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E um pouquinho menos solitário. Mas eu nunca tinha feito amizade com um gênio da ciência. Embora Adam seja mais do tipo hacker que invade sites do governo. O que é bem mais maneiro, na minha opinião. – Você tem certeza de que pode saltar exatos trinta minutos? – Adam perguntou. Dei de ombros. – Sim, provavelmente. – Só não deixe de anotar o horário. Eu vou registrar os segundos que você vai ficar aqui, vegetando – disse Adam, colocando o cronômetro na minha mão. – É assim que eu fico quando salto no tempo? Quantos segundos acha que vou ficar ―vegetando‖? – perguntei. – Acho que uma excursão de vinte minutos, voltando trinta minutos no passado, vai deixá-lo catatônico no presente durante uns dois segundos. – Onde eu estava trinta minutos atrás, pra que não dê de cara comigo mesmo? Adam ligou e desligou o cronômetro umas dez vezes antes de me responder. Esse cara é totalmente obsessivo-compulsivo... – Você estava lá dentro, olhando os pinguins. – Tudo bem, vou tentar não acabar lá dentro. – Nós dois sabemos que você pode escolher sua localização se realmente se concentrar, por isso não me venha com essa história de ―não sei onde vou acabar...‖ – zombou Adam. Talvez ele estivesse certo, mas é duro não pensar em nada além de um único lugar. Basta pensar por meio segundo em outro que não seja o lugar planejado e acabo indo parar lá. – Ah, sim, claro. Então vá você, se acha assim tão fácil. – Bem que eu gostaria. Eu entendo por que alguém como Adam é tão fascinado pelo que eu faço, mas não encaro a capacidade de viajar no tempo exatamente como um superpoder. Só uma espécie de aberração da natureza. Uma aberração assustadora, a propósito.


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