Ruminantes 5

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PRODUÇÃO

SAÚDE ANIMAL

doenças, como mastites e pneumonias, e os efeitos a médio-longo prazo são dificilmente contabilizadas. Além de que devemos ter em atenção que em explorações naïf, ou seja, que nunca tiveram a circulação destes vírus, a ocorrência de surtos pode ter consequências desastrosas (exemplo disso são taxas de abortos de até 45%, relacionados com BHV-1).

DISTRIBUIÇÃO

A distribuição mundial destes dois vírus, sobrepõe-se bastante. A nível da Europa, como se pode observar na figura 3, existem países que já atingiram o nível de erradicação para o IBR e BVD, nomeadamente os países escandinavos, em conjunto com mais alguns países/regiões como Alemanha, Suíça, Áustria, Itália e França. Mas os esforços de erradicação do IBR, foram mais rápidos e efetivos, devido à sua inclusão nas antigas listagens da OIE, e existência de legislação europeia (64/432 EEC) que limitava a circulação animal de animais portadores. Dados nacionais, por Niza-Ribeiro, indicam que na região do Entre Douro e Minho, aproximadamente 35% das explorações podem ter tido contacto com um animal PI (persistentemente infetado pelo vírus do BVD). Algumas vezes, esses PI foram adquiridos, como novilhas de reposição. Um exemplo de alerta é o da Irlanda, em que se verificaram 80% de explorações positivas a anticorpos (Graham, 2011), sendo que, segundo as autoridades, apenas 6% das explorações utilizam vacina para esse agente.

Figura 1 - Dois vitelos nascidos no mesmo dia, sendo que o vitelo da esquerda é um vitelo PI. Atenção que nem todos os animais PIs são necessariamente diferenciados de animais saudáveis, dependendo fatores como maneio, estirpe viral, entre outros (S. Alenius).

CONTROLO

nar a suas consequências negativas e aumento de animais afetados. Neste caso específico, controlo de BVD e IBR, atuar sobre os dois pontos-chave das doenças, presença/formação de PI e existência de animais infetados latentemente para toda a vida, respetivamente. 4. Monitorizar adequadamente o estatuto sanitário da exploração.

O controlo de qualquer doença infectocontagiosa numa exploração deve basearse em vários princípios fundamentais: 1. Conhecimento da doença: Qual a importância económica da doença nas explorações bovinas, tanto de carne, como de leite? Qual a probabilidade de entrada do agente na exploração? 2. Avaliação do estatuto da exploração: Existe ou não circulação viral? Está a impactar negativamente a exploração? 3. Ferramentas de controlo: Para o caso de não existir na exploração, como prevenir a sua introdução. Se está presente, como prevenir/elimi-

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Figura 2 – Sinais clínicos de infeção por BHV-1. Verificar espessamento/crostas na região nasal, opacidade do olho (bilateral) e corrimento lacrimal seropurulento. (agradecimentos ao colega José Mira). Livre, não-UE

Livre, membro UE

Parcialmente livre (Blozano)

Erradicação compulsiva (Nac.)

Erradicação/ legislação local Sem programa nacional, programas regionais/privados Sem programa nacional, nem regional

Figura 3 – Situação do controlo da infeção por BHV-1 (IBR) a nível europeu. Em Portugal, existem dois programas de controlo de IBR, um privado (Segalab) e outro financiado a nível regional (R.A. Açores).

Alguns comentários em relação ao estabelecimento de um plano de controlo/erradicação:

• Medidas de Biossegurança A densidade de explorações nalgumas zonas do país é extremamente elevada,

Ruminantes • Abril | Maio | Junho • 2012

além de que algumas instalações não estão suficientemente adaptadas para medidas de biossegurança, como: 1. Controlo de entradas, pessoas e veículos (ex: camião de recolha de leite, ou da recolha de cadáveres); 2. Instalações de recria afastadas dos animais em gestação – caso exista o nascimento de um animal PI, este pode facilmente entrar em contacto com uma vaca em gestação, e potencialmente desenvolver um novo PI (continuidade do vírus na exploração) – dificuldade acrescida para explorações de carne, em que o vitelo PI convive com a sua mãe e com outras vacas, que possam estar num período suscetível à formação de novos PIs;


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