Translatio 3 (2011)

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20 JACQUES DE VITERBE. L’âme, l’intellect et la volonté

“se o intelecto agente é algo da alma” (pp. 108-89),12 enquanto que a questão 13 determina “se a alma aqui nesta vida (in via) intelige a substância por uma espécie própria da substância mesma” (pp. 190-221).13 Sem penetrar nos detalhes das doutrinas filosóficas formuladas nessas três questões, para nós basta dizer que, em todas elas, a resposta definitiva só é encontrada por Tiago de Viterbo pelo uso da sua doutrina das idoneidades. Nos três casos, ele mostra que aquilo que possibilita a passagem das potências volitiva e intelectiva da potência ao ato é o fato de que há naturalmente nelas idoneidades que podem ser aperfeiçoadas para o ato14 quando a potência na qual elas estão é excitada ou inclinada para um tal ato (pp. 36-7) – por exemplo, o intelecto pode ser inclinado para o ato acerca de um objeto pela imagem correspondente deste objeto, assim como, de maneira similar, a vontade é inclinada para o seu ato pela intelecção. Em ambos os casos, essa inclinação não é uma ação transitiva pela qual os sentidos causem uma intelecção ou esta última cause um ato de vontade, mas é a excitação, por outras potências da alma, para que as próprias potências intelectiva e volitiva atualizem, por uma ação imanente, uma de suas idoneidades (p. 34). Para ser mais exato, deve-se dizer não somente que há uma idoneidade para cada objeto acerca do qual uma potência pode se atualizar, mas, além disso, cada potência é ela própria uma idoneidade – ou seja, a potência intelectiva é uma idoneidade e a volitiva igualmente –, pois elas, da mesma maneira, passam da potência ao ato ao serem inclinadas para tanto. Sendo assim, há toda uma distinção entre idoneidades mais gerais e mais específicas, que termina por formar o que Côté denomina de “estratos” (“strates”) de idoneidades (p. 19), sendo as mais gerais as próprias potências cognoscitivas e volitivas e as mais específicas as potências que cada 12

Op. cit., q. 12, n. 65 (pp. 108-9): “Duodecimo quaeritur: Utrum intellectus agens sit aliquid animae”. Na versão francesa: “Douzième question: l’intellect agent est-il quelque chose qui appartienne à l’âme?”. 13 Op. cit., q. 13, n. 161 (pp. 190-1): “Tertiodecimo quaeritur: Utrum anima hic in via intelligat substantiam per propriam speciem ipsius substantiae”. Em francês: “Treizième question. On demande si l’âme dans cette vie pense la substance par une espèce propre à cette substance”. 14 Op. cit., q. 7, n. 19 (pp. 74-5): “Et est huiusmodi idoneitas animae connaturalis et naturaliter indita, ideoque et semper in ipsa manens; sed quandoque imperfecta, quandoque vero perfecta per actus”. No francês: “Et cette sorte d’idonéité est connaturelle à l’âme et mise en elle naturellement; par conséquent, elle demeure toujours en elle, parfois [en tant qu’]imparfaite, parfois [en tant que] parachevée par l’acte”. Translatio. Caderno de resenhas do GT História da Filosofia Medieval e a Recepção da Filosofia Antiga http://gtfilosofiamedieval.wordpress.com/resenhas/ ISSN 2176-­‐8765 Vol. 3 (2011)


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