NOVA ELETRÔNICA nº 94 - Dezembro/1984

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REPORTAGEM

O futuro promissor das fibras óticas A história das fibras óticas está apenas começando no Brasil. As previsões da maioria dos técnicos vinculados ao setor apontam para um crescimento considerável do mercado nacional nos próximos anos, tanto em telecomunicações -o sucesso da experiência da Jel.ebrás é tido como seguro- como em aplicações nas áreas de medicina, telemetria, instrumentação e indústria bélica. Além da ABC-Xtal, outras empresas se preparam para o atendimento das novas demandas, como é o caso da Pirelli. Impedida de fornecer para a Telebrás- em virtude de ter a maior parte de seu capital controlado por um grupo estrangeiro-, essa empresa dispõe de todas as condições técnicas para produzir as fibras em escala industrial. Por enquanto, ela acumula forças para o próximo momento, atendendo alguns pedidos eventuais- da Eletro-

norte, por exemplo-, além de fabricar cabos especiais para as fibras que a ABC-Xtal fornece à Telebrás. Outra fabricante de cabos óticos, e que também não deve permanecer por muito tempo na posição de coadjuvante no mercado brasileiro, é a Furukawa. Sua experiência na produção de fibras no Japão também foi divulgada na Fecom, através do estande da Jetro - empresa de comércio exterior, vinculada ao governo japonês. Fibras nacionais- Em 1975, a Unicamp deu início a um projeto voltado para o desenvolvimento de tecnologia nacional no setor de fibras óticas, com financiamento da Teiebrás. Segundo José Mauro Leal Costa, diretor técnico da ABC-Xtal, o projeto contou com poucos recursos humanos e materiais, mas ainda assim alcançou o sucesso

capa APL condutores metálicos 0 , 65 mm

enchimentos elemento tensor de aço

Visão em corte de um cabo ótico com 12 fibras

NOVA ELETRÔNICA

polietoleno

esperado; três anos depois de seu início, a base teórica para a produção das fibras óticas já estava estabelecida, além de terem sido formados os recursos humanos indispensáveis para a continuidade das pesquisas, no Centro de Pesquisa e DesenvolvimentoCPqD da Telebrás. Aí, houve o aperfeiçoamento da tecnologia propriamente dita, até a fase de sua aplicação industrial. A A BC-Xtal recebeu o " pacote tecnológico" em 1983 e, alguns meses depois, já estava fornecendo à Telebrás as primeiras partidas de fibras (400 km entregues até outubro de 84). Para executar um projeto com tal envergadura, a empresa mobilizou recursos da ordem deUS$ 1,5 milhão e montou em tempo recorde - menos de cinco meses- a sua unidade industrial de Campinas, nas proximidades das instalações do CPqD , na Rodovia Campinas/Mogi-Mirim. São ao todo 1400 m 2 de área construída conforme o projeto inicial da fábrica, que inclui laboratórios e equipamentos sofisticados de produção e controle de qualidade. Além de já ter sido programada com uma capacidade de produção muito maior do que a demanda da Telebrás, a unidade industrial foi construída de modo a comportar ampliações, sem maiores dificuldades, em tempo relativamente curto, na medida das exigências do mercado. Quanto aos recursos humanos, a ABC-Xtal também está aparelhada de forma invejável, principalmente por ter podido contar com muitos dos quadros técnicos que participaram do projeto de fibras óticas na Unicamp e no próprio CPqD. Este fato, aliás, é citado por José Mauro Leal Costa como um dos principais responsáveis pela rapidez com que a empresa iniciou a sua produção em escala industrial. Tipo e processo de fabricação - A ABC-Xtal fabrica atualmente fibras óticas da família índice gradual, com atenuação de 3 dB/km e largura de banda de 450 M Hz · km. São as fi bras próprias para telecomunicações, sendo capazes de operar em até 10 km de extensão sem necessidade de repetidores de sinal. Suas principais características

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