seria esse m u n d o d o a rtis ­

con sid eram o s mais s ig n ifica tivo s.

ta? C o m o p o d e m o s m ensurá-lo? Luis Felipe B aêta Neves

[ 18 ]


d iz q u e o e sta d o “ n a tu ra l, pu ro, virg e m " nunca existiu. O

m o te m p o , a a rte é m o d o de s o b re vivê n cia eco n ô m ica ,

p ro d u to a rtís tic o sem pre é "o re s u lta d o de um feixe de d e ­

te m que se in se rir num m erca do , na m aioria das vezes não

te rm in a n te s h is to ric a m e n te dados, e que não conhece q u a l­

m u ito a c o lh e d o r nem ju s to q u a n to à re ce p çã o dos p ro d u ­

q u e r m o m e n to o rig in a l"2. A c re d ita m o s qu e a p re o cu p a çã o

to s a rtístico s.

co m g e n u in id a d e de obras artísticas, p rin c ip a lm e n te das

Por Isso a Bienal Nai'fs B rasileiros é um p o n to de re ­

o riu n d a s das cam adas mais populares, é um processo que

sistên cia e se co lo ca c o m o um exe rcício de lu ta co n tra v e r­

pro cu ra d e slo ca r o fo c o da q u e stã o v e rd a d e ira m e n te c e n ­

da de s esta b e le cid a s e p riv ilé g io s . Q ue stiona a le g itim id a d e

tra l na anállse das obras de arte: urna crític a interna, re a liza ­

de valores que são úte is às e stru tu ra s d o m in a n te s que m a n ­

da a p a rtir da p ró p ria obra.

tê m a h e ge m onia de alguns valores cultu rais. Procura d e s­

Talvez a op ção pela divisão em g ru p o s ou sub gru pos seja

m o n ta r Idéias q u e se fazem passar p o r fo rm a s co rre ta s e

um m o d e lo que não satisfaça, não consiga ap reender a reali­

naturais do d e se n v o lv im e n to cu ltu ra l, e n c o b rin d o a rb itra ­

dade. Talvez tenham os que assum ir a plura lid ade de po ssib i­

riedades, o c u lta n d o a vio lê n cia a u to ritá ria na Im posição

lidades, sem hierarquias, que ace itar as artes com o algo vivo

dos valores, d e sq u a lifica n d o , e v ita n d o o c o n fro n to e “ es­

que se ju nta, separa, aproxim a, afasta, que interfere, Influen­

q u e c e n d o " de in clu í-lo s em c o m p ê n d io s, m ostras ou c o le ­

cia e é influenciado, m utante. Por que não a ce itar a m u ltip li­

ções. Por isso a Bienal p rio riz a m an ife sta çõ e s não s in to n iz a ­

cid ad e de posições que o a rtista po de assum ir no decurso de

das co m

sua vida e m esm o no d e sen volvim en to de sua obra? Por que

d o m in a n te s. Por isso a Bienal Nai'fs d o Brasil 2 0 0 6 exp õe o

o artista não p o de reg istrar o universo do povo, re fle tir as sa-

c o n flito [E n tre C u ltura s],

as visõ es

e Interesses

e s té tic o s

dos g ru p o s

be do rlas populares, buscar a tin g ir um m ercado e, ao m esm o tem po, estas m anifestações serem erupções de im agens que

1 CONCLINI, Nestor Garcia. As Culturas Populares no Capitalismo.

São

Paulo: Brasiliense, 1983.

sim bolizam , em essência, a cultu ra do seu povo?

2 NEVES, Luis Felipe Baeta. A noção de “A rte Popular” : Uma crítica an tro­

S abe-se que é na a rte qu e os a rtista s e n c o n tra m re fú g io

pológica. In: Rev. Ciências Sociais, vol. VIII, N 1-2, 1977. p. 203.

e fo rça . A a rte é escu do e arm a no c o n flito das c u ltu ra s que, c o tid ia n a m e n te , são o b rig a d o s a en fre ntar. A o m es­

ROBERTO GALVÃO É ARTISTA PLÁSTICO E HISTORIADOR DA ARTE.

[ 1? ]



A

p ro p o s ta de in c o rp o ra r o te rm o [E n tre

qu estionados, p o de d e m a rca r uma m o vim e n ta çã o de bens

C u ltu ra s ],

Mae

sim b ólicos que, em princípio, assum e um a única direção, uma

Barbosa, cu ra d o ra da Bienal Naífs do

vez que, em geral, apenas o a rtista tld o co m o “ e ru d ito ” tem

Brasil 2 0 0 6 , m o tlv o u -m e a elab orar um

fa cilid a d e em acessar os có d ig o s da a rte popular, não o c o r­

pensa m ento que tlvesse c o m o p o n to de

rendo a m esm a fa cilid a d e de assim ilação qu a n d o o m o v i­

p a rtid a o p ro p ó s ito da p ró p rla curadora

m e n to é Inverso.

fo rm u la d a

por

A na

em e xp a n d ir “ as relações en tre arte nai'f, a rte p o p u la r e cu l­

Sem dúvida, o a rtista p o p u la r p o d e tra z e r em sua obra

tu ra visual d o po vo e as re p rese ntaçõ es e ru d ita s que In co r­

alguns tra ç o s da a rte que se c o n s titu i no c a m p o e ru d ito , mas

po ram o p o p u la r” .1

o que c o m u m e n te o c o rre são assim ilações d e co rre n te s das

A d iversid ad e de nom enclaturas adotad as para designar a

tra n sfo rm a çõ e s fa cilita d a s pelos m eios de com u nicação , que

arte nai'f co n d u zlu -m e a dois tip o s de observação: prim eiro,

d e te rm in a m m o d ism o s e uma p ro d u ç ã o em g ra nd e escala

tod as as variantes das designações nai'f

que a tin g e os m ais lo ng ín qu os lugares.

— com o prim itiva, popular ou ingênua —

Os có d ig o s da arte con tem po rân ea que

p o de m denotar, em parte, um tra ç o d is­

ocu p a m os m useus e galerias d ific il­

crim in a tó rio , que busca classificar o lu­ g a r do a rtista de fo rm a d ico tô m ica , que coloca o a rtista po p u la r no lado o p o sto

O T râ ru ito

m ente são de co d ifica d o s pelo ho m em

Entre Cu5tura¿

seg uir os p a râ m e tro s de uma a rte in ­

m ais sim p le s q u e não se p re o c u p a em

ao do eru d ito . Em segundo lugar, essa

te rn a cio n a l; ao co n trá rio , escolhe m a­

m esm a plura lid ade de term os não deixa

nifestar-se p o r m elo de um m u n d o f i­

de revelar que no universo da cultura popular, on de se sitúa o artista nai'f, não

g u ra tiv o , d is ta n te das e lu cu b ra çõ e s

/XVari/sa /A okarzeü CURADO RA -A DJU NTA

existe uma co n figu ração hom ogênea. O h is to ria d o r P ete r B urke a firm a

co n ce itu a is e abstratas. Diante deste quadro com plexo, onde cabem mais os qu estionam entos do que

que a cu ltu ra p o p u la r da Idade M oderna “ estava longe de ser

as afirm a tivas, re to m o a sugestão de Ana Mae Barbosa de In­

hom ogénea; que a cultu ra d o artesão e a cu ltu ra d o c a m p o ­

c o rp o ra r o te rm o [E n tre C u ltura s] e o p ta r pelo ala rg a m e n to

nês d ive rg ia m de m ultas m aneiras; que a cu ltu ra do pa stor e

da co n ce p çã o de a rte nai'f, p ro p o n d o que esta Bienal seja

a do m in e iro d ife ria m da do a g ricu lto r.” 2 Reservadas as dis­

m arcada m u lto m enos pela pureza e mais pela contam inação.

tân cias te m p o ra ls e as e sp ecificida de s da cu ltu ra européia

Pergunto: co m o se processa, no m un do de hoje, esta c o n ta ­

que se processa de fo rm a d ife re n te da que se co n stitu i hoje

minação? Q uando isto acontece?

no Brasil, penso que em um te rritó rio tã o extenso co m o o

Em uma sociedade em que as fronteiras se encontram cada

nosso, são poucas as chances de se realizar uma pro d u çã o

vez mais diluídas, torna-se uma árdua ou m esm o Impossível ta ­

m on olítica , sem nuances de diferenciação.

refa de term in ar o m om e nto exato em que a contam inação

Mas se é Im p o rta n te ob serva r essas diferenças, um o u tro

acontece, mas pode-se analisar o co n te xto no qual são tecidos

tip o de d is tin ç ã o é ta m b é m revelador: tra ta -se da m ão única

os fio s que fo rm a m a rede p o r on de circu lam os bens c u ltu ­

que parece estabelecer-se e n tre a “ cultu ra p o p u la r” e a "c u l­

rais. Nestor Canclini acredita que não existe um consenso em

tu ra e ru d ita ” . A u tiliza çã o destes dols term os, já bastante

to rn o do que significa “ globalizar-se” 3, todavia, considera que


em m eados do século XX, com os avanços tecn oló gico s

cada vez mais d ifícil separar a a rte naíf da a rte p o p u la r ou da

form ou -se uma intensa rede de com unicação, p ro pician do que

a rte e ru d ita que vai ao e n co n tro das referências populares.

m undialm ente houvesse uma articulação de m ercados, onde

Em Belém do Pará, artistas em nú m ero con sid eráve l lan­

coa bita m não som ente as transações financeiras, mas tam bém

çam m ão d o vo ca b u lá rio visual p ro ven ien te da a rte popular,

as artísticas e as culturais. Na verdade, estas negociações não

criam pinturas, gravuras, objetos, valen do-se das cores p ri­

são geradas em um lugar exclusivo, mas em diferentes cid a ­

márias, fo rte s e chapadas, en con tra da s nos bairros p e rifé ri­

des, acom odadas em um processo descentralizador.

cos e em ou tro s m unicípios p ró xim o s ou dista ntes. Mas o que

Inse rido nesta co n ju n tu ra econôm ica, social e po lítica,

de fin e esse p a drã o de cores não é a localização desses ele­

encon tra -se um vo lu m o so flu xo m ig ra tó rio tra n s ita n d o em

m entos visuais nesta ou naquela cidade, nesta ou naquela re­

várias direções. Nesse trânsito, m isturas étnicas e culturas f i­

gião. O uso da co r v ib ra n te co m o o verm elho, o am arelo ou

cam visíveis, alojando-se em um a zona de c o n ta to 4 móvel,

0 azul é perceptível na visualidade de m últipla s cidades e paí­

o n de acontece um esta do de con tam in ação m útua. A recípro­

ses, mas em to d o s esses espaços prevalece uma estética o ri­

ca transm issão de culturas ta n to p o de dar-se no se n tid o “cen­

unda de uma cam ada social de poucos recursos financeiros.

tro — p e rife ria ” , co m o no se n tid o “ periferia — c e n tro ” , ou até

C om o é possível perceber, a era da g lo b a liza çã o e das

"de periferia para p e rife ria ” . E desta form a, os p o ntos de co n ­

con dições pó s-m od erna s p ro m o ve circu ito s m aleáveis que

ta to passam a ab sorve r um re p e rtó rio h íb rido e intercultural.

forne cem o ca rá te r in te rcu ltu ra l do m un do co n te m p o râ n e o .

As bordas en tre as cultu ras locais e glob ais não mais se

Os fluxo s de bens sim b ólicos provocam , e n tre ta n to , tensões

circunscrevem em espaços d e fin id o s e finito s. Na o p in iã o de

e relações desiguais. Mas m esm o neste esta do de de seq uilí­

M oacir dos A njos “ o que d istin g u e um a cultu ra local de o u ­

b rio a titu d e s de resistência são possíveis, há um a fresta em

tras qu a isq u e r não são mais se n tim e n to s de clausura, afa sta­

que se p o d e pe ne tra r e in ve rte r as forças he gem ônicas, p o s­

m e n to ou origem , mas as form as específicas pelas quais uma

s ib ilita n d o uma co n ta m in a çã o em que em erja um a tro c a en ­

c o m u n id a d e se posicio na nesse c o n te x to de in te rcon exão e

tre cultu ras c o m p ro m e tid a com a a rte oriun da da tra d içã o

estabelece relações com o o u tro ” .5

p o p u la r que, ao invés de fechar-se, p e rm ite a expansão do

A a rte p o p u la r transita , então, nesse flu xo de bens sim b ó ­ licos, não se en con tra p ro te g id a das zonas de c o n ta to , ha b i­ ta, sim, esse c o n te x to de in te rcon exão e relaciona-se com as mais diversas culturas, p a rtic ip a n d o do processo m ig ra tó ­ rio que se expande com a glob alizaçã o. As co n dições pósm odernas, ao m esm o te m p o em que esgarçam as form as tra d icio n a is de m anifestações artísticas, ta m b é m p ro p o rc io ­ nam a q u eb ra de posturas excludentes, que m arg ina lizam e

seu universo estético. 1 Esta afirmação de Ana Mae Barbosa consta da apresentação realizada para o folder do regulam ento da Bienal Nai'fs do Brasil 2006, promovida pelo SESC-SP de Piracicaba. 2 A form ulação deste pensamento de Peter Burke está registrada no livro

Cultura Popular na Idade Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.68. 3 As formulações de Nestor Cancline aqui apresentadas encontram-se em A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003. 4 Termo utilizado por Moacir dos Anjos, em Local/Global: arte em trânsito.

hierarquizam as relações en tre as d ife ren te s form as de arte.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.

C om o bem afirm a Ana Mae, apesar de danificada, a m uralha

5 Id, p. 14.

en tre o “ e ru d ito ” e o “ p o p u la r” ainda perdura, to d a via as d e ­ lim ita çõ e s te rrito ria is to rn a m -se quase im possíveis, sendo

MARISA MOKARZEL Ê HISTO RIADO RA DA ARTE.

[ 22 ]


xiste arte! A d e sp e ito de to d a e q u a lq u e r divisão,

de alerta não su p o rta o que está a co n te ce n d o e sim p lesm e n­

de confusos status alim en tado s p o r seqüências

te se deixa violar. A p o d e ra -se de você, co m p le ta m e n te d o m i­

histó rica s do p o d e r financeiro, de classes sociais,

nado, este tra n sitó rio . Seu tra b a lh o com anda sua con d u ta

de etnias e vencedores de guerras, há o hum ano

im pulsiva, d e ixa ndo o incon scien te a flo ra d o c o m o um tra u ­

capaz de tra n s fo rm a r paisagens, a lim e n ta r o es­

ma no osso. Um m un do de sa p e rce b id o vem à tona, reelabo-

E

p irito , reform a r os sentim entos, a p rim o ra r os sen­

rando sig n ifica d o s d o co tid ia n o . S ub o rd in a n d o tu d o às exp li­

tid o s, e s tru tu ra r as linguagens, sensibilizar d e ixa ndo o o rg u ­

cações psicológicas. À luz dessa ciência lhe é co m u n ica d o

lho de p rim a ta v ir à tona.

seu c o m p o rta m e n to : su fo ca d o pelo leite m a te rn o ou na so m ­

A tra n sfo rm a çã o da argila em m atéria para m anipulação,

bra dos arq ué tipos, você é ob se rva d o e o rie n ta d o em voz

a co m p ree nsão de sua plasticid ad e, a m ata do m in ada pelas

c o n tu n d e n te p o r sua mãe gigantesca. O ba rro é para m oldar,

vontades, o m etal fo rja d o , a certeza da te m p e ra tu ra existe n­

o papel para desenhar, a tela é para p in ta r na ób via ação, jo ­ gue tin ta antes de secar; na carreira da

te, o co n h e c im e n to da ca p acidad e de resistência d o que p o de quebrar-se, a

m atéria, to q u e além do pincel; esm a­

u m ida de que vai se eva po rar na a tm o s ­

gue as cores, p u lve riza n d o a lógica c ro ­

fera, o te m p o da secagem (se cho ver

m ática. Seu tra b a lh o é intenso. Mexa-se

d e m ora mais), o fog o, os in stru m e n to s

até suar e a lte rar o seu coração. Sofra q u e re n d o d e ix a r m arcada a

cortan tes, a m adeira rasgada, o papel,

ú ltim a

o lápis, a m udança de esta do da m a té ­

m e n sa g e m

da

h u m a n id a d e .

ria... enfim , a in te rven ção do hom em

R isque v io le n ta m e n te o existe nte, des-

neste m u n d o de átom os. A d ig ita l im ­

p re ze -o e p in te de novo, p re fira o an ­

pressa no to q u e frio do barro, a m ud an­

Rinafldo Sifiva

te rio r e fiq u e em d ú vid a q u a n to ao

C U R A DO R-AD JUN TO

ça de ba rro para pote, de p o te para fil­

m elhor. A b a n d o n e , recom ece, m esm o

tro, de filtro para tijo lo , de tijo lo para

que tenha passado m u ito p o u c o te m ­

telha, de telha para boneco, de boneco para cavalo, de cava­

po. S inta-se de stru íd o , m o rto , incapaz, e b ro te rasp an do e

lo para boi, de boi para cão m o rd e n d o um teju ca rre g a d o nos

re p in ta n d o a té c ria r um passado. S u tilm e n te vele e deixe

de ntes e arra sta nd o no chão. Cravada na carne, a faca corta

e sco rre r o líquido, d e stru a as luzes, crie som bras absurdas,

e desliza na a b erta ferid a d o bicho que agora se to rn a c o m i­

pe rceb a os m on stro s, o frio , rasure, apague, mas não jo g u e

da, cozida em panela sólida de índio.

fora: insista. Deixe as vozes o e stim u la re m . Faça o que não

Im agine você não d o m in a r o ím p e to da inspiração. Este en tusia sm o p o é tic o a b so rve n d o -o p o r c o m p le to , insinuando

co m p re e n d e , tenha ce rte za de um a guerra, mas descub ra q u a n d o ela acabou.

sua fra g ilid a d e hum ana e com um entusiasm o que en go le a

C riar im b u íd o desse m isté rio é único e raro, mas existe n­

racion alidad e. Aí, tu d o insinua. A in s ta b ilid a d e o in cap acita

te. Q u a n d o se p ro d u z assim , os re su lta d o s são e x tre m a ­

na co n te n çã o das razões. Você não é mais consciente, o que

m e n te transfo rm a do res. A queles que são pe rseg uid os pelas

pensa já está do m in ado . A verd ad e passa d ista n te e sua in te ­

explicações avançam a passos largos na evo lu ção da a rte e

ligência vira um recém -nascido. De to d a a con cep ção filo s ó ­

to rn a m -se mais hum anos. Quem sabe o que aco ntece q u an­

fica racionalista é virada a página. Sua pe rcep ção em estado

do se cria?

[ 23 ]


Saia da caverna, d e s m is tifiq u e as so m b ra s para c o m p re ­

x ilo s e escreveu cord éis, assim as c u ltu ra s se fu n d e m sem a

e n d e r m e lh o r os fe n ô m e n o s da luz. T odos te m o s luz e s o m ­

d ife re n ç a d o m ais e m aior, a ve rd a d e é se m p re única sem d ú ­

bras p ró p ria s, h o je te m o s o m u n d o para m astigar. P e rte n ce à

vid a s a tro p e la d a s, a nossa c u ltu ra é d e ne gro s, índios e b ra n ­

relaçã o e n tre os ho m en s a p ro c u ra da d iv in d a d e , esta p rá tic a

cos, um a m istu ra fe ita na casa gra nd e, na senzala e na m ata.

de a p re n d iz a g e m da le itu ra e releitu ra , a re p e tiçã o , o c o n tro ­

Q uem te m m e d o d o p o p u la r e sco n d e um a fru s tra ç ã o m e s ti­

le, o d o m ín io da té c n ic a para m e lh o r expressar-se. Este c o n ­

ça, s u b o rd in a a h is tó ria às suas vo n ta d e s, o lh a v e s g o e p e rc e ­

ju n to d e p rin c íp io s re g e sistem a s, m as são o p in iõ e s d e a u ­

be em pedaços, ta te ia a sup erfície sem p e rc e b e r a form a, c h e i­

to re s

c r ia r ” ,

ra e não visualiza, saliva e não g o s ta d o q u e d ige re, o u ve e

in c o rp o ra m o d e v e r sagrado, são cren te s vivos, p e rm ite m -s e

assusta-se co m g ru n h id o s , p e rce b e e nã o sen te q u e a A rte

a co n sciê n cia d e si m esm os, fo rm u la m os

seus p ró p rio s c ó ­

é p u ro refle xo d o q u e som os. Tem os um a m o s tra co m a rtista s

d ig o s e s c ru p u lo s o s , são s o lid á rio s à vid a . P recisam o s ve r

d e um a te rra b o rb u lh a n te em A rte d ita “ p o p u la r” , q u e respira

para a lfa b e tiz a r o o lh a r e v iv e r para e n te n d e r a A rte .

e n c o n tro s e exala su o r d e tra b a lh o e la b u ta na vida.

a visa d o s

que

te im a m

em

d iz e r “ eu

p o sso

A ssim

Picasso o lh o u as m áscaras africa na s e se to rn o u m ais h u m a ­ no, assim V ita lin o fe z o h o m e m de b a rro , J. B o rg e s g ra v o u

RINALDO SILVA É A R TIS T A PLÁ S TIC O E PR O FESSO R DE ARTE.


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leiro, Brasileiros. São Paulo: Museu A frobrasileiro, 2005. ARAÚJO, Emanoel. A rtistas e A rtífices: Ancestralidades, Arcaísm os e Permanências, p. 34

GOMBRICH, Ernest. A História da A rte. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988. GRUZINSKI, S. O Pensamento Mestiço. São Pau­ lo: Companhia das Letras, 2001.

[ 25 ]

VILHENA, L. R. Projeto e Missão: o m ovim ento folclórico brasileiro. Rio de Janeiro: FunarteFundação G etúlio Vargas, 1997.



Bienaí Nai’J¿9 em S in to n ia com a C o n te m p o ra n e id a d e /X\aria A ftice /A iM ie b JURAD A

os m uito s que p re te nd em fazer arte, são

O jú ri d o qual fiz parte, sem m en osp rezar os que se atêm

poucos os que passam ao largo da ba na lid a­

a um a Icon ogra fia tra d ic io n a lm e n te id e n tific a d a c o m o naíf,

D

de das fó rm u la s estabelecidas para se aven­

p riv ile g io u um a p ro d u çã o m ais ousada. São obras v in c u la ­

tu ra r na experiência da cria ção espontânea.

das ao m u n d o c o n te m p o râ n e o , re ve la d o ra s da c o m p le x i­

Numa Bienal Naíf, mais que em qu a lq u e r o u ­

d a d e da vid a urbana e do que rem anesce d o universo rural

tra, a expressão original, não preconceituosa,

na m em ó ria dos que m ig raram para a cidade. É nesse c o n ­

m ovida pelo desejo de co m u n ica r do in d ivíd u o e pelo pulsar

te x to só c io -c u ltu ra l em tra n sfo rm a çã o , típ ic o d o Brasil de

da v id a social é de se esperar. E ntre ta nto, nem sem pre essa

hoje, que se Inscreve a m aioria das obras selecionadas.

lib e rd a d e está presente nas obras enviadas para seleção do

S urpreendentes, na m ed id a em que aprese ntam soluções

jú ri. Isso po rq u e se cristalizou, ao lo n g o dos anos, alg o co m o

plásticas Inventivas na a b o rd a g e m de tem as atuais. Em a l­

um “ e stilo naíf” , um m o d o de p in ta r que vem sendo re p ro d u ­

guns casos, há m esm o uma visã o crítica da realidade, co m o

zid o quase que em série, to rn a n d o -se m arca reg istrad a da

se p o d e c o n sta ta r nas p intura s que m ostram a d e stru içã o do

p in tu ra erro ne am en te cham ada “ p rim itiv a ” . Esse fazer arru -

m elo a m b ie n te ou a crim in a lid a d e urbana. D e ntre ta n to s

m adinho, bem c o m p o rta d o , tem suas características: c o m p o ­

q u ad ros de Interesse e s té tic o e a n tro p o ló g ic o , vale d e stacar

sição fro n ta l e plana, form as bem delineadas preenchidas p o r

A re p ro d u ç ã o da de ng ue de A le x B e n ed ito dos Santos, um

cores vivas e tem as ligad os à tra d içã o rural — festas p o p u la ­

dos c o n te m p la d o s com o P rêm io de A quisição. O p in to r não

res, paisagens da roça — sem pre m ln iatu rlzad os. De orige m

se In tim id a fre n te à tela. N otável a lib e rd a d e d o seu desenho,

popular, esse m o d o de p in ta r fo i “ e n o b re c id o ” p o r Tarsila do

não só pe lo v ig o r d o gesto, c o m o ta m b é m pela c o n c o m itâ n ­

A m aral, em sua fase Pau-brasil nos Idos da década de 1920.

cia das narrativas: a linha org an iza o espaço, descreve os fa ­

A a b e rtu ra m od ern ista teve o m é rito de tira r do a n o n im a to

to s e su b o rd in a a p in tu ra que se até m aos to n s so m b rio s da

alguns artistas populares e de de stra nca r a co m u nicação en ­

p e riferia . J a b o tic a b a l não é Nova York, mas Santos p o d e v ir

tre o universo e ru d ito e o do povo. Foi na esteira desses

a ser um Basquiat.

avanços que se firm o u a referida p ro d u çã o este re o tip a d a que hoje te m m erca do e se p re te n d e artística.

MARIA ALICE MILLIET HISTO RIADO RA DA ARTE.



Que N a if Sou Eu? O/scar D A m b ro /s io JURADO

esde 1999, a pa rtir de pesquisa para escrever o

en tre os princip ais nom es da a rte universal, in d e p e n d e n te de

livro Os pincéis de Deus: vida e obra do p in to r

categorias, estilos, nom en clatura s e tem áticas, que podem

n a if W aldom iro de Deus, venho encontrando as

ser a prevalência d o o n írico e do im aginário, da crítica social,

mais diversas definições do que seja a arte cha­

da vio lên cia urbana ou a valoriza ção idílica da zona rural e

mada na'ff ou prim itivista. A té hoje, sete anos

das suas ativid a d e s econôm icas e sociais.

D

Por tu d o isso, após a fase inicial em que a Bienal foi co n ­

depois, nenhuma me convenceu por com pleto,

já que a m aioria provém de críticos ou galeristas interessados

d u zid a

mais em defender certos espaços na academia ou no m ercado

Nascim ento, vin cula do ao SESC/Piracicaba, a p a rtir de 20 04 ,

pe lo en tusia sta

p e sq u isa d o r e c u ra d o r A n to n io

do que em observar de pe rto os artistas e os seus trabalhos.

a presença de um cura do r externo transfo rm a em o b rig ação a

De m o d o geral, os conceitos mais utilizados concordam em

discussão do que vem a ser essa decantada arte naíf. No en­

d e fin ir o estilo nai'f com o m arcado p o r cores vivas, imaginação,

tanto, p e rm ito -m e a liberdade de considerar mais uma vez que

estilização e um po d e r de síntese levado para a tela com uma

g eralm ente a questão é posta na mesa de form a equivocada. P ergunta-se aos crítico s o que vem a ser o naíf. Não seria

té cn ica a p a re n te m e n te rudim entar. Nesses aspectos, p o d e r-

mais ló g ico Inverter a qu estão e in te rro g a r os artistas do

se-ia dizer que a arte nai'f b ro ta do inconsciente coletivo. Isso ap on ta para dois elem entos fundam entais: ela estaria

e ve nto p o r que eles se consideram naífs? No m o m e n to em

em constante renovação e se deixa penetrar p o r influências

que cria do re s de p ra tica m e n te to d o s os Estados brasileiros

eruditas, em bora conserve sua natureza própria. Sabedoria p o ­

d e cid em en via r os seus traba lh os para avaliação de um a c o ­

pular e im aginação individual e coletiva se irm anariam em

m issão ju lg a d o ra para p a rticip a re m de uma Bienal Naíf, cabe

obras difíceis de d e finir sob uma única catalogação.

in d a g a r o que os leva a isso.

A o p o rtu n id a d e de p a rtic ip a r do jú ri de seleção da Bienal

Por que eles acham que são naífs? Q uando se vêm no es­

Naífs d o Brasil de 2 0 0 6 a p ro fu n d a m inha co n vicçã o de que

pelho e q u an do olham o traba lh o antes de enviá-lo pelo c o r­

o gênero, fo rte m e n te vin cu la d o à a rte popular, ainda não é

reio, identificam -se, mais ou menos conscientem ente em cada

v a lo riz a d o in te rna m ente co m o deveria, talve z p o r ser uma

caso, co m o naífs; e qu ando esperam o resultado do júri, seja

m an ifestaçã o pro d u zid a p o r artistas nã o-e rudito s, a p a rtir de

p o sitivo ou negativo, necessariamente, no íntim o de sua alma,

tem as po pu lare s ge ra lm e n te inspirados no m eio rural, mas

colocam -se face a face com a pergunta: Que naíf sou eu?

p ro gre ssivam e nte a d e n tra n d o no universo urbano, em boa

A comissão julgadora desta Bienal, com suas lim itações hu­

p a rte dos casos com uma rejeição às regras convencionais

manas e atribuições regulamentares, dá a tod os a sua resposta, uma das m últiplas possíveis. Durante os próxim os dois anos os

da pintura, seja p o r escolha, seja p o r fa lta de acesso a elas. P e rco rrer o m u n d o dos naífs é um g ra nd e e fascinante

que foram avaliados, estejam nesta Bienal 2 0 0 6 ou não, poderão

desafio. M erg ulh ar na arte de orig e m p o p u la r e en co n tra r ta ­

refletir sobre os resultados e — quem sabe — enviar novas obras

lentos o b rig a a con he cer o m a io r núm ero possível de artistas,

sobre essa mesma pergunta a acompanhá-los de form a perene: — Mas, afinal, que naíf sou eu?

id e n tific a n d o características que to rn a m alguns desses p in ­ tores exp oe ntes d o que há de a rtis tic a m e n te melhor, e não som e nte d a nd o-lh es d e staqu e co m o naífs, mas co lo ca n d o -o s

OSCAR D'AMBROSIO É JO R N A LIS TA E CRÍTICO DE ARTE.

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A CANTADA C E RTA


Uma A r te A Íém

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ê/sbereóbipo/s

A \a ria Lucia M onte/$ JURADA

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aif. arte ingênua, prim itiva, espontânea, ínsita...

p o r c e rto aquém ou além dos padrões eru dito s, e que m uitas

Desde a descoberta do d o ua nie r Rousseau e

vezes nos escapa p o rq u e nos fala de ou tra s form as de se

da presença influente da arte orientai e africa­

c o m p re e n d e r e re p re se n ta r o m undo.

na na Europa de fins do século XIX e início do

Fosse isso levado a sério, há m u ito se te ria p e rce b id o

XX, foram inúm eras as designações que p ro ­

que esses a rtista s po pu lare s ou sem fo rm a ç ã o ou sim p le s­

curaram abarcar em sua diversidade uma arte

m e n te m arginais não estão fo ra da nossa realid ad e c o n te m ­

que fugia aos cânones eru dito s da tra d içã o ocidental. Vista

porânea, com suas tensões e aflições, seus sonhos e espe­

inicialm ente co m o p ro du ção a ser confinada a um m useu dos

ranças, não po d e n d o , p o rta n to , ser co n fin a d o s a te m á tica s

horrores, ela viria depois a inspirar m ovim entos europeus de

exclusivas ou fo rm a s co n g e la d a s de represe ntaçã o. Na d i­

vanguarda, sem que, con tudo , se alterasse o indisfarçável to m

nâm ica da cultu ra, o n a if falará sem pre de uma v o n ta d e de

de p re cia tivo que con tin u o u a marcá-la fre n te à arte que não

cria çã o de in d ivíd u o s que, p o r co n d içã o só cio -c u ltu ra i ou

precisa de a d je tivos para legitim ar-se sim plesm ente p o r ser

escolha, buscam tra d u z ir seu se n tim e n to d o m un do num a

considerada a arte, com seus cód ig os estéticos que sem pre se

lin g u a g e m e s té tic a alheia às co n ve n çõ e s de elite, ta n to

pretenderam universais.

m e lh o r suce dida q u a n to m ais p ro fu n d o fo r o im a g in á rio

Naif. um a a rte m enor, em suma, que nos dispensaria de en tendê-la em seus p ró p rio s term os, q u er fosse cria ção de

p o r m eio d o qual se expressam e m a io r a o rig in a lid a d e ou o d o m ín io té c n ic o de seus m eios de expressão.

povos cha m ad os p rim itiv o s ou a dos pobres, iletrad os e lo u ­

Esta visão d o n a if não foi alg o que os m em bros do jú ri

cos em nossas sociedades. Assim, não estranha que, ao se f ir ­

trouxessem já p ro nta e acabada para avaliar as quase 8 0 0

m ar a idéia de um e stilo p ró p rio ao naif, ela desse lu ga r a es­

obras enviadas a Piracicaba de quase to d a parte do país.

te re ó tip o s mais que a uma visão coe ren te dessa criação, de

Foram a extrao rdinária riqueza e a diversid ad e te m á tica e fo r­

uma p e rsp e ctiva a n tro p o ló g ic a ou estética. Ecos de um ro ­

mal dessas obras que se im puseram a to d o s nós, delineando

m an tism o saudosista que sem pre p re fe riu o cam p o à cidade,

p o r si sós c rité rio s de escolha e prem iação. Difícil tarefa, sem

associando o p o p u la r ao fo lc lo re co m o às raízes au têntica s

dúvida, p o rqu e m u ito mais m ereceria ser esco lh ido e p re m ia­

de um a cultura, conge lara m -se em certa criação d ita esp o n ­

do. Mas tam b é m sem dúvida, prova da im p o rtâ n cia crescente

tânea (e m b o ra fosse mais d ifícil c e rtific a r-lh e a a u te n tic id a ­

que esta Bienal ganha a cada nova edição.

de...), que co n q u isto u inclusive um nicho p ró p rio de m ercado. M elhor te ria sido buscar o que nos d iz essa a rte outra, criada

MARIA LUCIA MONTES É AN TR O PÓ LO G A.

[31 ]



A rti¿ ta ¿ Premiado/S ■

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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

A dã o D o m ician o A D Ã O D O M IC IA N O PINTO Ecoporanga | ES, 1969

A m azônia T rá |ic o I Aquarela sobre papel 4 4 x 62 cm

[ 34 ]


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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

A dã o D o m icia n o A D Ã O DO M IC IA N O PINTO Ecoporanga | ES, 1969

A m azônia T rá fic o II Aquarela sobre papel 4 4 x 62 cm

[ 35 ]


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PREMIO AQ UISIÇÃO

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ALEX BENEDITO DOS SANTOS Jaboticabal | SP, 1980

A R e produção da Dengue Pintura sobre tela 160 x 100 cm

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PRÊMIO A Q UISIÇÃ O

C arm é zia C A RM ÉZIA EM ILIANO Norm andia | RR, 1960

Lenda do M o n te Roraima Ó leo sobre tela 70 x 7 0 cm

[ 37 ]


PRÊMIO AQ UISIÇÃO

C arm é zia CA RM ÉZIA EM ILIANO Norm andia | RR, 1960

Pa rixa ra Ó leo sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ 3 8 ]


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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

João A flexandre S a rti São José do Rio Preto | SP, 1970

Ca/samenbo I Acrílica sobre tela 25 x 4 0 cm

[ 3? ]


PRÊMIO AQ UISIÇÃO

João A íe x a n d re Sarbi São José do Rio Preto | SP, 1970

C a la m e n to II Óleo sobre tela 25 x 4 0 cm

[ 40 ]


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PRÊMIO A Q UISIÇÃ O

Zeçuinha JOSÉ DE ALM EID A FILHO Piracicaba | SP, 1959

C a p o e ira de A ngola Óleo sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 41 ]


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PRÊMIO A Q UISIÇÃ O

Zeqjuinha JOSÉ DE ALM EIDA FILHO Piracicaba | SP, 1959

Tambu de Umbigada Ó leo sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 42]


I PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

Jo AVuriío JOSÉ MURILO BATISTA DE O LIVEIRA Cordisburgo | MG, 1936

A Vinçança Acrílica sobre tela 70 x 9 0 cm

[ 43 ]


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PRÊMIO A Q UISIÇÃ O

Jo M u r i í o JOSÉ MURILO BATISTA DE O LIVEIRA Cordisburgo | MG, 1936

O Pacbo Acrílica sobre tela 7 0 x 9 0 cm

[ 44 ]

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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

NO ALTO:

Rocha A\aia

PRÊMIO A Q UISIÇÃ O

LUIZ ROBERTO DA ROCHA MAIA

Rocha /Aaia

Rio de Janeiro | RJ, 1947

LUIZ ROBERTO DA ROCHA MAIA Rio de Janeiro | RJ, 1947

500 Ano¿ Depoi/s

500 A no /i Ante/$

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50 x 150 cm

50 x 150 cm

[ 45 ]


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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

N e ri A n d ra d e NERI AG ENOR DE A N D R AD E Florianópolis | SC, 1954

En^enho/i Acrílica sobre tela 5 0 x 7 0 cm


PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

N e ri A n d ra d e NERI AG ENOR DE A N D R A D E Florianópolis | SC, 1954

Pe/scaria N oturna Acrílica sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 47 ]


PRÊMIO AQ UISIÇÃO

SheiMa Li% SHEILLA LIZ CECCONELLO Palotina | PR, 1978

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A\uihere/4 Serpenbe/s Acrílica sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 48 ]


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PRÊMIO AQ UISIÇÃO

Tania TA ÑIA DE MAYA PEDROSA Maceió | AL, 1933

S ertã o Sem pre V iv o Ó leo sobre tela 110 x 8 0 cm

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PRÊMIO AQ UISIÇÃ O

Vanifl Ri/S/sio VANIL AGOSTINI RISSIO Potunduva | SP, 1938

Naí|(/4 /X\undo ê x p ío ra d o n„GD 5 Acrílica sobre tela 47 x 6 0 cm

[ 50 ]

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PRÊMIO AQ UISIÇÃO

VaniS Ri/S/^io VA NIL AGOSTINI RISSIO Potunduva | SP, 1938

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/A undo E xpüorado Acrílica sobre tela 47 x 6 0 cm

[ 51 ]

noG O 28


M ENÇÃO HONROSA

Barba SEBASTIÃO CARM O PINHEIRO Bandeirantes | PR, 1948

Coi/4a de C o b ra Ó leo sobre tela 7 0 x 5 0 cm

[ 52 ]


M ENÇÃO HONROSA

Janaina Thagane J A N A IN A THAYANE CAM POS BORGES Cuiabá | MT, 1983

A Seca d o R io Am azonas Acrílica sobre tela 3 0 x 4 0 cm

[ 53 ]


M ENÇÃO HONROSA

Janaina Thajane JA N A IN A THAYANE CAM POS BORGES Cuiabá | MT, 1983

E xtinçã o da A ra ra A z u í Acrílica sobre tela 3 0 x 4 0 cm

[ 54 ]


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M ENÇÃO HONROSA

R ogério T a rifa Campinas | SP, 1975

Sem Títuüo Aquarela 115 x 85 cm São Paulo | SP

[ 55 ]

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AoCo Pai/S A N A CA R O LIN A PAIS DE SOUZA São Paulo | SP, 1983

Sinagoga B e th -E Í e No/i/sa Senhora da Con/soíação Acrílica sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ 58 ]


AoDo Siíva ALOÍSIO DIAS DA SILVA Presidente Venceslau | SP, 1947

Fe/sta Junina Ó leo sobre tela 6 0 x 5 0 cm

[ 5? ]


A ecio AECIO DE A N DR AD E São Paulo I SP, 1935

Pá/s/saro/s e Indio/S Acrílica sobre tela 5 0 x 70 cm

[ ¿0 ]


A dã o S iív é rio A D Ã O JOSÉ SANTOS Redenção da Serra | SP, 1942

A |o g a d o do/s Preto/s Acrílica sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[¿1

]


Aflemão ALENC AR CLARET DUARTE DA SILVA Piracicaba | SP, 1959

/A u íh e r com P andeiro Acrílica sobre m adeira 102 x 62 cm

[ ¿2 ]


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go -th a n k

‘ér+ánh •-.Pi??

A im o JORGE ALBERTO MORILLO DÓ RIA Itabuna | BA, 1972

La/s Va^/Sç, La/S Va^/s Mista 8 0 x 8 0 cm

[ ¿3 ]


Améüia GiS AM ÉLIA TEIXEIRA DE ALM EID A GIL Piracicaba | SP, 1947

E n co n tro d o D iv in o Ó leo sobre tela 4 0 x 6 0 cm


Am om Ho de Deu¿ AM O M HEBROM DA HO RA DE DEUS SOUZA Osasco I SP, 1978

Na Hora d o Gofi Acrílica sobre tela 70 x 70 cm São Paulo I SP

[ «45 ]


Ana C a m e io A N A AM ÉLIA DE SO UZA CAMELO Rio de Janeiro I RJ, 1951

Dia de Chuva Ó leo sobre tela 6 0 x 70 cm

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Ana CameSo A N A AM ÉLIA DE SO U ZA CAMELO Rio de Janeiro | RJ, 1951

A Banda Óleo sobre tela 65 x 100 cm


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A n d ré Urvaneja A N DR É LUÍS URVANEJA Campinas | SP, 1966

O /Aafi Que o Homem Faz Nunca Deixa de éxi/sbir Acrílica sobre papelão 4 6 x 67 cm

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A n d ré Urvaneja ANDRÉ LUÍS URVANEJA Campinas | SP, 1966

Ah uém D eixou o G a to Ê/scapar Acrílica sobre papelão 4 6 x 67 cm

[¿?]

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Ê iC A C A - R .


Aniba B ra z ií A N A M ARIA BRAZIL SILVA Rio de Janeiro | RJ, 1948

Santa Tereza Acrílica sobre radiografia 26 x 35 cm

[ 70 ]


Aniba B ra z ií A N A M ARIA BRAZIL SILVA Rio de Janeiro | RJ, 1948

P ro te çã o de Todo/S Acrílica sobre radiografia 26 x 35 cm

[71 ]


A r ie t e da G üória ARLETE DA GLÓRIA G O N ZA G A MATSUMOTO Belo H orizonte | MG, 1951

C e n á rio Ruraí I Acrílica sobre tela 4 0 x 6 0 cm

[ 72 ]


Au^u/sbo Japiá JOSÉ AUGUSTO JAPIÁ MOTA Recife | PE, 1972

Enbrevi/sta para Radio Acrílica sobre cartão 4 0 x 45 cm

[ 73 ]


Co A ngeío CÍCERO ANGELO DA SILVA Garanhuns | PE, 1954

E xposição Óleo sobre duratex 6 0 x 8 0 cm

[ 74 ]


Co A „ O Íiv e ira CARLOS ALBERTO DE O LIVEIRA Novo Ham burgo | RS, 1951

Fe/ita no Re/ibauranbe Acrílica sobre tela 5 0 x 4 0 cm

[ 75 ]


CarXo/S Torre/S CARLOS ROBERTO TORRES Recife | PE, 1950

6u Q uero DNA Ó leo sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[

n

]


C arm eía P ereira Piracicaba | SP, 1936

Foíia d e Rei/S Óleo sobre tela 7 0 x 6 0 cm

[77]


Cá/S/4Ía B rizo M a CÁSSIA VIR G ÍN IA BRISSOLLA MATTEDI Serra Negra | SP, 1961

/Aãe P reta Acrílica sobre m adeira 108 x 55 cm

[ 78 ]


C Íé o T ra v a ^ íin i CLEONICE BARBOSA TRAVAGLINI Catalão | GO, 1961

C o n ta d a de C abaião I Óleo sobre tela 55 x 63 cm

[ 7?

]


CÍóvi/S J ú n io r CLOVIS DIAS JÚNIOR Guarabira | PB, 1965

Tran/s|(ormação Humana Acrílica sobre tela 100 X 150 cm

[ 80 ]


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Cri/sbina P in h e iro MEIRE CRISTINA PINHEIRO DA SILVA Rio de Janeiro | RJ, 1966

Quem Vê Cara Não Vê C oração Acrílica sobre tela 5 0 x 8 0 cm

[ 81 ]

V -.


Daniefi F irm in o DANIEL FIRM INO DA SILVA Ribeirão Bonito | SP, 1951

G rito /s Urbano/S I Ó leo sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 82 ]


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Danlefia Ro/4/iin D ANIELA CARLA ROSSIN Piracicaba | SP, 1976

Fe/sta do D iv in o Óleo sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 83 ]


0 tfflcn fie flfiR flc’fl,

1

.

M lM D avid S o b ra i DAVID AUGUSTO SOBRAL Beira Alta | Portugal, 1930

D o rm iu na Praça o Jacaré A braça Acrílica sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ 84 ]


D eraildo C le m e n te Pedranópolis | SP, 1958

D e/struição da N atureza Acrílica sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 85 ]


m m m m rn m m jm m m i

D in iz G riilo JOSE D IN IZ GRILO DE MELO Natal | RN, 1956

O /i In d io /i da Redinha I Óleo sobre tela 36 x 4 6 cm


D in iz G rillo JOSÉ D IN IZ GRILO DE MELO Natal | RN, 1956

O a Indio/S da R edinha II Óleo sobre tela 3 6 x 4 6 cm

[ 87 ]


D o ra ci IRACI ALVES DE SO UZA Suzana | GO, 1946

Fazenda C e d ro Ó leo sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 88 ]


Eduardo EDUARDO DE ALM EIDA BARCELOS Vitória | ES, 1981

Fe/sba no P o/ito d o C a re bã o de Regência Mista 6 0 x 110 cm

[ 8? ]


ÍX v n , (4

6 Í i B aceiar ELI BACELAR DA SILVA Manaus | AM, 1960

A m azônia Ameaçada Acrílica sobre tela 8 0 x 8 0 cm

[ ?o ]


6o /Ao Pinazza ESTELLA M AR IA FRAU END OR F GALVÃO DE M IRANDA P IN A ZZA Campinas | SP, 1950

Com Queimada e Sem Queimada Óleo sobre tela 30 x 5 0 cm

I ?) ]


M íllU Ittf

Franco BENEDITO FR AN CO FILHO Barueri | SP, 1941

O C o lo n i z a d o r C id a d e F Ío r Vermeíha Acrílica sobre tela 8 0 x 100 cm

[

n

]


F u z in e ii O R LA N D O FUZINELLI Jurupem a I SP, 1969

Jorge e o G u e r r e ir o na Terra do/s Dragões Acrílica sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ 73 ]


« T T T IT *

Geraíídina GaMea¿ Curitiba I PR, 1930

C o rtiç o Acrílica sobre tela 9 0 x 3 0 cm


G o ia c i Torre/S GOIACI EVANGELISTA TORRES Cumari | GO, 1947

E fe ito Óleo sobre tela 6 0 x 70 cm

[ ?5 ]


CA/vAi

#JrfcAc/fit-fe

G ra c ie te GRACIETE FERREIRA BORGES Irecê | BA, 1953

Bra/4i3 x Camarõe/s Óleo sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ W]


rx

>4

Jo Co M o n t e i r o JOSÉ CARLOS M ONTEIRO São Luís do Paraitinga | SP, 1954

G ru p o de M o ç a m b iq u e Acrílica sobre tela 4 0 x 3 0 cm

[

n

]


Jo C o rre a JANETE MEDEIROS CORRÊA São Paulo | SP, 1953

Dona Lidia Lavadeira em São Pauío Acrílica sobre papel 100 x 8 0 cm

[ ?8 ]


mo derna , c r is t a

t OCIDENTAL

21P+.

¡t a BAJARA ip i TAGUARÍ

KAXIXO,

T A P U IA

M £Q U EM

Jo 8o Franzon JOSÉ ED UARDO FR AN ZO N Mococa | SP, 1955

/Asa/sacre Óleo sobre tela 8 0 x 70 cm

BANOEl^MTgí


Jo Ho B r it o JOSE HILÁRIO DE BRITO São João do Cariri | PB, 1952

L ib e rd a d e Acrílica sobre tela 6 0 x 8 0 cm

[ 100 ]


J e ro n im o M ira n d a LUIZ JERÓ NIM O CAM ELO DE M IRANDA CABRAL Atalaia | AL, 1961

Na Sra da In fo rm á tic a Acrílica sobre tela 100 x 7 0 cm

[ 101 ]


Joana PugSia JO A N A DO PRADO PUGLIA Porto A legre | RS, 1962

A V ida C on tinu a Acrílica sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 102 ]


JwUlditjoSü

João C a n d id o Siíva JO Ã O CA N D ID O DA SILVA Cam po Belo | MG, 1933

C o n ju n to /X\usicafi N o rd e s tin o Ó leo sobre tela 65 x 95 cm

[ 103 ]


João NaSão JO Ã O R A IM U NDO NA LÃ O Tupã | SP, 1966

(in ) Formação II Ó leo sobre tela 45 x 5 0 cm

[ 104 ]


Jo/ié Luiz So JOSÉ LUIZ SOARES Belo H orizonte | MG, 1935

C asam ento na Fe/sba de São G onçaío Óleo sobre tela 4 5 x 65 cm

[ 105 ]


W mÊmm Jo/sé Raimundo JOSÉ R A IM U NDO FRANCISCO Careaçu | MG, 1960

A A r v o r e Grande Acrílica sobre tela 8 0 x 100 cm

[ io¿ ]


*>v;

KaSdeira M ARIA KALDEIRA BOCHINI M onte Azul Paulista | SP, 1921

C o íh e ita de A m e n d o im Óleo sobre tela 5 0 x 4 0 cm

[ 107 ]


n nn

Leandro d o V id i^ a í LEANDRO JOSÉ DE SO UZA Araçagi | PB, 1988

Lagoa R o d rig o de Freiba/S Acrílica sobre tela 5 0 x 6 0 cm

[ 108 ]


LARèÀ^ A*WM6«

YÃo CORNEARAN WA^b*«Es CcRA/EADO

Omacf v é r i . . . - -©VTWc

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D E I MANDAMENTOS PERDIDOS PoA LOBO-AtVÍS

Lobo AHvga M AN O EL ALVES DA SILVA São Paulo | SP, 1970

Dez M a n d a m e n to s Perdido/S Acrílica sobre tela 70 x 5 0 cm

[ 10? ]


F F N tT F N C I/lR U pe'j

'SP6VRANÇ*

IHÕSPIW >eRprn>°yo y ig l-A L B ftÀ s fU .llJ D Q - s - t- R T A f p r ó c s R f c / a

{cOM <JNI<TarAOí', fe f.s rp -d bos c oJ’A'rtfn**'1 ir.A tfO M b M r KfftfFRRSeiW-

ÍP£MÍTID0C

Lourde/S de DeiM M AR IA DE LOURDES DA H O RA DE DEUS SO U ZA Custódia | PE, 1959

Cangaceiro/s do Apocaíip/se Acrílica sobre tela 7 0 x 9 0 cm

[ 110 ]


CaIlÀr>fo¿ J+f*+hs

I 0UR6 W~ \ WiBDO VJg

Mjoiftj r l»eH-rC5l

®\ J*6V«T*9L

\w(.0 *' | jL v i ¿ta

Luciano LUCIANO JOSÉ ALBUQUERQ UE O LIVEIRA Natal | RN, 1958

A Ro/sa de Saron Acrílica sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 111 ]


/A@chado NILDO DE Q U EIRÓ Z M ACHADO Rondonópolis | MT, 1962

Tabu na Roça Acrílica sobre tela 6 0 x 5 0 cm

[ 112 ]


M a ik e M o r e ir a MAIKE M OREIRA DE SOUZA Rondonรณpolis | MT, 1983

V end en d o na Feira ร leo sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 113 ]


- '^ J k & é T ií L Z \ I

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li AVanoeí! Santos CARLOS M ANOEL DOS SANTOS Goiânia | GO, 1965

/Aamãe Rapo/sa Acrílica sobre tela

[ 114 ]


AVarceüo MARCELO SCHIMANESKI Ponta Grossa | PR, 1967

Viüa da Cachoeira Ó leo sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 115 ]


iO tlrfi&L

/Aarco/S O fiive ira MARCOS PEREIRA O LIVEIRA M undo Novo | BA, 1980

São Lampião Acrílica sobre tela 8 0 x 6 0 cm

[ m }


MariSene Gome/S M ARILENE GOMES DA SILVA Paulista | PE, 1959

Dança d o C ô c o II Acrílica sobre tela 5 0 x 7 0 cm

[ 11? ]


MARJOK/

*6

/ A a r jo r jj MARJORI BARCELOS RIBEIRO Vitória | ES, 1974

Regência* Bom Dia» Boa N o ite Mista 3 6 x 110 cm

[ 118 ]


/A a rta MARTA RODRIGUES VE IG A VASQUEZ Piracicaba | SP, 1944

Sob o Si^no d o Brasil! Acrílica sobre tela 8 0 x 6 0 cm

[ 11? ]


ao a a ¡naa n D O ti ti Guati

/A a th e u /S MATHEUS BRANCO H A N N A São Joaquim da Barra | SP, 1987

Bra/sifi Ó leo sobre tela 6 0 x 7 0 cm

[ 120 ]


/Aablaz» Bi^ho T obias MATIAS CO NSTAN TINO DE O LIVEIRA São Caetano do Sul I SP, 1984

O /Aenino» A /A lo e o Boné Acrílica sobre papel

[ 121 ]


CLUBE »o* SAUDOSISTAS GRANDE 8ARE IE

a N IV c r ía ím » O RQUESTRA

CAMA VE RDE

M ig u e i Sanche/S MIGUEL ÂN GELO SA NCHEZ Piracicaba | SP, 1953

BaiSe de A n iv e rs á rio Acrílica sobre tela 6 0 x 9 0 cm

[ 122 ]


/A i^ u e í SSS MIGUEL SAMPAIO DE SO U ZA E SILVA São Paulo | SP, 1944

C o íh e n d o M am ões Óleo sobre tela 5 0 x 6 0 cm

[ 123 ]


NiiUon /Aachado NILSON DE Q U EIRÓ Z M ACHADO Rondonópolis | MT, 1962

Sem Ninho/4 Acrílica sobre tela 5 0 x 6 0 cm

[ 124 ]


NiíUon Pim enta NILSON PIMENTA DA COSTA Caravelas | BA, 1957

T ra n /sp o rte B ra /iiíe iro Acrílica sobre tela 6 0 x 9 0 cm

[ 125 ]


O Íin d a da Siíva O LIN D A C Â N D ID A DA SILVA Guairá I PR, 1943

A D e/struição da N atureza Ó leo sobre tela 6 0 x 70 cm

[ 12¿ ]


OMwdoull loos

O m a r S outo JOSÉ O M AR PEREIRA SOUTO Itaberai | GO, 1947

B o rd e i I Ó leo sobre tela 70 x 6 0 cm

[ 127 ]


O/ívaüdo OSVALDO G ALIND O Penápolis | SP, 1956

C a rre g am en to II Óleo sobre tela 3 0 x 4 0 cm

[ 128 ]


4

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R onaido RO N A LD O PIRES VENCOVSKY Piracicaba | SP, 1974

Engenho C e n tra i Mosaico 45 x 110 cm

[ 12? ]

B

1


Rômuüo C a rd o z o Cachoeiro do Itapem irim | ES, 1948

Ra|[tin^ nas C o rre d e ira s do Rio Jacu Acrílica sobre tela 5 4 x 73 cm

[ 130 ]


San B e rtin i SA ND RA BERTINI São Paulo | SP, 1971

A V i/sita Ó leo sobre tela 4 0 x 6 0 cm

[ 131 ]


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' H O R rE L 2R T ty R v s e g fl > B *R .U D R

- RLBCRIM "* ET*C»*»>«»

Sandra A g u ia r SAND RA PEREIRA DA COSTA PEIXOTO Nazaré das Farinhas I BA, 1960

V e n d ed o ra de êrva/s Mista 100 x 9 0 cm

[ 132 ]


SB SO NIA ROSELY BACHA Cam po Grande | MS, 1964

Ho/spitafi na F ro n te ira Óleo sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 133 ]


Sheiía T e ixe ira SHEILA M AR IA TEIXEIR A São Paulo | SP, 1975

A H arm onia da De/sarmonia Acrílica sobre tela 70 x 120 cm

[ 134 ]


J/ãO»é>

Sueílj Rezende SUELY APARECIDA REZENDE GUINSBURG Redenção da Serra | SP, 1963

/Auíhere/S d o Bra/sií Acrílica sobre tela 5 0 x 70 cm

[ 135 ]


D DD O DO O O Dl

S id o b i CRISTIANO TEIXEIR A SIDOTI São Paulo I SP, 1976

O /i C o íe to rs /i Óleo sobre tela 5 0 x 7 0 cm


-•’¿ L i-

Sbever/son M o /schini STEVERSON MOSCHINI CARLOS Piracicaba | SP, 1967

Fauna Urbana Ó leo sobre tela e colagem 4 3 x 4 3,5 cm

[ 137 ]

.ii'w a


r i. lá il••*«

Tadeu de /Aorungaba A N TO N IO GALVÃO TADEU JORGE Morungaba | SP, 1969

SaSa de Vi/sibaA Óleo sobre tela 5 0 x 4 0 cm

[ 138 ]


TÃeeu L1R4-200Ç

Tadeu Lira FELIX TADEU CORREIA DE LIRA João Pessoa | PB, 1954

R e/speito a N atureza Material reciclado 59 x 4 6 cm

[ 13? ]


W C U tí

DEPILA

Tânia A ra ú jo TÂ N IA DE CASTRO AR AÚ JO Belo Horizonte | MG, 1959

C oi/j/jeur/i Popuíare/S I» I I , III (com po/sição) Fotografia 35m m 42 x 9 0 cm

[ HO ]


Tartaruga G ERALDO ALVES DA SILVEIRA São Luís do Paraitinga | SP, 1949

Dança de Jon^o Látex sobre tela 4 0 x 5 0 cm

[ 141 ]


T e ixe irin h a KELY R. TEIXEIRA DA SILVA Coribe | BA, 1975

M eu A vô Acrílica sobre tela 4 0 x 4 0 cm

[ 142 ]


Tonico A N TO N IO SCARELLI São Joaquim da Barra | SP, 1931

A/s A\ão/S d e Deu/S Óleo sobre tela 5 0 x 70 cm


V a íd e te AHvga Sorocaba | SP, 1972

/X\eu Sonho I Acrílica sobre tela 5 0 x 6 0 cm

[ 144 ]


V aS divino M ira n d a V A LD IVIN O AUGUSTO DE M IRANDA Itiquira I MT, 1965

No/S/4a Senhora de A p a re c id a Pantanal Acrílica sobre tela 76 x 6 0 cm

[ K5 ]


Va5Qu6/4 R odri^ueA VALQUES RODRIGUES DA COSTA Cuiabá | MT, 1982

R atões Acrílica sobre tela 6 0 x 8 0 cm


Assista aqui osjosos da s e le ç ã o VAMOS TORCER. JUNTOS PEL A CONQUISTA

DO

hexa

1

■BOTECO DAVICEMTINADONOMOESP ECl Ml DADE

DA CASA : CHURRASCO DECARMEDE &ot)E COMFAROFA DEPOLPADE PEQPI e Pinga da boa cuite n o

pra' frenti

BRASIL

Vanice Agre/s Leibe VANICE AYRES DELGADO Belo Horizonte | MG, 1947

Hoje Tem Jogo do Bra/siü Nanquim sobre papel 55 x 4 8 cm

[ H7 ]


laJií/Son N eto W IL SO N PESSOA DIAS NETO Fortaleza | CE, 1980

O Homem que L evita o /A á ^ico e /seu A ju d a n te Acrílica e nanquim sobre tela 92 x 168 cm

[ K8 ]


pWWFOWICA

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Zezé Aum M ARIA JOSÉ AUM DE O LIVEIRA Vera Cruz | SP, 1935

Po/sberidade Acrílica sobre tela 4 0 x 6 0 cm

[

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/Ao Atra

[Entre Cuítura/s] /AatrlxeA

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Popuiare/i

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[E ntre Cuitura/s] A\atri%e/s Popuíare/S Ana /Aae Barbo/sa CU RADO RA

“ W e need exh ib itio n s th a t qu estio n th e bo undaries o f a rt and th e a rt w o rld, an in flu x o f tru ly in d ig e stib le 'o u tsid e ' a rtifa cts." JAMES CLIFFORD (1988)

° inicio d ° m odernism o, a aspiração pela “arte

A c re d ito que estava tra u m a tiz a d a pela reação da c o m u ­

I

to ta l” levou a interessantes experim entos de

nida de de crític o s e jo ven s a rtista s co n te m p o râ n e o s nos

I

integração das artes com o linguagem , conteú-

idos dos anos 1990, c o n trá ria à m inha in vestid a em um p ro ­

I

do e espetáculo, de que o Cabaret Voltaire e os

je to m u ltic u ltu ra lis ta para o Museu de A rte C o n te m p o râ n e a

Ballets Russos de Serge D iaghilev foram exem-

da U n iversida de de São Paulo. Os de saforo s que o u vi d e i­

pios m agníficos. Mas uma con tra dição rondava

xavam que o e p íte to de “ lo u c a ” parecesse e lo g io aos m eus

o M odernism o: a ansiedade classificatória, que levou a m uitos

o u vid os. Ter meu nom e na lista negra da e lite fre q ü e n ta d o ­

k

I

^

“ ism os” na arte erudita e a uma divisão da A rte baseada em

ra de m useus nada s ig n ific o u fre n te à guerra que pessoas

classe social, separando tam bé m a A rte do povo em vários

que d o m in a va m o sistem a das A rte s d e fla g a ra m co n tra o

fragm entos. No te m p o presente, eu diria que os m ovim entos

fa to de te rm o s c o n s e g u id o c o n q u is ta r as classes mais p o ­

em direção à destruição de barreiras entre as artes e entre os

bres co m o fre q ü e n ta d o ra s do Museu. S obre a e xp osição

códigos eru dito s e populares com eçam a con tar vitórias. Uma

Carnavalescos, que ap rese ntava a leg oria s de carnaval que

delas é esta exposição na qual busquei, com a ajuda de outros

co m e n ta va m o un ive rso da A rte , tiv e de ouvir, co m o reação

curadores e artistas, inter-relacionar a A rte Popular, a Cultura

à grande visita çã o do povo: “ N inguém que con ta vem m ais a

Visual do Povo e a produção de artistas eruditos que traba­

este M useu!” !!! Há a lgu m e s p e c ta d o r que não c o n ta para

lham com m atrizes populares. Pensei que seria mais difícil co n ­

um Museu p ú blico?

vencer os artistas eruditos a pa rticip a r de uma exposição lado

A m agnífica exposição de Glaucia A m aral e May Suplicy,

a lado com artistas populares que não têm educação form al e

A rte P eriférica: com bogós, latas e sucatas (o u tu b ro , 1990) foi

com tra b a lh a d o re s que, através de im agens, assem elham -

in te rp re ta d a erro ne am en te c o m o exp osição de A rte Popular

se a p u b licitá rio s dos pobres, cha m an do a atenção para seus

quando, naquela época, eu era bem mais radical que hoje e

pro du to s, suas lojas ou aq uilo que significa sua subsistência,

não aceitava sequer a designação A rte P opular p o r ela te r

usando im agens com erciais de inflexão popular.

sido criada, pelos in te le ctu ais he gem ônicos, para no m ea r o

[ 153 ]


“ o u tro ” . O que estávam os faze ndo era m o stra r a Cultura

fu n d o de um restaurante para e xp o r em uma galeria de arte

Visual do Povo, a qual aqueles que aprenderam pela cartilha

étn ica e, depois, na Tate. Esta idéia de sucesso co m o p ro ­

da crítica européia eram, e são, incapazes de reconhecer

gressão de lu ga r é ainda m u ito m od ern ista.

co m o p ro d u çã o cultural, m u ito menos co m o A rte.

A o c o m e te r a ousadia de e xp o r d ife re n te s có d ig o s c u ltu ­

Para m im , o pro b le m a da interação e n tre as culturas —

rais no m esm o espaço, d e n tro de um sistem a que deveria ser

a m arginal e a central, en tre "H ig h ” e “ L o w ” , en tre local e g lo ­

igual para tod os, fui, nos anos 90,

bal — não é apenas uma c o n fro n ta ç ã o en tre d o m in a çã o e

agora, no século XXI.

subordinação, é uma tensão contínua, m e lh o r d iste n d id a na m úsica do que em ou tra s artes no Brasil.

mal en tendida. Vejam os

B eatriz S arlo2 nos relem bra que “ ante a especialização da cu ltu ra (c o m p a rtim e n to s de van gu arda e c o m p a rtim e n to s

O re la tó rio Naseem Khan, The A rts B rita in Ignores, para a

populares, am bos esp reita dos pelo m ercado), o olhar p o líti­

Fundação G ulbenkian, em 1976, de m o liu as possibilidades

co provará um sistem a de redes [...]. Tais redes, qu a lq u e r que

fru tific a n te s da te n sã o /te sã o cultural. Em bora tenha re q u e ri­

seja seu sentido, não são um novo sistem a de hierarquias,

d o mais fu n d o s para as “A rte s É tnicas” (o u tra dú bia cla ssifi­

mas, antes, um espaço de m áxim a v is ib ilid a d e das d ife re n ­

cação para a A rte P op ular) p ro du zida s p o r im igran te s na

ças, não apenas o rie n ta d o para a m udança, mas ta m b é m in ­

Inglaterra, ele recom endou: “ a ha rm on izaçã o deve ser alcan­

teressado na d e m o cra tiza çã o das in stitu içõ e s cu ltu ra is” .

çada reco nh ecen do as dife ren te s com u nidad es co m o c u ltu ­

A C rítica C ultural, mais que a C rítica de A rte, vem a b rin ­ do a m ente dos un ive rsitário s que estu dam A rte. Tanto é as­

ralm ente separadas” . O que esta reco m en daçã o p ro voco u fo i a “ g u e tlz a ç ã o ”

sim que entre to d o s os artistas e ru dito s, co n vid a d o s agora,

cu ltu ra l dos pobres, a m u ltip lica çã o de este re otip ias acerca

que cita m o popular, apenas um não a ce ito u o convite, p o r

de cultu ras das m inorias, além de e n tre te n im e n to e xó tico

razões circu nstan ciais te m p o rá ria s que o fizeram te m e r ser

para os ricos. Uma so cie d a d e rica c o m o a am e rican a do

v isto e n tre os Populares. Isto é um g ra nd e progresso em re­

n o rte co n stru iu museus em separado para a A rte L a tino -

lação aos anos 1990, qu a n d o não e n co n tre i en tre os artistas

A m erican a, A rtis ta s

A siá tico s, A rtis ta s

e os crítico s de A rte ap oio nenhum para o p ro je to m u lticu l-

Mulheres, mas manteve, co m o sím bolo de distinção, a qual

tu ra lista que desenvolvi. Só os a n tro p ó lo g o s e a crítica c u ltu -

to d o s os artistas de q u a lq u e r orig e m alm ejam , as exposições

ralista que se iniciava en tre nós, com in te le ctu a is co m o Sueli

N egros, A rtis ta s

no MOMA.

Rolnik, Maria Lúcia M ontes ou Claudia Toni, a p o ia n d o a ousa­

É impossível desenvolverm os uma sociedade de cultura

dia atreveram -se a escrever.

m ultirracial se nos baseamos apenas nas diferenças, pois tem

Para esta exposição, E n tre C ulturas: m a triz e s po pu lare s,

sido em nom e das diferenças que se vem negando às com u ni­

e n fa tiz a n d o a idéia de e x p o r ao m esm o te m p o os trê s d is ­

dades pobres o d ire ito de exercer suas habilidades d e ntro da

tin to s e xtra to s cultu rais, enviei para trê s am igos, com quem

A rte Contem porânea. Esta designação, “A rte C ontem porânea” ,

ven ho tro c a n d o idéias ao lo n g o dos ú ltim o s dez anos, um

é reservada para os poucos felizes de classe média, sofisticada

c o n v ite para tra b a lh a rm o s ju n to s. São eles: d o u to ra Leda

pela cultura erudita, branca e europeizada.

G uim arães, da U n iversida de de G oiânia, co m qu em nos ú lti­

A a rtista Lubaiana H im id 1 afirm a m u ito bem que sucesso,

m os cin co anos d is c u ti sob re o Popular, sob re le itura s e v i­

para ela, seria ver seu tra b a lh o em cin co dife ren te s lugares ao

agens; d o u to ra Marisa M okarzel, p ro fe ssora da Unama, no

m esm o te m p o , e não uma progressão de de ixa r de e xp o r no

Pará, d ire to ra e cu ra d o ra do Espaço C u ltu ra l Casa das O nze

[ 154 ]


Janelas, co m qu em ven ho co n ve rsa n d o sob re m o d e rn ism o

p o rtá ve l. Com o m esm o p ro fissio n a lism o dos a rtista s e ru d i­

e p ó s -m o d e rn is m o , além de co n c e ito s de A rte C o n te m p o ­

to s que precisam de p a tro c ín io para realizar suas in sta la ­

rânea, nos m u ito s lugares o n d e nos en co n tra m o s; e R o b e rto

ções, Inácio da Silva se p ro n tific o u a p in ta r alg o para nós. A

G alvão, a rtis ta , curador, h is to ria d o r da A rte . Com ele e

onça do ce n tro -o e s te surgiu g lo rio sa dessa e m p re ita d a e na

Lúcia, sua m ulher, as conversas vão da A rte à vida, sem pre

exp osição espreita, cuidadosa, a O nça Caetana de Suassuna.

regadas a m u ito cam a rão e água de coco. Temos mais de

C o n d u zin d o nossa m ostra, tem os p o rta n to um p in to r de m u ­

dez anos de praia.

ros (A rte Popular? P refiro cha m ar de C ultura Visual do Povo,

Para m inha alegria, to d o s eles aceitaram o co n v ite para

te rm o m enos e n ca rd id o pela má v o n ta d e do p o d e r cu ltu ra l

serem cu ra do res-ad ju ntos. Precisava de um cu ra d o r-a d ju n to

he gem ônico); um artista dos mais eru dito s do Brasil, que vem,

ta m b é m no Recife, on de te n h o m uito s am igos de longos

desde os anos 60, bu scan do in flu ir na p o lítica cu ltu ra l do

anos. Resolvi co n vid a r Rinaldo, um novo am igo, que co n h e ­

país, em d ire çã o à valoriza ção do p o p u la r e à co n stru çã o

cia pouco, mas cu jo tra b a lh o p lá stico ap recio m uito . Meus

d o d iá lo g o e ru d ito -p o p u la r e a in te rm e d ia çã o do tra b a lh o de

planos, que a vida se en carre gou de mudar, eram tra b a lh a r

Macedo. A Onça Caetana

com eles em seus Estados, p o rém só pude ir a Fortaleza,

de Daniel Macedo, que aprendeu, com o M ovim ento A rm o ria l

tra n sfo rm a -se na M oça Caetana

Tereslna e U beraba. Trabalhei p o r e -m a il com os curadores-

lid e ra d o p o r A ria n o Suassuna, a iid a r com as tram as da lin ­

ad ju ntos e co m

g u ag em visual.

meus am igos consultores, Darían Rosa

(Brasília); E lizab eth M. A g u ia r (R io G rande d o Sul); Lívia

C om o disse Suassuna em uma entrevista, o M ovim ento

Marques C arvalho (Paraíba); M arcelo C o u tin h o (P e rn a m b u ­

A rm orial, b a tiza d o nos anos 70, “ se destinava a lu ta r co n tra

co); Robson X avier da Costa (Paraíba); e Gláucia Am aral,

um processo de descara cte rizaçã o e de vu lga rizaçã o da c u l­

irm ã escolhida, que ga stou m u ito de seu te m p o pre cio so aju-

tura brasileira [...]. A o m esm o te m p o pro curá vam os uma arte

d a n d o -m e nas decisões e na pesquisa.

e ru d ita brasileira, baseada nas raízes po pu lare s da nossa c u l­

A g ra d e ço m u ito a tod os, porque, com os pro blem as de

tura.” Isso aco ntecia em um m o m e n to em que o “A lto M o­

saúde que tiv e na fam ília, esses nove am igos foram meus

d e rn is m o ” dom inava, o fo rm a lism o era o cre d o crític o e a pa ­

olhos e m inha ação.

lavra "raízes” soava p io r que p o rn o g ra fia . A n te s de morrer, a

Planejei nu cle ar a exposição a p a rtir do d iá lo g o en tre três

vanguarda estreb uch ou e con de no u A ria n o e seus s e g u id o ­

obras: A m e ta m o rfo s e da Onça Caetana , um ta p e te p ro d u z i­

res ao inferno. Ele afirm ava que o A rm o ria l é que era de e li­

d o pela m an ufatura de Casa Caiada, em Pernam buco, sobre

te, e parecia sig n ifica r que o povo é que é a e lite in te le ctu a l

desenho de A ria n o Suassuna (coleçã o de M. Ligia de A m o rim

deste país. H o rrorizo u a m uitos.

Barbosa); A M oça Caetana, de Daniel Macedo, de Natal, da

Dez anos depois, U m b e rto Eco, com O no m e da rosa,

coleção de A n tô n io Marques; e Um dia é do Caçador, o u tro

operaria com valores m u ito sem elhantes aos do M ovim ento

da Caça, a onça em descanso, do a rtista p in to r de m uros em

A rm orial, fu n d in d o o e ru d ito com o rom ance po licial de raí­

Goiânia, Inácio da Silva.

zes populares. A ria no foi fe ito S ecretário de C ultura de Per­

O m ais d ifíc il de co n se g u ir fo i o tra b a lh o de Inácio da

nam bu co e hoje é festejado pela mídia, que to rn o u o hom em

Silva. As fo to s d o s m uros p o r ele pintad os, que Leda me en­

e ru d ito sobre a Idade Média em fe n ô m e n o popular. Meu m a­

viou, eram exuberantes. É assim, p in ta n d o im agens em m u­

rid o e eu fom os am igos de A ria n o e Zélia no Recife, e deles

ros, que ele ganha a vida, e não havia nenhum a obra tra n s ­

te n h o as m elhores m em órias. Q uando d e cid im o s v ir para São

[ 155 ]


Por m eio de Nivaldo, que pela exp osição ab d ico u de sua

Paulo, ele va ticin o u que nosso fim ia ser "faze nd o sanduíche de m o rta d e la num b o te c o de São Paulo” , Esta im agem nos

banca de balas ou co n fe ito s co m o lá no Recife ouvia dize r na

aco m pa nho u na às vezes d ifícil co n d içã o de n o rde stinos em

m inha infância, ag ra d e ço aos tra b a lh a d o re s que, em bora não

São Paulo, e qu an do as coisas não andavam co m o m erecía­

sendo con sid erad os artistas nem pela co m u n id a d e crítica

mos, dizíam os um para o ou tro : “ Pior seria ven de r sanduíche

nem p o r eles p ró prio s, enriq uece m visu alm e nte seu e n to rn o

de m o rta d e la !” ,

ou seus in stru m e n to s de trabalho. Term ino c ita n d o Gavin Jantjes, um o u ts id e r dos círculos

Mas, pensando bem, extrapolar, in te rte rritoria lizar, m istu­ rar, lu ta r con tra o exclusivism o hegem ônico, con tra a ditadura

hegem ônicos, co m o eu me vejo: "A rte não é um a sim ples parte, mas o coração com p le xo

do cód ig o europeu e norte-am ericano branco entre os muros da universidade é quase “ vender sanduíche de m ortad ela” . Ariano,

de nosso c o rp o c u ltu ra l” .3

você acertou. “ Olha eu” aqui, valoriza nd o o hibrid ism o c u ltu ­ 1 Lubaiana Himid. In: Sandy Nairne. State o f the A rt. London: A Channel

ral e te n ta n d o produzir, com meus am igos dos vários lugares do Brasil, um banquete cultural em que as sem elhanças unam cód ig os diversos e as diferenças ganhem visibilida de ig ua lita­

Four Book, 1987, p. 240. 2 Beatriz Sarlo. Paisagens Imaginárias. São Paulo: EDUSP, 2005, p. 63. 3 Gavin Jantjes. C riticai Perspectives, Edward Totah Gallery and A rtrage 2, Londres, 1983.

riam ente, lado a lado, em com um desacordo. A lém de ag rad ecer aos cura do res-ad ju ntos, consultores e

R e fe re n c ia s B ib lio g r á fic a s

grandes am igos, cujos nom es já m encionei, agrad eço ta m ­ bém a m ais dois am igos, Luís N ogueira e G erardo Vilaseca, pela ajuda e pela força que deram , ju n to com Gláucia Am aral,

Himid., Lubaiana in Sandy Nairne. State o f the A rt. London: A Channel Four Book, 1987.

para que eu não desistisse.

Gavin Jantjes. C riticai Perspectives, Edward Totah Gallery and A rtrage 2,

A os colecio na do res que nos em p restara m as obras, a g ra­ deço a generosidade.

Londres, 1983. Sarlo, Beatriz. Paisagens Imaginárias. São Paulo: EDUSP, 2005.

A os artistas que con cord aram em p a rtic ip a r da exposição www.galeriabrasiliana.com.br

E ntre Culturas: M atrizes Populares, meu re co n h e cim e n to pela

www.rawart.com

visão plural que têm da cultu ra brasileira.

www.karandash.com.br

[ 15* ]


A brah ã o C avaícante A B R A H Ã O DE H O NO RIO CAVALCANTI Iguaçu I CE, 1953

/AandaSa Colagem de buriti sobre m adeira 120 cm de diâm etro Coleção do artista

[ 157 ]


¡iií-áh I

Ader/son /A e d e iro /S ADERSO N TAVARES MEDEIROS Fortaleza I CE, 1948

M a t e r n id a d e Madeira e tecido 130 x 67 x 4 3 cm Coleção do artista

[ 156 ]


AÜexandre Fifi ho MAN UEL ALEXA ND RE FILHO Bananeiras | PB, 1932

V io íã o Acrílica sobre tela 100 x 100 cm Coleção do artista

[ 15? ]


« V i

A Íe x a n d re Sequeira ALEXA ND RE RO M ARIZ SEQUEIRA Belém | PA, 1961

Série Impre/s/sõe/s de Um Lugar Serigrafia sobre tecido 190 x 95 cm Coleção do artista

[ WO ]


U'V^T;7^V -

ÍV iS

A n t o n io Sa^e/se A N TO N IO JOSÉ SAGGESE São Paulo | SP, 1950

Gra|ite/S na P e rife ria de São Pauío Fotografias

[ 1<J1 ]


An bu nj/S AN TO N IO FRANCISCO DA COSTA Solonópolis | CE, 1970

Pá/S/saro¿ Acrílica sobre tela 5 0 x 6 0 cm Coleção de Roberto Galvão


;,A;V:

ftllli;

A ria n o Sua¿/suna AR IA N O VILA R SUASSUNA João Pessoa | PB, 1927

A /Aetamor||o/se da Onça Caebana Tapeçaria Manufatura da Casa Caiada do Recife / PE 255 x 2 7 0 cm Coleção de Maria Ligia Am orim Barbosa

[ 1¿3 ]


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A rm a n d o Q u e iro z A R M A N D O DE Q UEIRO Z SANTOS JÚNIOR Belém | PA, 1968

Sagrada Famíllia O bjeto Vários tam anhos Coleção do artista Terço propriedade de Guy Veloso

[ 144 ]


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A u t o r De/$conhecido Quando Fiquei G rá vid a Bordado com aplicações 34 x 37 cm Coleção particular

[ U5 ]

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C a it o LUIZ CARLOS M AR TIN HO DA SILVA São Paulo | SP, 1952

Sem Nome Reciclagem de folhas de flandres com parafusos de bronze 222 x 6 4 x 38 cm Coleção de Roberto Rugiero


CarSo/4 OHiveira A N TO N IO CARLOS O LIVEIRA Cam po Maior | PI, 1956

Sem T í t u í o Cerâmica Vários tam anhos Coleção do artista

[ M7 ]


C h ic o da Siíva FRANCISCO DA SILVA A lto Tejo | AC, 1910 - Fortaleza | CE, 1985

G a to SeSvagem Têm pera sobre tela 4 4 x 6 4 cm Coleção particular

[ \¿Q }


C h r is t in a /Aachado M AR IA CHRISTINA DE LUCENA M ACHADO Belém I PA, 1957

Re/si/itência, In e x iste n cia Instalação em ferro soldado e foto 163 x 4 8 x 26 cm, 104 x 154 cm Fotografia de Luiz Santos Coleção do artista


é

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Danieí M a c e d o DANIEL FERNANDES DE MACEDO Natal | RN, 1981

A M oça Caetana Óleo sobre tela 6 0 x 6 0 cm Coleção de Antonio Marques

[ 170 ]


E Íien i Te no rio ELIENI TENÓ RIO SOARES M azagão | PA, 1954

8 a Banda Pa/S/4ou Acrílica sobre tela 5 0 x 5 0 cm Coleção do artista

[ 171 ]


Geo GEOLAGENS DE O LIVEIRA São M am ede | PB, 1958

Tere/sa de Seu Irin e u e S ajira V en d ed o ra de F io re s Acrílica sobre cerâmica 29 cm de diâm etro Coleção do artista

[ 172 ]


G iívan Cabra# Goiânia | GO, 1961

/X\adona¡, M ãe de L eite Escultura em madeira 140 x 12 cm Coleção do artista

[ 173 ]


Guma G OM ER CINDO DA SILVA PACHECO Itapes | RS, 1924

Brandino? Berenice? B e n e d ito e L o re n tin o Bronze Vários tam anhos Coleção do artista

[ 174 ]


Héüio /AeSo HÉLIO H O LA ND A DE MELO Boca do Acre | AM, 1926 - Rio Branco | AC, 2001

Vaca Acrílica e substâncias vegetais sobre tela 140 x 2 0 5 cm Coleção particular

[ 175 ]


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J a ir J ú n io r JAIR RA BINDRANATH TAGORE JÚNIOR Belém | PA, 1965

Thereza do Tarô Esmalte sintético sobre com pensado 8 0 x 54 cm Coleção do artista

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Jeovah Santo/i JEOVAH LOPES DOS SANTOS Teresina | PI, 1942

Forrozeiro/S do Piauí Acrílica sobre tela 65 x 78 cm Coleção do artista

[ 177 ]


JocatcM JO Ã O CARLOS TORRES DA SILVA Belém | PA, 1953

O f e r t o r i o (Para João e /A a ria ) Material reciclado 29 x 4 6 x 6,5 cm Coleção do artista

[ 178 ]


JoeU/son JOELSON BEZERRA GOMES Vitória de Santo Antão | PE, 1960

ÊÍlvira I Fotografia sobre cerâmica 4 0 cm de diâm etro Coleção do artista

[ 17? ]


Jo/sé A Íb in o JOSÉ ALTINO DE LEMOS CO UTIN HO João Pessoa I PB, 1946

AVacunaíma e C anário Xilogravura 4 5 x 3 0 cm Coleção do artista

[ 160 ]


Jo/sé O bávio Lemo/$ Araxá | MG, 1960

Ja rd im Para /Ainha /Auflher Alum ínio recortado sobre estrutura do mesmo m etal 142 x 142 cm Coleção do artista

[ 181 ]


K I tia Jacaranda KÁTIA JA CAR AN DÁ DE SOUZA Itapaci | GO, 1964

Divina Luz Materiais diversos 55 x 103 x 10 cm Coleção do artista

[ 182 ]


Paiai

Atualizai

Página inicial

Pesquisai

Favonios

Históiico

E o * . « o | i r http://1ilianfranc.sites.uol.'

A CULTURA PO PU LA R NA IN T E R N E T

A Internet perm ite o acesso a um a série de inform ações e im agens que, d e outra forma, ficariam restritas a poucos

e-mail: lilianfranc@uol.com.br Culturas Populares

Lííian França LÍLIAN CRISTINA M ON TEIRO FRANÇA Am ericana | SP, 1964

A Cuíbura P o p u ía r na Inberneb W ebsite

Fib e iro d o Seu N iv a íd o Barraca de Balas do Recife | PE 2 5 0 x 2 0 0 x 150 cm

iSu/sbração de Linhare/S Fotografia de Mateus Sá Leitão de Castro Soares Coleção Particular

[ 183 ]


Luiz Tananduba LUIZ A N TO N IO NARCISO DE O LIVEIRA Caiçara | PB, 1972

O A b o ia d o r Acrílica sobre tela 8 0 x 100 cm Coleção do artista

[ 184 ]


/Aadaílena do/, Santo/S R e in b o í t Vitória da Conquista I BA, 1929

Boi Tapeçaria 85 x 110 cm Coleção de Emanoel Alves de Araújo

[ 185 ]


AVanoeS G raciano M AN O EL GRACIANO CA RD OSO DOS SANTOS Santana do Cariri | CE, 1923

Dente Para Fora Madeira policromada 9 5 x 3 0 x 3 0 cm Coleção de Roberto Galvão


M a rg a rid a Leda Kanciukaiti¿ Pando5|o São Paulo | SP, 1943

O/Sgemeo/s G u/itavo P a n d o ^ o São Paulo | SP, 1974

Obávio P a n d o í|o São Paulo | SP, 1974

A M o ç a , A B orboüeta e o Q uerubim Desenho em tapeçaria, juta bordada com linha de algodão 88,5

x 55 cm

Coleção do artista

[ 187 ]


/Aaria AméSia V ie ira M ARIA AM ÉLIA VIEIRA SOARES COSTA NEVES Maceió I AL, 1955

Pa/s/sa^em Para Pá/S/saro/s Cerâmica 122 x 34 x 3 0 cm Coleção do artista

[ lô ô

]


M a ria Jo¿é Bati/sta M AR IA JOSÉ DE SO UZA BATISTA Belém I PA, 1961

M eu D iá rio Livro e acrílica sobre tela 14 x 9 x 1,5 cm Coleção do artista

[ 18? ]


AVaria Ro/sa M AR IA FERREIRA DOS SANTOS Etnia Povo Trem endé de Alm ofala | CE Itarem a | CE, 1944 - Itarem a | CE, 2 0 0 5

FÍore/s 2 Acrílica sobre tela 3 0 x 5 0 cm Acervo FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará

[ 1?0 ]


/Ae/Stre Nabo R A IM U NDO NO NATO DA SILVA Belém | PA, 1954

C a b id e Mista 4 0 x 33 x 10 cm Acervo Casa da M em ória da Unama - Universidade da Am azônia

[ 1?1 ]


PauSo C a rn e iro PAULO ROBERTO CARNEIRO COSTA Ribeirão | PE, 1949

Cena N o rd e s tin a Material reciclado 16 x 42 x 35 cm Coleção de Roberto Rugiero

[ 1?2 ]


® U M © IA Ç D A CACA E 0 OUTRO DO CACAUOR

Pedro Inácio da Siíva NOVA LO ND RINA | PR, 1965

Um Dia da Caça e o O u t r o do C a ça d o r Madeira e látex 110 x 180 cm Coleção do artista

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Renato VaMe RENATO JORGE VALLE Recife | PE, 1958

S érie Cri/sto/6 A n ô n im o s Gravura digitail sobre papel 4 2 ,6 x 28,3 cm Coleção do artista

[ 1M ]

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Rinaido SiSva RINALDO JOSÉ DA SILVA São Paulo | SP, 1961

Su Anjo de A\inha Guarda Serpente e Santa Mista 2 5 0 x 100 cm Coleção do artista

[ 15*5 ]


Ruma RUI MÁRIO CRUZ DE ALBUQUERQUE Belém | PA, 1956

A N o ite Toda/S a/S Ffiore/sta/s São Ne^ra/s e o/S Gato/S Leopardos Mista 150 x 2 0 0 cm Coleção do artista

[ IN ]


Sebastião de Paufia FRANCISCO SEBASTIÃO DE PAULA Morada Nova | CE, 1961

Bicho Xilogravura 47 x 63 cm Coleção do artista

[ U? }


CNCHApi

Shiríejj PaeA Leme SHIRLEY PAES LEME PAIVA ARANTES Cachoeira Dourada | GO, 1956

/Aundo da A r t e Mista 20cm Coleção particular

[ i?ô ]

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’ c Ncha C4


Tarcí/sio Féíix TARCÍSIO FÉLIX DE OLIVEIRA Granja | CE, 1944

Cena N o rd e stin a 1 Óleo sobre tela 23 x 29 cm Coleção particular

[ 1?? ]


Vi^aGordiSho MARIA VIRGINIA GORDILHO MARTINS Salvador | BA, 1953

Bahia Pintura e colagem 3 4 x 34 cm Coleção particular

[ 200 ]


V it ó r ia Helena VITÓ RIA HELENA TEIXEIRA DE CARVALHO Uberaba | MG, 1921 - Uberaba | MG, 2 0 0 6

/Auflher do V e r t i d o Preto Bordado sobre tecido 16,5

x 12 cm

Coleção de Paulo Miranda

[ 201 ]


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B r a z ii Between Cuüture/S

passing the outlines o f national e xperim ental a c­

tural character o f th is c o n te m p o ra ry m ovem ent,

tivities and in th e realization o f large scale events.

it is possible th a t we discover how th e expansion

Since its cre a tio n in 1946 by business people

Based on these directives, the Bienal Naifs do

o f th e e sthetic universe o f th e N aif helps us to

fro m th e co m m erce and service sectors, the

Brazil originated w ith the SESC Piracicaba in 1986

id e n tify th e inevitable cultural c o n ta cts w hich an­

SESC has been deve lo pin g a g ro w in g and sig n if­

and has renew ed itse lf w ith each e d itio n in the

im ate these cultural and a rtistic p ro d u c tio n s and

ica n t role in th e search fo r a b e tte r q u a lity o f life

m anner o f presenting the public w ith a plastic cel­

also, h ow m uch we still need to change to be able

fo r co m m ercia l and service w orkers and th e ir

ebration o f this look, w hich is both sensitive and

to co m prehend the real m eaning o f diversity.

families. It has also been p e rfo rm in g this fu n ctio n

spontaneous w ithin the co nte xt o f Brazilian cul­

w ith th e prop o sa l o f a ccen tua tin g values intrinsic

tures. Conceived as a space fo r an o p p o rtu n e m ap­

to th e national culture.

ping o f artistic production, the Bienal Naifs has also

DaniHo Santo/4 d e /A ira n d a

C o m m itte d to th e c o u n try ’s social, e conom ic

always included the mission o f redefining th e crite ­

and cu ltura l deve lo pm e n t, we see in this event an

ria fo r a m ore dem ocratic artistic proje ct and w ith

N obel Prize in litera tu re 1990, a b o u t his essay on

o p p o rtu n ity to m aintain and tra n sm it these val­

an eye to form ing the public.

th e d ifferences betw e e n a rt and handcrafts, "Use

ues fro m one gen e ra tion to th e other, as an inex­

In earlier editions, th e Bienal Naifs intervened

haustible source o f g o o d s as precious as life and

socially and cu ltu ra lly aim ing, n o t ju s t at a rtis tic

hum an relations, an a pp re n ticesh ip w hich is b orn

in te rm e d ia tio n o f th e a rtis ts and th e ir w ork, b u t

fro m th e p ra ctice o f th e arts.

at a fra n k and d ire c t dia lo gu e o f th e artists w ith

In th e varied branches o f cultural action , the

th e public, o rie n te d by th e policies o f th e entity,

1 O ctavio Paz, Mexican w rite r and intellectual,

and c o n te m p la tio n ”.

Biannuai A r t NaiJ E x h ib itio n s between cuiture/S

Bienal Naifs d o Brazil (Biannual A rt N aif E xhibi­

w hich aspires to th e d ilu tio n o f ce rta in b o u n d ­

tio n Brazil) 2 0 0 6 represents one o f th e richest

aries, values and m eanings w ith in th e panoram a

A t th e begin nin g o f m odernism , th e a spiration to

sources o f national a rtistic p ro d u ctio n . Interna­

o f a rt and o f th e culture.

"to ta l a r t” led to intere stin g e xpe rim e nts in in te ­

tio n a lly recognized, th e a rt naif p ro d u ce d in the

In this e ig h th edition, "Between Cultures," we

gra tin g arts as language, c o n te n t and spectacle.

c o u n try p ro je cts m any Brazilian a rtists w h o have

co ntin u e in the sequence o f th e dyna m ic o f trans­

V oltaire’s C abaret and th e Russian Ballets o f Serge

th e chance to present th e ir w orks and along w ith

fo rm a tio n s translated in to th e expansion o f the

D iaghilev w ere m a g n ific e n t examples. B u t a c o n ­

them , o u r p e o p le and cu lture in various m useum s

relationships betw een a rt naif, p op u lar visual p ro ­

tra d ic tio n circled M odernism : an a n x ie ty fo r clas­

sca tte re d th ro u g h o u t th e w orld.

du c tio n and the m o st diverse representations o f

s ificatio n th a t led to m any "ism s” in e ru d ite a rt

D eveloped b y th e SESC São Paulo, th e Bienal

the people. W ith th e proposal to interco n n ect cul­

and a d ivision o f A r t based on social class, w hile

to d a y includes w ith in its dissem ination, th e en­

tures, a ffirm ing d iffe re n t views c o m m itte d to p o p ­

also separating th e A r t o f th e peo p le into various

rich m e n t o f d e m o c ra tic access to cu ltu re and to

ula r expression, th e Bienal in 2 0 0 6 in te n d s to

fragm ents. A t th e present tim e, I w ou ld say th a t

leisure. It encourages th e va lo rizatio n o f a rtistic

provoke a no the r sensitivity th a t goes beyond the

m ovem ents in th e d ire c tio n o f d e stro yin g b a rri­

m a nife statio n s linked to Brazilian tra d itio n s and

tra d itio n a l distin ctio n s betw een the sacred and

ers betw e e n th e a rts and betw e e n th e e rud ite

keeps alive th e social p a rticip a tio n o f criticism

th e profane in th e w o rk o f art, o r b e tte r yet, as

and p o p u la r codes have begun to experience

and th e exercise o f citizenship.

O ctavio Paz1 so well located th e situation, th a t it

som e victories. One o f these is this exhibition

transgress in a certain w ay th e ancient cults o f art.

w here I, w ith th e help o f o th e r cu rato rs and artists,

A b ra m Szajman

Finally, w h a t w e also intend is to reiterate th a t

have trie d to inter-re late Popular A r t and the

PRESIDENT OF THE REGIONAL COUNCIL OF

th e lim its betw e e n th e reigning d e fin itio n fo r in­

Visual C ulture o f th e People w ith th e p ro d u c tio n

THE SESC OF SÃO PAULO

genuous art, a rt naif, s e lf-ta u g h t art, p op u lar art

o f th e e ru d ite artists w h o w o rk w ith p o p u la r m a­

and a rt w ith pop u lar them es, are exclusionary and

trices. I th o u g h t th a t it w ou ld be d iffic u lt to c o n ­

have lost th e ir m eaning in these present times.

vince th e e ru d ite a rtists to p a rtic ip a te in an exhi­

On th e boundarie/s o|[ cuütureA

Thus, b y dissolving th e dem a rca tio ns w hich are

b itio n alongside p op u la r artists w h o have no

in fo rce in this specific a rtis tic dom ain, w e o p t in

fo rm a l edu ca tio n and w ith w orkers w ho, th ro u g h images, are sim ilar to adve rtisin g agents fo r the

In th e cultural policy o f SESC, th e lim its between

co m m o n accord w ith th e c u ra to r and h er associ­

w h a t is d efined as pop u lar cultural and erudite

ate c u rato rs to share w ith th e p u b lic th e features

poor. They call a tte n tio n to th e ir p rod u cts, th e ir

cu lture are perm a n e ntly flexible. There is an equal­

o f th e p erm a n e nt tra n s it o f s ym b o lic goods

stores and w hatever th e y sell on th e streets, using co m m ercia l im ages o f p o p u la r inflection.

ity o f offe rs in th e specific set o f artistic expres­

w hich occurs am ong th e varied cultures o f Brazil,

sions, evidenced in the valorization o f traditional

and th is is m arked by th e m ovem ents th a t ebb

I believe th a t I was tra u m atize d by th e reaction

manifestations, in th e transit th a t m oves fro m a

and flo w fro m center to periphery, fro m local to

o f th e c o m m u n ity o f c ritic s and yo un g c o n te m ­

single cu ltu re to a p lu ra lity o f cultures, o fte n sur­

global and fro m urban to rural. W ith th e intercul­

pora ry artists in th e 1990s, against m y investm ent

[ 205 ]


al c ritics, a lo n g w ith in te lle c tu a ls such as Sueli

of

m in o ritie s , in a d d itio n to fu rn is h in g e x o tic e n te r­

C o n te m p o ra ry A r t o f th e U n iv e rs ity o f São Paulo.

ta in m e n t fo r th e rich. A rich s o c ie ty such as th a t

Rolnik, Maria Lúcia M o n te s a nd C laudia Toni d are d

The o ffe n s iv e re m a rks I h ea rd m a d e th e e p ith e t

o f N o rth A m e ric a b u ilt se p a ra te m u s e u m s fo r

to w rite , s u p p o rtin g th is a u d a c io u s p roposal.

in a m u ltic u ltu ra l p ro je c t fo r th e

M useum

"c ra z y ” so u n d like a e u lo g y to m y ears. H avin g

L a tin A m e ric a n A rt, B lack A rtis ts , A sian A rtis ts ,

F o r th is e x h ib itio n , [ Entre Culturas] matrizes

m y n a m e o n th e b la c k lis t o f th e m u s e u m -g o in g

W o m e n A rtis ts , etc, b u t m a in ta in e d th e e x h ib i­

populares (B e tw e e n C ultures: p o p u la r m a trices), I

e lite m e a n t n o th in g c o m p a re d to th e w a r th a t

tio n s in th e M O M A as a s y m b o l o f d is tin c tio n , to

w ro te a s h o rt te x t, e m p h a s iz in g th e idea o f s h o w ­

th o s e w h o d o m in a te d th e A r t syste m s e t o ff

w h ic h all a rtis ts fro m w h a te v e r o rig in a spired.

ing th re e d is tin c t c u ltu ra l c o d e s a t th e sam e tim e

a g a in s t th e fa c t th a t w e m a n a g e d to co n v in c e

It is im possible to deve lo p a cu ltu ra lly m ultiracial

and s e n t it to th re e frie n d s w ith w h o m I have been

th e p o o re r classes to fre q u e n t th e m useum . A fte r

s o cie ty b y basing ourselves solely o n differences; it

e xcha n g in g ideas o v e r th e last te n years, in v itin g

th e Carnavalescos e x h ib itio n , w h ic h p re s e n te d

has been in th e nam e o f diffe re nce th a t th e p o o r

th e m to w o rk to g e th e r. They are: D o c to r Leda

ca rn iva l a lle g o rie s th a t c o m m e n te d o n th e u n i­

c o m m u n itie s have been den ie d th e rig h t to exercise

G uim arães, o f th e

verse o f A rt, I had to listen to th e fo llo w in g re ­

th e ir a bilitie s w ith in C o n te m p o ra ry A rt. This d esig ­

w h o m I have been discu ssin g th e P o p u la r fo r th e

U n iv e rs ity o f G oiânia, w ith

m a rk in re a c tio n to th e la rg e n u m b e r o f v is ito rs

n atio n "C o n te m p o ra ry A r t” is reserved fo r th o se

last fiv e years, e x c h a n g in g ideas o ver lecture s and

fro m th e w o rk in g class, "N o o n e w h o c o u n ts w ill

h a p p y fe w o f th e m idd le class, s o p h is tic a te d b y th e

trip s ; d o c to r M arisa M okarzel, p ro fe s s o r o f th e

c o m e to th is m u se u m a n ym o re !!!” Is th e re any

e ru d ite , w h ite a nd E u ro p e a n ize d C u ltu re

U n iv e rs ity o f A m a z o n a s in Pará, d ire c to r a nd c u ra ­

v ie w e r w h o d o e s n o t c o u n t fo r a p u b lic m useum ?

A s th e a rtis t Lub a ian a H im id 1 p u ts it so w ell,

to r o f th e Espaço Cultural Casa das Onze Janelas (H ou se o f C u ltu re o f th e Eleven W in d o w s ), w ith

G laucia A m a ra l a nd M ay S u p lic y ’s m a g n ific e n t

fo r her, success w o u ld b e to see h e r w o rk in five

e x h ib itio n A rt Periférica: com bogós, latas e su­

d iffe re n t p laces a t th e sam e tim e a nd n o t a p r o ­

w h o m I have b ee n c o n v e rs in g a b o u t m o d e rn is m

catas (P e rifip h e ra l A rt: com bogós, tin cans a nd

g re s s io n o f ste p s fro m s h o w in g in th e b a c k o f a

a nd p o s t m o d e rn is m , as w ell as th e c o n c e p t o f

scra p iro n ) (O c to b e r 1 99 0 ) w as e rro n e o u s ly in ­

re s ta u ra n t to e x h ib it in a g a lle ry o f e th n ic a r t and

C o n te m p o ra ry A r t in th e m a n y places w e have

te rp re te d as an e x h ib it o f P o p u la r A r t w h e n a t

la te r a t th e Tate. This idea o f success as a p ro ­

m et; and R o b e rto Galvão, a rtis t, c u ra to r and a rt

th e tim e , I w as m u ch m o re ra d ica l th a n to d a y a nd

g re s s io n o f pla ce s is s till v e ry m o d e rn is t.

historian. W ith him a nd Lúcia, his w ife, th e c o n v e r­ sa tion s ra ng e fro m a rt to life, a lw ays irrig a te d w ith

d id n 't even a c c e p t th e d e s ig n a tio n P o p u la r A rt,

In th e 1990s, h a v in g th e g u ts to s h o w d iffe r ­

b e ca u se it h ad been c re a te d b y th e h e g e m o n ic

e n t c u ltu ra l c o d e s in th e sa m e sp ace I w as m is u n ­

in te lle c tu a ls to n am e th e " o th e r” . W h a t w e w e re

d e rs to o d , even w h ile w o rk in g w ith in a system th a t

To m y g re a t h ap p ine ss, th e y a c c e p te d th e in ­

d o in g w as to s h o w th e V isual C u ltu re o f th e

s h o u ld b e equ a l fo r all. N o w le t us see w h a t w ill

v ita tio n to b e a s s o c ia te c u ra to rs . W e a lso n ee d e d

P e o ple , w h ic h

h a p p e n d u rin g th e tw e n ty - fir s t ce n tu ry.

an a s s o c ia te c u ra to r in Recife, w h e re I have m a ny

th o s e

w ho

a re

in s tr u c te d

in

lots o f s h rim p a nd c o c o n u t w a te r

th e c ritic a l s c rip t o f th e E u rop e a ns w ere, a nd

B e a triz S a r lo 2 re m in d s us th a t “ fa ce d w ith th e

frie n d s fro m o v e r th e years. I d e c id e d to in v ite

c o n tin u e to be, in c a p a b le o f re c o g n iz in g as c u l­

s p e c ia liz a tio n o f c u ltu re ( th e c o m p a rtm e n ts o f

R inaldo. D e s p ite his b e in g a n ew frie n d , I a d m ire

tu ra l p ro d u c tio n -m u c h less as A rt.

th e v a n g u a rd a nd th e p o p u la r c o m p a rtm e n ts ,

his A r t w o rk v e ry m u ch. M y p la n s w e re to w o rk

F o r m e th e p ro b le m o f in te ra ctio n b e tw e e n cu l­

b o th s p ie d o n b y th e m a rk e t) th e p o litic a l v ie w

w ith th e m in th e ir h o m e sta te s, h o w e v e r life c o n ­

tures — th e m arginal a nd th e central, betw een “ H ig h ”

w ill p ro d u c e a syste m o f n e tw o rk s [...] These n e t­

s p ire d to c h a n g e th o s e p lans a n d I w as a b le to g o

and “ L o w ” , b e tw e e n local a nd g lo b a l — is n o t ju s t a

w o rk s , w h a te v e r th e ir m e a n in g , are n o t a new

o n ly to F o rta leza , Teresina a nd U beraba. I w o rk e d

co n fro n ta tio n b etw e e n d o m in a tio n and s u b o rd in a ­

syste m o f hierarchies, b u t b e fo re th a t, a sp ace to

via e -m a il w ith th e a s s o c ia te c u ra to rs a n d m y

tion, it is a c o n tin u o u s tension, and is b e tte r d is ­

m a x im iz e th e v is ib ility o f d iffe re n c e s , o rie n te d

c o n s u lta n t friends, Darían Rosa (Brasilia); Elizabeth

te n d e d in m usic th a n in th e o th e r arts in Brazil.

n o t ju s t to change, b u t in te re s te d in th e d e m o c ­

M. A g u ia r (R io G ra n d e d o Sul ); Lívia M arques

ra tiz a tio n o f c u ltu ra l in s titu tio n s as w e ll.”

C a rv a lh o (P a raíb a); M a rce lo C o u tin h o (P e rn a m ­

The N aseem Khan re p o rt,

The A rts Britain

Ignores, p ro d u c e d fo r th e G ulbe n kian F o u n d a tio n

C ultu ra l c ritic is m , m o re th a n A r t C riticism , has

b u c o ); R ob so n X a v ie r d a C osta (P a raíb a) and

in 1976, d e m o lish e d th e fru itfu l p o ssib ilitie s o f th is

been o p e n in g th e m ind s o f th e u n iv e rs ity stu d e n ts

G láucia A m a ra l, m y c h o s e n sister, w h o s p e n t a lo t

c u ltu ra l te n sio n . Even th o u g h it ca lle d fo r m o re

w h o s tu d y A r t .Therefore, o f all th e e ru d ite a rtis ts

o f h e r p re c io u s tim e h e lp in g m e w ith d e c is io n

fu n d in g fo r th e “ E th n ic A r ts ” (a n o th e r d u b io u s

w h o c ite th e p o p u la r w h o w e re in v ite d now, o n ly

m a k in g a nd w ith th e research.

cla s s ific a tio n fo r P o p u la r A rt), p ro d u c e d b y im m i­

o ne d id n o t a c c e p t th e in v ita tio n d ue to te m p o ­

I th a n k e v e ry o n e v e ry m u c h since w ith th e

g ra n ts in E ngland, it re co m m e n d e d : “ th a t h a rm o ­

rary c irc u m s ta n tia l reasons, w h ic h m a de him fe a r­

h e a lth p ro b le m s in m y fam ily, th e s e nin e frie n d s

n iz a tio n sh ou ld be a chie ve d b y re c o g n iz in g th e

ful o f b e in g seen a m o n g th e A r t o f th e People.

have been m y eyes a nd m y a c tio n . I p la n n e d th e

d iffe re n t c o m m u n itie s as c u ltu ra lly separate.”

This is g re a t p rogress c o m p a re d to th e 1990s,

nucle u s o f th e e x h ib it base d o n a d ia lo g u e a m o n g

W h a t w as re c o m m e n d e d p ro v o k e d th e c u l­

w h e n I c o u ld fin d n o s u p p o rt a m o n g a rtis ts and

th re e w orks: A m etam orfose da Onça Caetana

tu ra l “g h e tto -iz a tio n ” o f th e p o o r a nd th e m u lti­

A r t c ritic s fo r th e m u ltic u ltu ra lis t p ro je c t th a t I d e ­

(T h e m e ta m o rp h o s is o f th e ja g u a r C ae ta n a ), a

p lic a tio n o f s te re o ty p e s a b o u t th e c u ltu re o f th e

v e lo p e d. O n ly th e a n th ro p o lo g is ts a nd th e c u ltu r­

ta p e s try p ro d u c e d b y th e Casa C aiada m a n u ­

[ 20¿ ]


facturer in Pernam buco, based on Ariano Suassuna’s

Ten years later, U m b e rto Eco, w ith The Name

draw ing (fro m th e collection o f M. Ligia d e A m orim

o f the Rose, w o u ld o p e ra te w ith values q u ite sim ­

“A r t is n o t a sim ple part, b u t th e co m p lex h e a rt o f o u r cultural body.” 3

B arbosa); A Moça Caetana (T h e Girl C a e ta n a ) by

ilar to th o se o f th e Movimento Armorial, fusing

I w an t to thank t h e ;jury th a t selected th e artists

Daniel M aced o d e Natal, fro m th e co lle ction o f

th e e ru d ite in to a d e te c tiv e story w ith p o p ular

w h o are participating in this co m p e titive exhibition,

Um dia é do Caçador,

roots. A ria n o w as m a d e S e c re ta ry o f C u ltu re for

M aria Alice, Maria Lúcia and Oscar, for th e clarity o f

outro da Caça (One day belongs to the hunter

P e rn a m b u c o and to d a y is c e le b ra te d b y th e m e ­

their decisions and their allying them selves w ith

the other to the Hunted) a ja g u a r a t rest b y th e

dia, w h o tu rn e d this intellectual, kn o w le d g e a b le

th e ideas th e project o f the curators.

h o u sep ain ter fro m G oiânia, Inácio da Silva.

a b o u t th e M idd le A ges, into a p o p u la r p h e n o m e ­

A n to n io M arques, and

For the enriching dialogues, I thank Victor Burton.

The w ork o f Inácio da Silva proved th e m ost dif­

non. M y husband and I w ere friend s o f A riano

I a m grateful to th e SESC for inviting m e to

ficult to acquire. The photos Leda sent me, o f the

and Zélia in Recife, and w e have th e b est m e m o ­

take this intellectual adventure, their su p p o rt for

walls he painted, are exuberant. This is how he earns

ries o f th em . W h e n w e d e c id e d to c o m e to São

bringing it into being and th e affe ctio n w ith w hich

his living, by painting walls, and he had no trans­

Paulo, he p re d ic te d th a t w e w o u ld end up “m a k ­

I have been tre a te d during a very difficult tim e in

p ortable work. W ith th e sam e professionalism o f an

ing b o lo g n a san dw iches in a São Paulo lu ncheo n­

m y personal life.

erudite artist w h o needs sponsorship to realize an

e tte .” This im a g e has fo llo w ed us, and w ith o ur

installation, Inácio da Silva offered to paint som e­

s o m etim e s d ifficu lt status as north eas tern e rs in

Ana AVae Barbo¿a

thing for us. The jag u ar from th e w estern central re­

S ão Paulo, w h e n th in g s w ere n o t g oing as w e d e ­

ART EDUCATOR/ CURATOR OF THE BIENAL NAIFS

gion was born gloriously from this commission, and

serve, w e w o u ld say to o n e another, “It w o u ld be

DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

in the exhibition, cautiously observes, Susassuna's

w o rse to b e selling b o lo g n a sandwiches!" 1 Lub aian a Him id. In: S an d y Nairne. State o f the

O n ça Caetana (The Jaguar Caetana. W e have,

But thinking things over, to extrapolate, inter-

therefore b roug ht into our exhibition the dialogue

territo rialize , m ix, s tru g g le against h e g e m o n ic

A r t London: A Channel Fou r Book, 1987, p. 2 4 0 .

o f an artist w ho paints walls (is this Popular A rt? I

exclusionism , against th e d ictato rs hip o f w h ite

2 B e atriz Sarlo. Paisagens Imaginárias. (Im a g i­

p refer to call it th e Visual Culture o f th e People

A m erican and E u ropean codes fro m w ithin the

nary Lan dscap e s) São Paulo: EDUSP, 2 0 0 5 , p. 63.

since this term is less sullied by the ill will o f the

walls o f th e university is alm ost "selling bologn a

3 G avin Jantjes. Critical Perspectives, E d w ard

hegem onic cultural po w er) w ith one o f th e m ost

sandw iches”. Ariano, you w ere right. “ Look a t m e ”

Totah G allery and A rtra g e 2, Londres, 1983.

erudite artists o f Brazil, w h o since th e 1960s has

here, valuing th e cultural hybridism and try in g to

been seeking to influence th e country’s cultural pol­

produce, w ith m y friends fro m various places in

icy in th e direction o f valorization o f the popular.

Brazil, a cultural b an q u et w h ere sim ilarities unite

This construction o f an erudite-popular conversa­

diverse cod es and differences gain egalitarian vis­

tion has interm ediation o f M acedo’s work. The Onça

ibility, side by side, in c o m m o n disaccord.

Caetana transform s into the Moça Caetana (The

In ad d itio n to thanking th e associate curators,

Girl C a eta n a) o f Daniel M acedo w ho learned to deal

con sultants and g o o d friends w h o nam es I have

w ith th e turm oil o f visual language through the

alread y m en tio n ed , I also w a n t to th a n k tw o m ore

Arm orial M ovem ent led by A riano Suassuna.

friends, Luís N o gueira and G erardo Vilaseca, for

The Movimento Armorial, baptized in th e 1970s “was devoted to struggling again the process o f d e ­ characterization and vulgarization o f th e Brazilian culture, [...] a t th e sam e tim e th at it sought an eru­ dite Brazilian art based on th e popular roots o f our

B IB L IO G R A P H Y Him id., Lubaiana in Sandy Nairne. State o f the

Art. London: A Channel Fou r Book, 1987. G avin Jantjes. Critical Perspectives, E d w ard Totah G allery and A rtra g e 2, Londres, 1983 Sarlo, B eatriz. Paisagens Imaginárias (Imagi­

nary Landscapes). S ão Paulo: EDUSP, 2 0 0 5 . SITES

th eir help and fo r th e en e rg y th e y provided, along w ith G láucia Am aral, so th a t I not give up. I th a n k th e collecto rs w h o lent w o rks fo r th eir

w w w .g a leriab rasilian a.co m .b r w w w .ra w a rt.c o m w w w .ka ra n d ash .co m .b r

generosity. To th e artists w h o ag ree d to p a rtic ip a te in

[Entre CulturasJ Matrizes Populares

culture”, says A riano in an interview. This w as hap­

th e exh ibition

pening a t a m o m e n t in w hich “High M odernism ”

(Between Cultures: Popular Matrices), m y reco g ­

was dom inant, form alism w as the critical creed and

nition fo r yo u r plural vision o f Brazilian culture.

LineA o j mergers the in<jenuou/s revi/iibedo

the word “roots” sounded worse than pornography.

Throu gh M ivaldo, w h o g ave up his c an d y stand

Before dying, this vanguard in th e throes o f its

fo r th e exhibition, I th an k th e w orkers who, w hile

"K n o w in g w h e th e r o n e can call w h a t th e p e o p le

death struggle, con dem ned A riano and his follow ­

n o t being considered artists by them selves or by

c re a te o r w h a t is c re a te d b y th e p e o p le or w h a t

ers to hell. H e stated th a t th e Arm orial (m o vem en t)

th e co m m u n ity o f critics, have visually enriched

is m e a n t fo r th e m p o p u la r is a false issue. A b o v e

w as the real elite in a w ay that seem ed to m ean that

their surroundings or th e tools o f th eir trade.

all it is im p o rta n t to id e n tify h o w th e d iffe re n t

th e peo ple are th e genuine intellectual elite in the country. M any w ere horrified.

I c o n clu d e by citing G avin Jantjes, an ou tsid er to h eg em o n ic circles, as I v iew myself;

[ 207 ]

cultural fo rm s in te rs e c t and im b ric a te . (C h artie r, 1 9 9 0 :5 6 )


T h e le itm o tif (b e tw e e n cu ltures] o f this eig h th e d itio n

o f th e

Bienal

Nai'fs d e

P iracicaba

is

Conventionally, th e co n cep t o f w h a t is pop ular

o f flu c tu a tin g b e tw e e n co n cep ts, und ersta n d in g

is defined by its difference from something that is

th em as historical constructions origin ating in th e

provocative and p ertin en t to th e present m o m en t

not, th a t is, fro m eru d ite and cultured literature,

d o m in a n t p o in t o f view. I believe th a t this discus­

th a t d eb ate s concepts such as post colonialism,

fro m a rt created and perfo rm ed in official spaces

sion is im p o rta n t even fo r th e p h e n o m e n o n I

hybridism s, cultural d e-territorializa tion and others

and even fro m official Catho licism w ith its basis

w a n t to highligh t here, th e c o n stitu tio n o f a field,

th a t are part o f th e rep erto ry o f these authors, w ho

in th e cultured traditions, etc. (Chartier, 1999:55).

o f th e p o p u la r o r o f th e naif, n o t exa c tly a t th e

com e fro m th e w idest range o f areas o f expertise.

Even th o u g h these oppositions are presently un­

margin, but as a field in itself, w hich has its ow n m a r­

derg o in g

gins, cen ters and p e rip h e ry w ith in it.

As the folder for th e Bienal Naifs d o Brasil 2 0 0 6

re-evaluation

and

de-co n stru c tio n

in

states it intends to provide fertile groun d for ideas,

several theoretical fields, w e can say th a t a sim ple

to b e rich in production, and thus to dissem inate

binary m odel o f cultural distinction persists.

O rtiz says th a t "the debate about popular cul­

ture reinforces the dimensions o f separation, seg­

M arginality is a concept constructed not just in

regation, heterogeneity’’ ( 2 0 0 0 : 3 7 ) . S ep aratio n

I und ersta n d th a t this sam e search for d iver­

opposition to th e cultured norm, but also in o p p o ­

im plies th e c o n c e p t o f th e “o th e r ”. P o p u lar m a n ­

sity w as present in th e 2 0 0 4 edition . T h e curator,

sition to society; those w ho live on its margins, indi­

ifestations are d istanced fro m d aily life in ord er

Paulo Klein, in his in tro d u ctio n to th e cata lo g as­

cating disparate groups such as the "primitives”, the

to preserve th e m and so th a t th e y “survive” in an

su m ed th e "desire to shake up th e cultural scene”

“alien ated” and even children, but w h o are grouped

"au thentic" form . Paradoxically, th e con cep ts o f

in an eve n t w hich ce rta in ly is shaping up as one

under th e sam e identity, i.e., the peripheral.

“p u rity ” and "a u th e n tic ity ”, fo rm u la te d b y intel­

th e cultural diversity o f th e Brazilian people.

o f th e bastions o f naif pro d u ctio n , w h e re it has

In this text, I d o n ’t intend to review th e c o n ­

lectuals, establish a sacred field fo r p o p u la r p ro ­

m a n a g e d to a tta in b o th id e n tity a n d visibility on

c e p t o f naif, no r to d o an historical revision using

du ction. The concerns vo iced in th e 1970 L e tte r

th e national and in tern ational artistic scene. In

R ousseau’s D o u an ier as th e referen ce fo r th e

on Latin A m erican Folklore w hich expressed c o n ­

m y te x t I ta k e th e sam e directio n o f em phasis

te rm . M any have alre a d y d o n e so. M y in te ntion is

cern ove r th e d isap p e a ra n c e o f p o p u la r tra d i­

on diversity to reflect on con tam inated concepts of

to u n d erscore th a t du rin g th e tw e n tie th century,

tions co n tin u e to have repercussions.

th e naif and th e popular. Thus I reveal fro m th a t

in a progressive m an n e r and by d iffe re n t m eans,

These con cerns w e re p rese n t in th e g o v e rn ­

p o in t on m y th eo retic al and c o n cep tu al a d h e r­

instances o f leg itim izatio n and d istinction w ere

m en tal cultural policies in th e 1970s and 1980s. In

e nce to th e propo sal o f th e c u ra to r o f th e 2 0 0 6

c re a te d fo r a “peripheral" a rt in m olds n o t m uch

a gen eral way, w e see th a t notions o f a u th e n tic i­

exhibit: For this Bienal, I sug gest including th e

d iffe re n t fro m th o se o f so called “e ru d ite a r t”. In

ty, “th e spirit o f th e p e o p le ”, th e non relationship

te rm ‘b e tw e e n cu ltures’ to c o n tin u e exp anding

co n stru c tin g a rt th a t w as (a n d con tinues to be)

to th e m a rket a n d th e isolation o f p ro d u ctio n in

th e relationsh ip b e tw e e n a rt naif, p o p u la r art, th e

co n sidered o f lesser value, th e internal criteria for

sm all co m m u n ities w e re ch a ra cte ristics used to

visual cu ltu re o f th e p eo p le and e ru d ite represen­

cre a tin g hierarchical = c a te g o rie s o f valu e are

re fe re n c e

ta tio n s th a t in co rp o rate th e popular.

established and these a p p a re n tly ca n n o t b e dis­

th e im p o rta n c e o f th e ac tiv itie s o f th e Brazilian

“This will p ro b a b ly not be a Bienal o f pu re naif,

cussed as p a rt o f th e sam e package.

p o p u la r art.

These

fe a tu re s

reveal

Folklore Mission fro m th e 1 94 0s to th e 1960s to

b u t o f co n tam in atio n , o f affirm in g th e d iffe re n t

Thus, th e re have bee n diverse a tte m p ts to d if­

sys tem atize an institution al field o f research on

visual testim onies c o m m itte d to th e cu ltu re o f

fe re n tia te th e naif fro m th e popular, th e ingenu­

art and p o p u la r cu ltu re in Brazil. The folklorists

o u r p e o p le ” [A n a M ae B a rb o sa] in a p u b licity fold

ous, th e prim itive, th e psychiatric p a tie n t and

p layed a decisive role in in stitu tio n alizin g spaces

fo r th e Eighth Bienal N a if o f Piracicaba.

children. W h a t are th e possible a p p ro xim atio n s

such as m useum s and p o p u la r a rt shows, creating

In co n trast to th e te rm a rt w ith a cap ital “A”

b e tw e e n th e a rt o f Nise d a S ilv e ira 's p atien ts and

a specific field fo r p ro d u ctio n s o f this kind.

w e find th e term s a rt naif, p o p u la r art, innate,

th e "ingenu ous” a rt o f the artists prese n te d by

A n d in th e m anner o f so called eru d ite art,

etc.; fre q u en tly linked to m a n ife s ta tio n s /p ro d u c ­

Lélia C o elh o Frota? W h a t situ ations d o th e naif

p o p u la r culture also en ters into th e circuit o f th e

tions c re a te d by th e p eo ple. The c o n cep ts o f the

artists and th e patien ts o f th e E n g en h o d e D e n tro

connoisseurs. M useum s, galleries, catalo g s and

prim itive, th e ingenuous, th e m arginal and others

m ental hospital have in co m m o n ? Is it th a t they

individual shows co n stitu te this “official “field o f

are usually linked to p o p u la r a rt and its e x te n ­

all self ta u g h t? W h a t are th e ch a racteristics o f

th e popular. Surveying texts pro d u ced on the sub­

sions. These c o n cep ts te n d to situ ations o f exclu­

th e o n e and th e oth er? M any have d e b a te d th e

ject, Brazilian aca d em ic reflections on th e m a tte r

sion, viole nce and anom aly. W h e n th e y are sim ply

issues o f c o n c e p tu a liz a tio n and te rm in o lo g y —

can be found in th e w riting s o f Lélia C oelho Frota,

read or ap p lied to certain produ ctions, th e y a p ­

reinfo rcing th e d ifferen c es in th e field — w h e th e r

Clarival do Prado Valladares, Jac que Van d e Beque

p e a r to be in n o c e n t n o m e n c la tu re s , b u t th e y r e ­

a tte m p tin g to clarify errors in th e “u n d u e” or “in­

and Jan ete Costa, a m o n g others.

veal form s o f oppression, o f colonization . They

c o rre c t” use o f one te rm or th e other.

Theoreticians, books and articles published, cul­

are lo c a te d on th e m argins, tie d to th e n otion o f

I believe th a t th e te rm [in te r c u ltu re ] is b e ­

tural centers, private collections, m useum s and

p o p u la r or to an extension o f th e “m arg in al”

y o n d th e sco p e o f this co n cep tu al revision and

shows such as th e Bienal N aif are part o f this cir­

ch a ra c te r an d th e n otion o f th e periphery.

w o u ld raise th e discussion to an o th e r level, th a t

cuit. Conceptual pairs o f binary oppositions are not

[ 208 ]


sustainable. The challenge is to perceive them as

cu ltu re” codes are p erm a n e n tly readjusted to

nant national culture. It houses diasporas, estrange­

negotiations that take place within a subtle g am e of

m aintain the ideologies o f th e d o m in an t classes.

ments, otherness, re-elaborations o f identity in dai­

appropriations, o f re-deploym ents and o f detours th at both sup port and exclude one another.

If the cultural fields becom e hybridized, the so­

ly life and in perm anently redesigned traditions.

cial relationships remain to create distinctions. W hen

To question th e ingenuousness attrib u ted to

the w ork o f an artist such as Bispo do Rosário is

Leda Guim arãe/s

th e cultural m anifestations o f th e people, involves

com pared to Ducham p's ready-mades, an operation

ART EDUCATOR/ ASSOCIATE CURATOR OF THE BIENAL

em phasizing transits and contagions w ith other

o f artistic legitimization occurs in favor o f the code

NAÍFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

pop ular forms, w ith the erudite and mass cultures,

whose referential status is higher than the other.

such as com ic books, w ith the w ritten code, w ith

W e need various access portals to understand

o th e r artists, and w ith th e very co n cep t o f the naif

the intersections o f the several theoretical routes

or th e popular. Popular artists, fo r th eir part, a p ­

during the tw en tieth century w hich have located

propriate th e conceptual discussion around “artist

popular culture as a space o f enunciation in the

or craftsperson", “art o r craft”, “cop y or original”,

com prehension o f culture and knowledge. The m i­

for exam ple, and thus issues discussed in th e aca d ­

cro histories, history view ed from below, knowledge

em y o r parallel to it, enter their repertory.

of daily life, the dom estic sphere, manual labor, af­

B IB L IO G R A P H Y

Quantos Anos faz o Brasil?.

AB R E U , A. A. (o rg ).

(H o w O ld is Brazil?) São Paulo: Editora da Uni­ versidade d e São Paulo, 2 0 0 0 . A R A Ú JO , E m an oel (c u ra to r)

ros.

Brasileiro, Brasilei­

(Brazilian, Brazilians) São Paulo: Museu

A fro Brasileiro. 2 0 0 5 .

From this p ersp ective, n eith er th e purism o f

fect, com m unity relations and ecology are being

th e tim es o f H e rd e r and G rim m , n or th e passive

revaluated from the perspective of post m odernity

Artists and Artifices: Ancestralidades, Arcaísmos e Permanências. (A n -

stan ce o f th e m asses in relation to industrial cul­

A n d from within this perspective, the deb ate

cestralities, Archaicism s and Perm an ences) P.

ture, n or fro ntal op p o sitio n to eru d ite cu ltu re any

ab o u t visual culture constitutes itself as a valuable

3 4 In: Mostra d o R edescobrim ento A rte Popular.

lo n g er

w hich

field o f interlocution, since it takes into considera­

N E LS O N A G U ILA R (o rg ). F un dação Bienal d e São

fo rm th e cultural ties are co m p lexly inco rp o rated

tion the contributions o f anthropology, o f the histo­

Paulo. São Paulo: A ssociação Brasil 5 0 0 anos

ry o f mentalities, o f psychology and psychoanaly­

A rtes Visuais, 2 0 0 0 .

m akes

sense. T h e

in tersections

"all the cultural norms by which historians recognize the culture of the people always present themselves today asmixedsets that meet, ahardto untangleskein, elements from widely diverse origins."(1990: 5 6 )

on e into th e other. For Chartier,

A R A Ú JO , Em anoel

trans-disciplinary platform for perceiving inter cul­

Um spray na mão e uma idéia na cabeça. ( A spraycan in th e hand an d an idea

tural and inter border situations, such as this eighth

in th e h e a d ) Revista A rte em Revista. São

sis, o f cultural and post-colonial studies, to form a

edition o f th e Bienais Naífs d e Piracicaba.

A R R U D A , V.

Paulo, CEAC , 1984.

DeGauguinàAméricaLatina.

Today, the leftist popular bias w hich seeks

Experiences w ith frontiers lead to transitions, to

ways o f "p rotecting” popular culture from co n tam ­

opportunities to en ter and leave places, to g o and

(F ro m G auguin to Latin A m e ric a ) In: A R TE & E D U C A Ç Ã O em Revista. A n o I — n- 1. O u tu ­

BARBOSA, Ana Mae.

ination or vulgarization by th e m edia no longer

com e. Trans-cultural intersections and experiences

holds, nor does the bias o f nationalist discourse

of diaspora occur in several form s in con tem porary

which p rom otes popular form s as form s o f identi­

times. The visual culture o f the people is transver­

ty fo r a traditional Brazil. Utopian leftist and ultra­

sal, intra and inter-cultural. Hybrids by nature, they

A Escrita da História: novas per­ spectivas. (W ritin g History: new perspectives.)

nationalist rightist proposals have a redeem ing air.

encom pass a broad range o f m anifestations o f art,

São Paulo: Editora da U n iversidad e Estadual

The d e b a te ab o u t pop ular culture and a rt in

design, fashion, objects, architecture, dance, rituals

th e present d a y con tex t allows us to consider the

and feasts, in which th ere is subversion and interac­

recognitions and reconstructions o f form s o f iden­

tion w ith other codes, esthetic conflicts, artesan-

Consumidores e Cida­ dãos: conflitos multiculturais da globalização.

tity, fo rm s o f d o m in a tio n /d o m in a te d an d how

ries, re-appropriations and re-readings, in an en d ­

(C onsum ers and Citizens: m ulticultu ral c o n ­

d ifferen t cultural encounters are constructed.

less rhythm o f invention and tradition.

flicts o f g lobalization.) Rio d e Janeiro: Editora

Running against all th e co n cep tu al constructs

N o single artistic/cultural form can be seen as a

th ro u g h o u t history, th e so called “p u re” traditions

totality. All culture is fragm ented. The effo rt is to

(th o s e o f b o th pop ular and eru d ite culture) have

avoid em bracing an essentialist vision which lo­

b een progressively diluting, m ixing a m o n g th e m ­

cates the production o f the people in the sphere o f

selves, tra n sfo rm in g them selves in th e course o f a

th e exotic. To utilize operations o f deconstruction

process, g en eratin g a m ultiplicity o f form s, oral

does not m ean elim inating or refuting the already

and well as w ritte n and lately electronic, circulat­

instituted codes, but to approach th em transversal-

ing th ro u g h th e various social levels o f th e p o p u ­

ly w ith other cultural codes in m ulti-inter-trans-cul-

lations o f th e Eu ro pean and Latin A m erican cou n­

tural and inter-textual proposals. The a rt/c u ltu re o f

tries up to th e present day. Nevertheless, "high

th e p eo p le is n o t fixed o r representative o f a stag­

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social s e c to r o r e v e n o f in d ividu als , c a n b e seen

resu lt o f in e q u a litie s a n d

by

th e

o f c o n flic ts existin g

d o m in a n t

g ro u p s

and

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The c o n j i i c t betw een cuJtu re A

(C u ltu re : A n A n th ro p o lo g ic a l

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d o Brasil 2 0 0 6 : B e tw e e n C u ltu re s . S h e p ro p o s e s

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LOSADA,

M E L L O e S O U Z A , L. A

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in c lu d e t h e p r o d u c tio n o f a rtis ts fro m

th e

fa s h io n ;

th a t

th e re

a re

u n iv e rs a l

m e n t w h ic h a t te m p ts to esta b lis h a h ie ra rc h y o f c u ltu ra l

m a n ife s ta tio n s an d

a t e d in c o m p lia n c e w ith t h e n o rm s o f g e n e ra l

ty p e s o f a r t is a m a n ife s ta tio n o f t h e e x is te n c e o f

P o p u lar: as várias

r e c o g n itio n a n d a c c e p ta n c e . Sh ^ c h a lle n g e s th e

t h e s tru g g le to

fa c e s d e u m d e b a te . (S e m in a r o n F o lk lo re a n d

o v e rth r o w in g o f e x c lu s io n a ry p re ju d ic e s , o f c o n ­

m e a s u re o f its s ta g e o f d e v e lo p m e n t. It is, in

P o p u la r C u ltu re: th e v ario u s faces o f a d e ­

c e rn w ith sins o f o rig in a n d in v ite s us t o b r o a d ­

ess en ce, a s tr u g g le a m o n g social g ro u p s to im ­

b a te )

N a c io n a l d o F o lclo re, C o o r-

e n th e c o n c e p ts a n d to e lim in a te fa ls e b a rrie rs

p o s e th e valu es in w h ic h th e y believe.

E s tu d o s e Pesquisas. R io d e

b e t w e e n t h e p o p u la r a n d e ru d ite . This is p e r m is ­

O f co u rs e th e d o m in a n t g ro u p s s tru g g le to

sio n to m a k e h y b rid is m e x p lic it, to revea l in flu ­

m a in ta in an d re p ro d u c e th e ir privileges. To d o so,

en c es; to a llo w fo r c o n fro n ta tio n s ; to p re s e n t

th e y have to m ain ta in th e m ean s o f p ro d u c tio n and

p ro b le m s ;

a p p ro p ria te surplus cultural value; to co n tro l th e

n á rio

p o p u la r c u ltu re a n d h is to ry ) In: S e m i­

F o lc lo re e C u ltu ra

In s titu to

d e n a d o r ia d e

Jan eiro : IB A C , 1992. O R T IZ , R.

Umoutro território. ( A n o t h e r T e rrito ry )

S ã o Paulo: Ed. O lh o D á g u a , 2 0 0 0 .

to

open

up

discu ss io n s;

[ 210 ]

to

open

im p o s e e s th e tic v alu es a n d a


classes? W h y w ould th ey lose th e ir genuineness

m echanism s o f the m aterial and sym bolic reprodu­

social inclusion have in co rp o rated th e esthetic

ction o f th e labor force and the relations o f p ro­

values o f th e group s on th e m argin or th ose o f

in being p rodu ced fo r th e m arket? Is it th a t the

duction, and control th e m echanism s o f coercion.

artists w h o do not fo llo w th e established canons,

eco n o m ic process, and not th e artist, is fra u d u ­

In this process, th e h eg em o n ic group s utilize

into th eir creations. The various d en om inations

lent? A n d on th e m a tte r o f “th e p urity o f the

all possible m eans — th e school, th e m edia, the

e m p lo y e d in th e search to a p p re h e n d th e arts o f

artist"? Is a pure artist tru ly possible? H o w does tra n sferen ce o r th e exc h an g e o f k n o w le d g e take

m useum s an d all th e cultural acc o u tre m e n ts and

th ese sectors (naif, prim itive, innate, popular,

spaces. T hese pro d u ce e sth etic habits, th e struc­

e tc .) d o not seem to m an ag e to con tain th e broad

p lace in th e a m b it o f th e arts? D o artists n o t sub­

tures o f pleasure an d consequently, practices

ran g e an d th e m ultip licity o f faces th a t these

je c t to influences external to th e ir universes real­

w hich are in line w ith th e interests o f th e d o m i­

artistic p rodu ctions ta k e on. U p to th e m om ent,

ly exist? W h a t is th e w orld o f th e artists like? How

nant. H ow ever, w e have to im agine th a t th e sub­

eve ry d en o m in atio n has been unsatisfactory.

can w e m easure it? Luis Felipe B aêta Neves says

o rd in a te g roup s also dev elo p th eir m odes o f re­

T h e existence o f several seg m e nts can b e per­

sistance an d specific form s o f rep rodu cing th eir

ceived in this p ro du ction and w e will arbitrarily

kn o w led g e, a rt and culture and th a t, in a certain

cite a few th a t w e consider to be m ost significant:

"natural, pure virgin" state never existed. is alw ays "the result of a bunch of given historical determinants with no knowledge of an original moment"2W e believe

th a t th e

A rtis tic pro d u ctio n

way, th e y also stru g g le to m ake th e m d o m inant.

In th e first group, w e bring to g e th e r th e artists

This process is a struggle. It is im p o rta n t to p e r­

w h o w o rk w ith th e eru p tio n o f im ages th a t are

th a t th e concern w ith th e genuineness o f artistic

ceive that, even th o u g h th ere are no records,

fixed in all our m inds and w hich are productions

w orks, especially th o se com ing fro m th e m ore

th e re is an e sth etic pro d u ctio n th a t has b een and

th a t sym bolize, in essence, th e cu ltu re o f the

p o p u la r social layers is a process to try to dislo­

is discard ed fro m th e history o f th e arts on a d a i­

peo ple, w hich express, w ith th eir ow n values, our

c a te th e focus o f th e tru ly cen tral issue in th e

ly basis. F o rg e ttin g is co m m o n in th e history o f

shared internal reality. W ith no need for a w orld

analysis o f w orks o f art: an internal criticism,

art, m ainly in th e p rodu ctions and artistic w orks

apart, these artists m ake a rt into a flow o f life.

b ased on th e w o rk itself.

o f artists fro m th e m ore po p u la r social and e c o ­

In a second group, w e g a th e r th o se w h o for

O p tin g to d ivid e th e groups o r su b -g ro u p s is

s o m e reason, including ingenuousness, seek to

perhaps

tu n e into th e d o m in a n t values and pro d u ce a

d oes n o t a p p re h e n d th e reality. Perhaps w e have

co m p re h e n d m ore e ffe c tiv e form s o f artistic p ro ­

kind o f distanced art, sort o f w ith o u t tech n iq u e

to assum e th e plurality o f possibilities w ith no hi­

d u c tio n b y th e group s and individuals on th e

a n d kind o f w ith o u t soul.

erarchies. To a c c e p t th e arts as alive, co m in g t o ­

nom ic levels. By this g u iding th read , w e are led to seek to

an

u n satisfactory

m odel,

o n e w hich

gether, separating, co m in g close, distancing, in­

m argin, w h ich are n o t in te g rate d into th e es ta b ­

A third group, w o u ld b e th e on e to bring t o ­

lished social structures a t th e p resent tim e. But

g e th e r th e artistic m anifestations realized w ith ­

t e rfe rin g ,

a p p ro a c h in g and und ersta n d in g this cultural uni­

o u t th e pressures and con d itio n in g o f technical-

m u tatin g . W h y n o t a c c e p t th e m u ltip licity o f p o ­

verse is n o t easy, given th e co n ditionin g and ide­

eru d ite kno w ledge. These are ingenuous creative

sitions th a t th e artists can assum e in th e course

ologies th a t exercise pressure over th e social

p rodu ctions w hich register th e universes o f the

o f th e ir lives and even in th e d ev e lo p m e n t o f their

g roup s a n d th e ir artistic m anifestations. Espe­

p e o p le and reflec t p o p u la r w isd o m . This group

w ork? W h y can 't th e artist register th e universes

cially if w e are dealing w ith practices w hich are

includes an a p p a re n t su b -g ro u p o f artists w h o

o f th e peo ple, reflec t p op ula r w isd o m , seek to

e vid e n tly d e v e lo p e d on th e basis o f dream s, o f

c o m m it a kind o f fraud w hile a tte m p tin g to e n ter

reach th e m arket, and a t th e sam e tim e, these

denials o f th e real and th e present, in th e search

th e p ro fit driven m arket. These artists execute

m anifestations b e eru ptions o f im ages th a t sym ­

fo r utopias w ra p p e d up in a tho u sa n d and one

w orks w ith ingenuous appearances, register tra ­

bolize, in essence, th e culture o f th e people?

rhetorical strategies. T hese a p p e a r to have life

ditional am use m e n ts an d po p u la r feasts, d iffe r­

W e know th a t a rt fo r artists is th e place th ey

and can m ix, even w hen th ey are con tradictory.

e n t form th eir ow n expressions fo r m erely d e c o ­

find refu g e and stren g th to co n fro n t life. A rt is

in flu e n c in g

an d

b ein g

in flu en ced ,

These are a p p a re n tly ingenuous an d creative

rative purposes. In th e life histories o f m any

th eir shield and th eir w eap o n in th e con flict o f

w orks w h ich record th e universe o f th e p eo ple

p o p u la r artists, w ithin a sho rt perio d o f exercis­

cultures th a t th e y are daily fo rced to face. A t th e

a n d re fle c t p o p u la r w isdo m . Buy can w e really

ing th eir professions, th e m u ta tio n can b e per­

s am e tim e, a rt is th eir m eans o f eco n o m ic sur­

classify th ese artists as ingenuous? O r is it th a t

ceived — a dislo cation fro m th e ir "genuine" s ta rt­

vival; it has to b e inserted into a m arket, w hich

th e ingenuousness is ours In w a n tin g to an alyze

ing position to excessive m annerism s

m o st o fte n is n o t very w elco m in g nor just w ith resp e ct to receiving artistic products.

th e ir p ro d u cts based on values th a t are not

W e can im a g in e various o th e r seg m e nts o f

theirs? W o u ld th e y feel im p ure if th e y had p e r­

a rtistic produ ction, b u t th e issue here has to be

fe c t d o m in io n o ver th e artistic tech n iq u es e m ­

stated: w h y is p ro d u ctio n do n e in an a tte m p t to

m akes a p o in t o f resistance and places itself as

p loyed by eru d ite artists?

e n te r th e m arket fraudulent? Is try in g to e n ter

an exercise in th e struggle against established

th e

fra udulent? O r is this

tru th s and privileges. It questions th e legitim acy

fra u d u len t only fo r those from th e sub ordin ate

o f values th a t are useful to th e d o m in a n t struc-

A n o th e r thin g th a t co m plicates this search is th a t som e artists w h o enjoy regular training and

m arket som eth in g

F or this reason, th e

Brazilian

Bienal Nai'fs


tures to m aintain th e h e g e m o n y o f certain c u ltu r­

H istorian P e ter Burke states th a t th e p op ula r

N e s to r C anclini believes th a t th e re is still no

al values. It seeks to ta k e a p a rt ideas th a t m ake

c u ltu re o f th e m o d e rn a g e “w as far fro m being

consensus a ro u n d w h a t it m e a n s to “g lo b a liz e -

them selves pass as c o rrect and natural fo rm s o f

h o m og eneou s: th a t th e cu lture o f th e cra fts p e r-

o n e s e lf”4, a n d c o n s id e rs t h a t in th e m id t w e n ­

cultural d e v e lo p m e n t, m asking arbitrariness, h id­

son an d th e cu ltu re o f th e p ea san t d iverg e in

tie th c e n tu ry w ith tec h n o lo g ic a l ad v ances an in­

ing th e a u th o rita ria n viole nce o f th e im p osition

m an y respects; th a t th e cu ltu re o f th e shepherd

tensive n e tw o rk o f c o m m u n ic a tio n w as fo rm e d ,

o f values, disqualifying, avo iding th e c o n fro n ta ­

and o f th e m in er d iffe r fro m th a t o f th e ag ricu l­

p ro m p tin g th e w o rld w id e articu latio n o f m arkets

tio n and “fo rg e ttin g ” to include th e m in c o m p e n ­

tural producer.” 3 R e served a t te m p o ra l distance

w h e re th e re exist n o t o n ly financial, b u t artistic

dia, shows, collections, etc. For this reason th e

and th e specifics o f the E u ro p ean cu ltu re th at

and cultural transactions, as well. In tru th, these

Bienal p rioritizes m an ife sta tio n s n o t in tu n e w ith

process in a d iffe re n t fo rm th an th a t co n stitu te d

n eg o tiatio n s are not g e n e ra te d in an exclusive

th e esth etic visions an d interests o f th e d o m in a n t

to d a y in Brazil, I thin k th a t in such an extensive

place, b u t in d iffe re n t cities a n d are a c c o m m o ­

groups. F or this reason, th e Bienal Nai'fs do Brasil

te rrito ry as ours, th e re is little ch a n g e o f u n d e r­

d a te d in a d e c e n tra lizin g process.

2 0 0 6 : exp oses th e co n flict B e tw e e n Cultures.

ta k in g a m o n o lith ic p ro d u c tio n w ith o u t nuances o f differen tiatio n .

Inserted in this eco n o m ic, social a n d political ju n ctu re th e re is a volum in ous m ig ra to ry flow

R o b e r to Gaüvão

W ith th e e x c e p tio n o f th e d is ta n c e in tim e

m oving in several directions. In this transit, ethnic

PLASTIC ARTIST AND ART HISTORIAN/ ASSOCIATE CURATOR

a n d th e specifics o f th e E u ro p ean cu ltu re th a t

and cultural m ixtures b e c o m e visible, lodging in a

OF THE BIENAL NAÍFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

processes th in g s d iffe re n tly th a n Brazil today, I

m o b ile c o n ta c t zo n e 5 w h e re m u tu al c o n ta m in a ­

th in k th a t th a t th e ch a nces are also few, in a te r ­

tio n occurs. T h e reciprocal transm ission o f cu l­

1 N e s to r G arcia CONCLINI — As Culturas P o p u ­

rito ry as larg e as ours, o f c re a tin g a m o n o lith ic

tures can ta k e place as m u ch in th e direction

lares no C a p italism o (P o p u la r C u ltures un d er C a ­

p ro d u c tio n , w ith o u t nuances o f d iffe re n tia tio n .

p italism ) Brasiliense São Paulo, 1983.

“c e n te r/p e rip h e ry ”, as fro m “p e rip h e ry to c e n te r”,

N o d o u b t, p o p u la r artists can bring to th eir

o r even fro m "p e rip h e ry ” to "p e rip h e ry ”. A n d in

2 Luis Felip e B a êta NEVES — A n o ç ão d e "Arte

w o rk so m e traits o f th e a rt c o n s titu te d in the

this way, th e points o f c o n ta c t are ab solved into

P o p u la r”: U m a crítica a n tro p o ló g ica. (T h e notion

realm o f th e eru d ite, b u t w h a t c o m m o n ly a p p e a r

a hybrid, intercultural repertory.

o f “Popular A rt”: an anthropological critique) In Rev.

are assim ilations d erivin g fro m th e tra n s fo rm a ­

The borders b e tw e e n local and global cultures

Ciências Sociais, vol. VIII, N 1-2, 1977. p. 2 0 3

tions fa c ilita te d by th e c o m m u n icatio n s m edia,

no longer circum scrib e d efin ed , finite spaces. In

The t r a n s it between c u itu re /S

w hich d e te rm in e th e idiom s and large scale p ro ­

M oacir dos A n jo s’ o pinion "w h at distinguishes a

d u c tio n th a t reaches into th e farth e st corners.

local culture fro m any o th e r are no longer feelings

C o n te m p o ra ry cod es o f a rt th a t o cc u p y th e m u ­

o f con fin em en t, distance o r origin, b u t the sp e cif­

seum s and galleries are hard fo r sim ple p e o p le to

ic form s by w hich a c o m m u n ity positions itself in

T h e proposal o f including th e te rm “b e tw e e n cul­

d ec ip h e r — th o se w h o are n o t c o n cern ed w ith

this c o n te x t o f inte rc o n n ectio n and establishes

tu res”, fo rm u la te d b y A n a M ãe Barbosa, c u rato r

follow ing th e p a ram eters o f intern ational a rt and,

relationships w ith th e o th e r ”.6

o f th e Bienal Na'ifs d o Brazil 2 0 0 6 , m o tiv a te d

on the contrary, cho ose to m anifest them selves

m e to d o s o m e thin kin g startin g w ith th e cu ra­

th ro u g h a fig u ra tiv e w o rld fa r fro m co n cep tu al

s y m b o lic

t o r ’s o w n propo sal to exp an d “th e relationships

and ab s tra c t lucubrations.

zones o f c o n ta c t, a n d do e s in h a b it this c o n te x t

a m o n g a rt naif, p o p u la r art, th e visual cu lture o f

In th e face o f this c o m p lex p ictu re w h ere

th e p eo p le an d th e e ru d ite rep rese n ta tio n s th a t

questions seem

include th e p o p u la r.2

m ents, I retake A n a M ae B a rb o sa’s su g gestion to

m o re a p p ro p ria te th a t s ta te ­

P o p u lar a rt tra n sits th e n w ith in this flo w o f goods,

is n o t

p ro te c te d

fro m

th e

o f in te rc o n n e c tio n , relate s to th e m o st diverse c u ltu re s

and

p a r tic ip a te s

in

th is

m ig ra to r y

process th a t e x p an d s w ith g lo b a liza tio n . Post

The d iv e rs e n o m e n c la tu re a d o p te d to d e s ig ­

include th e te rm “b e tw e e n cu ltures” and to o p t

m o d e rn co n d itio n s, a t th e sa m e tim e a t w hich

n a te a rt n aif has led m e to tw o ty p e s o f o b s e r­

fo r th e b ro ad en in g o f th e c o n c e p t o f a rt naif, p ro ­

th e y s tre tc h th in th e tra d itio n a l fo rm s o f artistic

v ation: first, all th e variatio n s o f th e d es ig n a tio n

posing th a t this Bienal b e m arked less by p u rity

m an ife s ta tio n , also p ro v id e a b re a k in th e e x c lu ­

naif, such as prim itive, p o p u la r o r ingenuous,

and m ore by co n tam ination . I ask: how is this c o n ­

sio nary stances th a t m a rg in a liz e an d in tro d u ce

can d e n o te in p a rt th e d is c rim in a to ry tra it o f

ta m in a tio n processed in to d a y ’s w orld? W h en

hierarchies in to th e relatio n sh ip s a m o n g th e d if­

try in g to classify th e a rtis t’s place in a d ic h o to -

does this occur?

fe re n t a rt form s. As A n a M a e puts it so well, d e ­

m ous way, p lacin g th e p o p u la r a rtis t on th e side

In a s o c iety w h e re th e fro ntiers are ever m o re

o p p o s ite th e e ru d ite . In th e second place, this

dilute, it b e c o m e an arduous a n d even im possible

“e ru d ite ” an d th e "p o p u la r” still persists, te r rito ­

sp ite

bein g

dam aged,

th e

w all b e tw e e n

th e

sam e p lu rality o f te rm s do e s n o t m ask th e fa c t

task

w h en

rial d e lim ita tio n s h av e b e c o m e a lm o s t im p ossi­

th a t in th e u n iverse o f p o p u la r c u ltu re w h e re

c o n ta m in a tio n occurs, b u t o n e can an a ly ze th e

ble, a n d it is e ve r m o re d iffic u lt to s e p a ra te a rt

th e naif a rtis t is lo cated , th e re is no h o m o g e ­

c o n te x t in w h ich th e fabric and thread s th a t fo rm

naif fro m p o p u la r a rt o r fro m e ru d ite a rt th a t in­

neous co n fig u ra tio n .

th e

cludes p o p u la r references.

to

d e te rm in e

n e tw o rk

w h e re

th e

exact

cu ltu ral

m om ent

goods

circu la te.


artists have let g o o f th e visual vo c ab u lary w ith

Local/ Global: arteemtrânsito.(Loca\/G\oba\: art in transit)

its origins in p o p u la r art, to c reate paintings, e n ­

Rio d e Janeiro: Jo rg e Z a h a r Ed., 2 0 0 5

break to th e bone. A n u np erceived w o rld rises to

graving, objects, using strong, fla t p rim a ry colors

6 Ibid, p. 14

th e fore, re -ela b o ratin g m eanings in th e q u o tid i­

In B elém d o Pará a con siderable n u m b e r o f

5 The te rm utilized b y M oacir dos Anjos, in

found in th e n e ig h b o rh o o d s on th e urban p e rip h ­

transitory. Its w o rk c o m m an d s yo u r im pulsive con duct, letting th e unconscious flo w er like a

an. S u b o rd in atin g eve ry th in g to psychological

ery and in n e a rb y or fa rth e r tow ns. B ut w h a t d e ­

explanations. In th e light o f this science yo u r b e ­

C a rr jin jj the p ris o n e r b j the te e th

h avior is co m m u n icated : suffo cated b y m o th e r’s

region. T h e use o f vib ran t colors such as red, yel­

A rt exists! In d e trim e n t o f any division, confusing

g an tic m o th e r observes you and provides g u id ­ ance in a strid e n t voice.

fines this colorful p a tte rn is n o t th e location o f vi­ sual elem en ts in this o r th a t city, in this o r th at

m ilk o r in th e shadow o f a rch e typ es — yo u r g i­

low o r blue is p e rc e p tib le in th e visual q uality

status fe d by th e historical sequences o f financial

o f m an y cities a n d countries, b u t an esth etic

pow er, o f social class, ethnicities and victors in

Clay is to be m olded, p ap er fo r draw ing, the

w hich com es fro m th e social layers w ith sparse

war. T h e re is th e hum an being, ca p a b le o f trans­

canvas is fo r painting in th e obvious activity, th ro w

financial resources prevails in all these spaces.

fo rm in g landscapes, feed in g th e spirit, reform ing

th e paint befo re it dries: in th e career o f th e m a ­

sentim ents, im p ro ving

terial, to u ch beyond th e brush; crush th e colors,

As is possible to perceive, the age o f globaliza­

th e

senses, structuring

tion and post m odern conditions prom ote m al­

languages, and sensitizing w hile letting th e p ride

pulverizing ch rom atic logic. Your w o rk is intense.

leable circuits th at provide the con tem porary w orld

o f th e p rim a te c o m e to th e fore.

W o rk until you sw eat and ch ange you r heart.

w ith an intercultural character. M eanwhile, this flow

T he tra n sfo rm a tio n o f clay into m aterial for

o f sym bolic g oo ds provokes tensions and unequal

m anipulation, th e co m preh ension o f its plastici­

hu m an ity

relationships. But, even in this state o f imbalance,

ty th e forest d o m in a te d b y will, th e fo rg e d m etal,

discard it an d paint it again, p refer th e earlier version an d exp erien c e d o u b t ab o u t w h ich is

S u ffer w an tin g to leave th e last m essage o f m arked. V io le n tly

risk th e

existing,

postures o f resistance are possible, there is an

th e c e rta in ty o f th e existing tem p e ra tu re , the

opening in which one can p en etrate and reverse

kn o w led g e o f th e c a p a c ity fo r resistance o f w h a t

better. A b a n d o n it, b eg in again, even th o u g h only

th e hegem onic forces, m aking a contam ination

can b e broken , th e hu m id ity th a t will eva p o rate

a little tim e has passed. Feel you rself destroyed,

possible w here an exchange becom es possible b e­

in th e atm o sp h e re , th e tim e n ee d ed fo r d ryin g (if

dead, incapab le an d sp ro u t scraping and

tw ee n cultures co m m itted to a rt originating in the

it rains, it will ta k e lo n g er), th e fire, th e cu ttin g

paintin g until you c reate a past. S u b tly veil and

pop ular tradition, w hich, instead o f closing in on

tools, th e torn w ood, th e paper, th e pencil, the

let th e

itself, perm its an expansion o f it esthetic universe.

change

absurd shadows, see th e m onsters, th e cold, rip it

1

in th e

s tate o f th e

m aterial...in

sum,

liquid

run,

d es tro y th e

re­

lights, c reate

th e hum an in te rv ention in th e w orld o f atom s.

up , b lo t it out, b u t d o n ’t th ro w it out: insist. Let

/A a ri^ a /AokarzeJ!

The fin g e rp rin t left in th e cold to u ch o f clay, the

th e voices e n c o u rag e you. D o w h a t you d o n ’t

ART HISTORIAN/ ASSOCIATE CURATOR OF THE BIENAL

c h a n g e fro m clay to pot, p o t to filter, filte r to

u n d erstand, b e certain o f th e war, b u t discover

NAÍFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

brick, brick to tile, tile to doll, doll to horse, horse

w h en it end ed.

to bull, bull to d o g biting an iguana carried b e ­

To c re a te im b u ed w ith this m ystery is singular,

Ph.D. in sociology, M aster’s in A rt History, Pro­

tw e e n th e te e th d rag g in g on th e ground: stuck in

is rare, b u t it does exist. W h e n so m eth in g is p ro ­ duc ed thusly, th e results are e x tre m e ly tra n s fo r­

fessor o f the Program for the Visual A rts and the

flesh, th e knife cuts and slides in th e o p e n w ound

Technology o f Im ages at the University o f A m a z o ­

o f th e anim al w h o now b ec o m es food, co o ked in

m ative. Pursued

nia — U N A M A and Director o f the Cultural Space

th e solid pan o f th e Indian.

steps in th e evo lutio n o f a rt and w e b ec o m e

Casa das O nze Janelas (House o f Eleven W indow s).

Im a g in e n o t do m in atin g th e im p etu s o f inspi­

2 This s ta te m e n t by A n a M ae Barbosa is c o n ­

ration. This p o e tic enthusiasm absorbs you c o m ­

by explications, takin g

g ian t

m ore hum an. W h o know s w h a t really happens w h en w e create?

tain ed in th e in tro d u ctio n to th e fo ld er w ith the

pletely, insinuating hum an fragility an d w ith an

Leaving th e cave behind, d em ys tify in g the

rules

enthusiasm th a t devours reason. There, ev e ry ­

shadow s to u n d erstand b e tte r th e p h e n o m en o n

p ro m o te d by th e SESC -S P o f Piracicaba.

thin g insinuates. Instability in capac itates you in

o f th e light. W e all have our ow n light an d sha­

3 Th e fo rm u la tio n o f this p a rt o f P e te r B u rk e’s

th e co n ten tio n o f reasons. You are no lo n g er c o n ­

dows; to d a y w e have th e w orld to m asticate. It

of

th e

B ienal

N aifs

do

Brasil

2006,

Cultura Popular na Idade Moderna (Popular Culture in the ModernAge). S ão Paulo: C o m p a n h ia das Letras,

th o u g h t is re c o rd e d in th e bo o k

scious, w h a t you thin k is d o m in a te d . T h e tru th

belongs to th e relationship b e tw e e n hum ans in

passes fa r fro m you r intelligence and b ec o m es a

search o f th e divine, this practice o f ap p re n ­

n ew born. T h e p ag e turns on every rationalist

ticeship in th e reading an d re-reading, th e re p e ­

1989, p.68.

philosophical co n ception . Yo ur p e rce p tio n is in a

titio n, th e control, th e do m in io n o ver th e te c h n i­

4 N e sto r C anclini’s form u lations presented here

state o f ALERT, can no longer stand w h a t is h a p ­

que

pening and sim ply lets itself b e raped . C o m ­

principles w hich rules system s, b u t w hich are

p letely d o m in ated , you are taken o ver b y this

opinions o f authors, those fo rew a rn ed w h o dared

A globalização imaginada (Glo­ balizationImagined). São Paulo: Iluminuras, 2 0 0 3 .

can b e found in

to

b e tte r

exp ress

oneself.

This

set

of


to say I C A N C R EA TE in co rp o ratin g th e sacred

a kind o f painting erroneously called "prim itive”.

duty, are living believers, they allow for cons­

This well o rgan ized, well behaved pro d u ctio n has

ciousness o f them selves, fo rm u late th eir own

its characteristics: frontal, plane com positions

scrupulous codes, have solidarity w ith life. W e

well d efined form s filled w ith lively colors and

need to see, to train th e eye to literacy and to live

th em es linked to th e tra d itio n ally rural — popular

to be able to und erstand A rt. Thus Picasso saw

feasts, co u n try landscapes — alw ays m in iatur­

A frican m asks and b ec a m e m o re hum an, it was

ized. O f po p u la r origin, this w ay o f painting was

thus th a t Vitalino m a d e th e m an o f m ud, J.

"enriched" by Tarsila d o Am aral, in her

Borges eng raved and w ro te

cordels,

Pau-Brasil

(Jl)hat (k in d o|¡) n a ij am I? Since 1999, w h e n I did research fo r m y book,

pincéis de Deus: vida e obra do pintor nai'f Waldomiro de Deus (God’s paintbrushes: the life and work of the naif painter Waldomiro de Deus), I have bee n co m in g across a w id e range Os

o f d efinitions o f w h a t is called naif o r p rim itivist

thus the

phase o f th e 1920s. The m odernist openin g had

art. U ntil now, seven years later, n ot o n e has

cultures fused w ith o u t differen tiatin g th e bigger

th e m erit o f rescuing som e pop ular artists from

c o m p le te ly co n vinced m e, since m ost o f them

and better; th e tru th is always o ne and overrun,

an o n y m ity and o f unlocking com m unicatio ns b e ­

c o m e fro m critics o r g a lle ry o w n ers m o re in te r­

o u r culture is o f blacks, Indians and w hites in a

tw e e n th e universe o f th e eru d ite and o f th e p e o ­

ested in d e fe n d in g certain a c a d e m ic o r m arket

m ix ture m ad e in th e big house, th e slave quarters

ple. It w as in th e w ake o f these advances th a t the

spaces th an in closely o b s ervin g artists and

and th e w oods. W h o e v e r fears th e po p u la r hides

ste re o ty p e d pro d u ctio n m entio ned abo ve was

th e ir w ork.

a m estizo frustration, subordinating history to

consolidated, th a t w hich to d a y has b oth artistic

th eir will, a crooked look a nd p erception in pieces,

pretensions and a m arket.

feeling a b o u t th e surface w ith o u t perceiving the

Generally, th e con cepts m ost used ag re e in defining th e naif style as o ne m arked by lively

The jury o f w hich I w as part, w hile n ot dis­

colors, im agination, stylizatio n and a p o w er of

carding those w h o are closer to th e traditional

synthesis bro u g h t to th e canvas w ith an a p p a r­

and n ot liking w h a t to digest, hears and starts

iconog rap hy id entified as naif, p rio ritized m ore

en tly ru d im entary technique. In all these respects,

grunts, perceives and does not feel th a t A rt is the

daring productions. These are w orks linked to the

o ne can say th a t art naif stem s fro m th e collec­

pure reflection o f w h a t w e are. W e have a show

co n te m p o ra ry world; revealing th e co m p lexity of

tive unconscious.

w ith

is b u b b lin g

urban life and th e rem ainders o f a rural universe

This points to tw o fu n d am en tal elem ents: it is

o ve r w ith A r t th a t is calle d “p o p u la r” w hich

in th e m em ories o f those w ho have m ig ra ted to

in con stant renovation and opens itself to p e n e ­

b reathes en c ounter and exhales th e sw eat of

th e city. T he m ajo rity o f th e selected w orks is in­

tra tio n

w o rk and labor in life.

scribed in this social and cultural co n text, typical

m aintains its ow n nature. P o pular w isdo m and in­

form ,

sm elling

but

artists fro m

n o t visualizing,

a

land

w h ich

salivating

by eru d ite

influences, even th o u g h

it

o f to d a y ’s Brazil, w hich is und ergoing this trans­

dividual and collective im a g in a tio n ally th e m ­

RinaSdo S iiv a

form ation. The w orks are surprising in presenting

selves in w orks w hich are hard to defin e u nd er a

PLASTIC ARTIST AND ART HISTORIAN/

inventive plastic solutions in their a p p ro ach to

single cataloguing category.

ASSOCIATE CURATOR OF THE BIENAL NAÍFS DO

present d ay them es. In som e cases, th e re is even

T he o p p o rtu n ity to p a rtic ip a te in th e selec­

BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

a critical view o f reality, as w itnessed by p ain t­

tion ju ry for th e Bienal Naifs d o Brazil 2 0 0 6 has

Bienai NalJ/s* in tune with the co n te m p o ra ry

ings show ing th e d es truction o f th e en v ironm ent

deepened

or urban crim inality. A lex B enedito dos S antos’

strongly linked to p op ula r art, has still not been

A reprodução de dengue (The reproduction of dengue), one o f th e w orks aw ard ed th e Prize

m anifestation p rodu ced by non eru d ite artists,

o f A cquisition, is w o rth highlighting a m o n g so

based on pop ular them es, gen eral inspired in the

m y conviction

th a t this genre, so

duly valued internally, perhaps because it is a

O f th e m any w h o have aspired to c reate art,

m any pictures o f esthetic and an th ro p o lo g ical in­

rural

th ere are few w h o have m an ag ed to avoid the

terest. The pain ter w as n ot in tim id ated by the

th e urban universe, in a go o d m any cases includ­ ing a rejection o f th e con vention al rules for p a in t­

environm ent,

b u t progressively

invading

ban ality o f th e established form ulas and to ven ­

canvas and th e fre e d o m in his design is notable,

ture into th e exp erience o f spontaneous creation.

n o t just for th e v ig o r o f gesture, b u t also for the

ing, w h e th e r by choice, o r for th e m ajority of

In a N aif Bienal, m ore than any other, o n e expects

con com itance o f the narratives: th e line organizes

artists, d ue to lack o f access.

original, non prejudiced expression and by th e in­

space, describes th e facts and subordinates the

Traversing th e w o rld o f th e naif is a broad,

d ivid ual’s desire to com m u n icate and by th e pul­

painting, a tte n tiv e to th e so m ber tones o f th e p e ­

fascinating challenge. To dive into a rt o f popular

sation o f social life. N onetheless, this fre e d o m is

riphery. Jab o ticab a l is n ot N ew York, b ut Santos

origins and to find talent, m akes it o b lig a to ry to

n ot always evidenced in th e w orks sent in for jury

could turn o ut to be Basquiat.

selection. Th a t is because during these tw o years

m e e t th e largest nu m b e r possible o f artists id en ­ tifying characteristics th a t m ake som e o f these

som ething has crystallized as a “naif style,” a w ay

M a ria AÜice M iJ M ie t

o f painting th a t is being rep ro d u ced alm ost in se­

ART HISTORIAN / MEMBER OF THE JURY FOR THE

lending th em status n ot just as naifs, b u t placing

ries, thus b ec om ing th e registered tra d e m ark for

BIENAL NAIFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

th e m am o n g th e m ajor nam es in th e universe of

painters exp onents o f th e b est in th e realm o f art,


art, in d e p e n d e n tly o f catego ry , style, n o m e n c la ­

te e r te a c h e r a t th e In stitu to d e A rtes d a U N ES P

o u ts id e or b e y o n d th e e ru d ite standard s, and

tu re an d th e m a tic , w hich can inclu de th e preva­

(A rt

th a t o fte n esc apes us b ec a u s e it speaks to us

lence o f th e oneiric an d th e im aginary, o f social

Paulo), São Paulo Cam pus, w h e re he presented

o f o th e r fo rm s o f

criticism , o f urban violence and th e valuing o f th e

his m a s te r’s thesis,

senting th e

idyllic dim ension o f th e rural areas and o f their

TheHappy Van Gogh: the life and workof thepainter RanchinhodeAssis. He is

ec o n o m ic and social activities.

a m e m b e r o f th e In te rn ational A s sociation o f A rt

bee n

Critics (IIA C - Brazil S ection).

artists or th ose w ith o u t training o r th e sim ply

For all this, a fte r th e initial phase o f th e Bienal

Institute o f th e

S ta te

U niversity o f São

comprehending and repre­

w o rld

If this had been taken seriously, it w ould have p erceived

long a g o th a t th ese p o p u la r

m arginal are n o t ou tsid e o u r c o n te m p o ra ry reali­

th a t w as run b y th e enthusiastic research er and to

O/Scar D ’ A m b ro /s io

ty, w ith th e ir tensions and anguish, th e ir hopes

S E S C / Piracicaba, beg inn ing in 2 0 0 4 , th e pres­

JOURNALIST AND ART CRITIC / MEMBER OF THE JURY FOR

an d dream s, even th o u g h th e y c an n o t b e c o n ­

ence o f an ou tsid e c u ra to r m a d e it o b lig a to ry to

THE BIENAL NAIFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

fined to exclusionary them atics, or fro zen form s

c u ra to r

d e b a te

A n to n io

th e

N a s c im e n to ,

c o n n e c te d

nature o f this d e c a n te d

a rt

o f representation. In th e d yn a m ic o f culture, the

naif.

naif will

How ever, allow m e th e liberty o f statin g that,

A r t B ejon d S te ro tjp e /s

o n c e again, th e issue is g en erally placed on th e

status o r by choice, try to tra n slate th e ir sen ti­

ta b le in a w ro n g way. The critics are asked w h a t naif is. W o u ld n 't it

alw ays speak o f th e individual's will to

create. Those w ho, d u e to th e ir so c io -eco n o m ic

Naif, in g en u o u s

a rt, p rim itiv e a rt, sp o n ta n e o u s

m en ts a b o u t th e w o rld into an esth etic languag e

d isco ve ry o f

o u tside th e con vention s o f th e elite, a n d this is all

Douanier and th e influential presence

th e m ore successful w h en th e d e e p e r th e w orld

selves nai'fs? A t th e m o m e n t in w hich th e c re ­

o f Asian and A frican a rt in E u ro p e a t th e end o f

o f im a g in a tio n used to express it and th e g re a te r

ators, fro m alm o st eve ry sta te in Brazil, d e c id e to

th e nin eteen th and b eg inn ing o f th e tw e n tie th

th e o rig in ality or th e technical d o m inion over

send th e ir w o rk to b e eva lu ated b y a selection

century, th e re have b ee n num erou s term s th at

th eir m eans o f expression.

jury fo r p artic ip a tio n in the Bienal Naif, it is a p ­

s o u g h t to e m b ra c e th e d iversity o f an a rt th a t es­

p ro p ria te to ask w h a t led th e m to d o so.

c a p e d th e eru d ite canons o f th e o cc id en tal tra d i­

th e m e m b e rs o f th e jury b ro u g h t re a d y m a d e

b e m o re logical to invert th e que stio n and ask

art, in n ate art... Ever since th e

th e artists a t th e eve n t w h y th e y co n sider th e m ­

R ousseau’s

This vision o f

naif w as

n o t so m e th in g th a t

W h y d o th e y believe th e y are nai'fs? W h e n

tion. Initially view e d as p ro d u c tio n w o rth y o f

a n d finished in o rd e r to b e a b le to assess th e

th e y look a t th em selves in th e m irror o r w hen

c o n fin e m e n t to a c h a m b e r o f horrors, it later

nea rly 8 0 0 w orks sen t in to P iracicab a fro m a l­

th e y look a t th eir w o rk b e fo re p u ttin g it in the

c a m e to inspire van guard E u ro pean m o vem en ts

m o st eve ry p a rt o f th e co u ntry. It w as th e e x ­

m ail, th e y id e n tify them selves, m ore o r less c o n ­

w ith o u t how ever alte rin g th e undisguised d e p re ­

tra o rd in a ry w e a lth a n d th e m a tic a n d fo rm a l d i­

sciously in each case, as nai'fs and w hile aw aiting

c a to ry to n e th a t c o n tin u ed to m ark it fro m th e

versity o f th e s e w orks th a t im p re ssed all o f us,

th e jury's decision — w h e th e r positive or n e g a ­

a rt th a t n e e d ed no d e s crip tiv e ad je c tiv e because

a n d th e y d e lin e a te d b y th em selves th e criteria

tiv e — o f necessity in th e in tim acy o f th eir souls,

it w as con sidered art, w ith its esth etic codes th at

fo r th e selectio n an d a w a rd in g o f prizes. No

th e y fa c e th e question: W h a t (kin d o f ) naif am I?

alw ays p re te n d e d to b e th e universal.

d o u b t th e task w as q u ite difficult, b ecause m ay

Naif. A lesser art,

The Bienal jury w ith all its hum an lim itations

in sum , th a t excuses us

m ore d es erved to b e chosen and a w a rd e d prizes.

and reg u la te d attrib u tio n s gives eve ry o n e its a n ­

fro m u n d ersta n d in g it in its o w n term s, w h e th e r

B u t also b e y o n d a d o u b t, this is e v id e n c e o f th e

swer, o n e o f th e m an y possible. D u ring the next

as th e creatio n o f p eo p les calle d

primitives or o f

g ro w in g im p o rta n c e th a t this Bienal gains w ith

tw o years th o se w h o w ere eva lu ated , w h e th e r

th e poor, illiterate a n d c ra z y in o u r societies.

th e y e n te re d th e 2 0 0 6 Bienal o r not, can reflect

Thus, it is n o t surprising th a t , in affirm in g th e

e ac h n ew ed itio n .

on th e results a n d — p erhaps — send in new

idea o f a style b elo n g in g to th e naif, it g ive w ay

M a r ia Lucia M onte/S

w orks on this sam e question in acc o m p an yin g

to s te re o ty p e m o re th a n to a c o h e re n t vision o f

ANTHROPOLOGIST / MEMBER OF THE JURY FOR THE

th e m in a perennial way.

this creatio n , fro m an an th ro p o lo g ic a l o r e s th e t­

BIENAL NAIFS DO BRASIL [BETWEEN CULTURES] 2006

— But, in th e end, w h a t (kin d o f) naif am I?

ic p ersp ective. Echoes o f a no s talg ic R o m a n ­

O scar D ’Am broiso, journalist, a u th o r o f the

ticism th a t alw ay s p re fe rre d th e c o u n try to th e

pincéis de Deus: vida e obra do pintor naif Waldomiro deDeus (God’spaintbrushes: the life and work of the naif painter Waldomiro de Deus), Contando a arte de Ranchinho (Telling a b o u t th e a rt o f R anchinho's) an d Contando a arte de Waldomiro de Deus(Tellingabout theart of WaldomirodeDeus), am o n g others, is a vo lu n ­ books Os

city, associating th e p o p u la r w ith th e th e

authentic ro o ts

folkloricas

o f a cu lture, fre e z in g th e m

E x h ib itio n Between CuJtureAs popuüar m a tric e s

into a c ertain c re a tio n calle d sp o n ta n e o u s (even th o u g h it w o u ld b e m o re d iffic u lt to c e rtify its

"W e

authenticity...) th a t

b o u ndaries o f a rt and th e a rt w orld, an influx

c o n q u e re d its o w n niche in

th e m ark e t. It w o u ld have b ee n b e tte r to look

what this other a rt says to us, c re a te d

for

surely

need

e x h ib itio n s

th a t

q u e s tio n

th e

o f tru ly in d igestible ‘o u ts id e ’ artifacts.” Jam es C lifford (1 9 8 8 )


A t the beginning o f modernism , th e aspiration to

exhibit o f Popular A rt w hen a t th e time, I was much

In the 1990s, having th e guts to show different

"total a rt” led to interesting experim ents in inte­

m ore radical than to d ay and didn’t even accept the

cultural codes in th e sam e space I was m isunder­

grating arts as language, content and spectacle.

designation Popular Art, because it had been creat­

stood, even while w orking w ithin a system th at

Voltaire’s Cabaret and th e Russian Ballets o f Serge

ed by the hegem onic intellectuals to nam e the "oth­

should be equal for all. N o w let us see w h at will hap­

Diaghilev w ere m agnificent examples. But a contra­

e r”. W h a t w e w ere doing was to show the Visual

pen during th e tw en ty-first century.

diction circled Modernism: an anxiety for classifica­

Culture o f th e People, which those w ho are instruct­

Beatriz Sarlo 2 reminds us th a t “faced w ith the

tion that led to m any "isms” in erudite art and a di­

ed in the critical script o f th e Europeans were, and

specialization o f culture (th e com partm ents o f the

vision o f A rt based on social class, while also

continue to be, incapable o f recognizing as cultural

vanguard and the popular com partm ents, both spied

separating the A rt o f the people into various frag­

production, and m uch less as Art.

on by the m arket) the political view will produce a sys­ tem o f networks [...] These networks, whatever their

ments. A t the present time, I would say th at m ove­

For m e the problem of interaction betw een cul­

ments. in the direction o f destroying barriers b e­

tures — th e m arginal and th e central, betw een

meaning, are not a new system o f hierarchies, but b e­

tw een the arts and betw een th e erudite and popular

"High” and “Low ”, betw een local and global — is not

fore that, a space to m axim ize the visibility of differ­

codes have begun to experience som e victories.

just a confrontation betw een dom ination and sub­

ences, oriented not just to change, but interested in

O ne o f these is this exhibition w here I, w ith the help

ordination, it is a continuous tension, and is better

th e d em ocratization o f cultural institutions as well.”

o f o th e r curators and artists, have tried to inter­

distended in music than in the o th e r arts in Brazil.

relate Popular A rt and the Visual Culture o f the

The Naseem

Khan

report,

The Arts Britain

Cultural criticism, m ore than A rt Criticism, has been opening th e minds o f th e university students

People w ith the production o f the erudite artists

Ignores, produced for th e Gulbenkian Foundation in

w ho w ork w ith popular matrices. I though t th at it

1976, dem olished the fruitful possibilities o f this cul­

w ho cite th e popular w h o w ere invited now, only

would be difficult to convince th e erudite artists to

tural tension. Even though it called for m ore fu n d ­

o ne did not accept th e invitation d ue to tem porary circum stantial reasons, w hich m ad e him fearful o f

w ho study A rt .Therefore, o f all th e erudite artists

participate in an exhibition alongside popular artists

ing for th e “Ethnic A rts” (an o th er dubious classifi­

w ho have no formal education and with workers who,

cation for Popular A rt), produced by imm igrants in

being seen am ong th e A rt o f th e People. This is

through images, are similar to advertising agents for

England, it recom m ended: “th a t

harm onization

great progress com pa re d to th e 1990s, w hen I

th e poor. They call attention to their products, their

should be achieved by recognizing th e different

could find no support am ong artists and A rt critics

stores and w hatever they sell on the streets, using

com m unities as culturally separate."

for the m ulticulturalist project th a t I developed.

W h at was recom m ended provoked the cultural

Only th e anthropologists and th e cultural critics,

I believe th a t I w as tra u m atized by th e reaction

“ghetto-ization” o f the poor and the multiplication of

along w ith intellectuals such as Sueli Rolnik, Maria

o f th e com m unity o f critics and young co n te m p o ­

stereotypes about the culture o f the minorities, in ad ­

Lúcia M ontes and Claudia Toni dared to write, sup­

rary artists in th e 1990s, against m y investm ent in a

dition to furnishing exotic entertainm ent for the rich.

porting this audacious proposal.

m ulticultural project for th e M useum o f C o n te m ­

A rich society such as that o f North America built sep­

porary A rt o f th e University o f São Paulo. The o f­

arate museums for Latin Am erican Art, Black Artists,

For this exhibition, [EntreCulturas] matrizespop­ ulares(B etw e en Cultures: popular m atrices), I w ro te

fensive rem arks I heard m ad e th e ep ithet "crazy”

Asian Artists, W om en Artists, etc, but maintained the

a short text, em phasizing th e idea o f showing three

sound like a eulogy to m y ears. Having m y nam e on

exhibitions in the M O M A as a symbol o f distinction, to

distinct cultural codes a t th e sam e tim e and sent it

th e black list o f th e m useum going elite m eant

which all artists from whatever origin aspired.

to three friends w ith w h o m I have been exchanging

com m ercial images o f popular inflection.

nothing com pared to th e w ar th a t those w ho d o m ­

It is impossible to develop a culturally multiracial

ideas over the last ten years, inviting them to work

inated th e A rt system set o ff against th e fact th at

society by basing ourselves solely on differences; it

together. They are: D octor Leda Guimarães, o f the

w e m anag ed to convince th e poorer classes to fre­

has been in th e nam e o f difference th at th e poor

University o f Goiânia, w ith w hom I have been dis­

Carnavalescosexhibi­

com m unities have been denied th e right to exercise

cussing th e Popular for the last five years, exchang­

tion, which presented carnival allegories w hich

their abilities w ithin C ontem p orary Art. This desig­

ing ideas over lectures and trips; doctor Marisa

com m en ted on th e universe o f A rt, I had to listen

nation “C ontem p orary A r t” is reserved for those

Mokarzel, professor o f th e University o f Am azonas

to th e follow ing rem ark in reaction to th e large

happy few o f th e m iddle class, sophisticated by the

in Pará, director and curator o f th e

num ber o f visitors from th e w orking class, “N o one

erudite, w hite and Europeanized Culture.

Casa das Onze Janelas (House

q uent the m useum. A fte r th e

Espaço Cultural

o f Culture o f the

Eleven W indow s), w ith w h o m I have been convers­

w h o counts will co m e to this m useum anymore!!!”

As the artist Lubaiana Him id1 puts it so well, for

Is there any view er w ho does not count for a p u b ­

her, success w ould be to see her w ork in five differ­

ing about m odernism and post m odernism , as well

lic m useum?

en t places at th e sam e tim e and not a progression

as th e con cept o f C ontem p orary A rt in th e m any

o f steps from showing in th e back o f a restaurant to

places w e have met; and R o berto Galvão, artist, cu ­

Glaucia Am aral and May Suplicy’s m agnificent

Art Periférica: combogós, latas esucatas (Perifipheral Art: com bogós, tin cans and scrap iron)

exhibit in a gallery o f ethnic art and later at th e Tate.

rator and art historian. W ith him and Lúcia, his wife,

This idea o f success as a progression o f places is

the conversations range from art to life, always irri­

(O cto b e r 199 0) was erroneously interpreted as an

still very m odernist.

gated w ith lots o f shrim p and coconut water.

exhibition


To m y g re a t happiness, th ey acc ep ted th e invi­

w ith one o f the m ost erudite artists o f Brazil, w ho

sandwiches”. Ariano, you w ere right. “ Look at m e”

tatio n to b e associate curators. W e also needed an

since the 1960s has been seeking to influence the

here, valuing th e cultural hybridism and trying to

associate cu rato r in Recife, w h ere I have m any

co u ntry’s cultural policy in th e direction o f val­

produce, w ith m y friends from various places in

friends fro m over the years. I d e c id ed to invite

orization o f th e popular. This construction o f an

Brazil, a cultural b an quet w here similarities unite di­

Rinaldo. D espite his being a new friend, I adm ire

eru d ite-p o p u lar conversation has interm ediation of

verse codes and differences gain egalitarian visibil­

Onça Caetana transforms into Moça Caetana (T h e Girl C a e ta n a ) o f Daniel

ity, side by side, in com m on disaccord.

his A r t w o rk ve ry m uch. M y plans w ere to w ork

M acedo’s work. The

w ith th em in th eir hom e states, how ever life con­

the

spired to ch a n g e those plans and I was ab le to go

M acedo w h o learned to deal w ith th e turm oil o f vi­

only to Fortaleza, Teresina and U beraba. I w orked

sual language through the Arm orial M ovem en t led

ready m entioned, I also w ant to thank tw o m ore

via e-m ail w ith th e associate curators and m y con­

by A riano Suassuna.

friends, Luís Nogueira and G erardo Vilaseca, for

sultant friends, Darían Rosa (Brasilia); E lizabeth M.

The

MovimentoArmorial, baptized

in th e 1970s

In addition to thanking th e associate curators, consultants and goo d friends w ho nam es I have al­

their help and for th e energy they provided, along w ith Gláucia Am aral, so that I not give up.

M arques

"was devoted to struggling again th e process o f d e ­

Carvalho (P araíba); M arcelo C o utinho (P e rn a m ­

characterization and vulgarization o f th e Brazilian

buco); Robson X a vier da Costa (P araíb a) and

culture, [...] at th e sam e tim e that it sought an eru­

Gláucia A m aral, m y chosen sister, w h o spent a lot

dite Brazilian art based on th e popular roots o f our

of her precious tim e helping m e w ith decision

culture”, says Ariano in an interview. This was hap­

m aking and w ith th e research.

pening a t a m om ent in w hich "High M odernism ”

[Entre CulturasJ Matrizes Populares (Between Cultures: Popular Matrices), m y recogni­

tion for your plural vision o f Brazilian culture.

A g u ia r

(R io

G ra n d e

do

Sul

);

Lívia

I thank the collectors w ho lent works for their generosity. To th e artists w h o agreed to participate in the exhibition

I thank everyone very much since w ith the

was dom inant, form alism was the critical creed and

health problem s in m y family, these nine friends

the word “roots” sounded worse than pornography.

Through Nivaldo, w ho gave up his candy stand

have been m y eyes and m y action. I planned the

Before dying, this vanguard in the throes o f its

for th e exhibition, I thank th e workers who, while

nucleus o f th e exhibit based on a dialogue am ong

death struggle, condem ned A riano and his follow ­

not being considered artists by them selves or by

AmetamorfosedaOnçaCaetana(The

ers to hell. H e stated that the Arm orial (m o vem en t)

the com m unity o f critics, have visually enriched

m etam orphosis o f the jaguar C aetana), a tapestry

was the real elite in a w ay th a t seem ed to m ean that

their surroundings or the tools o f their trade.

produced by the Casa Caiada m anufacturer in

the peo ple are the genuine intellectual elite in the

Pernam buco, based on A riano Suassuna’s draw ing

country. Many w ere horrified.

three works:

(fro m

th e

co lle ctio n

of

M.

Ligia

de

A m o rim

Ten years later, U m b e rto Eco, w ith

TheNameof

Girl C a eta n a) by

the Rose, w ould

o p e ra te w ith values q uite similar

Daniel M acedo de Natal, fro m th e collection of

to those o f th e

Movimento Armorial, fusing

Umdia édo Caçador, outro da Caça(One day belongs to thehunter, the other to theHunted) a jaguar at rest by th e housepainter

erudite into a d etective story w ith pop ular roots.

Barbosa);

A Moça Caetana (T h e

A n ton io Marques, and

I conclude by citing Gavin Jantjes, an outsider to hegem onic circles, as I view myself: "Art is not a sim ple part, but the com plex heart o f our cultural b o d y ."3

Ana /Aae B a rbo sa

the

State of the

A riano was m ade Secretary o f C ulture fo r Per­

1 Lubaiana Himid. In: Sandy Nairne.

nam bu co and to d a y is celebrated by th e media,

Art. London: A

Channel Four Book, 1987, p. 240 .

Paisagens Imaginárias. (Im a g in a ry

w ho tu rn ed this intellectual, kn o w ledgeable abo ut

2 B e atriz Sarlo.

The w ork o f Inácio da Silva proved th e m ost

th e M iddle Ages, into a pop ular phenom enon. My

Landscapes) São Paulo: EDUSP, 2 0 0 5 , p. 63.

difficult to acquire. The photos Leda sent me, o f

husband and I w ere friends o f A riano and Zélia in

3 Gavin Jantjes.

the walls he painted, are exuberant. This is how he

Recife, and w e have the best m em ories o f them .

Gallery and A rtrag e 2, Londres, 1983.

earns his living, by painting walls, and he had no

W h en w e d ec ided to c o m e to São Paulo, he pre­

tra n sp o rtab le w ork. W ith th e sam e professional­

d icted th a t w e w ould end up "m aking bologna

B IB L IO G R A P H Y

ism o f an eru d ite artist w ho needs sponsorship to

sandwiches in a São Paulo luncheonette." This im ­

Himid., Lubaiana in Sandy Nairne.

realize an installation, Inácio da Silva o ffered to

ag e has follow ed us, and w ith our som etim es diffi­

fro m Goiânia, Inácio da Silva.

paint som ething for us. The jaguar fro m th e w e s t­

cult status as northeasterners in São Paulo, when

ern central region was born gloriously from this

things w ere not going as w e deserve, w e would

com m ission, and in th e exhibition, cautiously o b ­

say to one another, “It w ould be w orse to be sell­

serves, Susassuna's O nça

Caetana (The Jaguar

ing bologn a sandwiches!”

Critical Perspectives, Edward Totah

G avin Jantjes.

Critical Perspectives, E dw ard

Paisagens Imaginárias (Imaginary Landscapes). São Paulo: EDUSP, 2 0 0 5 .

Sarlo, Beatriz.

Caetana. W e have, th erefore broug ht into our exhi­

But thinking things over, to extrapolate, interterritorialize, mix, struggle against hegem onic ex-

(is this Popular A rt? I prefer to call it th e Visual

clusionism ,

Culture o f th e P eople since this term is less sullied

Am erican and European codes from within the

w w w .raw art.com

by the ill will o f th e hegem onic cultural p ow er)

walls o f the university is alm ost “selling bologna

w w w .karandash .com .br

th e

d ictato rs h ip

of

w h ite

Totah

Gallery and A rtra g e 2, Londres, 1983

bition th e d ialo gue o f an artist w h o paints walls

against

Stateof theArt.

London: A Channel Fou r Book, 1987.

SITES w w w .galeriabrasiliana.com .br





EÜ Bra/sií enbre cuJtura4

veces los con torno s nacionales en las acciones exp erim en tales y en la realización.

Desde q u e fu e cread o, en 1946, p o r em presarios

A partir d e esas directivas, la

Bienal Naífs do

lo urbano a lo rural. Con el carác ter intercultural de este m o m e n to co n tem p o rá n eo es posible que descubram os có m o la expansión del universo es­

del co m ercio y servicios, el SESC ha d es arro lla­

Brasil tu v o origen en el Sesc Piracicaba, en el año

tético N aif nos ayuda a identificar los contactos

d o un p ap el c re c ie n te y significativo en la bús­

1986, renovándose a cad a edición en la m anera

culturales inevitables que anim an esas p rodu ccio­

q u e d a p o r la m ejo ra de la calid ad d e vida del tra ­

d e p rese n ta r al público las características plásti­

nes culturales y artísticas y tam bién, cuánto d e b e ­

b a ja d o r del co m e rc io y servicios y sus fam iliares.

cas de esa m irad a sensible y esp ontánea, en el

m os todavía cam biar para co m pren der el real sen­

Es ésta una fu n ció n q ue vien e d es em p e ñ a n d o

c o n te x to d e la cultura brasileña. C o n cebida c o ­

tid o d e la diversidad.

con el in tu ito d e a c e n tu a r valores intrínsecos de

m o un esp acio para una o p o rtu n a carto g rafía de

DaniHo SanboA d e M ira n d a

la produ cció n artística, la Bienal Na'ífs siem pre

la cultura nacional. En un com prom iso con el desarrollo social, eco­

trajo consigo la m isión d e redefinir criterios para

nóm ico y cultural del país, vem os en el evento la

un q u e h acer artístico m ás d e m o c rá tic o y con vis­

transmisión y el m antenim iento d e tales valores,

tas a la fo rm a ció n co n tinuad a de público.

pasando de una generación para la siguiente,

En las ediciones anteriores, la Bienal Naífs

com o fuente inagotable de bienes tan preciosos

con tinuó c o m o una intervención sociocultural sin

com o la vida y las relaciones humanas, un aprendi­

te n e r c o m o ob jetivo la in term ed iación del artista

zaje q ue nace de la práctica del quehacer artístico.

y su ob ra sino un d iálo go franco y d irecto del a r­

En los diversos ram os de la acción cultural, la

tista con el público, o rien tad a p o r la política d e la

Bienal Naífs d o Brasil representa una d e las v er­

en tid ad qu e espera alcan zar en el pan o ram a del

tien tes m ás ricas de la producción artística na­

a rte y d e la cultura la disolución d e ciertas fro n ­

cional. Con reco n o cim ien to internacional, el arte

teras, valores y significados.

naif p ro d u cid o en el país p roye cta a m uchos a r­

En esta 8 § edición, “En tre C ulturas”, dam os

1 O ctavio Paz, escritor e intelectual mexicano, Prem io Nobel d e literatura en el año 1990, a pro­ pósito de su ensayo sobre las diferencias entre el arte y la artesanía “El uso y la co n tem plación”.

Bienal! Na'í|[/S do Bra/siüs e n tre cui¡tura/S En una dem o s tració n de política d e resistencia, el SESC Piracicaba y A n to n io N a scim ento crearon

sus

secuencia a la dinám ica d e transform acio nes tra ­

hacen 14 años la Bienal Naífs d o Brasil que, d es­

obras, y ju n to co n ellas a su p ueblo y su cultura,

duc id a en la expansión d e las relaciones entre

d e el com ienzo, se disting uió por la b úsqueda de

en diversos m useos del m undo entero.

tistas

brasileños,

q ue

pasan

a

p resentar

a rte naif, produ cció n visual pop ular y las rep re­

la au ten ticid a d co m o in stru m ento d e afirm ación

La Bienal, desarro llada por el SESC São Paulo,

sentaciones m ás diversas sobre el pueblo. Con

an te los prejuicios. Era el m o m e n to d e la lucha

en la a ctu alid ad tie n e en su difusión el en riq u eci­

una p ropu esta de interrelacionar culturas, a fir­

por la visibilidad d e una pintura p oco reconocida.

m ie n to del acceso d e m o c rá tic o a la cultura y al

m an d o diferentes m iradas co m p ro m e tid a s con

La últim a Bienal Naif, q u e tuvo c o m o curad or

ocio. Incentiva y valoriza las m anifestaciones a r­

las expresiones populares, la Bienal en 2 0 0 6 pre­

al crítico Paulo Klein, am p lió el con cepto, al in­

tísticas relacio nadas a las tradiciones brasileñas

te n d e b rindar otra sensibilidad q u e vaya m ás allá

cluir a los artistas que, no o b s tan te el nivel d e es­

y m an tie n e vivos la p articipación social crítica y

d e las tradicionales distinciones en tre lo sagrado

colarid ad y la clase social a la q ue pertenecían,

el ejercicio de la ciudadanía.

y lo pro fan o en la obra d e arte, o aún, co m o tan

tra b ajab an con m itos e iconografía popular.

A b ra m Szajman

bien lo señaló O cta vio P a z1, q u e sea transgreso-

En esta Bienal con tinuam os am p lian d o las re­

ra, d e cierta form a, d e los antiguos cultos al arte.

laciones difíciles d e sep arar e n tre el d e n o m in ad o a rte

naif y el arte

p o p u la r e intensificam os la d i­

PRESIDENTE DEL CONSEJO REGIONAL

En realidad, lo q ue tam bié n pretendem os, es

DEL SESC DE SÃO PAULO

reiterar q ue los límites entre las definiciones vi­

solución d e territorios a ñ a d ien d o la cultura visual

En 5a/s ¿Tonteras de 5a/S cu5bura/i

gentes para el arte ingenuo, naif, arte autodidacta,

del p u e b lo y las representaciones eru d itas c o n ­

arte popular y arte con tem as populares, son ex-

tem p o rá n e a s q ue incorporan lo popular. Ésta

cluyentes y han perdido significado en los tie m ­

p ro b a b le m e n te no es una Bienal d e la pureza

pos actuales. Y de esa form a, por la disolución de

naif, sino d e la contam inación, de la afirm ación

En la política cultural del SESC, los lím ites entre

las dem arcaciones qu e regían en ese específico

d e d ife re nte s testim onios visuales c o m p ro m e ti­ dos con la cultura del pueblo.

lo q ue se d e fin e co m o cultura p op ular y co m o

dom inio artístico, optam os, d e com ún acuerdo

cultura eru d ita se flexibilizan perm an e n te m e n te .

con la curaduría y su co -curad uría, p o r c o m p a r­

Fueron los prim eros m odernistas que, en su

Existe una igualdad d e o ferta s en el con jun to es­

tir con el público las características d e ese tránsi­

guerra co n tra el aca d em icism o le atrib u yero n im ­ po rtancia y le dieron visibilidad al a rte d e los ni­

p ecífico d e las expresiones artísticas evidentes

to p erm an e n te d e bienes sim bólicos qu e se reali­

en la valoración d e las m anifestaciones artísticas

za entre las variadas culturas en Brasil, y está

ños, d e los locos, d e los indios, de los africanos y

tradicionales, en el tránsito q u e va d es de lo local

m arcado p o r los flujos q ue van y vienen desde el

d e los au to didactas, co m o cód igo s culturales

hasta la pluralidad cultural, sobrepasando m uchas

centro hacia la periferia, de lo local a lo global, de

construidos al m arg en de los valores dom inantes.


M e p arec e incluso q u e el a rte d e los locos, de

En la a c tu a lid a d , la situ ació n ha ca m b ia d o . En

P o r o tro lado, es clasista el p e d id o d e a u te n ­

los niños y d e los ingenu os a u to d id a c ta s sirvió de

la co n d ició n p o s tm o d e rn a , el fem in ism o y el m o ­

tic id a d para v a lo riza r el A r te N a if pues esta a u ­

m arketin g para la o b ra d e aq u ello s artistas m o ­

v im ie n to d e artistas afro -a m e ric a n o s res p o n d ie ­

te n tic id a d se ha v e n id o d e fin ie n d o p o r la clase

derno s. R e cla m a b an la lib e rta d d e co n cep ció n y

ron a la exclusión d e los círculos d e los artistas

social del artista. Para ser N a if au té n tic o , ¿hay

creación, liberación d e las no rm as y, en el caso

con

la narrativa,

q u e ser pob re, ile tra d o o ig n o ra n te y a u to d id a c ­

d e los expresion istas y surrealistas, d e fe n d ía n la

a h o ra c o m p ro m e tid a y d e co n n o ta c io n e s críticas

ta? En la so c ie d a d d e la in fo rm a c ió n exigir ig n o ­

exp resión

en relación a la s o c ied a d excluyente.

de

la

in te rio rid a d

del

ser

h um an o

pedigreeq u e sufrían, re to m a n d o

rancia para co n firm a r a alg u ien c o m o artista en c u a lq u ier c a te g o ría es an a cro n is m o . U n o d e los

c o m o génesis del arte. V a lo riza r el rasgo in genu o

Muchos artistas negros, com o Faith Reingold y

d e los no escolarizados y el orden oculto del arte de

A m inah Brenda Lynn Robinson, a pesar d e haber

tra b a jo s

los niños y locos era va lo riza r los o ríg en es in te r­

e studiado en la Universidad, la últim a d e ellas inclu­

"R afting nas c o rre d e ira s ” (R a ftin g en los ráp id o s)

nos del a rte q u e ellos m ism o s practicab an .

so había hecho m aster y había sido profesora uni­

d e R ó m u lo C a rd o zo , d e m u e s tra el acc eso a la in­

versitaria d e Design, eligieron delib erad am en te el

fo rm a c ió n q u e tie n e n los artistas n aif y pop ulares

Sin e m b arg o , buscaron clasificaciones para

e leg id o s

por

el ju ra d o

este

año, el

estos c ó d ig o s e m e rg e n te s , co n el o b je to d e d ife ­

c o m p o rta m ie n to visual

naifeorno dem ostración de

incluso en len g u a extran jera. La T V a b ie rta quizás

renciarlos en relación al có d ig o elevado , eru d ito

rebeldía con tra los valores celebrados p o r los blan­

haya sido des p u és d e la radio el veh ícu lo m ás d e ­

que

cla s ific a c io n e s

cos. Por o tro lado, artistas afro-am ericanos, (inclu­

m o c rá tic o d e co m u n icac ió n , al o fre c e r las m is­

arb itrarias c o m o A r te Naif, A rte Prim itivo, O u t­

y en d o to d o el co n tinente am ericano), q u e trabajan

m as info rm ac io n e s para to d a s las clases sociales.

siders, A rte Popular, A rte Ingenuo, A r te incito,

a partir d e las raíces africanas, fre cu en tem en te eran

A rte Tradicional, A r te Étnico, A r te E sp o n tán eo e

llam ados d e

p ra c tic a b a n .

A p a re c ie ro n

"painters of the sacred heart'

na'ifsy

N u n ca en n uestra historia la cu ltura del p u e b lo

narrativos por la crítica h eg e­

tu v o ta n ta in fo rm ac ió n , lo q u e am p lía su signifi­

(W ilh e lm

mônica. Un ejem plo es M anuel M endive d e Cuba y

cación para la soc ied a d , b as ta co n p restar a te n ­

U h d e). A lo largo del tie m p o las clasificaciones

p od em os citar tam b ié n a algunos pintores Im a-

ción a los te m a s p o líticos q u e inspiran m uchas de

m u y gen éricas se fu ero n d e s c a rta n d o p o rq u e re­

gistas d e C hicago (1945-1975). Lo co n tradictorio es

las obras eleg id as p o r el ju ra d o d e esta Bienal

velab an m u y clara m e n te prejuicios, c o m o arte

q u e siendo llam ados d e naif por los “otros" d e rrib a ­

Naífs do Brasil [E n tre C u lturas].

prim itivo, para des ig n a r el a rte d e Á fric a y d e los

ron las definiciones d e

ingenuo y de

El gran n ú m ero d e tra b a jo s env iado s para

artistas

"outsider” com o au to d id acta o loco y otras m uchas

esta Bienal, el m a y o r n ú m e ro d e estos 14 años y

incluso

a u to d id a c ta s .

Para

estos

últim os,

se

naif co m o

naif, es decir,

definiciones excluyentes, lim itantes, d e te rm in a n ­

casi un 4 0 % m ás q u e en la ú ltim a Bienal, d e ­

ingenuo, usado p rim e ra m e n te para definir la obra

tes d e te rrito rio s d e m a rc a d o s c o m o g u etos. Ray

m u estra la ebu llición cu ltu ral del p u eblo . Es v e r­

y al artista H e n ry Rousseau, un c o m p a ñ e ro pobre,

Yoshida , por ejem plo, afirm ó en diversas o p o rtu n i­

d a d q u e la am p liac ió n del a lcan ce d e esta c o m ­

no m u y letrado, q u e era fiscal d e ad u ana, una

dades qu e no hacía distinción en tre arte tribal, folk,

p eten c ia al co n v o c a r no sólo a los artistas naif

profesión c o m p le ta m e n te d esprovista d e e n c a n ­

vernácula, naif u "outsider”. Es im p o rtan te notar

sino ta m b ié n a los p o p u la re s q u e se sab en no in­

to para los qu e preferían m o rir d e h a m b re a tra i­

qu e su posición no era ni siquiera binaria, los artis­

g en uos influyó en el m a y o r n ú m e ro d e in scrip cio­

cio n ar su arte, a a c e p ta r aqu el tip o d e em pleo.

tas distintos por un lado y los sin distinción p o r el

nes q u e en los años anteriores.

Pasado el p e río d o heroico del p rim e r m o d ern is­

otro, pues afirm ab a qu e si había qu e considerar a

P ero cre o q u e el a u m e n to d e inscripciones y

m o, llegam o s al a lto m odernism o, c u a n d o sólo

los outsiders por separado deb ía incluirse en tre

la b u e n a c alid ad d el d ib u jo y la p in tu ra se d e b e n

valían el A rte A b strac to , el

a d o p tó d e fo rm a am p lia el té rm in o

M inim alism o y el

ellos a V in cen t Van G ogh, A u guste Rodin, Edvard

p rin c ip a lm e n te a la d ifu sió n d e exp erien c ias d e

C o n ceptualism o , q u e cu a n to m ás h e rm é tic o m ás

M unch y tam b ié n al artista japonés Sharaku. Para

a p re n d iz a je d e A rte e n tre el p u e b lo a través d e las O N G en to d o Brasil y p rin c ip a lm e n te d e

pod ero so . T od o lo q u e era p o p u la r no se podía

él, era la visión personal intensa e m p a p a d a en una

defend er. R einaba el rep u d io a la narrativa, a la re­

poderosa e inventiva fo rm a visual la q u e caracteri­

los Talleres d e A r te m u ltip lic a d o s p o r el E s tad o

velación del e n to rn o del artista, y hasta a la fig u ­

za b a el a rte d e los "outsiders”. El jurado d e la Bienal

d e São Paulo en d o n d e vive casi la m ita d d e los artistas p o p ula res inscritos. V e rificam o s esto al

ra. Para a lc a n z a r el ideal d e la "au to n o m ía abs olu­

Naífs d o Brasil — Entre culturas trabajó con los va­

ta d e la o b ra d e a r te ”, p re g o n a d o p o r C lem en t

lores d e Yoshida. Lo que buscaron valorizar fue la

leer los currículo s d e los p artic ip an tes , lectura

G rinberg, era preciso ab ju rar d e las referencias.

exuberancia d e la im aginación co m binada con una

q u e nos inspiró el d e s e o d e in vestig ar el universo

na'if, q u e

había c o n ­

construcción visual convincente. El lector d eb e

d e los a rtis ta s pop u la res . B u scar s ab er c ó m o

q u is ta d o a u to n o m ía d e m e rc a d o (a u n q u e d e

co n co rd ar en qu e hay m uchas pinturas d en o m in a­

descubriero n el A rte estos artistas, q u é estím ulos

fo rm a s e p a ra d a del a rte h e g e m ô n ic o ) y hab ía

das N a if irritantes p o r la exhaustiva alusión a las

recibiero n d e las in stituciones d e sus ciudades,

c o n q u is ta d o a co leccio n a d o res d e s d e c o m ien zo s

fiesta d e San Juan y a las bod as en el c a m p o y m u ­

c ó m o eva lú an su a c tiv id a d artística, q u é c o n ­

del siglo XX , sufrió el p rejuicio d e los críticos d e

chos pintores académ ico s e incluso expresionistas

ciencia tie n e n ace rc a d e lo q u e nec esitan para

A rte , d e las instituciones y d e los artistas e ru d i­

q u e se en c am inan p o r el naif para diversificar su

perfeccio n arse . Las respu estas a estas preg u n ta s

tos del a lto m od ern ism o .

p rodu cció n y su m ercado.

p ro p o rc io n a ría n m e jo r in fo rm a c ió n para q u e las

El a rte clasificad o co m o


políticas públicas llegasen a un público y a un

dad es del interior en las qu e se reciba la transm i­

p ro d u c to r fuera d e la elite privilegiada d e siem ­

sión d e TV. ¿Tenemos el derec h o d e neg ar la e d u ­

pre. A pesar del e fe c to positivo d e la edu cación

cación a un joven con la pretensión d e preservar

en la p rodu cció n artística del p u e b lo en lo q ue se

su supuesta auten ticid a d ?

refiere al a rte naif, se abjura del ap ren d izaje del

Viendo las im ágenes producidas por los artistas

A rte. ¿Por q u é los naif no tienen d erec h o a p e r­

elegidos por el jurado surgieron m uchas preguntas

feccionarse en el c o n ta c to de los unos con los

com o éstas, ¿será que no tienen respuesta?

B IB L IO G R A FÍA

ChicodaSilvaeaEscoladoPi­ rambu. Fortaleza: Espaço Cultural Correios, 2 0 0 6 H U G O N O T.M arie-C hristine. La peinture nai've en France, unart vivant. Paris:Sous le V e n t , 1981 LIPPARD,Lucy.Mixedblessing:newArt inamulticul­ tural America N ew York: Pantheon Books, 1991

GALVÃO , Roberto.

B R EN SO N , Michael. "W hy curators turn to the

otros e incluso en talleres educativos? N o se tra ­

Una cosa es verdad, la m u lti-c ulturalida d b ra ­

ta d e fo rja r artistas n a i f , lo q ue no sólo es un a b ­

sileña se evidencia en esta Bienal pues tenem os

A rt o f th e deal?”.

surdo, una verd a d era d eshonestidad cultural y un

en tre los partic ip an tes equilibrio d e géneros y d i­

1990, c u a d ern o 2, Pág. 38

e m b u s te co m o

versidad de etnias llevando a notorias diferencias

m aniobra com ercial, sino que

ta m b ié n es la fo rm a prejuiciosa en q u e se vio a la

New York Times, M arzo, SITES

d e producción visual.

Escola d o Piram bu d e los a y u d a n te s / alum nos de

La exposición de obras que elegim os los cura­

http ://w w w .nice-coteazur.org/francais/culture/

Chico da Silva. M ientras ellos pin tab an sus bos­

dores adjuntos, los consultores y yo, está m arca­

m usee/artnaif

quejos e incluso producían to d a la im agen, ca ­

da p o r el ideal d e in te r-culturalidad q u e g en eró el

h ttp ://w w w .sanu.ac.yu

bién d o le al m aestro apenas reto car y firm ar su

título Entre Culturas, qu e el designer V ictor Burton

h ttp ://w w w .m b a.ville.sherb ro oke.qc.ca

p ropio nom bre, el m ercad o hizo la vista gorda.

m e ayu dó a definir, al que añadí M atrices P o p u ­

h ttp ://w w w .m u seed a rtn aif.co m

C u an d o los a y u d a n te s / alum nos em p eza ro n a

lares p o r puro deseo d e reiteración.

p rodu cir in d e p e n d ie n te m e n te del m aestro, m os­ tra n d o una construcción personal, el desprecio

4,

D e ella h ab laré m ás adelante, en o tro lugar

h ttp ://w w w .n a ife s .it/ h ttp ://w w w .m id a n .o rg h ttp ://w w w .h allesa in tp ierre.o rg

del catálogo.

q u e recibieron d e la elite im p idió q u e se d es arro ­

A u n q u e la m uralla en tre lo eru d ito y lo p o p u ­

h ttp ://w w w .m u seeartn aif.co m

llasen y se volviesen m ás indepen dientes. ¿Será

lar aún perdu re a pesar de h ab er sido dañ ad a por

h ttp ://w w w .m u seu n a if.co m .b r

q u e en las U niversidades q ue pro d u cen artistas

el postm odern ism o, cad a vez es m ás difícil sepa­

h ttp ://w w w .p ro x im e d ia .c o m /w e b /m a s n .h tm l

eruditos el proceso de ap ren d izaje es m uy d ife ­

rar los “sub -texto s" pop ulares, sep arar el a rte

h ttp ://w w w .h m n u .o rg

rente? Casi siem pre se estim ula a los alum nos

d en o m in a d o

para qu e sigan la m ism a dirección del profesor

visual del p u e b lo y del a rte e ru d ito q ue busca

des d e el p u n to de vista del lenguaje e incluso de

referentes populares.

naif, del

a rte popular, d e la cultura

Líneas de ¿unions Sa ingenuidad re v i^ ita d a .

los m ateriales. Frecu entem ente de un g rupo de 2 0 alum nos de A rtes Plásticas en la Universidad

A g ra d e z c o al ju ra d o q u e sele c c io n ó a los

ap enas cinco con quistan una innegab le in d ep en ­

artistas q ue p artic ipan en la exposición c o m p e ti­

"Saber si se puede llam ar popular a lo que el pue­

d en cia y d e estos solam en te dos o b tien en éxito

tiva, M aria Alice, M aria Lúcia y Oscar, p o r la clari­

blo crea o a lo que se le destina, es sin duda un fal­

en el m ercado . Ésta es una estadística n o rte a m e ­

dad en las decisiones y por la com un ión con las

so problem a. Lo q ue im porta antes que nada es

ricana q u e leí en una revista d e A rte. En Brasil

ideas del pro ye cto d e la curaduría.

identificar la m anera en que se cruzan y se dispo­

nadie se arriesgó a investigar en d ó n d e están los eg resados d e las facultades d e A rtes Plásticas.

Por el d iálo g o enriquecedor, a g rad ezco a

nen diferentes formas culturales”. (Chartier, 1990:56) La d en om inac ión [e n tre culturas] d e esta 8 §

V ic to r Burton

Por o tro lado, co m o recuerda R o b e rto G alváo en

Al SESC le d e b o la invitación para esta aven­

edición de la Bienal Naifs de Piracicaba es insti­

el c a tá lo g o d e la exposición Chico da Silva y la

tura cognitiva, el ap o yo para su co n cretización y

g ad o ra y p e rtin e n te para el actual m om ento, en

Escola d o Piram bu (E n e ro 2 0 0 6 ) los m odelos e u ­

el cariño dispensado en un difícil m o m e n to d e mi

q u e discutim os co n ceptos tales co m o post c o lo ­

ropeo s y norteam erican o s a b u n d an en la ense­

vida personal.

nialismos, hibridism os y desterritorialización cul­ turales en tre m uchos otros co n ceptos q u e pasan

ñ an za de A rte universitaria; d e L eg ér a A nselm Kiefer y d e Tunga a Ernesto N eto. ¿Por q u é los

A na /A a e Barbo/sa

pob res q u e no p u eden ir a la U niversidad no tie ­

ARTE/EDUCADORA / CURADORA DE LA BIENAL

nen d e re c h o a eleg ir sus m odelos inspiradores?

NAÍFS DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

a fo rm a r p a rte del rep erto rio d e autores en las m ás diversas áreas del con ocim iento. D e acu erdo con el folleto, la

Bienal Nai'fs do Brasil 2006 p re ­

P e rm an ece la pregu nta, ¿qué es la edu cación por

te n d e ser un te rrito rio fértil d e ¡deas, rico en p ro ­

el a rte d e un joven naif? ¿Aún creem os en la vir­

ducción, difu n d ien d o así la diversidad cultural del

g inidad expresiva? Vivim os ro deados d e im á g e­

p u e b lo brasileño. Según entiendo, esta m ism a

nes, la influencia d e ellas en nuestro im aginario

búsqueda por la diversidad estuvo p rese nte en la

es d irecta y basal, incluso en las m ás lejanas ciu­

edición de 2 0 0 4 . El cu rad or Paulo Klein en el te x -


to d e ap e rtu ra del c a tá lo g o recon oce el "deseo

de ella, indicando grupos dispares, tales com o pri­

nes populares son alejadas d e lo cotidiano para

d e sacudir el escenario cu ltu ral” en un evento

mitivos, enajenados e, incluso, niños, pero reunidos

ser preservadas y “sobrevivir” d e form a “auténtica”.

que, sin dud a, se configura co m o uno d e los bas­

bajo una m isma identidad, esto es, los periféricos.

tiones para qu e la produ cció n

naif haya

conse­

En este texto, no p re te n d o revisitar la co n c e p ­

naifni hacer una revisión histórica ten ien ­ Douanier Rousseau co m o m arco d e la a p a ­

Paradójicam ente, los conceptos d e “pureza” y "au­ ten ticidad”, form ulados por intelectuales, instauran

gu id o id en tid ad y visibilidad en el escenario artís­

ción d e

tam bién un cam p o sagrado para la producción po­

tico nacional e internacional. En mi texto, sigo en

d o al

pular. También repercuten las preocupaciones m a­

la m ism a dirección del énfasis en la diversidad

rición del térm ino. Muchos ya lo hicieron. Mi intento

naify d e p o ­

es resaltar qu e en el siglo X X se fueron creando,

Latina d e 1970, que revelan la preocupación por la

pular contam inados. Para ello, revelo desde ahora

d e fo rm a progresiva y por d iferentes m edios, ins­

desaparición d e las tradiciones populares.

mi adhesión te ó ric o /c o n c e p tu a l a la propu esta

tancias d e legitim ació n y distinción para un arte

Esas p reocupaciones estuvieron presentes en

de la curad uría d e la m uestra d e 2 0 0 6 :

“p erifé rico ”, en m oldes no m uy dife re n te s d e los

las políticas culturales del Estad o d e las décadas

para reflexionar sob re con cep to s d e

nifestadas en la C arta del Folclore d e Am érica

“Sugiero para esta Bienal la incorporación del

del d e n o m in a d o “a rte eru d ito ”. En la co n struc­

d e los años 7 0 y 8 0 . D e una fo rm a general, ve ­

térm ino ‘entre culturas’ para que continuem os ex­

ción d e un a rte q u e fue (y continúa siendo) co n ­

m os qu e nociones d e a u ten ticid a d , "espíritu del

pan dien do las relaciones entre arte naif, arte pop u­

siderado d e m e n o r valor, se establecen criterios

p u e b lo ”, la no relación con el m ercado, el aisla­

lar, cultura visual del pueblo y las representaciones

internos para crear catego rías valorativas je rá r­

m ie n to d e la produ cció n en peq u eñ as co m u n id a ­

eruditas qu e incorporan lo popular. Ésta probable­

quicas que, ap arentem ente, no se pueden discutir

des, fueron características usadas para referirse

m ente no será una Bienal d e la pureza naif, sino de

de n tro d e un m ism o grupo.

al a rte popular. Estas características revelan la

la contam inación, de la afirm ación d e diferentes testim onios visuales com prom etidos con la cultu­

D e esta form a, ten em o s los dife re n te s inten­ tos d e diferenciació n del

naif d e

im p o rtan cia d e la a c tu ac ió n d e la Misión Fol­

lo popular, d e lo

clórica Brasileña e n tre las d éc ad as d e 1 9 4 0 a

ra d e nuestro pueblo” [A n a M ae B arbosa] Folleto

ingenuo, d e lo prim itivo, del loco del m anicom io,

196 0 para la sistem atización d e un c a m p o insti­

divulgación 8 § Bienal N aif d e Piracicaba.

d e los niños. ¿Cuáles son las aproxim aciones p o ­

tu cio n alizad o d e la investigación sob re a rte y cul­

En oposición al té rm in o arte, con “A ” m ayús­

sibles en tre el a rte de los pacientes de Nise da

tura p o p ular en Brasil. Los folcloristas tu viero n un

cula1, encontram o s los térm inos arte na'if, arte p o ­

Silveira y el a rte "ingenu o” d e los artistas presen­

papel decisivo en la institucionalización d e esp a­

pular, ínsita, etc.; fre c u e n te m e n te relacio nados

tad o s p o r Lélia C oelho Frota? ¿Q ué situaciones

cios tales co m o m useos y m uestras d e a rte p o ­

a m an ife stacion es/producciones d e la creación

com un es p o d rían existir en tre los artistas

del pueblo. Los con ceptos de prim itivo, ingenuo,

los pacientes del M anicom io d e E n genho de

naif y

pular, fo rm a n d o un c a m p o esp ecífico para pro­ ducciones del género.

m arginal y algunos otros h ab itu alm e n te se usan

Dentro? ¿Todos serían autodidactas? ¿Cuáles serí­

A e jem p lo del d e n o m in a d o a rte erudito, la

vinculados al arte p o p ular y sus desdoblam ientos.

an las características de unos y d e otros? Muchos

cultura p o p u la r tam b ié n en tra para un circuito d e

Esos con ceptos aparecen en situaciones d e ex ­

ya han d iscutid o las cuestiones co n ceptuales y

connoisseurs. Museos, galerías, catálogos y m ues­

clusión, violencia y anom alía. Leídos en el papel y

las term inologías, refo rzan d o las diferencias d e

tras individuales co n stituyen ese c a m p o "oficial”

aplicados a determ in ad as producciones, parecen

cam po , algunas veces in te n ta n d o aclarar eq u ív o ­

d e lo popular. Si prestam os aten ció n a los textos

nom en claturas ¡nocentes, pero revelan las form as

cos en tre el uso “in d eb id o ” o "incorrecto” de un

elaborado s sobre el asunto, las ideas básicas son

d e opresión, de colonización. Se sitúan al m argen,

té rm in o o del otro.

vinculados a la noción d e p op ula r o d e la e xten ­ sión del carác ter "m arginal” y d e periferia. C o nvencionalm ente, el c o n cep to de lo qu e es

las d e estudiosos c o m o Frota, Valladares, Jacque

C reo que el térm in o

[entre-cultura] está

m ás

Van d e Beque, Jan ete Costa, e n tre otros.

allá de esa revisión co n ceptual y la coloca en otro

Teóricos, libros publicados, artículos, casas d e

nivel: el d e fluctuación en tre los conceptos, e n ­

cultura, acervos particulares, m useos y m uestras

se define por su diferencia con algo que no lo es, a saber, la literatura eru d ita y letrada, el

ten d id o s co m o construcciones históricas qu e c o ­

c o m o la Bienal

m ienzan en una m irada dom inante. Creo qu e esta

Así, pares co n ceptuales d e oposiciones binarias

arte hecho y escenificado en espacios oficiales,

discusión es im p o rta n te incluso para el fe n ó m e ­

no se sustentan. El d esafío es percibirlos com o

incluso el catolicism o oficial con base en la tra d i­

no q u e quiero des tac ar aquí; el d e la constitución

negociacio nes qu e se realizan en un ju e g o sutil

ción culta, etc. (C hartier, 1999:55). A u n q u e esas

d e un cam po , el d e lo popular, o el de lo

naif, no

d e aprop iaciones, d e reem pleo, d e desvíos que

oposiciones sufran reevaluaciones y descons­

e x a c ta m e n te al m argen, sino co m o un cam p o

tru cciones por diversos cam po s teóricos en la

pro p io qu e tien e in te rn am en te sus propios m á r­

co n tem p o ra n e id a d , p o d em o s dec ir qu e aún per­

genes, cen tro y periferias.

dura un m o delo binario d e distinción cultural.

en oposición a la norm a culta, sino tam bién en o p o ­

O rtiz señala que "ladiscusiónsobreculturapo­ pularrefuerzaladimensióndelaseparación, segre­ gación, heterogeneidad”( 2 0 0 0 : 37). La separación

co m o el c ó d ig o escrito, con otros artistas, com o

sición a la sociedad, a aquellos que viven al m argen

implica la concepción del "otro”. Las m anifestacio­

el propio con cep to d e

p o p u la r

Marginalidad es un concepto construido no sólo

[ 224 ]

Naif fo rm a n

p a rte d e ese circuito.

se apo yan y se excluyen. Cu estion ar la ingenu idad atribu ida a las m ani­ festaciones d e la cultura del p ueblo im plica resal­ ta r tránsitos y contagios con otros populares, con la cultura erudita y d e masa, las tiras cóm icas,

naifo d e popular. Hay, por


p a rte d e los artistas populares, la aprop iación d e

d o Rosário se co m p a ra a los

ready-made d e

m ientos, alteridades, reelaboraciones d e identidad

la discusión con cep tu al en tre "artista o arte s a n o ”,

D u cham p, o cu rre una o p e ra ció n d e legitim ació n

en el cotidian o y en las tradiciones p e rm an e n te­

“a rte o artesan ía”, “copia

artística en favo r d e un có d ig o con e s ta d o d e re­

m en te rediseñadas.

u o rig in alid ad ”, p or

ejem plo , e n tra n d o en su rep erto rio cuestiones discutidas en la ac a d e m ia o paralela a ésta.

ferencia m ás fu e rte q u e el otro. N ecesitam o s varias puertas d e acceso para

Leda Gu i m araes

D e sd e esta persp ectiva, ya no tie n e sen tido el

c o m p re n d e r có m o los m últiples cruces d e d iver­

ARTE/EDUCADORA / CURADORA-ADJUNTA DE LA BIENAL NAÍ'FS DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

purism o d e los tie m p o s d e H e rd e r y G rim m ni la

sos cam inos teóricos a lo largo del siglo X X hicie­

a c titu d pasiva d e las m asas en relación a la in­

ron d e la cultura p o p u la r un lugar d e enunciación

dustria cultural, ni una opo sición fro ntal a n te la

en la com presión d e la cultura y el conocim iento.

1 “Para Gom brich, el a rte es fru to del trabajo del

cultura eru dita. Las encru cijadas que fo rm a n las

Las m icro historias, las historias vistas d es d e a b a ­

artista, del hum ano “deseo d e hacer”, des en cad e­

uniones culturales están c o m p le ja m e n te in c o rp o ­

jo, el co n o cim ien to cotidiano, la esfera dom éstica,

nado p or m otivaciones m uy diferentes, en tiem pos

los trabajos m anuales, el afecto, las relaciones co ­

y lugares distinos, y así, el A rte con A mayúscula

m unitarias y la ecología, se están revalorizando

no existe, es un fetiche.” (Losada, 1996, p.5)

"todas las normas culturales en las cuales los historiadores reconocen la cultura del pueblo siempre surgen, hoy en día, como conjuntos mixtos que reúnen un ovillo difícil de desenredar, elementos de orí­ genes muy diversos." (1990: 5 6 ) radas unas a las otras: Para C h artier

d e n tro d e persp ectivas d e la p ost m o d ernidad. Y es d e n tro d e esta persp ectiva q u e la discu­ sión sob re cultura visual se co n stituye en un v a ­ lioso c a m p o d e interlocución, pues con sidera las

B IB L IO G R A F ÍA ABREU, A. A. (o rg).

Quantos Anos faz o Brasil?.

São Paulo: Editora da Universidade d e São

A c tu a lm e n te ya no corresp onde, p o r un lado,

co n trib u cio n es d e la an tro p o lo g ía, d e la historia

el sesgo izquierd ista p o p u la r q u e buscaba m a n e ­

d e las m en talidad es, d e la psicología y el psicoa­

ras d e “resgu ardar" la cultura p o p u la r d e la c o n ­

nálisis, d e los estudios culturales y p ost co lo n ia­

tam in a ció n y d e la vu lg arización d e los m edios y,

les, fo rm a n d o un eje transdisciplinario para la

p o r o tro lado, el sesgo del discurso nacionalista

p erce p ció n d e situaciones en tre-culturas, e n tre -

q u e p ro m u e v e las form as pop ulares c o m o fo r­

fro nteras co m o la d e esta 8 5 edición d e la Bienal

Artistas e Artífices: Ancestralidades, Arcaísmos e Permanencias. P. 3 4 In: Mostra do Redescobrimento Arte Popular.

m as d e id e n tid a d d e un Brasil tradicional. Las

Naifs d e Piracicaba.

Nelson A g uilar (o rg ). Fu n d ação Bienal d e São

pro p u estas u tó p icas d e la izquierd a y nacionalis­ tas d e la d erec h a tie n e un aire redentor.

E xperiencias d e fro nteras im plican pasajes, la posibilidad d e entrar y salir d e los lugares, d e ir y

La discusión sob re la cultura y el a rte d e lo

volver. Los cruces transculturales y las e x p e rie n ­

po p u la r en la c o n te m p o ra n e id a d nos p e rm ite

cias d e diáspora suceden d e diversas m aneras en

con siderar reco n o cim ien to s y reconstrucciones

la co n te m p o ra n e id a d . La cultura visual del p u e ­

d e id en tid ad , fo rm a s d e d o m in a c ió n /d o m in a d o y

blo o p o p u la r es transversal, intra e intercultural.

la fo rm a en q u e se con struyen diversos e n c u e n ­

Híbridas p o r naturaleza, aba rc an un a m p lio a b a ­

tros culturales.

nico d e m anifestacion es d e arte, design, m oda,

C o n trarian d o todas las construcciones con­

objetos, arq u itectura, bailes, rituales y fiestas, en

cep tuales a lo largo d e la historia, las d en o m in a­

los cuales o cu rre subversión e interacción con

das tradiciones “puras” (la d e la cultura pop ular y

otros códigos, con flictos estéticos, bricolages,

la d e la cultura e ru d ita ) se fueron dilu yendo p au ­

reap rop iaciones y relecturas, en un ritm o sin fin

latinam ente, m ezclándos e a veces en tre sí, trans­

d e invenciones y tradiciones.

Paulo, 2 0 0 0 . AR AÚ JO ,

E m an o el

(c u r a d o r )

Paulo. São Paulo: A ssociação Brasil 5 0 0 anos A rte s Visuais, 2 0 0 0 . ARRUDA, V.

Umspraynamãoeumaidéianacabeça.

Revista A rte em Revista. São Paulo, CEAC, 1984. B A R B O S A , A na

Latina.

Mae.

De Gauguin à América

In: A R TE & E D U C A Ç Ã O em Revista.

A n o I — n2 1. O u tu b ro , 7-16. 1995.

A Escrita da História: novas pers­ pectivas. São Paulo: Ed itora d a Universidad e

BURKE, Peter.

Estadual Paulista, 1992.

Consumidores e Cida­ dãos: conflitos multiculturais da globalização.

C A N C L IN I, N e sto r Garcia.

Rio d e Janeiro: Ed itora UFRJ, 1999.

Ninguna form a artística/cultural pu e d e verse

m ultiplicidad d e form as, ta n to orales co m o escri­

co m o totalidad. Toda cultura es fra g m en tad a. El

São Paulo: EDUSP, 1998.

_____________________________.

tas y, finalm ente, electrónicas, circulando p or las

esfuerzo es para no abraza r una visión esencialista

C A S C U D O , Luis d a Câm ara.

diversas capas sociales d e la población d e los p a ­

y situar la producción del pueblo en la esfera d e lo

G lobal Editora. SP, 2 0 0 4 .

íses europ eos y latinoam ericanos hasta los días d e

exótico. U tilizar operaciones d e desconstrucción

hoy. N o o bstan te, códigos d e “alta cu ltura” se re-

no significa elim inar o refu ta r códigos ya institui­

ela b o ra n

dos sino alcanzarlos transversalm ente con otros

p e rm a n e n te m e n te

para

el

m a n te n i­

cód igo s

culturales

en

pro p u estas

B ra­

A R A Ú JO , Em anoel.

fo rm á n d o se a lo largo del proceso, g en eran d o una

m ie n to d e ideologías d e las clases dom inantes.

B rasileiro,

sileiros. São Paulo:Museu A fro Brasileiro. 2 0 0 5 .

m u lti/in te r /

Si los c a m p o s culturales pasan a ser híbridos,

transculturales e intertextuales. El arte/c u ltu ra del

las relaciones sociales con tinúan crean d o distin­

pueblo no es fijo y representativo d e una cultura

ciones. C u an d o la o bra d e un artista c o m o Bispo

nacional herm ética. A b rig a diásporas, extraña­

Culturas Híbridas.

Civilizaçãoe Cultura.

A invenção do cotidiano: 1.ar­ tes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

C E R TE A U , M ichel.

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Mitopoética de 9 artistas brasileiros: vida, verdade e obra. Rio d e J a ­

FR O TA , Lélia Coelho.

pos do m in an tes, d e las culturas h e g em ô n ic as y, aunque no se tenga conciencia d e ello, tal desvalo­ rización refleja posicionam ientos políticos. Para e n fre n ta r esta situ ació n, d e b e m o s te n e r

Ei C o n jí ic t o e n tre cuütura^

neiro: F on tan a, 1975.

fácil percibir la desvalorización, por p arte d e los g ru ­

p rese n te q u e to d o s los g ru p o s e individuos p o s e­

PequenoDicionáriodaArte do Povo Brasileiro, Séc. XX. Rio d e Janeiro:

La curadora A n a M ae Barbosa pro p o n e un desafío

A e ro p la n o , 2 0 0 5 .

al presentar la propuesta d e la Bienal Naífs do

presivos universales y q u e es in a c e p ta b le cu a l­

Rio d e

Brasil 2 0 0 6 : E ntre Culturas. P ropone la inclusión de

q u ie r tip o d e eva lu ac ió n q u e e s ta b le z c a s u p e ­

la producción d e los artistas d e los segm entos

rio rid ad e s

PensamentoMestiço. São Paulo:

m arginados o de productores individuales q ue no

culturales. La d es valo rizació n d e alguno s tipo s

se p u eden encasillar en el m arco d e las artes rea­

d e a rte es una m an ife sta ció n d e la existencia y d e

lizadas según los valores d e recon ocim iento y

la e ta p a en q u e se en c u e n tra n las luchas p o r la

FR O TA , Lélia Coelho.

G O M B R IC H , Ernest.

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M E LLO e S O U Z A , L. A cultura p o p u la r e a h istó ­

Seminário Folclore e Cultura Popular: as várias faces de um debate. In stituto N a ­ ria. In:

en el d e re c h o d e d es arro llarse y exp resarse d e fo rm a in d ep en d ie n te , q u e no existen m o d o s e x ­

e n tre

m an ife sta cio n es

y

pro d u cto s

a c e p ta ció n gen eral. Desafía a d e rrib a r los p reju i­

im p osición d e valores e stétic o s que, en su e s e n ­

cios excluyentes, las preocupaciones p o r pecados

cia, es una lucha e n tre g ru p o s sociales p o r la im ­

d e origen e invita al ensancham iento d e los con­

posición d e los valores en los q u e creen.

ceptos, elim inando las falsas barreras e n tre popular

E v id e n te m e n te los g ru p o s d o m in a n te s luchan

y erudito. Es el perm iso para explicitar hibridismos,

para m a n te n e r y rep ro d u c ir sus privilegios. Para

para m ostrar influencias, para perm itir la c o n fronta­

ello, tien en q u e m a n te n e r la p ro p ie d a d d e los m e ­

ción, para prese n ta r problem as, para p ro p o n er

dios d e p ro d u cció n y la a p ro p ia c ió n d e la plusva­

discusiones, para abrir espacios al reconocim iento

lía cultural, c o n tro la r los m ecan ism o s d e re p ro ­

d e produ ccio nes g en e ra lm e n te excluidas.

duc ció n m aterial y sim bólica d e la fu erza d e

El en ten d im ie n to d e cualquier produ cció n ar­ tística presupone, e n tre otras cosas, su c o n tex tu a -

tra b a jo y d e las relaciones d e p ro d u cció n y co n ­ tro lar los m ecan ism o s coercitivos.

lización, una com pren sión d e los valores q u e han

En este proceso los grupo s hegem ônicos ha­

cional d o Folclore, C o o rd e n a d o ria d e Estudos

interferido y p e rm itid o su surgim iento. ¿C óm o en ­

cen uso d e to d o s los m edios posibles: la escuela,

e Pesquisas. Rio d e Janeiro: IBAC, 1992.

te n d e r la produ cció n artística d e seg m e nto s so­

los m edios d e com unicación, los m useos y todos

O R T IZ , R.

Um outro território.

São Paulo: Ed.

O lho D água, 2 0 0 0 . __________.

A Moderna Tradição Brasileira.

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ArtePopularBrasileira. In: Mostra doRedescobrimentoArtePopular. Nelson Aguilar

VAN DE BEUQUE, J.

ciales o d e personas qu e se en c uentran al m argen,

los equipos y espacios culturales. Esos equipos

fuera d e las estructuras sociales, excluidos in te n ­

produ cen hábitos estéticos, estructuras d e gusto y,

c io n alm en te o no? El a rte ta m b ié n p resu pone un

en consecuencia, prácticas d e acu erdo con los in­

cierto do m in io técn ico y el cu m p lim ie n to d e a lg u ­

tereses dom inantes. Sin em bargo , d eb em o s im agi­

nas reglas d e un can on estétic o del tie m p o en q ue

nar qu e los grupo s subalternos tam b ié n desarro­

se realiza la produ cció n artística. P ero se sabe

llan sus m odos d e resistencia y form as específicas

q u e estas reglas, gen eralm en te, son impuestas.

d e reproducción d e su saber, artes y culturas y que,

Entonces, ¿có m o ver el a rte d e aquellos q ue no se

d e cierta form a, ta m b ié n luchan para q ue sean d o ­

encajaron to ta lm e n te en los m o delos educativos

m inantes. Ese proceso es una lucha. Es im p ortan te

form adores, cualquiera q u e fuese el m otivo?

d arse cuenta que, au n q u e no se encuentre en los

A p a rtir del p en s a m ie n to d e N e s to r G arcia

registros, existe una producción estética q u e ha

Canclini’, entendem os el arte naif, o cualquier otro

sido y es c o tid ian am en te d es cartada d e la historia

nom bre q ue se d é a este tipo d e producción artísti­

del arte. Es com ún en la historia del arte el olvido,

ca, com o un instrum ento d e com prensión, repro­

principalm ente, d e la produ cció n y d e los q u e h ace­

ducción y transform ación social d e un determ inado

res artísticos d e los estratos m ás populares.

(org). Fundação Bienal de São Paulo. São Paulo:

segm ento social o incluso de individuos, pudiendo

A través d e ese hilo c o n d u c to r som os llevados

Associação Brasil 5 0 0 anos Artes Visuais, 2 0 0 0 .

verse com o manifestaciones diferentes d e los otros

a tra ta r d e co m p re n d e r d e fo rm a m ás efic ien te la

tipos d e artes (eruditas, clásica, etc.). Esa diferencia

produ cció n artística d e los grupo s e individuos al

Arte Popular Bra­ sileira: Coleção da Casa do Pontal. São Paulo:

V A N d e B E U Q U E , Jacques.

C â m a ra Brasileira do Livro, 1994.

es resultado d e las desigualdades y d e los conflictos

m argen, d e aquellos q u e no están integrados a las

existentes entre los grupos sociales. A ctualm ente, es

estructuras sociales establecidas en la actualid ad.


Pero el ab o rd aje y la com prensión d e estos uni­

Un tercer grupo sería el que reúne las m anifes­

junta, separa, aproxim a, aleja* interfiere, influye y

versos culturales ante los condicionam ientos o

taciones artísticas realizadas sin las presiones

es influenciado, m u tan te. ¿Por q u é no a c e p ta r la

ideologías que actúan sobre los grupo s sociales y

y condicionam ientos del conocim iento técnico-

m u ltiplicidad d e posiciones q u e el artista p u e d e

sus

es sencillo.

erudito. Creaciones ingenuas y creativas, que regis­

asum ir en el transcurso d e su vida e incluso en el

m anifestacion es

artísticas

no

Principalm ente si nos referim os a las prácticas

tran los universos del pueblo y reflejan la sabiduría

desarro llo d e sus obras? ¿Por q u é el artista no

q u e ap a re n te m e n te se elaboran a p artir d e sue­

popular. Ese grupo tendría un aparente subgrupo

p u e d e registrar los universos del pueblo, reflejar

ños, d e negaciones d e lo real y del presente, d e la

que reúne a los artistas que serían una especie de

las sabidurías populares, buscar en tra r en un

búsqueda d e utopías envueltas en una y mil estra­

fraude com etido en la búsqueda d e entrar en un

m ercad o y, q u e al m ism o tiem p o , estas m anifes­

tegias d e retórica; ellas parecen ten er vida, pod er

m ercado m ovido por el lucro. Esos artistas ejecuta­

taciones sean erupciones d e im ágenes qu e sim ­

m ezclarse, aun siendo contradictorias.

rían trabajos d e apariencia ingenua, registrando jue­

bolizan, en esencia, la cultura d e su pueblo?

A p aren tem en te son obras ingenuas y creativas

gos tradicionales y fiestas populares, diferentes de su

Se sabe qu e el a rte para los artistas es el lu­

que registran los universos del pueblo y reflejan las

propia expresión con un objetivo m eram ente d eco­

gar en d o n d e en c uentran refugio y fu erza para

sabidurías populares. Pero, ¿será que realm ente

rativo. En la historia d e vida d e m uchos artistas p o ­

en fre n ta r la vida. El a rte es escudo y arm a en el

podríam os denom inar a esos artistas d e ingenuos?

pulares, en poco tiem p o d e ejercicio profesional, se

co n flicto d e las culturas que, co tid ian am en te, es­

¿O será q u e la ingenuidad es nuestra al querer a na­

puede percibir la m utación, el paso d e una posición

tán ob lig ad o s a enfrentar. Al m ism o tiem p o , el

lizar sus producciones a partir d e valores que no

inicial "genuina” hacia un desm edido manierismo.

arte es un m o d o d e supervivencia económ ica,

son los suyos? ¿Será que ellos se sentirían impuros

P o dríam os im aginar otros m uchos s e g m e n ­

tien e q u e insertarse en un m ercado , la m ayoría

se tuviesen un perfecto dom inio d e las técnicas ar­

tos d e p rodu cció n artística, pero aq u í es necesa­

de las veces, no m uy a c o g e d o r ni justo, cu a n d o

tísticas em pleadas por los artistas eruditos?

rio pregu ntar: ¿por q u é sería fra u d u len ta la p ro ­

se tra ta d e recibir los pro d u cto s artísticos.

Un fa c to r q u e com plica m ás esa b úsqueda es

ducción realizad a en el in te n to d e e n trar en un

Por eso, la Bienal Naifs Brasileiros es un punto

q u e algunos artistas con fo rm a ció n oficial y so­

m ercado? ¿Buscar en tra r en un m ercad o es algo

de resistencia y se ubica com o un ejercicio d e lucha

cia lm e n te in tegrados han in c o rp o rad o a sus p ro ­

fraudulento? ¿O es fra u d u len to ta n sólo para p e r­

co n tra

duccion es valores estéticos d e g rupo s al m argen

sonas d e las clases subalternas? ¿Por que dejaría

Cuestiona la legitim idad d e valores que son útiles a

verdades

establecidas

y

privilegios.

o d e artistas q u e no siguen los cánones e stab le­

de ser gen uin o al pro d u cir para el m ercado?

las estructuras dom inantes q u e m antienen la hege­

cidos. Las diversas den om in ac io n es utilizadas en

¿Será q u e lo q u e es fra u d u len to es el proceso

monía d e algunos valores culturales. Procura des­

la bús q u ed a p o r ap re h e n d e r el a rte d e estos seg­

e co n ó m ico y no el artista? Y, sob re la “p ureza del

baratar ideas que se hacen pasar por form as co ­

m en to s (naif, prim itivo, ínsito, popular, e tc ) p a re ­

a rtis ta ”, ¿sería v e rd a d e ra m e n te posible un artista

rrectas

cen no conseguir co n te n e r el am p lio alcance y la

puro? ¿C óm o se pro d u ce la transferencia o in te r­

encubriendo arbitrariedades, ocu ltando la violencia

y

naturales

del

desarrollo

cultural,

m u ltip licid ad d e rostros q u e estas produ ccio nes

c a m b io d e co n o cim ien to en el á m b ito d e las a r­

autoritaria en la imposición d e los valores, descali­

artísticas adq uieren . Hasta el m om en to , to d as las

tes? ¿Existen artistas sin influencias externas a su

ficando, evitando la confrontación y “olvidando” in­

den o m in ac io n es han sido insatisfactorias.

universo? ¿Q ué es lo q u e sería ese m u n d o del a r­

cluirlos en com pendios, muestras, colecciones, etc.

En esa produ cció n excluida se p u e d e percibir la existencia d e varios s eg m e n to s y, arb itra ria ­

tista? ¿ C ó m o

podem os

Felipe

Por eso la Bienal da prioridad a m anifestaciones no

"natural, puro,

sintonizadas con las visiones e intereses estéticos

m edirlo?

Baéta Neves dice qu e el estad o

Luis

q u e tra b ajan con las erupciones d e im ágenes fi­

virgen" nunca existió. El p ro d u c to artístico siem ­ "el resultado de un encuentro de determi­ nantes históricamente dadas, y que no conoce ningún momento originar2. C reem o s q u e la p re ­

jad as en la m e n te d e to d o s nosotros y q u e se tra ­

o cu pación p or lo gen uin o d e las obras artísticas,

ARTISTA PLÁSTICO E HISTORIADOR DEL ARTE /

m ente, cita re m o s so lam en te los qu e con sidera­ m os m ás significativos: En un prim e r grupo, reuniríam os a los artistas

pre es

de los grupos dom inantes. Por eso la Bienal Nai'fs do Brasil 2 0 0 6 expone el conflicto Entre Culturas.

R o b e rto Gaftvão

bajarían en la produ cció n d e obras q u e sim boli­

p rin cip alm en te d e las p rovenien tes d e los e s tra ­

CURADOR-ADJUNTO DE LA BIENAL NAIFS DO BRASIL

zan, en esencia, la cultura del pueblo, y expresan,

tos populares, es un proceso q u e procu ra c a m ­

[ENTRE CULTURAS] 2006

con valores propios, una realid a d intrínseca a

biar el e n fo q u e d e la cuestión verd a d e ra m e n te

to d o s. Al no necesitar d e un m u n d o ap arte, esos

central en el análisis d e las obras d e arte: una crí­

artistas hacen del a rte un flujo d e la vida.

tica interna, realizad a a p a rtir d e la propia obra.

1 N é sto r G arcia CONCLINI — As Culturas Po­ pulares no C apitalism o (Las C ulturas Populares

En un segundo grupo, reuniríam os a aquellos

Tal vez la opción por la división en g rupo s o

en el C a p italism o ) — Brasiliense São Paulo, 1983.

que, por cualquier m otivo, en tre ellos la ingenui­

sub grupos sea un m o d elo no satisfactorio, q u e

2 Luis Felipe Baéta NEVES — A noção d e "Arte

dad, buscan sintonía con los valores dom inantes y

no consigue c a p ta r la realidad. Tal vez ten g am o s

Po p u lar”: Urna crítica an tro p o ló g ica. (L a noción

produ cen un arte distante, m edio sin técnica, m e ­

q u e asu m ir la pluralidad d e posibilidades, sin je ­

d e “A rte P o p u lar”: Una crítica an tro p o ló g ic a ) In

dio sin alma.

rarquías. A c e p ta r las artes c o m o a lg o vivo q u e se

Rev. Ciências Sociais, vol. VIII, N 1-2,1977. p. 2 0 3 .


en el c a m p o erudito, p ero lo que suele suceder

el sentido “periferia/centro”, o incluso d e “periferia”

son asim ilaciones provenien tes d e las tra n sfo r­

a “periferia". Siendo así, los puntos d e con tacto p a­

La pro p u esta d e in co rp o rar el té rm in o en tre cul­

m aciones facilitadas p o r los m edios d e co m u n i­

san a absorber un repertorio híbrido e intercultural.

turas, fo rm u lad a p or A n a M ae Barbosa, curad ora

cación, q u e d e te rm in a n m odism os y una p ro d u c ­

Las fronteras en tre las culturas locales y g lo b a ­

de la Bienal Na'ífs d o Brasil 2 0 0 6 , m e a le n tó a ela­

ción a g ran escala q u e llega a los lugares más

les ya no se circunscriben a espacios definidos y

Ei! tr á n s ito e n tre cuüturax

b o rar un p en sam ien to q u e tuviese c o m o pu n to

rem otos. Los cód igo s del a rte co n te m p o rá n e o

finitos. En opinión d e M oacir dos Anjos “lo que

d e p a rtid a el p ropó sito d e la propia cu rad ora de

q u e o cu p an los m useos y galerías d ifícilm en te los

d isting ue una cultura local d e las d em ás ya no son

exp a n d ir "las relaciones e n tre a rte naif, a rte p o ­

d ec o d ifica el h o m b re m ás hum ild e q u e no se p re ­

los sentim ientos d e clausura, aleja m ien to u origen,

p u lar y cultura visual del p u e b lo y las rep re s e n ta ­

ocu p a d e seg uir los p a rám etro s d e un a rte in te r­

sino las form as específicas a través d e las cuales

ciones eruditas q u e incorporan lo p o p u la r" .2

nacional, prefiriendo, p or el contrario, m an ife sta r­

una com un idad se posiciona en ese co n tex to de

se a tra vés d e un m u n d o figurativo, d istan te d e

interconexión y establece relaciones con el o tro ”.6

La diversidad d e n o m en claturas a d o p ta d a s para d esignar el a rte naif, m e llevó a dos tipo s de

las elucubracion es con cep tu ales y abstractas.

El a rte popular transita, p or lo tanto, en este flujo d e bienes simbólicos, sin estar protegida de

observación: Prim ero, to d as las variaciones d e las

A n te este cuadro com plejo, en d o n d e cab en

designacio nes naif, c o m o prim itiva, p o p u la r o in­

m ás los cuestio n am ien to s q u e las afirm aciones,

las zonas d e contacto, aun que habita, eso sí, en

gen ua, p u e d e n den otar, en parte, un rasgo discri­

re to m o la sug erencia d e A n a M ae Barbosa d e in­

ese con tex to d e interconexión y se relaciona con

m in ato rio q u e busca clasificar d e fo rm a d ic o tô ­

c o rp o ra r el té rm in o en tre culturas y o p ta r por

las m ás diferentes culturas, partic ip an d o del p ro­

m ica el lugar del artista, co lo c a n d o al artista

am p lia r la co n cep ció n d e a rte naif, p ro p o n ie n d o

ceso m ig ratorio q u e se exp ande con la globaliza-

po p u la r en el lado o p u e s to al del erudito. En se­

q u e esta Bienal esté m enos m arcad a p o r la p u re­

ción. Las condiciones postm odern as a la vez que

gu n d o lugar, esa m ism a pluralidad d e térm in o s

za y m ás p o r la c o n ta m in a c ió n . Y preg u n to :

desgarran las form as tradicionales d e m anifesta­

no deja d e revelar q u e en el universo d e la cu ltu ­

¿có m o se procesa, en el m u n d o actual, esta c o n ­

ción artística, tam bié n proporcionan la ruptura de

ra popular, en d o n d e se sitúa el artista naif, no

tam inación ? ¿C uándo sucede esto?

existe una con figuración h o m og énea.

posturas excluyentes, q u e dejan al m argen y jerar­

En una sociedad en q u e las fro nteras se e n ­

quizan las relaciones entre las diferentes form as de

El historiador P eter Burke afirm a q u e la cultu­

cu e n tran cad a vez m ás diluidas, es cad a vez más

arte. C o m o bien afirm a A na Mae, aun que perjudi­

ra pop ular d e la Edad M oderna “estaba lejos d e

difícil, p or no d ec ir im posible, la tarea d e d e te r­

cada, la muralla entre lo “eru dito” y lo “p o p u la r”

ser hom og énea: que la cultura del artesano y la

m in ar el m o m e n to exa c to en q u e la c o n ta m in a ­

aún perdura, pero las delim itaciones territoriales se

cultura del cam pesino divergían d e m uchas m a ­

ción se produce, p ero se p u e d e an a lizar el c o n ­

vuelven casi imposibles, siendo cad a vez m ás difí­

neras: q u e la cultura del pastor y la del m inero d i­

te x to en el q u e se tejen los hilos q u e fo rm a n la

cil separar el arte naif del arte p op ular o del arte

ferían d e la del ag ricu lto r."3 G uardando las distan­

red

erudito q u e utiliza las referencias populares.

cias tem porales y las especificidades d e la cultura

N e sto r Canclini cree q u e no existe un consenso

En B elém d o Pará un im p o rta n te n úm ero de

europ ea q u e se procesa d e fo rm a d iferente d e la

en to rn o a lo q u e significa "globalizarse”4, no

artistas hace uso del vocabulario visual p ro ve­

q u e se con stituye a ctu alm en te en Brasil, pienso

ob s tan te, considera q u e a m ed iad o s del siglo XX,

niente del a rte popular, crean pinturas, grabados,

que en un territo rio tan extenso co m o el nuestro,

con los avances tecn o ló g ico s se fo rm ó una in te n ­

objetos, valiéndose d e los colores prim arios, fu e r­

son pocas las o p o rtunidad es d e realizar una p ro­

sa red d e com un icación , p ro p ician d o q u e m u n ­

tes y planos q u e se enc u en tran en los barrios p e ­

ducción m onolítica, sin m atices d e diferenciación.

d ia lm e n te hubiese una articu lación d e m ercados,

riféricos y en otros m unicipios p róxim os o distan ­

Pero, si bien es im portante observar esas dife­

en d o n d e no sólo coexisten las transacciones fi­

tes. Pero lo q u e defin e ese están d ar d e colores no

rencias, existe otro tipo de distinción que tam bién es

nancieras. sino ta m b ié n las artísticas y culturales.

es la localización d e esos elem en to s visuales en

revelador: se trata de la dirección única que parece

En realidad, estas neg ociacio nes no se gen eran

esta o aqu ella ciudad, en esta o aqu ella región. El

establecerse entre la "cultura popular” y la "cultura

en un lugar exclusivo sino en d ife re nte s ciudades,

uso d e colores vibrantes co m o el rojo, el am arillo

erudita”. El uso de esos dos términos, bastante

a co m o d a d a s en un p roceso descentralizador.

o el azul, es perce p tib le en la visualidad d e m ú lti­

p o r d o n d e circulan

los bienes culturales.

cuestionados, puede delim itar un m ovim iento de

Inserto en esta coyuntura económ ica, social y

ples ciudades y países: pero, en to d o s esos esp a­

bienes simbólicos que asum e una única dirección,

política se encuentra un intenso flujo m igratorio

cios prevalece una estétic a p rove nien te d e un es­

en principio, puesto que por lo general tan sólo el ar­

transitando en diversas direcciones. En este tránsi­

tra to social d e escasos recursos financieros.

tista considerado “erudito” tiene facilidad d e acceso

to, mezclas étnicas y culturales se hacen visibles,

C o m o puede verse, la era de la g'lobalización y

a los códigos del arte popular, sin que el m ovim ien­

ubicándose en una zona d e con tacto5 móvil, en

d e las condiciones postm odernas prom ueve circui­

to inverso tenga la misma facilidad d e asimilación.

don de se crea un estado d e contam inación mutua.

tos maleables que proporcionan el carácter inter­

Sin d ud a, el artista p o p u la r p u e d e tra e r en su

La transmisión recíproca d e culturas puede produ­

cultural del m undo contem poráneo. Los flujos de

o bra algunos rasgos del a rte q u e se co n stituye

cirse tanto en el sentido "centro/periferia”, com o en

bienes simbólicos causan, sin em bargo, tensiones y

[ 228 ]


prefiera lo a n te rio r y q u é dese en d ud a con lo

relaciones desiguales. Pero, aún en este estado de

el bosque do m in ad o por las voluntades, el m etal

desequilibrio son posibles las actitudes de resisten­

forjado, la certeza de la tem p eratu ra existente, el

mejor. A b andon e, vuelva a em pezar, a u n q u e haya

cia, hay una brecha por la que se puede entrar e in­

co n ocim iento de la cap acid ad d e resistencia de lo

pasado m uy p oc o tiem po . Siéntase destruido,

vertir las fuerzas hegemônicas, perm itiendo una

qu e se p uede rom per, la hu m ed ad qu e se va a

m uerto, incapaz y b ro te raspando y rep in tan d o

contam inación de la que surja un intercam bio entre

evaporar en la atm ósfera, el tie m p o d e secado (si

hasta crear un pasado. S u tilm ente vele y deje

culturas com prom etidas con el arte proveniente de

llueve se dem o ra m ás), el fuego, los instrum entos

e sc u rrir

la tradición popular que, en lugar de cerrarse, per­

cortantes, la m adera rasgada, el papel, el lápiz,

som bras absurdas, perciba los m onstruos, el frío,

m ite la expansión de su universo estético.

el c am b io de e stad o de la m ateria... En fin, la

rasure, borre, pero no lo b o te a la basura: insista.

intervención

h o m b re en

este

m undo

líqu ido,

d e s tru y a

las

luces,

cree

de

D eje qu e las voces lo estim ulen. H aga lo q u e no

átom os. La huella digital im presa en el to q u e frío

c om pren de, te n g a la seguridad de una guerra,

HISTORIADORA DEL ARTE / CURADORA-ADJUNTA DE LA

del barro, el paso d e barro a pote, d e p o te a filtro,

p ero descubra cu ando term inó.

BIENAL NAÍFS DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

de filtro a ladrillo, d e ladrillo a teja, de teja a

Crear, lleno d e ese m isterio es único y raro,

m uñeco, de m uñeco a caballo, d e cab allo a buey,

pero, existente. C uando se produ ce así, los resul­

M a rin a /A o ka rze S 1

del

el

teju (la g a rto )

ta d o s

son

e x tre m a d a m e n te

tra n sfo rm a d o res.

1 D o cto ra en Sociología, M aster en Historia del

de buey a perro m o rd ien d o un

A rte, Profesora del curso de A rtes Visuales y

carg a d o en los dientes arrastrándolo p o r el suelo;

Perseguidos por las explicaciones, se avanza a

Tecnología d e la Im agen de la U niversidade da

clavado en la carne el cuchillo corta y se desliza

grandes pasos hacia la evolución del arte y nos

A m a z o n ia — U n am a y Directora del Espacio C ul­

en la herida ab ierta del anim al q ue ahora se

vo lvem o s m ás hum anos. ¿Q uién sab e lo que

tural Casa das O n z e Janelas.

vuelve com ida, cocida en la sólida olla del indio.

sucede cuando se crea?

2 Esta afirm ació n de A n a M ae Barbosa consta

Imagine no dom inar el ímpetu de la inspiración.

Salga de la cueva, desm itifique las sombras para com pren der m ejor los fenóm enos de la luz.

en la p resentación realizad a para el fo lleto del

Este

reg lam en to d e la Bienal Nai'fs d o Brasil 2 0 0 6 ,

completo, insinuando su fragilidad humana y con un

Todos

p rom ovida por el SESC -SP de Piracicaba.

entusiasmo que devora la racionalidad. Así, todo

tenem os el m undo para masticarlo. Pertenece a la

3 La form ulación de este pensam iento de Peter

insinúa. La inestabilidad le hace incapaz de contener

relación entre los hom bre en la búsqueda de

Burke está registrada en el libro Cultura Popular na

las razones. Uno ya no es consciente, lo que piensa

la divinidad, esta práctica de aprendizaje de la

Idade M oderna (Cultura Popular en la Edad M oder­

ya está dominado. La verdad pasa distante y su

lectura y relectura, la repetición, el control, el d o ­

entusiasm o

poético

absorbiéndole

por

te n e m o s

luz y

som bras

propias,

hoy

na). São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p.68.

inteligencia se transforma en un recién nacido. Le da

m inio de la técnica para expresarse mejor. Este

4 Las form u laciones de N esto r C ancline q ue aquí

vuelta a la página de toda la concepción filosófica

conjunto de principios qu e rigen sistemas, pero

racionalista. Su percepción en estado d e ALERTA no

qu e son opiniones d e autores avisados, que

globalização imaginada (La globalización imaginada). São

se presentan se en c uentran en A

Paulo: Ilum inuras, 2 0 0 3 . 5 Térm ino utilizado por M oacir dos Anjos, en

Local/Global: arte em tránsito (Local/Global: arte entránsito). Río d e Janeiro: Jorge Zah ar Ed., 2 0 0 5 . 6 Id, p. 14.

C a rd a n d o ía pre/sa con 5oa diente/S ¡Existe arte! Co ntra cualquier tip o de división, d e

soporta lo que está sucediendo y sim plem ente deja

insisten en decir YO PU ED O CREAR, incorporan el

que la violen. Com pletam ente dom inado se apodera

d eb er sagrado, son creyentes vivos, se perm iten la

de uno este transitorio. Su trabajo com anda su

conciencia de sí mismos, form ulan sus propios

conducta impulsiva, dejando que el inconsciente

códigos escrupulosos, son solidarios a la vida.

aflore com o un traum a en el hueso. A p arece un

Precisamos ver para alfabetizar la m irada y vivir

m undo desapercibido, reelaborando significados

para entender el Arte. Fue así q ue Picasso m iró las

del cotidiano. Todo se subordina a explicaciones

máscaras Africanas y se hizo más humano, fue así

sicológicas. Se le comunica su com portam iento a la

que Vitalino hizo el hom bre de barro, que J. Borges

xilos y

escribió

cordéis, así

luz de esa ciencia: sofocado por la leche materna o

grabó

a la sombra de los arquetipos — su m adre gigantesca

funden sin la diferencia del más y mayor, la verdad

las culturas se

lo observa y lo orienta con voz contundente.

es siem pre única sin dudas atropelladas, nuestra

p o r secuencias

El barro es para moldar, el papel para dibujar,

históricas del p o d e r financiero, de clases sociales,

el lienzo es para pintar en una acción obvia, eche

hecha en la casa grande,

etnias y ven cedores d e guerras. Existe lo hum ano

tinta antes d e secar; en la carrera d e la m ateria,

tiene m iedo de lo popular esconde una frustración

capaz

m estiza, subordina la historia a sus deseos, mira de

con fusos

de

status

a lim e n ta d o s

tra n s fo rm a r

paisajes,

a lim e n ta r

cultura es de negros, indios y blancos, una m ezcla

senzalay bosques. Quien

el

to q u e más allá del pincel; aplaste los colores,

espíritu, re fo rm a r los sentim ientos, p erfeccionar

pulverizando la lógica crom ática. Su trabajo es

reojo y percibe a pedazos, tantea la superficie sin

los sentidos, estructurar los lenguajes, sensibilizar

intenso. M uévase hasta sudar y alterar su corazón.

percibir la form a, huele y no visualiza, traga saliva y

d e ja n d o q u e se m anifieste el orgullo d e prim ate.

Sufra q u eriendo d ejar m arcado el últim o m en ­

no le gusta lo que digiere, oye y se asusta con

La transform ació n d e la arcilla en m ateria para

saje de la hum anidad. D esconsidere vio le n ta ­

gruñidos, percibe y no siente qu e el A rte es puro

m anipulación, la com prensión de su plasticidad,

m e n te lo existente, d esprécielo y p inte d e nuevo,

reflejo d e lo qu e somos. Tenemos una muestra con


netrar por influencias eruditas, aunque conserve su

A rte

Es en ese contexto sociocultural en transformación,

d enom inado “popular”, que respira encuentros y

típico del Brasil de hoy, que se inscribe la mayoría

naturaleza propia. La sabiduría popular y la imagina­

exhala sudor de trabajo y lucha en la vida.

d e las obras seleccionadas. S o rprendentes, en la

ción individual y colectiva se hermanarían en obras

m edida en q ue presentan soluciones plásticas in­

difíciles de definir bajo una sola catalogación.

artistas

de

una

tierra

e fe rv e s c e n te en

Rinafido S iív a

ventivas en el abord aje d e tem as actuales. En algu­

La o p o rtu n id a d de partic ip ar co m o ju rad o de

ARTISTA PLÁSTICO Y PROFESOR DE ARTE /

nos casos, realm ente hay una visión crítica de la re­

selección de la Bienal Naí'fs d o Brasil d e 2 0 0 6

CURADOR-ADJUNTO DE LA BIENAL NAÍFS DO BRASIL

alidad com o se puede constatar en las pinturas que

p ro fu n d iza mi convicción de que al género, fu e r­

[ENTRE CULTURAS] 2006

muestran la destrucción del m edioam biente y la cri­

te m e n te vinculado al a rte popular, aún no se lo

m inalidad urbana. De entre tantos cuadros de inte­

valoriza intern am ente, tal vez p o r ser una m an i­

rés estético y antropológico, vale destacar

festación p rodu cid a p o r artistas no eruditos, a

Bienaí Na'íJ/S, en s in to n ía con 5a conbenporaneidad

Arepro­ duçãodadengue(Lareproduccióndel dengue) de

Aléx Benedito dos Santos, uno de los ganadores del

dos en el am b ie n te rural, pero p ro gresivam en te

P rem io de A quisição (P re m io de Adquisición). El

ad e n tran d o en el universo urbano, en buena p a r­

De entre los m uchos que pretenden hacer arte,

pintor no se intim ida fre nte al lienzo. Es notable la

te d e los casos con un rechazo a las reglas con­

son pocos los q ue van más allá de la banalidad de

libertad de su dibujo, no sólo por el vigor del gesto,

vencionales d e la pintura, ya sea p o r elección o,

las fórm ulas establecidas para aventurarse en la

sino tam bién por la concom itancia de las narrativas:

para la m ayoría de los artistas, p o r falta d e a c c e ­

experiencia de la creación espontánea. En una

La línea organiza el espacio, describe los hechos y

so a ellas.

Bienal Naif, más que en cualquier otra, es de espe­

subordina la pintura que se a tie n e a los tonos

rarse la expresión original, sin prejuicios, m ovida

som bríos d e la periferia. Jab oticaba l no es Nueva

e n o rm e

por el deseo de com unicar del individuo y por el

York pero Santos pu e d e llegar a ser un Basquiat.

de origen po p u la r y en c ontrar talento s obliga a

p artir de tem as populares g en era lm e n te inspira­

R ecorrer el m undo de los naif es un desafío y

fascinante.

S u m erg irse

en

el a rte

con ocer el m ayor núm ero posible d e artistas,

pulsar de la vida social. Sin em bargo, ni siem pre

id en tific a n d o

carac terísticas

q u e tra n sfo rm a n

esa libertad está presente en las obras enviadas

/A a ria A Íic e A \i5 5 ie t

para la selección del jurado. Eso porque, a lo largo

HISTORIADORA DEL ARTE / JURADO DE LA BIENAL NAÍFS

a algunos d e esos pintores en exp o n e n te d e lo

d e los años, se cristalizó algo com o un “estilo naif”,

DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

q ue hay de m ejor artísticam ente, destacándolos no sólo co m o naif, sino que colocándolos en tre

un m odo de pintar que se está reproduciendo casi

los principales nom bres del a rte universal, inde­

en serie, volviéndose m arca registrada de la pintu­

¿Qué n a ij /so¡¡ ¡¡o?

ra erróneam ente den om inada “prim itiva”. Ese ha­

p e n d ie n te m e n te d e categorías, estilos, n o m e n ­ claturas y tem áticas, q ue pueden ser la p re e m i­

cer ordenado, bien com portado, tiene sus caracte­ rísticas: com posición frontal y plana, form as bien

Desde 1999, a partir de una investigación para escri­

nencia d e lo onírico y de lo im aginario, de la

delineadas rellenas d e colores vivos y tem as rela­

bir el libro

crítica social, d e la violencia urbana o la valo riza­

paisajes del cam p o — siem pre m iniaturizados. Esa

OspincéisdeDeus: vidaeobradopintor naif WaldomirodeDeus(LospincelesdeDios: viday obradel pintor naif WaldomirodeDeus), he encon­

form a de p intar d e origen po p u la r fue "ennoble­

trado las más diversas definiciones del arte d en o­

Por to d o eso, tras la fase inicial en que la

cida” por Tarsila d o Am aral, en su fase Pau-Brasil

m inado naif o primitivista. Hasta hoy, siete años

Bienal fue dirigida p o r el entusiasta investigador

en los lejanos años de la década d e 1920. La a p e r­

después, ninguna de ellas me ha convencido com ­

y curador Antonio Nascimento, vinculado al S E S C /

tura m odernista tuvo el m érito de hacer salir del

pletamente, ya que la mayoría proviene de críticos o

Piracicaba, a p artir de 2 0 0 4 , la presencia de un

anonim ato a algunos artistas populares y de abrir

dueños de galerías más interesados en defender

cu rad o r extern o transform a en o b lig ato ria la dis­

la com unicación entre el universo erudito y el pue­

ciertos espacios en la academ ia o en el m ercado que

cusión de lo q u e viene a ser ese d e c a n ta d o arte

blo. Fue con esos avances q u e se consolidó la

en observar d e cerca a los artistas y sus trabajos.

naif. Sin em bargo , m e p erm ito la libertad d e co n ­

cionados a la tradición rural — fiestas populares,

referid a produ cció n estereo tip ad a que actu al­

D e fo rm a general, los con ceptos m ás u tiliza­

m en te está en el m ercado y se pretende artística.

dos coinciden en definir el estilo naif co m o aquel

ción idílica de la zona rural y de sus activida des económ icas y sociales.

siderar que, una vez más, g en era lm e n te la cues­ tión se p lantea de fo rm a equivocada.

El jurado del cual form é parte, sin menospreciar

m arcado p o r los colores vivos, la im aginación, la

Se les p re g u n ta a los críticos q u é es lo naif.

a los que se rigen por una iconografía tradicional­

estilización y un p o d er d e síntesis llevado al lien­

¿ N o sería m ás lógico in vertir la p re g u n ta e in te ­

m ente identificada com o naif, privilegió una pro­

zo con una técnica a p a re n te m e n te rudim entaria.

rro g a r a los artistas del ev e n to p o r q u é ellos se

ducción más audaz. Son obras vinculadas al m undo

En esos aspectos, se podría d ec ir q u e el a rte naif

con sideran naif? D esde el m o m e n to en q u e c re ­

contem poráneo; reveladoras de la com plejidad de

b rota del inconsciente colectivo.

ad o re s

de

p rá c tic a m e n te

to d o s

los

E stados

la vida urbana y de lo que resta del universo rural

Eso señala dos elementos fundamentales: el arte

brasileños d e c id e n en v ia r sus tra b a jo s para la

en la m em oria de los que migraron hacia la ciudad.

naif estaría en constante renovación, dejándose pe­

e va luac ión d e una com isión ju z g a d o ra para p a r ­

[ 230 ]


tic ip a r en una B ienal Naif, c a b e in d a g a r cuál

tra ñ a r que, al consolidarse la idea d e un estilo

es el m o tivo .

p ro p io a lo naif, ella diese m ás lugar a e s te re o ti­

[E n tr e Cuübura/s] mabrice/S p o p u ía re /6

¿Porqué ellos se consideran naif? C uando se m i­

pos q u e a una visión c o h eren te d e esa creación,

"W e

ran al espejo y cuando miran su trabajo, antes d e en­

d es d e una persp ectiva an tro p o ló g ica o estética.

bou nderies o f a rt and th e a rt w orld, an influx

viarlo p or correo, se identifican, más o menos cons­

Ecos d e un ro m an tic ism o nostálgico qu e siem pre

o f tru ly indigestible ‘o u tsid e’ a rtifacts.”

cientem ente en cada caso, com o naif y, cuando

prefirió el c a m p o a la ciudad, aso cian do lo p o p u ­

esperan el resultado del jurado, ya sea positivo o

lar al

negativo, necesariamente, en lo más profundo del

cultura, se anquilosaron en una cierta creación

En el com ienzo del m odernism o, la aspiración por

alma, se deparan con la pregunta: ¿Qué naif soy yo?

d en o m in ad a e s p o n tán ea (a u n q u e fuese más difí­

el “arte to ta l” condujo a interesantes experim entos

folclore c o m o

las raíces

auténticas d e

n ee d

exh ib itio n s

th a t

q u e stio n s

th e

Jam es C lifford (1 9 8 8 )

una

autenticidad...), q u e inclusive c o n ­

d e integración d e las artes com o lenguaje, con te­

lim itaciones hum anas y atribu cion es re g la m e n ta ­

quistó un sec to r del m ercado . H abría sido m ejor

nido y espectáculo. El C a baret Voltaire y los Ballet

rias les d a a to d o s una respuesta, una e n tre las

buscar

arte, cread o por

Rusos d e Serge Diaghilev fueron ejem plos m agní­

m últiples

posibles. D u ra n te los p róxim os dos

un cierto m ás acá o m ás allá d e los estándares

ficos. Pero una contradicción rondaba el M o d er­

años los q u e fueron evaluados, estén o no en

eruditos, y q u e m uchas veces se nos escapa p o r­

nismo: la ansiedad clasificatoria q u e llevó a m u ­

esta Bienal 2 0 0 6 , p o d rán reflexionar acerca de

qu e nos habla d e otras form as d e

los resultados y — quién sabe — enviar nuevas

representar el m undo.

La com isión ju z g a d o ra d e esta Bienal, con sus

obras sob re esa m ism a p reg u n ta q u e los a c o m ­ paña d e fo rm a perenne: — Pero, al final, ¿qué naif soy yo?

cil certificar su

lo que nos dice ese o tro

comprender y

chos "ismos” en el a rte erudito y a una división del A rte basada en la clase social, separando tam bién

Si eso se hubiese to m a d o en serio, hace m u ­

el A rte del pueblo en varios fragm entos. En la é p o ­

cho tie m p o nos hab ríam os d a d o cu e n ta q u e esos

ca actual, yo diría que los m ovim ientos en direc­

artistas populares o sin estudios o sim p lem en te

ción a la destrucción d e barreras entre las artes y

m arginales no están fuera d e nuestra realidad

e ntre los códigos eruditos y populares com ienzan

O /ic a r D 9A m b ro/4 Ío

c o n tem p o rá n ea, con sus tensiones y aflicciones,

a con tar victorias. Una d e ellas es esta exposición

PERIODISTA Y CRÍTICO DE ARTE / JURADO DE LA BIENAL

sus sueños y esperanzas, no pud ien do, p or lo

en la que busqué, con la ayuda d e otros curadores

NAÍFS DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

tan to , ser co n finado s a te m á tic a s exclusivas o

y artistas, interrelacionar el A rte Popular, la Cultura

fo rm a s co n gela das d e representación . En la d in á­

Visual del Pueblo y la producción d e artistas erudi­

m ica d e la cultura, el n a/Tsiem pre hablará d e una

tos que trabajan con m atrices populares. Pensé

vo lu n tad d e creación d e individuos que, p or co n ­

q u e sería m ás difícil convencer a los artistas erudi­

dición sociocultural o elección propia, buscan

tos a participar en una exposición junto a artistas

Un a rte

Naif : a rte

má/S

aüüá de 5o/S e/stereobipo/s

ingenuo, primitivo, espontáneo, ínsito...

tra d u cir su sen tim ien to del m u n d o en un len g u a­

populares que no tienen educación form al y con

dounier Rousseau y

je e stétic o ajeno a las convenciones d e elite, de

trabajadores que, a través d e im ágenes, se asem e­

de la presencia influyente del arte oriental y afri­

m ayo r éxito c u a n to m ás p ro fu n d o sea el im a g i­

jan a publicistas d e los pobres q u e llaman la a te n ­

cano en la Europa d e finales del siglo X IX y co ­

nario por m ed io del cual se expresa y m ayo r sea

ción hacia sus productos, sus tiendas o aquello

m ienzos del siglo XX, fueron innum erables las

la origin alidad o el d o m in io té c n ic o d e sus m e ­

que representa su subsistencia, usando imágenes

designaciones q u e intentaron abarcar en su diver­

dios d e expresión.

com erciales d e inflexión popular.

D esde el descubrim iento del

naif no

fue a lg o q u e los

C reo q u e estab a tra u m a tiza d a por la reacción

m iem b ro s del ju rad o hubiesen p rep a ra d o para

d e la co m u n id ad d e críticos y jóvenes artistas

evaluar las casi 8 0 0 obras enviadas d e p rá c tic a ­

co n te m p o rá n e o s d e los años 9 0 , reacción c o n ­

m e n te to d o el país a Piracicaba. Esas obras se

traria a mi tra b ajo en un p ro ye cto m ulticulturalis-

europ eos d e vanguardia, sin que, no obstante, se

nos im pusieron p o r su extraordinaria riq ueza y

ta para el M useu d e A rte C o n te m p o rá n e a da

alterase el indisim ulable tono despreciativo que

diversidad te m á tic a y form al, d elin e a n d o p or sí

U n iv e rs id a d e d e

con tinuó m arcánd ola fre nte al a rte q u e no necesi­

solas criterios d e elección y prem iació n. Difícil t a ­

C o n te m p o rá n e o d e la U niversidad d e São Paulo).

sidad un a rte fuera d e los cánones eruditos d e la tradición occidental. Inicialm ente vista c o m o una

museodelosho­ rrores, ella llegaría después a inspirar m ovim ientos producción a ser confinada a un

Esta visión d e lo

São

Paulo

(M u s e o

d e A rte

ta adjetivos para legitim arse sim p lem en te por ser

rea, sin dud a, p o rq u e habría q u e eleg ir y prem iar

Los insultos q u e oí hacían con q u e el e p íte to

el arte, con sus cód igo s estéticos que

a m uchas más. Pero tam b ié n , no o b s tan te, una

"loca” pareciese un elo g io a m is oídos. El te n e r mi

con siderado

siem pre se consideraron universales.

Naif, un a rte menor, en suma, q u e nos disp en ­

pru eb a d e la im p o rtan cia c recien te qu e esta

n o m b re en la lista negra d e la elite q u e fre cu en ta

Bienal gana con cad a nueva edición.

los m useos no significó nada d e la n te d e la g u e ­ rra q u e d ec lararon las personas q u e do m in ab an

saría d e e n ten d erlo en sus propios térm inos, ya fuese la creación d e los pueblo s d en om inad os

primitivos o la d e los pobres,

M a ría Lucia M o n te a

el sistem a d e las A rtes co n tra el hecho d e q u e

iletrados y locos en

ANTROPÓLOGA / JURADO DE LA BIENAL NAÍFS DO BRASIL

h ayam os co n seg u id o co n q u istar a las clases más

nuestras sociedades. D e esta fo rm a, no es d e ex ­

[ENTRE CULTURAS] 2006

p ob res c o m o fre cu en tad o ra s del Museo. So bre la


Carnavalescos, q u e p re s e n ta b a a le g o ­

las diferencias, ya q u e ha sido en n o m b re d e las

rías d e carnaval q u e c o m e n ta b a n el universo del

d iferencias q u e se viene n e g a n d o a las c o m u n id a ­

m os juntos. Ellos son: la d o c to ra L ed a G uim arães,

A rte , tu v e q u e o ír c o m o reacción a la g ran visita

des p o b res el d e re c h o d e ejercer sus habilidades

d e la U n ive rs id ad e d e G oiânia, con qu ien discutí

d el

exp osic ión

últim os d iez años, invitánd olo s para q u e tra b a je ­

este

d e n tro d el A r te C o n te m p o rá n e o . Esta d e s ig n a ­

sob re lo P o pular en los ú ltim os cinco años, in te r­

Museo!". ¿H ay algún e s p e c ta d o r q u e no sirva en

ción, "A rte C o n te m p o rá n e o ”, se reserva a los p o ­

c a m b ia n d o ideas sob re lecturas y viajes: la d o c to ­

un M useo público?

cos felices d e clase m edia, so fisticada p o r la cul­

ra M arisa M okarzel, pro feso ra d e la U n am a, en el

tura e ru d ita, blan ca y e u ro p eizad a.

e s ta d o d e Pará, d irecto ra y c u rad o ra del Espaço

pueblo :

“¡N ad ie

im p o rta n te

v ie n e

a

La m ag n ífic a exp o sic ió n d e G laucia A m aral y M ay Suplicy, Arte Periférica: combogós, latas e sucatas(A r te Periférica: combogós1,tarro s y c h a ­

La artista Lubaiana H im id2 afirm a m u y bien que

C ultural Casa das O n ze Janelas, con quien he es­

éxito, para ella, sería ver su trabajo en cinco d ife ­

ta d o co n v e rs a n d o so b re m o d e rn is m o y p o s t­

ta rra s ) (o c tu b re , 1 9 9 0 ) fu e in te rp re ta d a e rró n e a ­

ren tes lugares al m is m o tie m p o , y no una p ro g re ­

m o d e rn is m o ,

m e n te c o m o una exp osición d e A rte Po pular

sión d e d e ja r d e e x p o n e r en los fo n d o s d e un res­

C o n te m p o rá n e o , en los m ucho s lugares d o n d e

cuando, en a q u ella ép o c a , yo era m u c h o m ás ra­

ta u ra n te para e x p o n e r en una g alería d e arte

nos en contram o s; y R o b e rto G alvão, artista, cu ra ­

dical q u e hoy y ni siquiera a c e p ta b a la d e s ig n a ­

é tn ic o y, después, en la Tate. Esta idea d e éxito

dor, h istoriado r del A rte. C o n él y Lúcia, su mujer,

ción A rte P o p u lar p o r h a b e r sido c re a d a p o r los

adem ás

de

c o n c e p to s

de

A rte

c o m o progresión d e lugar es aún m u y m odernista.

las charlas van del A rte a la vida, siem p re regadas

d e n o m in a r al

D u ra n te los años 9 0 , al c o m e te r la au d a c ia d e

a m uchas g a m b a s y ag u a d e coco. Llevam os m ás

“o tr o ”. Lo q u e e s tá b a m o s h ac ien d o era m o strar

e x p o n e r dife re n te s có d ig o s culturales en el m is­

la C u ltura Visual d el Pueblo, q u e aq u ello s qu e

m o espacio, d e n tro d e un sistem a q u e d e b e ría

Para mi alegría, ellos ace p ta ro n la invitación

a p re n d ie ro n p o r el a b e c é d e la crítica e u ro p ea

ser igual para to dos, fui m al e n te n d id a . V a m o s a

para ser curadores-adjuntos. Tam bién necesitaba

eran, y son, incap ac es d e reco n o cer c o m o p ro ­

ver ahora, en el siglo XXI.

un c u ra d o r-a d ju n to en R ecife, en d o n d e te n g o

in te lectu ales

h eg em ô n ic o s

para

d u c c ió n cultural, m u c h o m en o s c o m o A rte. Para mí, el p ro b le m a d e la in te ra cció n en tre

d e d ie z años e n c o n trá n d o n o s en la playa.

B e a triz S arlo3 nos recu e rd a q u e "ante la esp e-

m ucho s am ig o s d e varios años. D e c id í in vitar a

cialización d e la cu ltura (c o m p a rtim e n to s d e v a n ­

Rinaldo, un nuevo am igo, al q u e conocía p o c o pero

las culturas — la m arg in al y la cen tral, en tre

g u a rd ia

am bos

cuyo trabajo plástico m e gusta m ucho. Mis planes

“H ig h ” y “L o w ”, e n tre local y glo b al — no sólo es

o b s ervad o s p o r el m e rc a d o ), la m irad a política

eran trabajar con ellos en sus Estados, pero la vida

un e n fre n ta m ie n to e n tre d o m in a c ió n y su b o rd i­

p ro b a rá un sistem a d e redes [...] Tales redes,

se encargó d e cam b iar aquellos planes y sólo pude

nación, es una ten sión co n tinua, d isten d id a m ejo r

cu a lquiera q u e sea su sentido, no son un nuevo

ir a Fortaleza, Teresina y U b eraba. Trabajé por e -

en la m úsica q u e en o tras artes en Brasil.

sistem a d e jerarquías, sino un esp a c io d e m áxim a

mail con

visib ilid ad d e las diferencias, o rie n ta d o no sólo

consultores, Darían Rosa (Brasilia); Elizabeth M.

El in fo rm e N a seem

Ignores, para

Khan,

The Arts Britain

la F u n d ació n G u lb enkian, en 1976,

d e s tru y ó las pos ib ilid ad es fru c tific a n te s d e la

y

c o m p a rtim e n to s

pop u la res ,

los curad ores-adju nto s y con mis am igos

p ara el cam b io , sino ta m b ié n in te re s a d o en la d e ­

A g uiar (Rio G rande d o Sul); Lívia M arques Carvalho

m o c ra tiz a c ió n d e las instituciones cu ltu rales”.

(Paraíba); Marcelo C outinho (Pernam buco); Robson X avier da Costa (P araíb a) y G láucia Am aral, mi h er­

te n s ió n /a rd o r cultural. A u n q u e haya re q u e rid o

La C rítica Cultural, m ás q u e la Crítica d e A rte,

m ás fo n d o s para las "Artes É tn icas” (o tra dud osa

ha a b ie rto las m en tes d e los universitarios q u e es­

m ana por elección, qu e o cu p ó m u ch o d e su p re ­

clasificación para el A r te P o p u la r), pro d u cid as

tu d ian A rte y, p o r eso, d e to d o s los artistas erudi­

cioso tie m p o a y u d á n d o m e en las decisiones y en

p o r inm igrantes en Inglaterra, él reco m en d ó : "que

tos q u e citan lo p o p u la r co n vida dos ahora, apenas

la investigación.

la h arm o n iz a c ió n se d e b e a lc a n z a r re co n o cie n d o

uno no a c e p tó la invitación, p o r razones circuns­

Les agrad ezco m ucho a todos y todas, pues,

las d ife re n te s c o m u n id a d e s c o m o sien d o c u ltu ­

tanciales tem porales q ue lo hicieron te m e r ser visto

con los problem as d e salud qu e hubo en mi familia,

ra lm e n te se p a ra d a s ”.

e n tre los Populares. Esto es un gran progreso en

estos nueve am igos/as fueron mis ojos y mi acción. P lan eé e s ta b le c e r c o m o núc leo d e la exp o si­

Lo q ue esta reco m en d ació n p rovo có fue la

relación a los años 9 0 , c u a n d o no e n c o n tré ningún

“g h e tiz a c ió n ” cultural d e los pobres, la m u ltiplica­

a p o y o en tre los artistas y los críticos d e A rte para

ción el d iá lo g o e n tre tres obras:

ción d e estereotipias acerca d e culturas d e las m i­

el p ro ye cto m ulticulturalista q u e desarrollé. Sólo

da Onça Caetana (L a

A metamorfose

m e ta m o rfo s is d e la O n za

norías, fuera d e entreten ció n exó tica para los ri­

los a n tro p ó lo g o s y la crítica culturalista qu e se ini­

C a e ta n a ), una a lfo m b ra p ro d u c id a p o r la m a n u ­

cos. Una sociedad rica co m o la d e N o rteam érica

ciaba e n tre nosotros, con intelectuales co m o Sueli

fa c tu ra d e Casa C aiad a, en P e rn am b u co , c o n fo r­

construyó Museos en separado para el A rte Latino­

Rolnik, M aria Lúcia M ontes, C laudia Toni se a tre ­

m e diseño d e A ria n o Suassuna (co lecció n d e M.

am ericano,

vieron a escribir, ap o y a n d o la osadía.

A rtistas

N egros, A rtistas Asiáticos,

A rtistas M ujeres etc., pero m antuvo, c o m o sím b o ­

Para esta exposición,

[Entre Culturas] matrices

Ligia d e A m o rim B a rb osa); A

joven caetana), d e

Moça Caetana (La

D aniel M aced o , d e N atal, de

lo d e distinción, a la q u e to d o s los artistas d e cual­

populares, escribí un

q u ier origen aspiran, las exposiciones en el M O M A.

la idea d e exponer, al m is m o tie m p o , los tres d is­

Es im p osib le q u e des arro llem o s una sociedad

tin to s extracto s culturales y se lo env ié a tres a m i­

Um dia é doCaçador, outro da Caça(Undíaesdel Cazador y el otro dela Presa), la o n za en des can so d el a r­

d e cu ltura m ultirracial si nos b asam os a p e n as en

gos con los q u e he con versad o a lo largo d e los

tista p in to r m ural en G oiânia, Inácio da Silva.

p e q u e ñ o texto, en fa tiz a n d o

la colección d e A n to n io M arques, y


1 C ierto tip o d e ladrillos utilizados en el N o rte de

Lo más difícil d e conseguir fue el tra b ajo de

m arid o y yo fuim os am igos d e A rian o y Zélia en

Inácio d a Silva. Las fotos q u e Leda m e envió

Recife y te n g o d e ellos los m ejores recuerdos.

Brasil (n o ta d e la tra d u cto ra).

d e los m uros q u e él había p intado eran exu beran­

C u ando decidim os venirnos a São Paulo, él vatici­

2 Lub aian a Him id. In: S andy Nairne.

tes. Es así, p in tan d o im ágenes en muros, q u e él se

nó q u e term inaríam os "prep arando sándw ich de

Art. London: A

Channel Four Book, 1987, p. 2 4 0 .

gana la vida, y no había ninguna obra tra n sp o rta­

m o rta d ela en un bar d e São Paulo”. Esta im agen

3 B e atriz Sarlo.

Paisagens Imaginárias. São Paulo:

ble. Con el m ism o profesionalism o d e los artistas

nos a co m p añ ó en la, a veces difícil, con dición de

EDUSP, 2 0 0 5 , p. 63.

eruditos q u e necesitan patrocinio para realizar sus

nordestinos en São Paulo y, cu a n d o las cosas no

4 G avin Jantjes.

instalaciones, Inácio da Silva se dispuso a pintar

iban c o m o m erecíam os, nos d ecíam os el uno al

Totah G allery and A rtra g e 2, Londres, 1983

algo para nosotros. La onza del cen tro -o este sur­

otro: "¡Peor sería ven der sándw ich d e m ortadela!”.

gió gloriosa d e este proyecto y, en la exposición,

Pero, pensándolo bien, extrapolar, ¡nterterrito-

OnçaCaetanad e Suassuna.

rializar, mezclar, luchar contra el exclusivismo hege­

Por lo tanto, ten em o s dirigiendo nuestra m uestra

mônico, contra la dictadura del cód igo europ eo y

observa, cuidadosa, a la

Critical Perspectives,

B IB L IO G R A F ÍA

State of the Art. London: A Channel Four Book, 1987. G avin Jantjes. Critical Perspectives, E d w ard Totah

norteam ericano blanco entre las murallas d e la uni­

m arlo C ultura Visual del Pueblo. Este térm in o está

versidad es casi "vender sándwich d e m ortadela".

m enos m aculado p or la m ala voluntad del pod er

Ariano, tenías razón. “M íram e” aquí, valorizando el

cultural h eg em ô n ic o ); uno d e los artistas más

hibridism o cultural e intentando producir, con mis

eruditos d e Brasil, q u e d es d e los años 6 0 , ha bus­

am igos d e diversos lugares del Brasil, un banquete

cad o influir en la po lítica cultural del país, en d i­

cultural en que las sem ejanzas unan códigos diver­

rección a la valorizació n d e lo po p u la r y a la

sos y las diferencias ganen visibilidad igualitaria­

w w w .galeriabrasiliana.com .br

con strucción del diálogo erudito pop ular y la in­

m ente, lado a lado, en com ún desacuerdo.

w w w .raw art.co m

Onça Moça Caetana de

Caetana se

transform a en la

A d em ás d e a g ra d e c e r a los c u rad o res-ad ju n ­ tos, consultores y grand es am igos, cuyos nom bre

Daniel M acedo, q u e apren d ió con el M ovim iento

ya he m encionad o, ag ra d e zc o ta m b ié n a otros

A rm orial liderado por A riano Suassuna, a relacio­

dos am igos, Luís N o gueira y G erard o Vilaseca,

narse con las reglas del lenguaje visual.

p o r la ayu da y p o r la fu erza qu e dieron, junto a

El M o vim ien to A rm orial, b a u tiz a d o en los años 7 0 , "estaba d es tin ad o a luchar co n tra un proceso d e d e s caracterizac ió n y d e vu lgarización d e la cultura brasileña, [...] al m ism o tie m p o q u e bus­

G láucia A m aral, para q u e yo no renunciase. A los coleccionadores q u e nos prestaron las obras, les ag ra d e zc o p o r su generosidad. A los artistas qu e a c e p ta ro n p artic ip a r en la

[Entre Culturas] Matrices Populares,

cáb am o s un a rte eru d ito brasileño, b asado en las

exposición

raíces populares d e nuestra cultura.” — dijo Ariano

mi reco n o cim ien to por la visión plural q u e tien en

en una entrevista. Ello sucedía en un m o m e n to

d e la cultura brasileña.

en q u e el "Alto M o d ern ism o ” do m in ab a, el fo rm a ­

Por m ed io d e N ivaldo, que p o r la exposición

lism o era el cre d o crítico y la palabra "raíces” so­

ab d ic ó d e su quiosco d e caram elos y golosinas

n ab a p e o r q u e p o rno grafía. A n tes d e morir, la

( “C o n fe ito s”c o m o se decía d u ra n te mi infancia

van guardia p ataleó y co n d en ó al infierno a Ariano

allá en R ecife), le a g ra d e z c o a los tra b ajad o res

y a sus seguidores. Él a firm ab a q u e q uien era de

que, aun q u e no sean con siderados artistas ni por

la elite era el A rm orial, y parecía significar que

la co m u n id ad crítica ni por ellos m ismos, enri­

quien p e rte n e c ía a la elite intelectual era el p u e ­

q u e cen visu alm en te su e n to rn o o sus instru m en­

blo d e este país. H o rro rizó a m uchos.

tos d e trabajo.

Diez años después, U m b e rto Eco, con

El nom­

bredelarosa, operaría con valores m uy sem ejan­ tes a los del M o vim iento A rm orial, fu n d ien d o lo eru d ito con la novela policíaca d e raíces po p u la­

Term ino c ita n d o a G avin Jantjes, un

outsider

d e los círculos hegem ônicos, c o m o yo m e veo: "A rte no es una sim ple parte, sino el corazón c o m p lejo d e nuestro cu e rp o cultu ral”.4

res. A rian o fue n o m b rad o Secretario d e Cultura d e P e rn am b u co y a ctu alm en te es a p lau d id o por

Ana /A ae Barbosa

los m edios, q u e transform aro n al ho m b re erudito

ARTE/EDUCADORA / CURADORA DE LA BIENAL

sobre la E dad M edia en fen ó m e n o popular. Mi

NAÍFS DO BRASIL [ENTRE CULTURAS] 2006

Ed w ard

Him id., Lubaiana in S andy Nairne.

a un p in to r d e m uros (¿ A rte Popular? Prefiero lla­

te rm e d ia c ió n del tra b ajo d e M acedo. La

State of the

G allery and A rtra g e 2, Londres, 1983 Sarlo, B eatriz.

Paisagens Imaginárias. São

EDUSP, 2 0 0 5 .

SITES

w w w .ka ra ndash .com .br

Paulo:


SESC — Serviço Sociaí do Com ércio Admini/sbração RejionaS no Estado de São Pauío

Bienaí Na'íj/s do, Bra/sií 200¿ [Entre Cuíbura/s]

a g r a d e c im e n t o s

A n ton io do Nascim ento, A b ra h ão Cavalcante, A derson M edeiros, Alexandre Filho, A lexandre

CURADORIA

Sequeira, A n ton io Marques, Antunys, Ariano

A n a M ae Tavares Bastos Barbosa

Suassuna, A rm an d o Q ueiroz, Caito, Carlos

CURADORES ADJUNTOS

Diretoria d e Ensino da R egião de Piracicaba,

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

Led a G uim arães,

Educativa FM, Elieni Tenório, Em anoel Araújo,

D anilo S antos d e M iranda

Marisa M okarzel,

FIEC - Federação das Indústrias d o Estado do

R inaldo José da Silva,

Ceará, G azeta d e Piracicaba, Geo, Gilvan Cabral,

R o b e rto G alvã o Lima.

GiraPira, Giselda L o m b a rd e Ercolin, Guma,

JÚRI DE SELEÇÃO E PREMIAÇÃO

Jocatos, Joelson, Jornal d e Piracicaba, José Altino,

SUPERINTENDENTE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

M aria A lice Milliet d e Oliveira,

José O távio Lemos, Kátia Jacarandá, Lilian

Ivan Giannini

M aria Lúcia M ontes,

França, Lúcia Maria Castilho Piza, Luiz Tananduba,

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

A b ra m Szajm an

SUPERINTENDENTE TÉCNICO SOCIAL

Oliveira, Christina M achado, Daniel Macedo,

Joel N a im aye r Padula

G ustavo Pandolfo, G ustavo Vaz, Jair Júnior,

O scar D 'A m b ro sio .

Manoel Graciano, M argarida Leda Kaciukaitis

GERENTE DE AÇÃO CULTURAL

Rosana Paulo d a C unha

Pandolfo, M aria A m élia Vieira, M aria José Batista, PROJETO EDUCATIVO

M aria Ligia A m o rim Barbosa, M estre Nato,

AEProduções/

O ldack Chaves, O távio Pandolfo, Paulo Carneiro,

Edna Onodera, Rejane G. Coutinho,

GERENTE ADJUNTO

Erick Orloski, José Minerini Neto, M oa Simplicio,

Paulo S érg io C asale

Christiane Coutinho, A lberto Tembo.

Paulo Miranda, Pedro Inácio da Silva, Prefeitura M unicipal d e Piracicaba, Renato Valle, Rinaldo Silva, R oberto Galvão, R oberto Rugiero,

ASSISTENTES

PROJETO ARQUITETÔNICO-EXPOGRÁFICO

Ruma, Sebastião d e Paula, Shirley Paes Leme,

Évelim Lúcia M oraes

arte 3 /

Tarcísio Félix, Tribuna Piracicabana, U N A M A -

Juliana B raga d e M atto s

A rq u ite to s Assistentes: C hico Gitahy,

Pedro M endes da Rocha

Universidade da A m azô nia, Viga Gordilho.

Marilia D a n ta s e D aniela M arcondes. GERENTE DE ARTES GRÁFICAS

Eron Silva

SESC SÃO PAULO

Av. Álvaro Ramos, 991CEP03331-000 SãoPaulo SPBrasil Tel 116607-8000 ■0800-118220 Telefax 6607-8080 www.sescsp.org.br

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Ed ito r Edison Paes d e Mello GERENTE DO SESC PIRACICABA

Se b astião E. C. M artins

REPRODUÇÃO FOTOGRÁFICA DAS OBRAS

GERENTE ADJUNTO

Assistente: F ern a n d o G onçalves.

A n d ré Fortes

F á b io J. Rodrigu es Lopes

SESC PIRACICABA IDENTIDADE VISUAL E CATÁLOGO

APOIO TÉCNICO

V ic to r Burton

Lúcia Lop es Sim ões

D esigners Assistentes: A n g e lo A llevato B o ttin o

S ecretaria: F ern a n d a M ucillo M olina.

e F ern a n d a Mello.

v e r s ã o in g lês

Labranã /

Ann Puntch /

v e r s ã o es p a n h o l

r e v is ã o o r t o g r á f ic a

Valeria

M aria Lúcia Leão.

Rua Ipiranga 155CEP13400-480 - Piracicaba São PauloSPBrasil Tel 193434-4022 • Telefax 193434-4175 Email: emai/@plracicaba.sescsp.org.br BIENAL NAIFS

DO BRASIL

[ENTRE CULTURAS]

2006

Realizadapelo SESCSP\ Unidade Piracicaba De23 desetembro de2006 a 31deJaneiro de2007. bienalnalfs@plraclcaba.sescsp.org.br S e te m b ro 2 0 0 6


Con/ieiho Rejionaí do S65C 2004/2010 PRESIDENTE

REPRESENTANTES DO CONSELHO REGIONAL

A b ra m S zajm an

JUNTO AO CONSELHO NACIONAL

EFETIVOS

EFETIVOS

C icero B u eno B ran dão Júnior

A b ra m Szajm an

E d u ard o V a m p ré D o N a scim ento

Euclides Carli Raul C o cito

Eládio A rro y o M artins Elisete Berchiol Da Silva Iwai Ivo Dall’A c q u a Júnior Jair Toledo Jo rg e Sarhan Salom ão

SUPLENTES

A ld o Minchillo C o stábile M a ta ra zzo Junior O zias B ueno

José M aria D e Faria DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

José M aria Saes Rosa José S antino D e Lira Filho Luciano Figliolia M anuel H e n riq u e Farias R am os M areio Chaves Pires V aldir A p a re c id o Dos Santos W a la c e G arro u x S a m p aio

SUPLENTES

A m a d e u C astanheira A rio vald o M aniezo A rn a ld o José Pieralini B e n ed ito Toso De A rru d a Carlos A lb e rto D ’am b ró sio Dan G uinsburg Joã o H errera M artins M aria Elena Taques M ariza M edeiros Scaranci Paulo Joã o D e O liveira Alonso Paulo R o b e rto Gullo Rafik Hussein Saab

D anilo Santos D e M iranda


Bienal Nalfs do Brasil . São Paulo: SESC, 2006. 236p. Textos em português, Inglês e espanhol. ISBN 85-98112-28-3 1. A rte Nalf 2. A rte Popular 3. Pintura I. SESC. A dm inistra ção Regional no Estado de São Paulo. CD D - 700.074

ISBN 8 5 -9 8 1 1 2 -2 8 -3

9788598

112282


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