Distribuição Gratuita | Publicação Trimestral | Nº35
Julho Agosto Setembro 2011 www.scmsines.org
RENASCER b o l e t i m
i n f o r m a t i v o
Santa Casa da Misericórdia de Sines
PRIMEIRO JANTAR SOLIDÁRIO MUITO PARTICIPADO
No dia 06 de Julho a Santa Casa da
Misericórdia e teve como objectivo missão da instituição e colabora-
Misericórdia de Sines organizou,
divulgar a Instituição e abrir as rem na sua sustentabilidade.
pela primeira vez, um Jantar Soli-
suas portas à comunidade, e em Além de participarem no jantar, os especial apresentar o projecto de convidados visitaram as Instala-
dário destinado a representantes de empresas sedeadas em Sines, ou com ligação à região, a particu-
construção de um novo Lar de Ido- ções da Misericórdia e assistiram a sos. Por outro lado, o Jantar tam- apresentações sobre projectos
lares e a Instituições locais. O Jan-
bém teve como objectivo convidar
tar decorreu no Salão Social da
os presentes a envolverem-se na
(Continua na página 3)
DESTAQUES
Lar de Rapazes “A Âncora” Página 4
À Conversa com… Agostinho Caiadas
Entrevista com Angela Martins Página 8
Coordenadora da Saúde
Página 6
RENASCER boletim informativo
EDITORIAL
Como é do conhecimento geral, o mundo actual passa neste momento por grandes transformações, na procura de um novo rumo que tarda em ser encontrado. Uma profunda crise económica e financeira agudiza os problemas sociais, reflectindo-se no dia-a-dia das famílias e das organizações. Neste momento tão delicado, a sobrevivência de cada um e do colectivo, passa por uma mudança de paradigma que permita a sustentabilidade das instituições, através da reformulação das suas estruturas, rentabilização dos recursos, capacidade de transformar e poupar e projectos inovadores que acrescentem mais-valia e desenvolvimento.
Tanto no presente como no passado, a história tem-nos ensinado que é nos momentos mais críticos que sobressai, como motor impulsionador, a aliança técnica/profissional e o volunProvedor da Misericórdia de Sines tariado, cabendo, muitas vezes, a este último um papel de grande relevo, pela sua entrega, prontidão e capacidade de resposta. Luís Maria Venturinha de Vilhena
Neste contexto, acredito que perante as dificuldades económicas e financeiras por que estamos a passar, e muito em particular no que se perspectiva ainda vir, uma das formas que temos de ajudar a sustentar o futuro, sem comprometer demasiado a qualidade dos serviços prestados, passa por todos darmos um pouco mais do nosso tempo em prol da maior eficácia e rentabilização, paralelamente com a redução de custos e desperdícios. Para isso, é deveras pertinente que todos nós deixemos de pensar que estamos a perder direitos adquiridos, muitos deles inadequados ao equilíbrio das contrapartidas recebidas, e pensar sim que, nestes conturbados tempos, a nossa principal missão passa por deixarmos de ser comodistas com custos incomportáveis e passarmos a ser uma força dinâmica de sustentabilidade da nossa Instituição e país e, logicamente, também do nosso posto de trabalho. Gostaria que a interpretação desta mensagem fosse tida como um convite a uma comunidade mais participativa e solidária, em prol da estabilidade e confiança no presente e no futuro de todos nós e descendentes. Tal como fizemos com o voluntariado externo, e pelas razões expostas, vimos fazer um apelo ao voluntariado interno de todos os funcionários da Santa Casa para que, dento das suas possibilidades, contribuam com algum do seu tempo e saberes na concretização destas realizações, que nos permitam garantir bons padrões de qualidade para os nossos utentes, estabilidade no emprego e sustentabilidade da própria Santa Casa. O Provedor
Ficha Técnica
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Propriedade e Edição SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Periodicidade Trimestral Número 35 Edição Julho | Agosto | Setembro 2011 Director Luís Maria Venturinha de Vilhena Coordenação Carla Fidalgo Redacção Rita Camacho Revisão de Texto José Mouro Fotografia Ricardo Batista, Rita Camacho Grafismo | Montagem | Paginação Ricardo Batista, Rita Camacho Impressão Santa Casa da Misericórdia de Sines Tiragem 100 exemplares Depósito legal 325965/11 Distribuição Gratuita 2
Informações Úteis SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE SINES Avenida 25 de Abril, n.º 2 – Apartado 333 7520-107 SINES Site: www.scmsines.org E-mail: scmsines@mail.telepac.pt Secretaria Tel. 269630460 | Fax. 269630469 E-mail: secretaria.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 09h00-13h00 | 14h00-16h00
Acção Social (Lares, Centro de Dia, Apoio Domiciliário) Tel. 269630460 | Fax. 269630469 E-mail: social.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Atendimento: 9h00-13h00 | 14h00-17h00
Infantário “Capuchinho Vermelho” Tel. 269630466 | Telm. 967825287 E-mail: infantario.scmsines@mail.telepac.pt Horário de Funcionamento: 07h45-19h45
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PRIMEIRO JANTAR SOLIDÁRIO MUITO PARTICIPADO concretizados, em curso e futuros. Ao longo da noite, o Grupo Coral da Santa Casa da Misericórdia de Sines e alguns colaboradores da Instituição brindaram os convidados com actuações musicais. Foi ainda lançado o Livro de Mérito, com testemunhos da benemérita Maria David Faria Godinho, que completou
recentemente
100
anos, e da ex-Provedora Maria Amélia Bravo da Costa. Mais de 150 pessoas compareceram a esta iniciativa e no final Luís
Actuação do Grupo Coral da Misericórdia
Venturinha, actual provedor da
mostrando-se grato pela adesão de Misericórdia, mas também o retor-
Misericórdia, fez um balanço posi-
todos os convidados. «Tendo em no das pessoas que estiveram pre-
tivo deste primeiro Jantar Solidário
conta não só a perspectiva da sentes no Jantar Solidário, sintome orgulhoso por termos organizado esta iniciativa e acho que o balanço é muito positivo. Muitas pessoas deram-nos os parabéns e demonstraram disponibilidade em voltar a participar em iniciativas deste género organizadas pela Misericórdia, e isso é muito bom.»
Visita dos convidados ao Lar de Rapazes “A Âncora” PUB
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LAR DE RAPAZES “A ÂNCORA” Habitualmente as Misericórdias
res e é gerido por uma equipa cas. Entre elas o surf, o andebol, o
são Instituições vocacionadas para
composta por 3 técnicos e por 9 hóquei, assim como diferentes
o apoio a idosos. No entanto, fruto
auxiliares de educação.
da necessidade de dar respostas a
O objectivo principal deste Lar, que tural Emmerico Nunes e do Centro já acolheu ao todo 52 rapazes, é de Artes de Sines. Realizam-se na
novos problemas que a sociedade
programas culturais do Centro Cul-
apresenta, muitas disponibilizam- acompanhá-los diariamente e pro- Instituição também algumas se também para apoiar outro tipo mover o seu pleno desenvolvimen- acções de formação em parceria de utentes. É o caso da Santa Casa da Misericórdia de Sines que des-
to, bem-estar e protecção. Além com o Centro de Saúde e o Projecdas actividades diárias, comuns a to “Á Priori”.
de 2001 acolhe crianças e jovens
qualquer lar, e da componente Actualmente o Lar “A Âncora” tem
em risco, todos do sexo masculino.
escolar, os rapazes do Lar “A Ânco- as suas vagas todas preenchidas. O
O Lar de Rapazes “A Âncora” tem ra” desenvolvem diferentes activi- rapaz mais novo que está acolhido capacidade para acolher 18 meno- dades desportivas, culturais e lúdi- na Instituição tem 6 anos e o mais velho tem 17. As necessidades, os sonhos, as alegrias e as tristezas são as mesmas que as de outros meninos da idade deles. O “Renascer” recolheu o testemunho de um dos rapazes que actualmente está no Lar, e que demonstra ser um jovem bastante determinado. “Tenho 16 anos e estou no Lar “A Âncora” desde 2006. Esta é para mim uma segunda casa, onde faço o meu dia-a-dia normal. Frequento a escola, pratico andebol e rugby, sou guarda-redes da equipa de futsal da minha escola e participo em diversas actividades desenvolvidas aqui na Instituição. Esta é uma casa diferente, com muita gente, onde todos temos os nossos problemas, mas conversamos sobre eles. O mais difícil são as duas primeiras semanas, que é Equipa de técnicos e auxiliares do Lar 4
a fase em que nos estamos a
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conhecer e a adaptar uns aos outros. A partir daí torna-se tudo
“A ÂNCORA” EM FÉRIAS Splash” em Lagoa. No dia 19 de
mais fácil.
Agosto visitaram o Estádio do
Sou o terceiro mais velho da casa e
Sport Lisboa e Benfica, visita esta
tenho uma boa relação com toda a
que foi gentilmente oferecida
gente. Sou como um irmão mais
pela Casa do Benfica de Sines. Os
velho para os outros rapazes e para
rapazes, quase todos Benfiquis-
as funcionárias sou um apoio. Eu ajudo-as e elas ajudam-me a mim.
tas, ficaram a conhecer o interior Julho e Agosto foram meses de
e o exterior do Estádio e pude-
É como se esta fosse a minha famí-
férias escolares, nos quais os
ram assistir ao voo da águia Vitó-
lia. As funcionárias fazem o papel
rapazes do Lar “A Âncora” desfru-
ria.
de mães, preocupam-se connosco,
taram ao máximo dos dias de Nos meses de Julho e Agosto, Verão. Além das idas à praia e da alguns destes jovens, autorizados
ajudam-nos… Não podem dar-nos o carinho que as mães dão, mas ten-
participação em diferentes activi-
tam.
pelo Tribunal, também passaram
dades desportivas, os rapazes
férias junto dos seus familiares.
Não me considero diferente dos
acolhidos na Instituição visitaram
meus colegas por estar aqui. Os
o Parque Aquático “Aqua Show”
meus amigos até dizem que prefe-
em Quarteira e o “Slide and
rem que eu esteja no Lar “A Âncora” do que na minha própria casa. Desde que cá estou mudei o meu estado de espírito e a minha consciência. Foi bom para mim ter vindo para o Lar. Se isso não tivesse acontecido, provavelmente, ainda nem tinha feito o 5º ano, seria um rapaz mais agressivo e teria diversos problemas com as autoridades. Actualmente estou a terminar o 9º ano, tenho melhores notas, sou mais aplicado e convivo melhor com as pessoas. Tenho um acompanhamento diferente do que tinha na minha casa. Posso dizer que aqui sou feliz e o meu maior sonho é ser comandante nas Forças Armadas Portuguesas!»
“A ÂNCORA” AGRADECE Proporcionar bem-estar a estas crianças e jovens é um trabalho exigente, que fica facilitado com o apoio de todos. O Lar “A Âncora” agradece reconhecidamente a Dulce Barbosa, ao projecto “Turma do Bem” (Dr. Mário Villa Nova e Dr.ª Elizabete Murakami), Tina Cabeleireiros, Andebol Clube de Sines, Kalux Surf Clinic, Hóquei Clube Vasco da Gama, Ginásio Clube de Sines, Clube Náutico de Sines, Centro Cultural Emmerico Nunes, aos voluntários do Lar e a todos os anónimos que de uma forma pontual ajudam a cuidar destes meninos. 5
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ENTREVISTA COM ANGELA MARTINS, COORDENADORA DA SAÚDE Angela Martins é coordenadora do serviço de saúde na Santa Casa da Misericórdia de Sines
desde Maio de 2010 e simultaneamente desempenha a função de directora técnica do Lar Prats, o lar principal da Instituição. Em entrevista ao “Renascer” falou-nos em pormenor desta área fundamental para o bemestar de todos os utentes.
res condicionam a estrutura e a organização do serviço de saúde existente e fazem com que seja
imprescindível a existência de uma equipa especializada, apta a prestar todo o tipo de cuidados de saúde desde um simples penso até ao apoio psicológico. No fundo, prestamos todos os cuidados necessários ao bem-estar dos utentes. A nossa equipa de saúde é composta por 15 elemenRenascer – A saúde é um tos, entre eles, eu, um serviço de extrema médico, dois enfermeiros, importância em qualquer Misericórdia. Na qualidade de coordenadora desta área, como é que caracteriza o serviço de saúde da Santa Casa da Misericórdia de Sines? Angela Martins – Actualmente, grande parte dos nossos utentes sofre de diferentes patologias, nalguns casos demências, e a maioria deles são dependentes. Estes facto-
um fisioterapeuta e uma profissional de reabilitação e motricidade humana, sendo que os restantes elementos desempenham funções de auxiliares de acção médica. R – Quais são as funções dos auxiliares de acção médica na Misericórdia de Sines? AM – Aqui na Misericórdia, e ao contrário do que acontecia anteriormente, os auxiliares de acção médica têm funções muito bem definidas, que passam pela preparação dos medicamentos depois de terem sido devidamente divididos por dias, por refeição, ou por horas, e pela administração desses mesmos medicamentos aos utentes. Faz igualmente parte das suas funções acompanhar os utentes em situações de consultas médicas, exames, análises, entre outros, prepa-
A equipa da saúde conta com dois enfermeiros
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rar e organizar os processos de saúde, ir à farmácia quando é necessário, esterilizar materiais e apoiar o médico, os enfermeiros e o fisioterapeuta sempre que se justifique. Além disso, as auxiliares de acção médica têm também um papel determinante quando acompanham os utentes às consultas médicas, uma vez que são elas que transmitem todas as informações ao serviço. R – A Santa Casa da Misericórdia de Sines está vocacionada para apoiar diferentes grupos de utentes. Os cuidados de saúde prestados por este serviço estão mais direccionados para algum destes grupos de utentes? AM – Neste momento, prestamos mais cuidados aos utentes idosos que estão em lar, pois os outros utentes necessitam menos de cuidados de saúde. Mas, por exemplo, o médico presta um serviço que se estende a todas as valências e aos diferentes utentes. Podemos considerar que somos um serviço que chega a todas as valências, mas de uma forma distinta. R – Tendo em conta que o serviço de saúde da
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Misericórdia trabalha sobretudo com idosos, diga-nos quais são os principais problemas de saúde que atingem as pessoas pertencentes a esta faixa etária? AM – Sobre este assunto gostava de frisar que não existe a “doença do idoso”, ou seja, ser idoso não é sinónimo de ser ou estar doente, nem há doenças que surjam só porque se é idoso. As doenças surgem por múltiplos factores e relativamente aos utentes desta Misericórdia posso dizer que as patologias que mais os afectam são a hipertensão, facto que pode estar relacionado com o elevado consumo de carne de porco na região, o colesterol e alguns casos de diabetes. Nos últimos anos também se tem verificado um aumento de vários tipos de demência, com especial incidência para a Doença de Alzheimer. Trabalho nesta Instituição há 10 anos e, comparando a realidade que encontrei com aquela que existe hoje, há um número muito maior de utentes com demência. Talvez este facto esteja relacionado com o stress que afecta a população no seu dia-a-dia.
outras entidades? AM – Parcerias propriamente ditas não existem, há sim um relacionamento muito próximo com o Hospital do Litoral Alentejano e com o Centro de Saúde de Sines em que, por exemplo, eles deslocam os seus técnicos à Misericórdia, de forma a prestarem consultas de coagulação, evitando assim que os nossos utentes acamados ou com dificuldades de
te colaborar com o nosso pensarmos a nível de cusserviço. tos, a área da saúde é uma das áreas mais dispendiosas. Tudo o que R – Em que consiste o puder ser feito para ateprojecto colocado em nuar ou eliminar esses prática recentemente custos é muito bom, num que permite o reaproveicenário de crise socioecotamento de medicamennómica como este. tos? AM – Este projecto consiste na recolha de medi- R – Em termos futuros o camentos doados e arma- que é que se perspectiva zenamento em local pró- para o serviço de saúde? prio, para, posteriormen- AM – Comparando com te, serem distribuídos outras Misericórdias, pelos utentes da Institui- somos das poucas com uma área da saúde bem delineada, com objectivos, com uma coordenadora e com pequenos projectos internos. Este é um serviço que tem vindo a evoluir e que está a crescer e, no futuro, o ideal seria ter um enfermeiro na Instituição 24 sobre 24 horas, ter um médico presente mais horas por dia e desenvolver um trabalho de motriEspaço recentemente criado, onde são armazenados os cidade humana e reabilitação mais intensivo. Em medicamentos. relação à fisioterapia, o mobilidade se desloção. Esta foi uma medida ideal seria tornar este um quem. Além disso temos muito aplaudida por serviço a tempo inteiro e, também um excelente todos e tratou-se de uma dentro do possível, aberrelacionamento com a mais-valia para a Miseri- to à comunidade. Além Farmácia Atlântico, que córdia e para as pessoas disso, vamos certamente trabalha em conjunto em geral, que assim continuar a apostar na connosco sempre que é podem doar os medica- eficiência e eficácia do necessário. No futuro há mentos em vez de os dei- serviço de saúde e na fora intenção de estabeletarem no lixo. Os nossos mação continua dos noscermos algum tipo de utentes são quem mais sos profissionais, criando parceria com uma Escola beneficia com este rea- também mecanismos de de Enfermagem para proveitamento da medi- avaliação de desempenho recebermos estagiários R – Ao nível da saúde cação e assim também que contribuam para de enfermagem que posexistem parcerias entre a diminuem os custos do uma valorização do servisam desenvolver compeMisericórdia de Sines e serviço de saúde. Se nós ço. tências e simultaneamen7
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À CONVERSA COM… Agostinho Caiadas
Em 1941, ano em que um violento de rebolar uns bons metros. Feliz- deiras. Fazia carretas e bois em corciclone atingiu o distrito de Setúbal, mente nada de grave lhe aconte- tiça e uma vez até fiz um tractor. Agostinho Ramos Caiadas nasceu ceu, nem a mim.»
Utilizei a corda de um relógio e uma
nos Foros do Monte Novo, em São Dos tempos de infância, Agostinho estrutura em madeira. Aquilo funDomingos da Serra, no dia 4 de Caiadas recorda-se de não fazer cionava que era uma maravilha, Agosto. O ciclone provocou grande muitas traquinices e de ajudar os tinha um boneco e tudo. Foi o destruição em Fevereiro desse ano pais sempre que podia. Foi o tercei- encanto do pessoal lá em casa.» e, apesar de não ser nascido nessa ro filho do casal, e ao todo teve cin- Do tempo em que viveu em casa altura, Agostinho Caiadas, tem des- co irmãos com os quais partilhou dos pais, Agostinho recorda-se de ta tempestade uma recordação muitas brincadeiras. «Os meus pais residir numa habitação simples, curiosa, que lhe foi transmitida pela trabalhavam no campo, para uma mas espaçosa, feita de vários matemãe. «Em pequeno, a minha mãe família de lavradores. Lembro-me riais, entre eles, palhas, tábuas e dizia que eu não podia ser bom, que todos nós ajudávamos em bunho e de, face às dificuldades, porque antes de nascer já o ciclone tudo, na ceifa, a cavar milho ou nos todos ajudarem no sustento da me tinha empurrado por uma bar- trabalhos do arroz. Eu comecei a família. Aos 14 anos Agostinho saiu reira abaixo. Isto aconteceu quando trabalhar com uma enxada tinha aí da sua terra natal e foi trabalhar a minha mãe estava grávida e, ao ir uns nove anos e antes disso, por para perto de Alcácer do Sal, na à fonte buscar água, foi apanhada volta dos meus cinco anos, já anda- monda do arroz. «Nesse tempo pelos ventos fortes do ciclone e só va a guardar gado. Ainda assim res- tinha um trabalho muito duro. Traparou num grande buraco, depois tava-me algum tempo para brinca- balhava dentro de água, e cheguei 8
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a andar enterrado em lama até debaixo dos braços, arrancando escalracho. Era água e lama geladas e nós não sentíamos o fundo do terreno. Se não fossemos agarrados ao escalracho, afundávamo-nos. Uma vez até ouvi uma história em que diziam que uma carreta de bois tinha desaparecido no fundo do terreno, e por isso nós tínhamos receio de nos acontecer o mesmo.» Mais tarde, movido por uma vontade de conhecer outros locais e viver novas experiências, Agostinho Caiadas mudou-se para Setúbal e passou a trabalhar na construção civil.
Agostinho Caiadas e Maria Balbina
Esse foi o seu ofício principal duran- feito a pé. «Nunca me hei-de esque- e mata-me a mim também’. Mas, te muitos anos.
cer de uma das vezes que vim a quando chegámos a Alcácer do Sal
Entretanto, decorria o ano de 1962, casa, em que saí do quartel com 5 é que foi o susto maior. Era de noifoi tempo de ingressar na tropa, tostões no bolso e cheguei a São te, ela pegou numa arma, saiu do primeiro em Beja, depois em Leiria Domingos com os mesmos 5 tos- carro e disse-me para ir com ela e por fim em Tomar. Agostinho tões e mais 20 escudos. Nessa oca- beber água. Aquilo era um sítio Caiadas prestou serviço militar sião apanhei boleia com uma escuro e eu imaginei o pior, mas afidurante dois anos e dois meses e estrangeira que viajava sozinha. nal bebemos água numa fonte que diz que a tropa lhe deixou algumas Tive muito medo, porque ela condu- lá existia, voltámos para o carro, recordações, ainda que as conside- zia de forma muito acelerada. O ela guardou a arma e pensei ‘desta re umas fracas recordações. «Na carro até chiava nas curvas. Pensei já me safei’. No final da viagem é tropa fiz várias coisas, trabalhei para comigo ‘esta velhaca mata-se que veio a parte melhor. Quando com uma carroça a fazer recados,
chegámos a Santiago do Cacém
toquei corneta na banda do quar-
fomos os dois a um restaurante, ela
tel, enfim, foram tempos diferen-
deu-me 20 escudos e ainda me
tes.» Durante o tempo que passou
levou até a São Domingos da Serra.
na tropa, as visitas a São Domingos
Nunca mais vi essa senhora, mas
da Serra eram escassas e o percur-
lembro-me dela como se fosse
so era uma autêntica aventura, fei-
alguém da minha família.»
to graças às boleias que o levavam
Depois de sair da tropa, Agostinho
primeiro até Vila Franca de Xira e
voltou à terra onde viveu a maior
depois até Santiago do Cacém. O
parte da sua vida, Setúbal, não sem
resto do caminho era quase sempre
Agostinho Caiadas aos 40 anos
antes passar dois meses na sua ter9
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ra natal. Voltou também a trabalhar
andar dias inteiros a pé, mas ape-
Aos 70 anos Agostinho Caiadas
na construção civil até que, há sete
sar disso tive sempre um espírito
espera que os próximos anos pos-
anos atrás, depois de passar a viver
aventureiro e divertido. Uma vez,
sam ser passados com saúde para
sozinho e de um período em que
tinha eu 16 anos, sai de casa de
continuar a ser um idoso autóno-
esteve doente e se reformou por
bicicleta para ir à Comporta, mas a
mo e activo. Assim poderá conti-
invalidez, Agostinho Caiadas veio
sorte que tive foi cozinhar uma
nuar a dar os seus passeios pela
para o Lar Anexo I da Santa Casa da
sopa de batata, ser interrogado
cidade, a participar nas actividades
Misericórdia de Sines. Ao contrário
pela guarda e passar a noite ao pé
da Misericórdia e a fazer muitas
do que acontece hoje, Sines era
da cadeia do Pinheiro da Cruz», mais cadeirinhas em madeira,
para ele uma terra desconhecida.
recorda divertido.
«Esta terra, comparada com Setúbal
conhecem.
é muito mais pequena, e eu para ser sincero, gostava mais de estar na minha casa em Setúbal, mas agora é aqui que devo estar e sem dúvida que o que me deixa mais satisfeito é a companhia que tenho e é poder ajudar quem me trata bem.» Recordar toda uma vida é para Agostinho Caiadas lembrar algumas mágoas, no entanto, questionado sobre as melhores recordações que tem, refere prontamente que foram os tempos passados com a sua companheira de muitos anos. «Tenho saudades dessa época. Divertíamonos muito, passeávamos, almoçávamos fora, participávamos em excursões. Era uma alegria!» Agostinho recorda-se também dos tempos em que ocorreu a Revolução de 25 de Abril, quando pensou que viria aí uma época melhor. Para ele, hoje os tempos são outros. «A vida está mais facilitada em muitos sentidos. Antigamente a vida era dura. Por exemplo, eu não pude ir à escola, só aprendi a escrever o meu nome quando estive na tropa, cheguei a 10
habilidade pela qual todos o
DIVULGAÇÃO
RENASCER boletim informativo PUB
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IDOSOS VÃO A BANHOS, ASSISTEM A CONCERTO E VISITAM ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA um dos cantores portugueses de maior sucesso. No dia 13 de Setembro, foi a vez de se realizar uma visita à Assembleia da República e ao Palácio de Belém, em Lisboa. Os utentes da Misericórdia puderam sentar-se nas cadeiras
habitualmente
ocupadas pelos deputados portugueses e ficaram a conhecer em pormenor o edifício onde funciona a Assembleia da
Os idosos da Misericórdia na Praia Grande de Porto Covo
República. Nesse dia, os
No mês de Agosto, um na qual vários campone-
oportunidade de desfru-
grupo
tar de uma manhã de bém o Parque de Mon-
de utentes da
Misericórdia
ses e serranos desciam à
participou
praia para tomar banho.
na iniciativa “Banho 29”
Este era por vezes o único
utentes visitaram tam-
organizada pela Câmara banho de mar em todo o Municipal de Sines, na
ano, e existia a crença
Praia Grande do Porto que valia por 9 e curava Covo. O “Banho 29” con-
todos os males, tanto a
siste na recriação de uma pessoas como a animais. tradição bastante antiga
Os utentes tiveram assim
Concerto de Toni Carreia entusiasmou os nossos utentes
praia e de recordar tem-
santo, onde almoçaram,
pos de antigamente. No
e durante a tarde passea-
mesmo dia, à noite, um
ram
outro grupo de utentes
Belém.
visitou a Feira de Agosto em Grândola e assistiu ao Visita à Assembleia da República
12
concerto de Toni Carreira,
nos
Jardins
de
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1 DE OUTUBRO, DIA MUNDIAL DO IDOSO «(…) Os anos passam sem nada poupar. A frescura e o tempo não se podem reter, mas há sempre lugar para receber. Há sempre algo para encontrar em contínua renovação. Só é velho a valer, quem mesmo o quiser ser.» Manuela Mourisca Martins
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MISERICÓRDIA PRESENTE NA “FEIRA DA AVENIDA” Pela primeira vez a Santa
a Santa Casa da Miseri-
Casa da Misericórdia de
córdia de Sines ocupou
Sines participou na Feira
um dos stands com tra-
na Avenida, um certame
balhos feitos pelos uten-
de exposição e venda de
tes da Instituição. Ren-
artesanato,
organizado das, bordados, trabalhos
anualmente pela Câmara
em ponto de Arraiolos,
Municipal de Sines e que
peças em madeira, pintu-
tem lugar junto à Praia
ras e trabalhos em malha,
Vasco da Gama.
foram apenas alguns dos
Este ano, a Feira na Ave-
trabalhos expostos e que
nida decorreu entre os
fizeram sucesso junto dos
dias 12 e 15 de Agosto e
visitantes do certame.
Utentes marcaram presença na feira
Nos quatro dias de dura-
O balanço da participa-
ção da Feira, durante a
ção da Santa Casa na Fei-
tarde, os utentes marca-
ra na Avenida foi bastan-
ram presença na Feira
te positivo. Várias pes-
trabalhando ao vivo no
soas visitaram o stand e
espaço da Misericórdia.
adquiriram
peças.
Os
O PROSAS – Universidade utentes da Instituição Sénior de Sines - associou ficaram bastante motiva-
Os trabalhos expostos foram elaborados pelos utentes da Instituição
-se à Misericórdia nesta
dos para a elaboração de
iniciativa
à
novas trabalhos, tendo
venda trabalhos feitos
em vista uma participa-
pelos alunos desta enti-
ção futura neste género
dade.
de iniciativas.
colocando
Espaço Informativo da Santa Casa da Misericórdia de Sines na Rádio Sines QUINTAS-FEIRAS ÀS 10:40 | SEXTAS-FEIRAS ÀS 16:35
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BREVES
BAILES POPULARES com a realização de três bailes. No
qual puderam desfrutar de petis-
dia 9 de Junho realizou-se um bai- cos típicos desta época do ano, le aberto à comunidade, animado
tais como caracóis, sardinhas e lin-
pela acordeonista e vocalista Tel-
guiça assada.
ma Santos. No dia 13 de Junho, dia
No dia 8 de Julho, a partir das
de Santo António, teve lugar um
17h00, realizou-se no Salão Social
outro baile só para os utentes da
da Misericórdia outro baile aberto
Santa Casa. Nuno Silva animou à comunidade, com o acordeonista este baile que contou também Ricardo Alcaide. As entradas gracom a participação de utentes da
tuitas e os diversos comes e bebes
Santa Casa da Misericórdia de
contribuíram para uma boa ade-
Odemira e da Santa Casa da Mise-
são aos bailes e a animação foi
ricórdia de Grândola. Nesse dia, os
uma constante.
A época dos Santos Populares foi utentes festejada na Misericórdia de Sines
participaram
também
num lanche convívio ao ar livre, no
MISERICÓRDIA RECEBE GRUPO DE SUECOS No dia 22 de Setembro um grupo de reformados suecos visitou a Misericórdia de Sines. No âmbito de umas mini-férias passadas em Sines, estes cidadãos oriundos do Norte da Europa visitaram vários locais do concelho, entre eles a Santa Casa, de forma a conhecerem a cultura e o modo de vida dos portugueses, em especial dos idosos. Além de apresentar a Instituição, a Misericórdia presenteou o grupo com uma actuação do Grupo Coral.
SANTA CASA ORGANIZA CAMINHADA Em colaboração com a Câmara Municipal de Sines, a Misericórdia organizou no passado dia 04 de Setembro uma Caminhada aberta a toda a população. Mais uma vez o objectivo foi promover uma maior interacção entre a Instituição e a comunidade em geral. A participação na actividade foi gratuita e a adesão foi positiva, com perto de 50 participantes, entre os quais se destacam funcionários e utentes da Santa Casa. A Caminhada decorreu ao longo de 6 km, num percurso pela zona envolvente da Costa do Norte à Praia Vasco da Gama.
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CEMETRA Centro de Medicina do Trabalho da Área de Sines Rua Júlio Gomes da Silva, n.º 15 7520-219 SINES Tel.: 269633014 Fax: 269633015 E-mail: cemetra@netvisao.pt Site: www.cemetra.pt
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