Transformações na Vida Camponesa: O Sudoeste Paranaense

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155 não há dúvida de que os pequenos agricultores sentem que a intensificação permanente de seu trabalho, o suo constante de insumos modernos pode ser uma armadilha que, atraindo-os para as vantagens do progresso signifique, na realidade, o fim de sua independência e de sua liberdade enquanto pequeno produtor. Vamos expor agora alguns dados que apontam para a situação de monopólio existente no setor fornecedor de máquinas e insumo agrícolas. Não se trata aqui (longe disso) de um levantamento completo, mas apenas de uma ilustração do fenômeno, procurando, sempre que possível, compreender os seus efeitos sociais1. MÁQUINAS AGRÍCOLAS A produção de colheitadeiras mecânicas no Brasil é assegurada por outro grupos econômicos, dos quais cinco são estrangeiros, um esta desativado e outro “...enfrenta uma grave crise, com seu produto tendo uma baixa aceitação no mercado”(Muller, 1979, p. 31). A mesma realidade existe no setor de tratores onde a oferta é garantida por menos de uma dezena de grupos, a maior parte dos quais sendo estrangeira. Segundo Bueno (1981, p. 88) metade da produção nacional está nas mãos da Massey Ferguson. O Paraná importa de outros Estados boa parte das máquinas agrícolas que consome. Em meados dos anos 1970, entretanto, instala-se em seu território uma empresa “de porte internacional e tendo em Curitiba sua matriz dedicada à produção de máquinas e implementos agrícolas”(Ipardes, 1978, p. 37). Com isso a concentração da produção no setor aumentou vertiginosamente. Como mostra o quadro XX, uma empresa detinha 64% da oferta em 1975. QUADRO Nº XX – NÚMERO DE EMPRESAS E PORCENTAGEM SOBRE O VALOR AGREGADO (V.A.) DO RAMO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS. PARANÁ 1973 TAM ANH Número de % V.A. do ramo O empresas Pequenas 48 10,57 Médias 12 41,05 Grandes 2 48,38 TOTAL 62 100,00 FONTE: IPARDES, 1978

Número de empresas 82 10 1 93

1975 % V.A. do ramo 9,45 26,54 64,01 100,00

SEMENTES A Agroceres comercializou 45% do total de sementes de milho híbrido vendidas no País em 1980, respondendo sozinha por 40 mil toneladas do produto. Em 1981, os planos da empresa prevem uma ampliação de 40% em suas vendas. Em 1980, o grupo faturou US$ 30 milhões dos quais 80% vieram da venda de sementes. Para se Ter uma idéia do que isto representa, dez anos antes, o faturamento da Agroceres no Brasil foi de US$ 3 milhões. O quadro XXI mostra a evolução na produção de sementes no Estado do Paraná entre 1971 e 1978. O aumento em todos os produtos mencionados (com exceção do algodão) é espetacular. 1

Para um aprofundamento desta questão, ver Muller (1979 e 1980).


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