Canal rural n2 2016

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Edição II / 2016

Negócios no Campo: Assistência técnica do Senar ensina como administrar propriedade

Edição II / 2016

Edição II / 2016

Balde Cheio: Empreendedorismo muda a realidade na pb pai e filhos unidos no campo Do curso técnico para pós-graduação Canal Rural - Edição II/2016

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Expediente Presidente do Conselho Administrativo do Senar PB Mário Borba Vice-presidente da Faepa Vanildo Pereira Conselho Administrativo Rosanne Curi Zaratine – Senar Brasil Raimundo Nonato Siqueira – Classe Produtora Tiburtino Cartaxo de Sá Filho – Classe Produtora Liberalino Ferreira de Lucena – Fetag Conselho Fiscal Samuel Francisco Cordeiro – Senar Brasil Melquíades Pedro de Sousa Neto – Senar-PB Cleide Araújo – Fetag Superintendente Sérgio Martins Assessoria de Comunicação Social Jocélio de Oliveira (DRT/PB 3015) Maryellen Bãdãrãu (estagiária) Editoria de arte/ Tratamento de imagem/ Capa e Projeto Visual Agência Superliga 66 Comunicação Fale com a redação imprensa@senarpb.com.br www.senarpb.com.br www.faepapb.com.br 3048-6050 / 6073 Sede Rua Engenheiro Leonardo Arcoverde, 320, Jaguaribe – João Pessoa/PB CEP 50015-660 Impressão Gráfica JB Tiragem 4 mil exemplares

Interaja conosco! facebook.com/faepasenarpb

palavra do presidente Tecnologia e o futuro da agropecuária

E

stou convencido de que o crescimento sustentável da nossa produção agropecuária passa essencialmente pelo investimento em tecnologia no campo. O Brasil precisa aumentar em 40% sua produção de grãos até 2030 e dobrá-la em 2050, segundo estimativa da FAO. Ao mesmo tempo, o país possui regiões que podem aumentar sua produtividade sem precisar avançar um metro em desmatamento, adotando apenas manejos otimizados. O Nordeste também se coloca como uma região bastante promissora. A atividade pecuária é a de melhor desenvolvimento nas regiões semiáridas, e nós temos vocação para isso. Os grandes confinamentos brasileiros deverão vir para nossa região. Sabemos que o fator clima pode ser um forte aliado, ou inimigo, do agropecuarista ao favorecer ou dificultar as condições de produção. Mas a chegada de vários canais de abastecimento, à exemplo da transposição do São Francisco, é que merece nossa atenção, pois sem a gestão adequada e eficiente todo esse investimento se perde. Em visita recente ao Colorado (EUA), pude ver a mudança de realidade viabilizada pela boa gestão de águas e investimento em tecnologia. Esse estado americano, até poucos anos atrás, era um deserto e hoje passou a se utilizar da água advinda do degelo do inverno. A técnica transformou a região numa produtiva zona de gado. Ou seja, as alternativas existem. O conhecimento, a tecnologia e a inovação é o que buscamos no agronegócio. Nesse sentido, a Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar/PB) têm dado sua contribuição ao Estado. Implantamos, e já posso afirmar que consolidamos, a nossa Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) trabalhando com fruticultura na região de Mamanguape, Itapororoca e Rio Tinto, bovinocultura de leite em Paulista e também vamos atuar com avicultura em São Sebastião de Lagoa de Roça, Pocinhos, Soledade e Matinhas. São 90 propriedades atendidas. Também este ano, vamos formar nossa primeira turma de Técnicos em Agronegócio. São mais de 50 novos profissionais capacitados com as competências exigidas para atuar com excelência na gestão de propriedades rurais. Em comum entre essas duas frentes de trabalho estão a observância à importância do gerenciamento adequado, com atenção às peculiaridades de cada região e o investimento nas melhorias de práticas de manejo e adoção de tecnologias no campo. Não há outro caminho. Às vezes, as pessoas costumam esperar muito pelos governos, mas quem tem que botar a mão na massa somos nós.

Mário Antônio Pereira Borba Presidente do Conselho Administrativo do Senar Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária da Paraíba (Faepa)


Jocélio Oliveira

índice

Carta ao leitor

O

Serviço

Nacional

de

Aprendizagem Rural da Paraíba tem a educação como missão.

Seu foco é a população do meio rural, preocupando-se com a melhoria da qualidade de vida e em contribuir com o desenvolvimento sustentável do país. Nossas atividades tem se ampliado, cada vez mais, para fortalecer essa condição, seja com o avanço do trabalho da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) ou por meio da consolidação da Educação Formal.

CAPA / Fruticultura é fortalecida na Paraíba com apoio do Senar

A assessoria de comunicação do

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Senar/AR-PB segue essa mesma linha

Caso de sucesso Gerenciamento correto melhora saúde de propriedades

mestra.

Nossa

conduta

e

proposito

buscam educar por meio das ferramentas comunicativas,

próprias

da

área

de

atuação, tal como esta revista. O nosso

Programa Sindicato Forte

objetivo é de promover conhecimento ao

Benefício para produtores de Alagoa Grande O sindicato de Guarabira Sindicato melhora a infraestrutura em Alagoa Nova Barra de Santa Rosa deve eleger diretoria em novembro

às ações do sistema Faepa-Senar/PB.

mesmo tempo em que damos visibilidade Foi perseguindo esta perspectiva que produzimos esta edição de ‘Canal Rural’. O

destaque

da

edição

é

para

Página 7

Assistência Técnica. Uma reportagem

Ações do Senar

especial mostra a experiência que está

Jovem aprendiz a um passo da contratação

região de Mamanguape, litoral norte do

sendo desenvolvida com a fruticultura na

Página 14

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Estado. Do Cariri, uma lição sobre como

Capa Gestão do campo melhora produção de frutas na PB

conviver, produzir e lucrar no semiárido a partir do caso Fazenda Carnaúba. A inovação aplicada no campo e a diversificação de culturas e criações são

Em Campo Colhendo boas escolhas

o destaque da seção “Em Campo”, com a lição e o aprendizado da Fazenda Lagoa do Monteiro, em Itabaiana. Canal Rural de outubro ainda oferece

Caminhos do Agro Tempo de planejar e tempo de colher

muito mais. Mas como educador, só podemos apontar pistas. Você deve fazer as escolhas e caminhar pelos trilhos que lhe convier. Daqui para frente só

Formação Técnica

desejamos boa leitura e aprendizado!

Do curso técnico para pós-graduação

Nossa Gente Se o campo não produz, a cidade não come

Jocélio Oliveira Assessor de Comunicação Senar-PB Canal Rural - Edição II/2016

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Caso de Sucesso

Gerenciamento correto melhora saúde de propriedades Jocélio Oliveira

Projetos Balde Cheio e Sertão Empreendedor auxiliam produtores em diversas regiões da PB

Parceria entre produtor, Robson Souza, e técnica, Viviane Oliveira, otimizou estrutura da propriedade.

T

irar leite de pedra talvez

tempo em que capacitava os técnicos

da realidade do sítio. Na questão

seja a expressão que melhor

de campo. Mais de 450 pessoas

técnica, durante o período que ele

definiria a vida de Robson

foram atendidas, incluindo técnicos,

esteve no programa Balde Cheio,

Sousa de Andrade dois anos atrás.

produtores rurais e suas famílias, nas

exatamente

Na propriedade de 32 hectares, no

regiões do Brejo, Agreste e Cariri.

participou de três cursos oferecidos

município

de

Fagundes,

agreste

O

zootecnista

meses,

ele

coordenador

pelo SENAR: ensilagem, construção

paraibano, o pecuarista criava 22

técnico

Alexandre

de barragem subterrânea e plantio

vacas que juntas produziam 80 kg de

Cortez, reforça que o processo de

de palma adensada. Tudo está sendo

leite por dia. A média era baixa, pouco

assistência técnica é também uma

aplicado na propriedade conforme

mais de 3 kg por animal, e pequeno

revolução cultural e na forma dos

as informações recebidas durante os

também era o lucro do Sítio Salvador,

produtores

suas

cursos. Na área onde foi implantada a

que oferecia apenas capim e cana

propriedades.

queremos

barragem cresce braquiária, que vira

como alimento para o rebanho.

que

Tudo começou a mudar quando

do

e

cinco

os

programa,

enxergarem produtores

empreendedores

as

“Nós se

rurais

e

tornem deixem

feno para o gado. A

capacitação

de

ensilagem

ele entrou para o grupo de pecuaristas

de encarar as propriedades como

garante uma rotina mais tranquila e

atendidos

Balde

herança de família, mas reconheçam

eficiente. Na data em que reportagem

Cheio. A parceria entre o Senar/PB e

que elas precisam gerar renda e

foi feita, já havia alimento garantido

Fundação Banco do Brasil ofereceu

sustentar a família”, afirma.

na propriedade para os próximos

pelo

programa

assistência técnica e gerencial na

de

quatro meses e meio. A vida melhorou

produção leiteira a um grupo de

Robson para o conhecimento foi a

até para o funcionário da propriedade.

produtores no estado, ao mesmo

principal ferramenta para mudança

Sr. Severino Morais, que antes tinha

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Canal Rural - Edição II/2016

É

por

isso

que

abertura


Jocélio Oliveira

que colher o capim, moer, ensacar e distribuí-lo aos animais. Agora já encontra a ração pronta. O processo durava todo o dia e agora passou a ser bem mais rápido. “Acho que a luta diminuiu em 50% ou mais. Como temos a silagem, é só ensacar e dar aos animais” avalia Severino. O capim também deixou de ser o alimento exclusivo. Ao enxergar uma oportunidade de negócios, o pecuarista comprou palma doce e já separou dois campos para cultivo. Numa região que atualmente só tem

Produção de reserva alimentar é um dos pilares estruturais do atendimento Jocélio Oliveira

percebido 10% da média histórica de chuva, 120 mm dos 1.200 mm normais, as possibilidades para o cultivo da palma são muitas. Com a perspectiva de produzir mais do que o suficiente para demanda, os técnicos que

atendem

Robson

esperam

poder produzir farelo de palma, que poderá substituir o milho na ração, diminuindo custos. Todo

esse

investimento

está

ligado à gestão da propriedade. “A ideia que nós passamos é que o produtor acompanhe desde um prego que foi comprado na propriedade até

Palma doce auxilia na complementação e balanceamento nutricional

uma tonelada de volumoso que seja posto no sítio”, explicou a zootecnista

presidência

do Senar Domingos

Cheio. Já se passou 1 ano e 4 meses

e assistente técnica Viviane Oliveira.

Lelis, este projeto foi uma lição de

de atendimento e a expectativa é de

Ainda segundo ela, todas essas ações

vida para muitos produtores. Fez

sucesso e crescimento.

trabalho têm como objetivo baixar

historia e proporcionou que varias

“Estou

custos, diversificar aporte alimentar e

famílias mudassem de vida. “Nossa

conseguimos

consequentemente gerar mais lucro.

única

ao

continuidade. Antes não tínhamos

mantem

projeto é que o tempo foi curto para

como continuar na atividade porque

apenas 10 vacas na propriedade. A

o que se propunha. Precisávamos de

estava

produção atual é de 60 kg/dia, sendo

pelo menos 4 anos consecutivos para

dentro. A assistência técnica nos

que apenas 7 delas estão em lactação

obter a resposta que pretendíamos”,

tirou até a vontade de desistir,

e todas já foram inseminadas com

analisa.

porque estava realmente difícil. Mas

Atualmente

Robson

semem de touro da raça holandesa. “A

perspectiva

é

de

melhorar

geneticamente o rebanho e a primeira

reclamação

em

relação

bastante ter

inviável

feliz

porque

perspectiva

da

porteira

de

para

Com o encerramento do Balde

é importante destacar que tudo isso

Cheio, após 2 anos e meio em

só funciona se existir o empenho no

atividade,

planejamento,

Robson

passou

a

ser

acompanhar

tanto

cria deve nascer em fevereiro de

atendido

o

o que está previsto para ser feito,

2017” disse.

Sertão Empreendedor, uma parceria

quanto às ações do dia a dia. Se a

entre o Senar e o SEBRAE, mas com a

gente começar a falhar, cai tudo por

mesma equipe que já lidava no Balde

terra”, avalia Robson.

Para o Gestor do Projeto Balde Cheio

pelo

Senar,

assessor

da

por

outro

programa,

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Programa Sindicato Forte Alagoa Grande Identidade Sindical traz benefícios para produtores O Sindicato dos Produtores Rurais de Alagoa Grande, presidido por Vanildo Pereira, está realizando uma ação junto aos produtores associados para beneficiá-los com a identidade sindical, documento que garante descontos na compra de vários produtos no comércio local. O objetivo é dar suporte ao produtor, que pode ter abatimento no valor de mercadorias e serviços que possa utilizar nas atividades do campo. Dentre os produtos incluídos na lista de desconto estão os medicamentos veterinários, combustível,

Alagoa Nova Sindicato melhora infraestrutura para treinamentos O Sindicato dos Produtores Rurais de Alagoa Nova, que fica localizado no brejo paraibano, está melhorando sua infraestrutura para receber capacitações e treinamentos que serão oferecidos aos seus membros. Essa reestruturação está acontecendo para melhor instalar o treinamento de informática básica que já acontece há 28 anos, mobilizado pelo Sindicato. Além disso, outras instalações estão sendo providenciadas no local, como o foco de expandir o seu funcionamento. Para Alberto Atayde, presidente do Sindicato, essas ações tem o objetivo de movimentar as atividades do grupo e consolidar uma política de aprendizagem para o produtor e sua família.

mantimentos comprados em supermercados. Essa ação é fruto de uma parceria do sindicato junto ao comércio local, com o propósito de beneficiar o produtor do município. “Essa parceria é importante para consolidar a base de produtores em Alagoa Grande, beneficiando ambas as partes”, disse Vanildo. As empresas conveniadas serão atualizadas dos produtores que estão regulares junto ao sindicato, que apresentando a identidade, terão o desconto automaticamente nesses estabelecimentos.

Barra de Santa Rosa Eleição vai definir nova diretoria Está previsto para o início de dezembro novas eleições para diretoria do Sindicato de Barra de Santa Rosa, que fica localizado no agreste paraibano. A junta governativa realizou o recadastramento dos sócios e após esse processo serão discutidos e indicados nomes para compor a chapa. O edital com o dia da eleição no sindicato será divulgado por meio de diário oficial publicado nos jornais estaduais. O presidente da junta governativa, Guilherme Silveira, fala que durante a gestão provisória o sindicato teve consideráveis avanços. “Tivemos o nosso primeiro curso, que foi o de aplicação de medicamentos injetáveis em bovinos e que coincidiu com a campanha da febre aftosa. Já estamos avaliando a possibilidade de próximas capacitações. Esperamos que a nova gestão também priorize ações de capacitação”, disse.

Guarabira Sindicato orienta produtores sobre aposentadoria rural O Sindicato dos Produtores Rurais de Guarabira, presidido por Rubens Fernandes da Costa, há mais de 3 anos auxilia, junto aos produtores rurais associados, encaminhamentos para aposentadoria rural. Nesta categoria enquadramse produtores de áreas rurais que trabalham diretamente com a agropecuária e que exerça sua função diariamente de forma individual ou com a família. A função do Sindicato é realizar o acompanhamento do cadastro de declaração sindical e de outros documentos referentes as atividades do produtor, para que comprovem todo o histórico de trabalho. Os critérios para a solicitação da aposentadoria, é ter toda a documentação em dia junto ao Sindicato e apresentar a documentação pessoal, como carteira de trabalho, título, certidão de casamento, dentre outros. Para conferir a documentação completa acesse www.previdencia.gov.br. 6

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De acordo com Rubens Fernandes, a categoria de assegurado especial é relacionada a produtores que tenham propriedades de até 4 módulos ficais. Ele faz um alerta: “É importante que o produtor mantenha o cadastro atualizado junto ao sindicato, e que além disso, tenha todo seu histórico de documentação em dia para que fique mais fácil e rápido a solicitação da aposentadoria”, falou o presidente do Sindicato. Ele ainda enfatiza que esse trabalho deve ser feito em outros sindicatos, com o objetivo de efetivamente contribuir para com a vida do produtor associado. “Na minha visão essa ação talvez seja um dos trabalhos mais importantes que os sindicatos possam desenvolver: dar suporte e oferecer serviços e auxílio do início ao fim. É preciso cumprir os requisitos para poder ter os direitos, mas se não fizermos nossa parte, os produtores ficam desassistidos”, disse.


Ações do senar

Jovens Aprendizes a um passo da contratação Senar amplia número de vagas do programa que já se consolidou na Paraíba

Cresce procura pela aprendizagem rural Todas

essas

possibilidades

que participaram do jovem aprendiz, Carlos Alberto Patricio

O

programa Jovem Aprendiz do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba (Senar-PB) está próximo de concluir sua primeira turma de práticas nas empresas. Ao todo, 47 alunos passaram por um período de um ano em capacitação e obtendo experiências nas agroindústrias através da prática supervisionada. muitos desses jovens concluintes terão a oportunidade de serem contratados efetivamente, o que é positivo também para o programa. Dentre as empresas que participaram do programa estão a Usina Japungu e as indústrias Doce Mel e Miriri, que receberam proporcionalmente o número de alunos de acordo com a demanda. Segundo a Lei de Aprendizagem, todas as empresas de médio e grande porte devem criar meio para contratação de um número de aprendizes que represente entre 5% e 15% do quadro de funcionários efetivos. O programa se divide em aula de captação teórica e prática no ambiente de trabalho. A perspectiva é selecionar os que mais se destacaram durante as aulas práticas nas empresas, sendo avaliados pelos supervisores. A partir daí, será criada uma lista de chamada por ordem classificatória, em que serão convocados ao longo dos meses, dependendo da necessidade das firmas. A Japungu, por exemplo, tem expectativa de contratar inicialmente 5 jovens para o primeiro emprego, enquanto a Miriri e a Doce Mel estão pensando em efetivar 3 e 1, respectivamente. Todas essas possíveis contratações estão na margem de 10% se comparado ao que a lei se refere, sendo que desta vez estão relacionadas à efetivação.

No mês de outubro, o Senar aplicou as provas para seleção dos novos candidatos às vagas de aprendizagem rural do estado. O alto índice de procura foi um dos elementos que chamou atenção da equipe. No litoral norte paraibano, cinco empresas ofereciam um total de 50 vagas, enquanto que a procura foi de 155 candidatos, o que resultou numa concorrência de 3,1 pessoas por vaga. estão sendo discutidas entre as empresas e o Senar-PB, sendo que nada está efetivamente definido. Carlos Figueiredo, que é gerente de Recursos Humanos da Usina Japungu, fala da importância desse programa para a firma. “Essa ação já serve para avaliarmos os futuros colaboradores da Japungu, pois os nossos supervisores já conseguem destacar dentre a turma quem já tem inclinação para a área rural. Para nós, contratar esses jovens é um verdadeiro investimento, tendo em vista que já foram capacitados e estão aptos a começar a trilhar uma carreira dentro da empresa”, disse. Ele ainda ressaltou que é prioridade para contratação todas as pessoas

O resultado também foi positivo nas duas empresas do litoral sul que participam do programa. Lá a concorrência foi de 2,36 por vaga, com 118 candidatos inscritos e 50 oportunidades de capacitação. Participam do programa Jovem Aprendiz Rural, vinculados ao Senar, as Usinas Miriri, Japungu, Monte Alegre e Profé, além das Frutas Doce Mel (norte) e também a destilaria Tabu e Usina e destilaria Biosev. pois dessa forma conseguem ter uma referência das habilidades que o futuro contratado poderá exercer. As demais empresas também estão na mesma linha de negociação junto ao Senar-PB para discutir a contratação dos alunos. Carlos Alberto Patrício, chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS), enfatiza que esses alunos ficarão listados como forma de cadastro de reserva para possíveis convocações nos próximos anos. “Essa seleção levará em conta, principalmente, o desempenho do aluno nas empresas. Aqueles que tiveram um bom aproveitamento serão contratados”, falou. Canal Rural - Edição II/2016

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capa

L

utar e resistir nunca foram problemas para o produtor Ambrósio Tirbúrcio. Mas intransigência também não parece ser uma de suas características. Por isso, quando ficou inviável viver da horticultura em Condado, Sertão, ele resolveu encarar os mais de 340 quilômetros que o separam do litoral norte e se mudou para Mamanguape. O ano era 1983 e a seca castigava, mas como diz Euclides da Cunha, “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Pimentão, tomate, batata doce, feijão verde, milho foram alguns dos primeiros itens que começou a cultivar já em 84. Quatros filhos e a esposa ajudavam na lida. Houve anos bons de vendas volumosas para uma central de abastecimento, mas o principal cliente faliu. Por causa da chegada dos maus tempos, os filhos se espalharam pelo país. Com o tempo restou apenas o casal e um trabalhador. A área onde seu Ambrósio tem sua propriedade é conhecida como sítio Hortigranjeiro. Ao todo são 14 produtores que dividem mais de 300 hectares, seis deles pertencem a Ambrósio. Enfrentando todas essas dificuldades, ele passou a produzir frutas, começou com o mamão e depois investiu também no coco, que hoje se tornou o carro-chefe do Hortigranjeiro, aliadas a outras culturas paralelas. Foi nessa fase que ele conheceu a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba. Trinta produtores da região de Mamanguape, Rio Tinto e Itapororoca recebem o atendimento. O trabalho começou em janeiro de 2016 e já tem contribuído para melhoria da qualidade de vida, gerenciamento dos recursos e melhoria do cultivo. Segundo o chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) do Senar PB, Gabriel Petelinkar, os produtores paraibanos, em geral, já sabem como plantar, mas aperfeiçoar a técnica e contribuir

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Gestão do campo melhora produção com a gestão do trabalho. “A principal diferença da ATeG é que nós prestamos atenção na parte administrativa daquela atividade. Então trabalhamos muito com a parte financeira. Porque por melhor que seja a produção, se ele não estiver ganhando dinheiro, ele não é um produtor efetivamente viável. Do mesmo modo que nem sempre produzir mais quer dizer ganhar mais dinheiro, e é isso que a gente quer ensinar aos nossos produtores”, avalia Gabriel. O projeto de assistência técnica do Senar prevê um acompanhamento de 2 anos. Cada técnico pode trabalhar com até 30 propriedades com uma visita mensal de 4 horas de duração. Durante esses encontros são trabalhadas todas as fases dessa proposta metodológica da ATeG, que prevê desde a avaliação da realidade inicial da propriedade até

o planejamento de ações futuras. (Saiba mais sobre a metodologia da Assistência Técnica do Senar no infográfico ao lado). No Sítio Hortigranjeiro, quem é responsável por desenvolver esses princípios é o engenheiro agrônomo Gilson Miranda Filho. O técnico de campo do Senar explica que quando chegou à propriedade identificou que produtores não tinham a prática de fazer análise de solo, o controle de doenças só era feito no fruto do coqueiro, também havia problemas com a parte gerencial. “Eles não tinham controle financeiro do dinheiro das culturas. Não tinham reserva financeira, nem mesmo para os custos operacionais efetivos. Tudo que eles faziam era esperando o dinheiro do coco para pagar. Nós estamos numa região onde o preço do coco varia muito. No inverno ele é vendido por R$ 0,40,


DIAGNÓSTICO PRODUTIVO INDIVIDUALIZADO

Jocélio Oliveira

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

o de frutas na PB mas no verão chega a R$ 1,20. Então, se o produtor não se planejar, ele vai ter período de muito lucro e outros nos quais o dinheiro vai faltar”, explicou Gilson. Diante desse contexto, os quatro primeiros meses de atuação da assistência teve como foco a orientação sobre gestão. “O que é lucro real? Como separar os custos de cada cultura? Porque o ideal é que cada cultura se mantenha por si só. E também a questão salarial, já que eles não tiravam o próprio salário de dentro da atividade deles”, detalhou Gilson. Com a base edificada e reestruturada, a etapa seguinte mirou no dia a dia dos cuidados a terra. O ciclo do coco na região é de 40 dias, com a variedade coqueiro anão. Seu Ambrósio diz que tem conseguido produzir cerca de 10 mil frutos a cada ciclo. Toda sua produção, atualmente, está sendo comercializada no Recife.

ADEQUAÇÃO TENOLÓGICA

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL COMPLEMENTAR

AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DE RESULTADOS

“A gente está sendo bem orientado e estamos gostando das ideias que Gilson passa. Ele explica como comprar adubo, como usar direito o inseticida e também ajuda na irrigação. Já estou sentido diferença nisso”, avalia. Mas nem todo potencial está sendo explorado ainda. O coqueiro utilizado pode produzir até 4.500 unidades/ano, e até os agricultores conseguiram atingir a média de 2.800. Mas chegar ao topo da produção também pode não ser suficiente. “Às vezes você gasta de ponto máximo de retorno financeiro e aí você começa a perder dinheiro. Porque a produção é alta, mas não bate os custos”, esclarece o técnico que destaca que essa etapa de avaliação na gestão também é repassada ao longo do atendimento. Além da fruticultura, outras duas cadeias produtivas do Estado são orientadas pela assistência técnica do Senar. A região de Paulista, no sertão, com a bovinocultura de leite, e os municípios de São Sebastião de Lagoa de Roça, Pocinhos, Soledade e Matinhas, no agreste, com avicultura alternativa, ingressaram no programa no segundo semestre deste ano. O Sebrae é parceiro do Senar neste segundo caso e com esse apoio, 90 agropecuaristas vinculados à ATeG. (Leia mais sobre a importância das parcerias para execução da assistência técnica na próxima página). Para o ano de 2017 a intenção do Senar é dobrar o número de produtores atendidos apenas com recursos próprios, saltando dos atuais 60 para 120. “As futuras novas áreas de atuação ainda não estão definidas. Mas quando olhamos para o mapa do nosso estado, enxergamos muitas possibilidades. No nosso litoral tem crescido muito a bovinocultura de corte, porque a regularidade e volume da chuva ajudam a desenvolver um pasto de qualidade. Enquanto que no Cariri, a caprinocultura está enfrentando um momento positivo e se reestruturando”, analisa Gabriel. Por Jocélio de Oliveira / jocelio@senarpb.com.br

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Senar mapeia carências do Estado Um banco de dados, com o mapeamento das necessidades dos produtores rurais do Estado, está sendo montado para auxiliar na definição de regiões prioritárias para a assistência técnica e gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural da Paraíba. A ação é intitulada de “Precisa de assistência técnica? Nós queremos leva-la até você”. O cadastro é simples e deve ser feito a partir do site do Senar (www.senarpb.com.br). Ao clicar no link, o produtor será redirecionado para um formulário que pede informações básicas sobre o trabalho desenvolvido na propriedade. É necessário fornecer informações como atividade principal, localização, relação com o Senar, além de dados pessoais e fornecer e-mail e telefone para contato. Com essa relação o Dater pretende estruturar sua atuação para atender melhor aos produtores rurais paraibanos. “Com essa prospecção nós vamos ter uma noção de como e onde há uma maior necessidade dentro do estado, onde o pessoal anda buscando atendimento, se estão conseguindo, etc. A partir daí iremos traçar estratégias de como chegar ao publico final”, comentou Gabriel Petelinkar. Use um leitor de QR-CODE e acesse o formulário da ATeG

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Arquivo

capa

“Vamos dobrar o atendimento em 2017” Canal Rural: Qual é a avaliação dos seis primeiros meses da nossa Assistência Técnica? Sérgio Martins: Nós já podemos comemorar a chegada da nossa Assistência Técnica e Gerencial. No primeiro momento nós investimos na fruticultura e para nós foi uma grande surpresa, porque o potencial é grande. Apenas 20% dos produtores do Estado têm assistência técnica. Assim, nós temos 80% de pessoas que precisam desse atendimento. CR: Quais as metas para o ano 2017? Sérgio: Vamos dobrar o nosso atendimento no próximo ano. Já fizemos pilotos na fruticultura, na bovinocultura leiteira e na avicultura. Agora nós vamos introduzir treinamentos e capacitações nas atividades. É um bônus! Não basta só prestar assistência, é necessário saber aonde eles vão buscar recursos e capacitação para saber fazer. Além de atender a parte técnica, também faremos treinamentos de forma transversal para a inclusão da família como a geradora de renda. Então, os maridos, as esposas e os filhos dos produtores poderão fazer os treinamentos do Senar. Dessa forma, o crescimento é da família. CR: Como você enxerga a importância dessas cadeias produtivas para o Estado? Sérgio: Na fruticultura, por exemplo, a Paraíba é conhecida nos quatro cantos do Brasil, principalmente com o abacaxi, inclusive, hoje nós passamos a ser o maior produtor. O potencial existe, mas as pessoas não agregam o valor ao produto. Ou seja, eles vendem praticamente in natura, então é necessário fazer um trabalho da porteira para fora. Nesse contexto, podemos agregar nosso programa de empreendedorismo, o Negócio Certo Rural, que é uma parceria

com o Sebrae, e ampliar ainda mais o atendimento. CR: Quais são as principais dificuldades para viabilização da assistência técnica? Sérgio: Existem três entraves principais. A questão financeira, a educacional e o perfil do produtor. Nós oferecemos um atendimento personalizado com acompanhamento mínimo de dois anos, por isso precisamos de colaboração no financiamento e mostramos para os parceiros nosso modelo de assistência. Outro entrave forte é a questão da escolaridade. Não basta ter uma propriedade produzindo de forma rústica, tem que ter conhecimento. No que diz respeito ao perfil do produtor, é importante que ele esteja aberto à mudança de comportamento para aderir às novas tecnologias. CR: De que maneira você descreveria o compromisso social do Senar ao dar essa contribuição ao agro da PB? Sérgio: O Senar é uma instituição que leva educação para todas as regiões do Estado e de maneira gratuita. Tudo que é arrecadado é reinvestido em educação, capacitação, assistência técnica. O papel social que a gente desenvolve é de suma importância. Nosso desejo é de que o pequeno produtor possa se tornar médio, que o médio tenha a perspectiva de se tornar grande e que o grande possa melhorar ainda mais sua produção. Para isso, fornecemos assistência técnica de qualidade e mostramos opções de tecnologia. Nós temos que ter dentro do produtor a visão de empreendedor, para que ele possa progredir dentro da sua atividade.


Jocélio Oliveira

em campo

Fazenda Carnaúba é conhecida pela criação de caprinos. Senar conheceu trabalho desenvolvido pela família Dantas Vilar.

Celebrar boas escolhas Quarta edição do Dia D da Carnaúba contou com participação do Senar

S

ão pouco mais de três horas de estrada, saindo de João Pessoa, até chegar à cidade de onde tradição gera inovação. A fazenda, situada no Cariri paraibano, tem 960 hectares possui 700 vacas e cerca de 3.500 caprinos e ovinos. Mas não são os números que definem a qualidade do que é produzido lá. É possível que determinação e dedicação sejam justificativas mais apropriadas. O Dia D da Fazenda Carnaúba, em Taperoá, demonstrou isso. Na sua quarta edição, em 2016, houve o lançamento de dois queijos artesanais: Dom Manelito é produzido com leite de vaca e o Dom Ariano tem o leite de cabra como base. Ambos pesam 5 kg e significam empreendedorismo e inventividade mesmo diante da seca intransigente. “Para mim, a convivência com o semiárido já se tornou algo fácil e simples. Você tem pegar as plantas e raças certas e trabalhar com elas. Com certeza você vai ter produção. E acredito que nossa região tem que exportar os produtos como

especiarias. Tudo que produzimos aqui, desde o mel, passando pelo leite até a carne e o queijo, têm um sabor diferenciado e existe um mercado gigantesco que paga bem por isso”, avalia Joaquim Dantas agropecuarista que hoje está à frente da Fazenda Carnaúba juntamente com os irmãos. O Senar/PB participou do evento e pode trocar conhecimentos com os participantes. A experiência da Carnaúba já virou referência para região e atrai criadores de outros estados do Nordeste. Tanto que este ano cerca de três mil pessoas visitaram o evento, superando em 50% a expectativa. Todo esse envolvimento gera aproximadamente R$ 800 mil em negócios, beneficiando não apenas o setor agropecuário nas cadeias produtivas diretamente relacionadas às atividades da Fazenda, mas também outros setores do município e Estado. “Começamos realizando o evento com apenas um dia de duração. Daí vários produtores nos procuravam para saber como era o

nosso manejo, como plantávamos palma, capim. Por isso resolvemos ampliar para três e agregamos o nosso artesanato, que é muito bem trabalhado e tem ótimo acabamento”, explicou Joaquim. Entre os parceiros que comemoram o alto faturamento do Dia D da Carnaúba está a cooperativa Arteza, do município de Cabaceiras. Em 2016 ela voltou ao evento e conseguiu dobrar o número de vendas em relação ao ano anterior. Os negócios concretizados durante os três dias chegou a cerca de R$ 6 mil, mas a sócia Mariana Castro comemora também a consolidação de demandas futuras. “Essas feiras são importantes porque abrem novos negócios para gente e ajudam a consolidar um networking. Aqui eu já atendi pessoas de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão, Goiás, mas também recebi encomendas para Bahia e Rio de Janeiro. Além de comercializar os produtos, divulgamos nossa marca”, explicou Mariana.

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Caminhos do Agro

Tempo de planejar e tempo de colher

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Jocélio Oliveira

O

céu está limpo e o campo é verde para o produtor rural Valdemir Azevedo Pereira. O período de sofrimento com a seca, por causa da falta de alimento, ficou para trás. Mas não sem esforço. Afinal, foram necessárias três décadas de aprendizagem até poder comemorar com otimismo os primeiros resultados do planejamento para Fazenda Lagoa do Monteiro, em Itabaiana, agreste paraibano a pouco mais de 80 km da capital. E para falar a verdade, essa história começa no Cariri. Foi na cidade de Monteiro onde Dema, como é conhecido, começou a criar gado de leite. A peleja por lá durou cinco anos, até a migração para outra região do Estado. Mudou não só o local de trabalho, mas também a cultura. Desde os anos 90 que o gado de corte é uma das áreas de atuação dele, atualmente com 250 cabeças de nelore. Houve um período em que criar foi difícil. Faltava planejamento e com isso alimento. “Às vezes a gente até tinha um bom momento econômico, mas eu perdia animais. A vida toda eu criei sem planejamento, botava na fazenda o que cabia nela. Quando vinha uma época de seca a gente sofria horrores por falta de alimento, por falta de água”, avalia o pecuarista. Atualmente, a fazenda, que tem área de 420 hectares, mantem avicultura e já se estrutura para receber criação de camarões, suinocultura e incorporar o confinamento de bovinos, além da já tradicional bovinocultura de corte. Tudo isso numa área em torno de 10 hectares. A crise alimentar foi superada com a adoção de silos. A comida de agora começou a ser preparada bem antes e a reserva é de 200 toneladas de silo que pode garantir a alimentação dos animais pelos próximos dois anos. Mesmo

Dema Azevedo, produtor rural há três décadas assim, a fazenda mantem a produção de silo no mesmo ritmo. A atitude preventiva melhorou a segurança produtiva da propriedade e também otimizou os custos e a competitividade. “Nós produzimos um silo de capim e de cana a base de R$ 0,10 ou R$ 0,12 centavos o quilo.A partir daí você consegue ter um custo baixo na sua produção de carne. Temos área irrigada que permite produzir a cada três ou quatro meses e estamos aumentando essa área

irrigada”, explicou. A mudança de comportamento foi fruto de muita conversa em casa. “Ou eu mudava, ou a gente rompia”, Dema confessa aos risos. A declaração é em relação aos filhos Marlon e Max Azevedo, veterinário e zootecnista respectivamente. Foram eles que ensinaram ao pai que tecnificar a propriedade, diminuir a mão de obra e acolher com carinho a tecnologia são medidas viáveis e necessárias.

Sucessão familiar no campo A diversificação de culturas na propriedade foi um presente dos filhos. Apoio que realmente se consolidou como parceria. O veterinário Marlon instalou a “Equestre” na sede da Fazenda, uma central de reprodução de equina, referência no Nordeste, para na realização de transferência de embriões e inseminação artificial. Outra unidade foi instalada no município de Lagoa Seca, região metropolitana de Campina Grande. Lá os tratamentos são outros: cirurgias de média e alta complexidade nos animais, única unidade hospitalar com o perfil no Estado. “Queremos aumentar a

nossa capacidade e passar a fazer o envio e congelamento de sêmen”, planeja Marlon. A frente do aviário, Max Azevedo se orgulha de ter uma estrutura de alta tecnologia. A implantação teve início em dezembro de 2014 e está sendo concluída neste segundo semestre. “O aviário de pressão negativa melhora a qualidade da produção tendo em vista o trabalho de refrigeração do ar. A nossa eficiência tem sido tamanha que estamos com índices de mortalidade inferiores a média, com 2 a 3% e estamos com perspectiva de concluir a engorda com 3 dias de antecedência”, explicou.


Formação técnica

Do curso de Técnico para Pós-Graduação Jocélio Oliveira

Três alunos do curso de Técnico em Agronegócio do Senar ingressam em mestrados no país

Para Ricardo Lima experiência prática, proporcionada pelo curso, foi diferencial

O

curso Técnico em agronegócio do Senar, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), tem como objetivo formar profissionais preparados para atuação no setor agropecuário do Brasil, tornando-o mais eficiente e competitivo dentro do cenário mundial. Por ser um curso semipresencial, os alunos conseguem acompanhar a demanda junto com outras atividades pessoais. Foi dessa forma que os alunos Gyane Gomes Alves, Luan Pereira e José Ricardo Lima conseguiram usar seus conhecimentos adquiridos em favor de uma conquista maior: o ingresso na pós-graduação. Gyane Gomes é aluna do curso técnico aprovada na pós-graduação. Ela faz parte da turma pioneira do Senar-PB, que vai se formar no final desse ano. Ela conta que começou o curso técnico enquanto terminava a graduação, e agora está concluindo-o como mestranda em Tecnologia Agroalimentar pela UFPB. “O técnico em Agronegócio veio me ajudando muito nessa área e por ele ser mais

prático a gente aprende mais. O curso destaca bem mais a questão de agronegócio em si, e para mim esse é o ponto chave. O fato do curso ser semipresencial fez toda a diferença”, falou.

“É muito gratificante saber que eles foram nossos alunos e agora estarão galgando outros espaços.” José Ricardo e Luan Pereira foram aceitos na Universidade Estadual Paulista (FCAV-UNESP) para o programa de pós-graduação em Agronomia, nas áreas de Concentração de Entomologia Agrícola e Produção Vegetal, respectivamente. Ambos tiveram que trancar o curso técnico na Paraíba, mas deverão continuar estudando no polo mais próximo da cidade, tendo em vista que o Senar

oferece polos presenciais na maior parte dos estados brasileiros. Ricardo enfatizou a importância de ter participado do curso de Técnico em Agronegócio, pois apesar da formação no ensino superior, algumas deficiências na graduação fizeram com que ele não tivesse um aprendizado pleno. Tal é que um dos motivos dele ingressar no curso técnico foi para complementar a formação. “Na universidade temos os caminhos voltados para área da pesquisa, muitas vezes por falta de tempo não podemos nos dedicar mais a prática. No curso de Técnico em Agronegócio já é diferente, pois as aulas teóricas estão sempre relacionadas com a prática. Trocar experiência com os tutores também foi essencial, pois agreguei mais conhecimento e pude aplicar isso na minha vida acadêmica”, disse. A chefe do Departamento de Educação Formal, Poliana Queiroz, fala que esses resultados são reflexos da seriedade do curso de Técnico em Agronegócio do SENAR. “É muito gratificante saber que eles foram nossos alunos e agora estarão galgando outros espaços. Isso é uma comprovação que o curso está gerando resultados e que o conhecimento aprendido aqui foi relevante para essas conquistas”, enfatizou. Ela ainda comenta que graças a flexibilidade do curso, mesmo no caso de Luan Pereira e José Ricardo que tiveram aceitação em pósgraduações de São Paulo, vão poder concluir o curso técnicos em outros polos do país. “Apesar de ser um curso técnico, os conhecimentos vão além desse nível graças a metodologia do SENAR de aulas teóricas e práticas”, finalizou. Canal Rural - Edição II/2016

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Nossa gente

Se o campo não produz, a cidade não come

A

Gabriel Petelinkar Pereira Chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural. Engenheiro Agrônomo com MBA em Agronegócio.

O

DATER

é

responsável

por coordenar as ações de Assistência Técnica e

Gerencial e os outros programas diretamente ligados a Extensão Rural do Senar-PB. Promove novas atividades na forma de atendimento

aos

produtores

rurais da Paraíba. Tem como foco o aumento da qualidade de vida do produtor rural e sua família para que a agropecuária do estado se fortaleça cada vez mais, fixando assim o produtor e sua família, no campo.

frase que costuma estampar slogans da produção agropecuária muitas vezes apresenta um sentido incompleto. Estamos vivendo em uma época em que não basta apenas produzir. Cada vez mais, nossos produtores rurais têm sentido na pele a necessidade de implementar inovação e tecnologias no campo. Tecnologia no sentido mais amplo da palavra. Temos que ter sim, máquinas cada vez mais modernas mecanizando nossos campos e suprindo a falta de mão de obra nas áreas rurais, assim como equipamentos que facilitem a vida do produtor e aumente a produtividade de sua atividade agropecuária. Mas é preciso, principalmente, a tecnologia que garanta a concorrência justa e a eficiência dos produtores rurais. Métodos de plantio inovadores, que façam o homem do campo produzir uma quantidade maior em uma área menor, são necessários para aperfeiçoar os recursos disponíveis. Também é possível buscar o acesso ao conhecimento científico, cujo acesso é gratuito e que está disponível aos montes nas bibliotecas das universidades. Há ainda alternativas como as sementes com biotecnologia, que garantam economia direta no campo e agroquímicos com capacidade de suprir a necessidade de nossas produções. Essas são as principais ferramentas que nosso produtor rural deve se

munir para o aumento de produção e renda. Tecnologias que não são necessariamente grandes investimentos, mas garantem uma gestão eficiente da atividade trazendo consequentemente um maior retorno financeiro para sua família. A Assistência Técnica e Gerencial do Senar é o exemplo de uma tecnologia de gestão que quando aplicada, traz resultados excelentes ao produtor. Investindo tempo na administração da atividade, é possível identificar e resolver os gargalos da atividade, prevendo e minimizando assim os riscos de prejuízo e agindo efetivamente para a resolução dos problemas. Um exemplo comum da falta de gestão na atividade rural é o desconhecimento do custo unitário do produto, ou seja, saber realmente quanto ele investiu para produzir um litro de leite ou um saco de milho da sua propriedade. Sem esse conhecimento, podemos perder a oportunidade de oferecer um produto com o preço justo para o produtor rural na comercialização de suas mercadorias, deixando de ganhar um pouco mais, e quando não, perder dinheiro. Dessa maneira, é necessário investirmos na capacitação do homem do campo, quem não se modernizar em eficiência, inovação e tecnologia rapidamente vai perder espaço e consequentemente dinheiro na atividade rural.

“Quem não se

modernizar em eficiência,

inovação e tecnologia

rapidamente vai

perder espaço”

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