Filosofia Nietzsche

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Cultura Pop

Black metal É um subgênero musical que evoluiu no início dos anos 80 paralelamente ao death metal, um outro gênero do metal extremo. É um estilo sombrio, cru e agressivo e incorpora em suas letras temas como o satanismo e o paganismo (em particular a mitologia nórdica), em alguns casos neo-nazismo. Algumas bandas consideradas precursoras do estilo são: Venom, Hellhammer, Bathory, Sodom, Celtic Frost, Bulldozer, Destruction e Mercyful Fate. Algumas das bandas mais influentes no início deste estilo foram: Burzum, Darkthrone, Emperor, Immortal, Sarcófago e Mayhem.

apenas interessada na sobrevivência e crê apenas no caos que consome e consumirá a todos. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche inspirou muitas outras bandas, em especial do gênero musical heavy metal. Muitos músicos, particularmente os de black metal, subgênero do heavy metal, consideram-no um iluminador esclarecido por suas idéias niilistas, misantrópicas e anti-cristãs. A banda black metal norueguesa Gorgoroth, sem duvida é uma das mais influenciadas pelas idéias nietzschianas. Os álbuns intitulados “Antichrist” (1996), “Twilight of the Idols” (2003) e a música instrumental “Will to Power” apresentam forte presença da filosofia nietzschiana. Em uma entrevista concedida ao site Metal Crypt, em abril de 2005, o músico norueguês Roger Tiegs que tem o pseudônimo de Infernus, afirma que Nietzsche é a sua principal influência como autor. “Definitivamente, as obras Crepúsculo, O Anticristo e Ecce Homo estão entre os meus 5 livros favoritos.” Outro bom exemplo de influências nietzschianas no metal é o álbum da banda de black e viking metal (novas formas de gênero do metal) Bathory intitulado “Twilight of the Gods”, lançado em 1991, que traz na contra-capa o seguinte trecho de Friedrich Nietzsche, escrito em 1871: “Ó, aquilo que não nos trazem danos em busca da completa liberdade nesta idade moderna de loucura. O homem precisará perguntar para ele mesmo: agora que nós buscamos registrar toda nossa origem, nós temos provado que Deus não existe. Que agora irá dizer-nos que nos dêem ouvidos, quando temos quebrado a

última das leis da natureza, quando gritou ‘liberdade’. Liberdade e realizou nada contra a eliminação da primeira? Pode, de fato, ter medo desta era, para ele não é apenas o momento da verdade e do arrependimento. Por isso também é verdadeiramente .... O crepúsculo dos deuses!” Este fragmento se torna um emblema da era moderna em que, segundo Nietzsche, as pessoas irão perceber que Deus não existe e que nada poderá salvá-las. Será o período da “Decadência dos deuses”, tradução do título do álbum. Na obra de Friedrich Nietzsche nomeada “A Gaia Ciência” (1882), conhecida também como “Alegre Sabedoria”, ou “Ciência Gaiata”, encontramos no terceiro capítulo a famosa frase nietzschiana: “Deus está morto. Deus continua morto. E fomos nós que o matamos”, pronunciado pelo Homem Louco em meio aos mercadores hereges. (A Gaia ciência) Esta citação inspirou vários músicos de bandas de metal. Como exemplo, podemos citar a música chamada “Totengott” (“Deus morto”, em alemão), da banda suíça de metal Celtic Frost. A banda de metal californiana Machine Head compôs uma música intitulada “I’m Your God Now”, também inspirada na frase de Nietzsche. A seguir, um trecho editado e traduzido da música: Sua vida não é sua, você é somente meu escravo Eu sou seu Messias da dor Não há tempo para rezar Porque sou seu Deus agora

Claude Gassian

A poetisa e rockeira novaiorquina Patti Smith, em performance no Roundhouse em Londres

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