A producao do espaco na zona oeste paulistana

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TGI 2. Considerações sobre o papel do Estado e do Capital na configuração da Zona Sudoeste Paulistana

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qualificado por máquinas ou robôs, e por outro, a operação destas

locus de interações complexas”. (Refinetti Martins, p.10). Maria Lúcia

máquinas que requer trabalhadores mais qualificados.

Refinetti Martins ressalta que a valorização dos espaços, categorias

O Brasil enfrenta uma situação que combina os dois perfis, mas no

sociais e atividades não é, de maneira alguma, um fenômeno geral, mas

caso da metrópole paulistana o perfil de produção com mão de obra

limitado, deixando de fora largas faixas da população e grandes áreas

especializada prevalece. Um quadro social já bastante complexo

da cidade. Outros processos de transformação estariam em curso nas

complica-se ainda mais.

cidades: o reforço da centralidade, o crescente fracionamento sócio-

De fato, o mercado de trabalho paulistano exige cada vez mais

espacial e a segregação urbana, além da elitização dos bairros

qualificação dos trabalhadores. Além disso, há a exclusão dos jovens e

(‘gentrification’) e a expansão da pobreza urbana, gerando o aumento da

dos que tem baixa escolaridade, segundo estudo conduzido por

violência e da marginalização e o aumento das atividades informais 133.

economistas do Ipea, que analisou a evolução do emprego da região da Grande São Paulo entre 1988 e 1995 131. Esta evolução se deveria a uma combinação de aumento no nível geral de escolaridade da população e de

maior

seletividade

por

parte

das

empresas,

favorecendo

trabalhadores com mais qualificação e experiência. “O problema é que essa maior seletividade do mercado está criando uma verdadeira legião de excluídos”, segundo Edgard Alves, do Ipea, diante do fato de que mais da metade dos trabalhadores não teriam primeiro grau completo em 1996. 132(FSP:27.12.96, p.1-8). “Assim, frente à segmentação e relocalização do processo industrial fordista, verificou-se uma re-habilitação econômica da cidade enquanto 131Segundo a pesquisa, 59,1% dos empregados na Grande São Paulo não tinham o primeiro grau completo em 1988, Em 1995, este percentual havia caído para 47,8%. A idade média dos empregados também vem crescendo: em 1988, 30,6% dos ocupados tinha até 24 anos. Em 1995, apenas 25,1%. 132Segundo o censo demográfico do IBGE (1991), 68% da população paulista com idade acima de 10 anos não tinha o primeiro grau completo em 1991. No Brasil, este número sobe para 75%.

133Uma

das conseqüências do crescimento do setor terciário e do desemprego na indústria é o aumento do emprego de mulheres, e o desemprego entre os homens. Isto acaba criando situações familiares inusuais, onde o homem desempregado está e depende financeiramente de sua esposa, empregada em atividade terciária. Por outro lado, as exigências para o mercado terciário são maiores, exige-se mais escolaridade das mulheres e seus salários são muitas vezes menores que os dos homens(FSP:27.12.96, p.1-8.)


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