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Ele bate na garupa do cavalo e este emite um ruído semelhante a um grito e
dispara em direção ao cume da montanha. Corro para Tucker e o agarro com força por baixo dos braços.
Por favor, rezo, embora saiba que não tenho qualquer direito de pedir. Dá-me força. Por um momento, me esforço com todos os músculos do meu corpo, braços, pernas, asas, tudo. Aponto em direção ao céu com tudo o que tenho. Levantamos vôo numa rajada de pura vontade, nos elevando acima das árvores, através da fumaça, o solo se afastando abaixo de nós. Ele me agarra com força e pressiona o seu rosto contra o meu pescoço. O meu coração incha de amor por ele. O meu corpo zune com
uma nova energia. Levanto Tucker sem qualquer esforço, com uma maior graciosidade do que alguma vez tive no ar. É fácil. É como ser levada pelo vento.
Tucker inspira repentinamente. Durante alguns segundos, vemos Midas
correndo ao longo da encosta da montanha, e sinto a dor de Tucker pela perda de seu
lindo cavalo. Quando chegamos mais alto, consigo ver as chamas se dirigindo com firmeza para cima. Não temos como saber se Midas se salvará. Não parece ter grandes hipóteses. Abaixo de nós, a propriedade de Tucker, a pequena clareira onde
eu lhe mostrei as minhas asas pela primeira vez, já foi engolida. Bluebell arde, emanando baforadas de fumo negro. Virando-nos no ar e depois me afasto da montanha, em direção ao céu
aberto, onde consigo voar com maior suavidade e o ar está mais limpo. Os carros
verdes dos bombeiros estão subir a auto-estrada em direção ao fogo, com as sirenes ligadas.
– Cuidado! – grita Tucker.