Guia do estudante história (2017)

Page 88

BRASIL COLÔNIA ESCRAVIDÃO

MOENDA DE CANA Considerados seres inferiores, os negros africanos eram tratados como mercadoria, sendo submetidos a trabalhos forçados

[1]

Crueldade histórica Por quase quatro séculos, milhões de indígenas e negros foram sequestrados, vendidos, castigados e obrigados a trabalhar de graça para fazer girar a economia brasileira

N

o Brasil, o uso do escravo como mão de obra teve início com a atividade açucareira nos engenhos de cana, atravessou o período colonial e só foi oficialmente extinto em 1888, já no fim do império. Durante praticamente todo esse período, o trabalho compulsório (forçado) constituiu a base da economia do país: eram os escravos que realizavam a coleta, a pesca, o serviço doméstico e a agricultura. Inicialmente foram escravizados apenas os indígenas; depois, os africanos, que logo se tornaram majoritários. Trazidos pelo tráfico negreiro – que dava enorme lucro à metrópole –, os negros, assim como os índios, eram mantidos subjugados mediante uma política desumana de repressão e controle.

Índios

A mão de obra indígena foi a primeira a ser utilizada no Brasil colônia, para a extração do pau-brasil, nas primeiras décadas do século XVI. Os nativos eram livres, sendo explorados pelo sistema do escambo (troca). A escravidão só viria com a introdução da cana-de-açúcar, por volta de 1550.

92 GE HISTÓRIA 2017

No entanto, nos anos seguintes, Portugal optou pela substituição dos nativos pelos africanos. A razão era fundamentalmente econômica: o aprisionamento indígena era uma atividade interna do Brasil, não resultando em renda para os portugueses; já a captura e o comércio intercontinental de africanos garantiam importantes ganhos aos mercadores lusitanos. Outros fatores justificavam a troca: os índios, ao contrário dos negros africanos, não estavam culturalmente acostumados à atividade agrícola em larga escala. Por isso, eles não se adaptavam bem à produção nos canaviais. Além disso, os nativos tinham um bom conhecimento do território brasileiro, o que facilitava sua fuga.

Negros

Estima-se que, entre 1550 e 1850, tenham chegado ao Brasil 4 milhões de negros trazidos do continente africano, especialmente da Guiné, Costa do Marfim, Congo, Angola, Moçambique e Benin. Para aprisioná-los, inicialmente os portugueses promoviam invasões às

aldeias. Mais tarde passaram a incentivar a luta entre tribos rivais para depois negociar com os vencedores a troca dos derrotados por panos, alimentos, cavalos e munições. Os negros eram trazidos para a América nos porões superlotados dos navios negreiros, conhecidos como tumbeiros. A sujeira, os maus-tratos e a má alimentação matavam até metade dos escravos transportados. No Brasil, os africanos eram vendidos em praça pública como mercadoria. Quando comprados, tornavam-se propriedade do senhor e ficavam sujeitos a punições. Os castigos mais comuns eram a palmatória, o chicote e o açoite.

Resistência

Algumas práticas adotadas pelos negros na luta contra a escravidão eram a fuga, a queima de plantações, os atentados a feitores e a senhores e até mesmo a morte de recém-nascidos e o suicídio. Mas a mais expressiva forma de resistência foi a organização dos quilombos, comunidades autossuficientes formadas por escravos fugidos. O mais importante foi o de Palmares, criado no fim do século XVI, em uma área onde fica a divisa de Alagoas com Pernambuco. Em seu auge, chegou a ser formado por nove aldeias, denominadas mocambos, contando com uma população de 20 mil habitantes. Tinha uma economia bem organizada, realizando comércio com o entorno. Abrigava, além de negros fugidos, índios e brancos marginalizados.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.