Senge Notícias | JUL 2021

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ENTREVISTA

E DAQUI PRA FRENTE? O presidente do Senge-PE, Mozart Bandeira Arnaud, responde como o Senge-PE pretende enfrentar os desafios e permanecer na luta pela categoria e por uma sociedade igualitária. Diante de um cenário de falta de credibilidade com o movimento sindical, crise política, econômica e sanitária, a entidade resiste, enfrenta as ameaças e se reestrutura para permanecer lutando por democracia, pela soberania nacional, em defesa da categoria e ainda conquistar mais sócios e parceiros. SENGE - O Brasil passa hoje por uma grande crise econômica e política com consequências severas para a categoria, bem como para todas as trabalhadoras e os trabalhadores. Qual o maior desafio do Sindicato nessa atual conjuntura?

MOZART ARNAUD - O maior desafio do Senge, hoje, é a defesa da vida. Estamos vivendo uma crise econômica severa, e um cenário muito desfavorável para o movimento sindical, mas o que mais nos preocupa hoje é termos a vida ameaçada. Estamos vivendo um grande desastre. O Brasil é o maior mau exemplo para o mundo. Então, não poderíamos priorizar outra pauta no momento que não a defesa à vida.

Foto: Rennan Peixe

SENGE - Como o sindicato pretende lidar com o novo perfil do trabalhador diante das novas relações de trabalho, impostas tanto pela reforma trabalhista, quanto pela pandemia, como o home office e a pejotização?

MOZART ARNAUD - O Senge sofreu fortíssimo impacto nas suas receitas com a retirada da contribuição sindical. A contribuição permitia que as entidades exercessem melhor o seu papel na defesa das categorias, realizando campanhas, participando ativamente de negociações coletivas, entre outas ações. Em 2020, buscamos garantir a sustentabilidade da entidade adequando os custos, equilibrando receita e despesa. Além disso, o novo cenário exige uma nova modelagem na atuação sindical, como, por exemplo, investir na linha de serviços para os associados, como um plano de saúde para a categoria. Imagine se tivéssemos em Pernambuco um plano de saúde mais acessível, ou uma previdência particular. Além de outras prestações de serviços diversos: na área jurídica, comercial, convênios, que propiciem uma melhor condição para cada associado. Dessa forma, conseguiremos atrair novos sócios e garantir a sustentabilidade da nossa entidade.

MOZART ARNAUD - Os sindicatos precisam se readaptar. Não parece que vamos voltar a ter aquelas empresas com grande volume de empregados em um só local de trabalho, que por décadas direcionou o movimento sindical. Há uma mudança na relação de emprego e para que o Senge-PE garanta sua continuidade, ele precisa enfrentar esse grande desafio de se adaptar à nova realidade. É preciso ter clareza que não foi a Covid-19 que causou essa precarização do mercado de trabalho, fatos como as reformas da previdência e trabalhista vieram bem antes da pandemia e hoje permeiam as relações trabalhistas. Estamos vivendo um momento muito difícil, e nós, que fazemos o Senge-PE, temos a consciência que há uma necessidade urgente de se reinventar para permanecer na luta pelos direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores.

SENGE - Uma das atuações históricas dos sindicatos de engenheiros no Brasil é a luta pela garantia do Salário Mínimo Profissional (SMP). Além da Lei 4950-A, de 1966, ser pouco respeitada, com muitas engenheiras e engenheiros sem receber o piso, agora ela sofre uma série ameaça com a MP 1040/2021, que revoga o SMP. Como o Senge-PE tem atuado diante dessas circunstâncias?

SENGE - A reforma trabalhista de 2017 atingiu em cheio os sindicatos, a contribuição sindical deixou de ser obrigatória e muitas entidades enfrentam grandes dificuldades de sustentação. Como sobreviver em meio a essa crise financeira?

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