Revista Em Família nº56

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Artigo Mas a grande questão é: onde tudo isso se junta? Qual o caminho que leva tudo isso a culminar em atos onde vemos nossos jovens tirando a própria vida, fazendo uso de drogas, tirando a vida de outras pessoas? Nosso país está na contramão do mundo quando o assunto é Suicídio, ou, valorização da vida. Enquanto os números mundiais apontam para a queda nos números de suicídio ocorridos, o Brasil apresenta números ascendentes, com métricas que assustam, principalmente na faixa etária dos 15 aos 29 anos, sendo a segunda causa de morte dentro dessa faixa etária, ficando atrás apenas de mortes causadas por acidentes de trânsito. Todos os dias no Brasil, 30 pessoas tiram a própria vida. A resposta para a pergunta feita acima não é única. Ela pode ter várias possibilidades de respostas, mas algumas, com certeza, são as principais. A principal delas é a prevenção e parece clichê dizer que a base está na infância, mas está! Olhar para a infância como um período no qual podemos semear colheitas futuras, faz parte de todas as nações que cultivam índices altos de resultados positivos em saúde mental e em educação, bem estar e qualidade de vida. Educar as crianças emocionalmente, é a principal maneira de prevenirmos transtornos mentais sérios futuramente, além de cuidar de quem cuida, ou seja, trabalhar com os pais, professores e com todos que tem o papel de estar na linha de frente com as crianças. Quando falamos de educação emocional, falamos de ensinar as crianças a conseguirem identificar, manejar e lidar com suas emoções, ainda que elas não sejam positivas, como lidar

com a raiva, tristeza, medo, saber resolver conflitos, enfrentar a frustração. Quando conseguimos fazer isso, estamos proporcionando para essas crianças oportunidades de aprender habilidades de vida, habilidades de convívio social, desenvolvimento de autonomia e de independência e estamos dando condições a ela de se tornar um adolescente e um adulto mais resiliente e socialmente competente. A resiliência, que é a capacidade que nós seres humanos, possuímos de enfrentar situações difíceis e conseguir superá-las, pode ser fortalecida através das oportunidades que são vivenciadas de superação e de fortalecimento, quando a criança resolve conflitos, busca solução para seus problemas e consegue se perceber como um indivíduo que possui seu poder pessoal e sua capacidade de resolver suas próprias demandas, sem precisar que alguém faça isso por ela. Quando isso não é feito, quando realizamos pela criança algo que ela já é capaz de realizar, é como se estivéssemos dizendo a ela que ela é incapaz de conseguir superar algo e estamos favorecendo sentimentos de insegurança, medo e a dependência emocional, que a longo prazo poderá ser extremamente perigosa, quando essa criança, na adolescência, começar a se aproximar de amigos e ídolos (que naturalmente fazem parte do processo de formação de identidade do indivíduo na adolescência). Ao precisar de referência e de alguém que lhe forneça suporte, não sabemos em quem poderá buscar e onde encontrará essa referência. Sem contar que adolescentes, adultos e até mesmo crianças, emocionalmente mais maio | junho| julho e agosto 2019


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