Livro desenvolvimento humano

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Capítulo 4 Alfabetização e Letramento: Aprender o código ou o sistema de escrita?

Diva Albuquerque Maciel

Apresentação Por que incluir um capítulo sobre alfabetização e letramento em um livro que trata sobre inclusão? Antes de qualquer coisa, ensinar uma criança a ler é um dos principais objetivos de nossa escola elementar. Para pais, professores e alunos, ter sucesso nas primeiras séries significa ter sucesso na aprendizagem da leitura, aqui entendida no sentido amplo de aprender a ler e a escrever. Considerando o fato de vivermos em uma sociedade grafocêntrica, na qual a linguagem escrita assume lugar social de destaque, uma vez que possibilita ao ser humano uma relação diferenciada com o meio, é que afirmamos que o conceito de letramento precisa fazer parte da compreensão e reflexão do profissional da educação. A escola é lugar privilegiado do ensino da língua e que ao contemplar um currículo específico este precisa ultrapassar as limitações de transmissão de código alfabético, para considerar as possibilidades de relações desse indivíduo além dos muros da escola, de modo que possa assumir uma nova relação consigo mesmo e com a realidade em que se insere. Essas condições serão (im)possibilitadas e/ou (des)favorecidas nas relações que cada um vivencia, de modo singular, com os diversos outros (contextos, pessoas) presentes em sua vida. Por outro lado, se a escrita é uma das principais chaves para a aquisição do conhecimento, ensinar a ler e a escrever de modo a atender os usos sociais que o mundo letrado requer significa promover a inclusão social. Então, quando a escola promove o letramento, ela está, na verdade, promovendo a inclusão social e dando ao aluno condição para o pleno exercício da sua cidadania. Para tanto, o currículo escolar deve oferecer um espaço para que as práticas de letramento se operacionalizem, configurando o papel transformador da escola, que se amplia cada vez mais nessa era marcada pela competição em que progressos científicos e avanços tecnológicos definem novas exigências para os jovens que ingressarão no mercado de trabalho. Tal realidade exige um repensar os currículos escolares a fim de que a escola cumpra sua função no que diz respeito à formação de um ser pleno, permitindo aos jovens ter acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. Para ser satisfatória em sua missão, a escola deve manter a aprendizagem, a permanência e o sucesso do educando, o que só é possível através do uso legítimo da palavra, em suma, via letramento. É neste cenário atual que o presente capítulo se justifica, uma vez que visa promover o diálogo entre currículo e letramento, possibilitando aos professores e, 103


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