Revista Sinais Sociais

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das sociedades contemporâneas, comenta que risco e perigo estão intimamente relacionados. O autor considera o “perigo” como uma ameaça aos resultados desejados, enquanto o “risco”, para ele, pressupõe o perigo, porém não necessariamente sua consciência. Alguém que se submete ao risco está, de fato, cortejando o perigo. Contudo, é possível assumir ações ou passar por situações nas quais os riscos estão presentes, tendo os indivíduos consciências (“risco calculado”) ou não de que estão se arriscando. Nesta perspectiva, o autor define, ainda, “confiança” como uma crença que um indivíduo deposita em outro ou em um sistema, em função de um determinado conjunto de resultados ou eventos. A “crença”, de outro modo, refere-se à expressão de fé na honestidade, amor ou conhecimento técnico de um outro. Por fim, “segurança” pode ser entendida como a situação pela qual um conjunto de situações perigosas encontra-se neutralizado ou minimizado. A percepção de segurança, segundo Giddens (1991), está baseada no equilíbrio entre confiança e risco aceitável. Esta percepção do risco como probabilidade é encarnada por grande parte dos cientistas da área de saúde. Para Olbekken (1995), comparações sobre a evolução no uso de determinados termos associados a “perigo” e “risco” e o crescimento da utilização da expressão “risco”, na literatura médica, não podem ser explicados apenas como mudança na terminologia. A hipótese do autor é de que esta alteração decorre da evolução da ciência e tecnologia, que modificou as crenças sobre o locus do controle dos fatores de risco. Assim, hegemonicamente, a literatura biomédica tem considerado que uma epidemia pode ser rastreada a partir do conhecimento da probabilidade estatística, especialmente com os recentes avanços na tecnologia informática. Por outro lado, o autor assinala sobre possíveis questionamentos advindos da construção epidemiológica do risco sobre a construção social do risco e das estratégias de enfrentamento destes riscos. Notícias sobre fatores de risco veiculadas na mídia como partícipes da construção de novas subjetividades foram estudadas por Vaz et al. (2007). A construção de subjetividade significa, segundo os autores, que as notícias permitiram aos indivíduos envolverem-se com o movimento, uma vez que explicam os modos de adoecer, ao mesmo tempo em que definem modos de enfrentamentos. Neste sentido, Vaz et al. (2007) lembram que uma questão central paira nos discursos

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.4 nº10 | p. 10-35 | MAio > AGoSTo 2009

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