pela luz dos olhos teus
foto Joanna D’Ávila
Martinho fala com exclusividade à RODA sobre filme O Samba, no qual aparece revelando o seu cotidiano
O que você opina sobre a radicalização das discussões políticas hoje no Brasil?
Tampouco aproveitamos o fato de sermos latino-americanos, você não acha?
Vivemos em uma democracia radical, no sentido das posições radicalizadas, em que os objetivos são puramente político-partidários. Muitos órgãos de imprensa parecem praticamente órgãos de oposição, difundindo notícias como se fossem informativos criados por partidos específicos. Imagine pessoas com pouca instrução recebendo essas notícias… A desinformação é total.
Sim, esse intercâmbio cultural deveria ser muito maior na região. Tem que ser muito curioso para ir atrás das novidades culturais sobre a América Latina aqui. Uruguai é o país hispano-americano onde tenho mais público. Eles gostam de samba. O samba cresceu pela importância política, social, econômica e cultural. Hoje, o gênero vive um estágio forte, avançado.
Outro quesito que fala contra nós, ainda hoje, é nossa relação débil com a África, tema que você defende há anos. O que pode dizer sobre isso?
Falando de samba, depois de ter sido marginalizado por tanto tempo, ele passou a abrir portas para o Brasil no mundo inteiro. Como você avalia o samba, hoje?
Sim, nós continuamos distantes. Hoje, um pouco menos pelo lado econômico, mas sim muito pelo cultural. Sou membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP, que integra oito países lusófonos. É uma idealização, que poderia contribuir com uma maior proximidade, mas precisaria ser levada mais a sério pelas administrações dos países envolvidos.
No começo, o samba era discriminado. Foi se impondo por força própria. Hoje, se o presidente de uma escola de samba do grupo especial ligar para um prefeito ou para um governador, eles atendem na hora. O samba cresceu por sua importância política, social, econômica e cultural. Vive um estágio forte, avançado, muito merecido. roda.com.br
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