Revista DMA

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uma presença educativa e evangelizadora também nas plataformas digitais, onde é possível anunciar o “Evangelho da Vocação”. Nas comunidades interculturais o celular, além disso, é meio de comunhão com as famílias e as comunidades dos países de pertença, e permite compartilhar e sentir-se próximos, mesmo morando longe. É importante ter sempre presente que, no acompanhamento educativo, como na vida fraterna, a comunicação online é complementar, não substitutiva ao encontro face a face, e que um telefonema é, humanamente falando, mais enriquecedor do que um sms. ■ As armadilhas da Rede Do ponto de vista das funções psicológicas é certo que a Web influencia os jovens a construir a própria identidade, a visão do mundo e o seu ser no mundo: postar um texto, uma foto ou um vídeo não é apenas um modo de afirmar a própria presença na plataforma digital, mas satisfaz a busca de aparecer para ser, a necessidade de agradar aos outros para receber confirmação do próprio valor e de sentir-se parte de uma grande comunidade midiática. Segundo o psicoterapeuta Di Gregorio, as novas tecnologias, se de um lado oferecem grandes possibilidades de troca, simplificam a vida e melhoram a comunicação a distância, do outro tornam os jovens e adultos menos capazes de atenção e de empatia com quem lhes está defronte e favorecem a disseminação do narcisismo digital. Expressão, esta, típica da sociedade dos selfie, um neologismo usado para indicar o sistema social em que cresceu excessivamente o culto de si mesmo e a autocelebração da própria imagem por meio da prática do selfie autorretrato fotográfico. O smartphone é o instrumento por excelência que incrementa esta nova forma de autoafirmação e de valorização de si na Rede, e pela curiosidade de olhar a vida dos outros, com um consequente aumento de experiências depressivas, vulnerabilidade e incapacidade de codificar e modular as emoções na relação interpessoal, substituída por aquela mediada pela tela de um smartphone ou de um tablet. Do Relatório anual do Observatório Nacional Adolescência 2017, emerge que entre os riscos, em aumento, para adolescentes que utilizam o smartphone sem

uma adequada supervisão do adulto, estão também – além do cyberbullismo – o grooming ou engodo online de adolescentes em rede, da parte de adultos que se escondem por trás de falsos perfis; o binge watching, entendido como o empanturrar-se de vídeos e de séries TV em streaming; o sesting isto é disparar selfie ou filmar vídeo com fundo sexual e enviá-los para chats; a revengeporn, ou seja, o vingar-se por meio da publicação na mídia social de material íntimo e comprometedor, com a finalidade de causar dano a outra pessoa, até provocar ansiedade, depressão e suicídio; o KILFIE ou selfie killer, ou seja, os selfie nos quais, mesmo para obter like e partilhas, arrisca-se também a vida; a nomofobia – literalmente medo de permanecer desconexos do contato com as redes de telefonia móvel até experimentar ansiedade e mal-estar, inquietação e agressividade, pondo em ato estratégias obsessivas que, como em outras formas de dependência, limitam a possibilidade de conduzir serenamente a vida (cf.wwwadolescencia.iVobservatorio).

■ As competências midiais Diante desses riscos, a estrada do proibicionismo ou do terrorismo psicológico sobre os perigos da Rede resulta ineficaz e arrisca afastar os jovens de uma cidadania digital consciente. Já que a proteção da juventude passa pela alfabetização digital dos adultos, uma estratégia eficaz para constrastar esses riscos é educar-se e educar às competências midiais levando em conta que os menores têm necessidade de modelos para aprenderem a utilizar a mídia de modo responsável. A competência midial vai além do simples domínio da técnica. Implica saber usar com prudência os dados pessoais em rede, valorizar as informações de modo critico, respeitar as regras sociais também na Web e utilizar a mídia para favorecer uma participação ativa na vida social. É útil, de fato, estimular a reflexão e o confronto sobre os riscos e sobre as oportunidades das novas tecnologias e da Rede, dialogando, por exemplo, sobre os perigos das Redes sociais ou sobre os efeitos emotivos de um videojogo, motivar as regras que limitam o uso da mídia e promover o confronto entre iguais, em um processo de corresponsabilidade educativa em que os jovens ajudam os adultos nos conhecimentos técnicos, e os adultos, por 9


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