A Operacao Urbana Faria Lima

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(SEMPLA, 2000: 13). Pensou-se em organizar um megaleilão onde se venderiam, de uma só vez, todos os CEPACs da Operação Urbana Faria Lima. Esperava-se a arrecadação de algo em torno de US$ 300 a 500 milhões. Os CEPACs seriam lançados na BMF (Bolsa Mercantil de Futuros), que por sua vez os lançaria também no mercado internacional (FSP: 06.11.95: 3-5). O principal “alvo” nas vendas da Prefeitura seriam os chamados Fundos de Pensão, considerados os únicos agentes capazes de viabilizar a operação (“Hoje em dia quem tem recursos para investir no mercado imobiliário são os Fundos de Pensão. Sem eles não é possível esta operação”, afirmou Roberto Paulo Richter, então secretário Municipal do Planejamento, e presidente da CNLU, FSP: 06.11.95: 3-5)153. Em 1º de agosto de 1996, o CEPAC foi “reajustado” para R$ 660 e em 1º de julho de 1997 o valor era de R$ 700. Segundo a SEMPLA, buscava-se recuperar, progressivamente, o desconto de 20% dado inicialmente a título de “incentivo”. O então vereador Maurício Faria (PT) alertava para o risco de concentração de investimentos (e de área construída) em áreas restritas, ocasionando congestionamento da infra-estrutura. Para tentar evitar essa concentração, a aprovação de cada projeto incluído na Operação Urbana Faria Lima deveria pela CNLU (Comissão Normativa de Legislação Urbanística), que deveria exigir o RIV (Relatório de Impacto na Vizinhança), para todos os projetos apresentados (FSP: 19.05.95: 3-3)154.

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De fato, Fix (2001) dá conta de que os fundos contariam com R$ 90 bilhões (2000),

representando então aproximadamente 11% do PIB nacional, mas teriam grande potencial para crescimento (Fix, 2001: 113), encontrando no mercado imobiliário e especificamente no setor de grandes projetos comerciais um de seus nichos mais importantes de investimento. (Apud Bianca Deo, Jornal do Brasil, 30.04.2000) Segundo Fix, citando dados da Revista Abrapp, o patrimônio dos fundos nacionais seria pequeno em relação ao PIB, se comparado com as outros países, como Bolívia (39,8%), Chile (41,8%), EUA (84%), Holanda (120%) e Suíça (170%) (Fix, 2001: 113, apud Revista Abbrap). 154

Sobre a isenção da CNLU pairavam dúvidas após a constatação de que pelo menos oito

projetos de mudanças pontuais de zoneamento na região de Paraisópolis ( Morumbi), haviam sido propostos pelo arquiteto Arnaldo Furquim Paoliello. Paoliello era representante da Prefeitura na Comissão e preparava um estudo de reurbanização e revalorização que integraria um projeto da Prefeitura chamado “Programa São Paulo 2020”, na FGV. Ao mesmo tempo, mantinha um escritório de empreendimentos e participações que prometia “promover” junto à

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