Revista USE - 2ª edição

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Revista USE: Existe um melhor horário, dia ou período para suas criações? J. Mangabeira: O relógio não me limita. Tem dias que eu não faço nada, estou travado. Mas tem dias que eu pinto de maneira explosiva. Agora, o melhor é a catarse. A hora que você termina. Eu olho para a tela e pergunto “foi bom para você?” (risos).

R U: Quando desenvolveu sua primeira tela? J M: Em 2001 pintei minha primeira tela. Era um peão, de criança. Gastei 15 minutos para vender, depois que acabei. Mas eu também fui professor de cursinho (pré vestibular) por mais de 20 anos, e para descansar dessa minha rotina, que era de segunda à segunda, eu peguei uma parte do dia para fazer o que eu queria, que era pintar.

R U: Suas obras possuem características específicas como, por exemplo, a combinação entre cores suaves e detalhes em cores vivas e vibrantes. O que espera transmitir com sua arte? J M: Você pode observar que toda tela minha tem um círculo disfarçado. Eu adotei o círculo. Por que ele não tem começo e nem fim. Representa o infinito, e a nossa vida tem infinitas possibilidades. Outra mensagem que eu passo nas minhas obras, é que tudo tem uma janela. O que são janelas? São pontos de fuga. Por pior que seja a vida, por pior que seja a situação, há sempre uma saída. Você sempre vai ver um ponto de fuga na minha obra.

R U: Seus primeiros quadros foram pintados a partir das técnicas de pátina. Ao longo dos anos, que outras técnicas desenvolveu e passou a utilizar? J M: Óleo sobre tela. A minha pintura é muito eclética, porque eu gosto da mistura de elementos. Eu trabalho com tinta, ferro moído, materiais que as pessoas normalmente não utilizam. Por que eu gosto desse encontro da criação, da construção da obra, e tem também a arte digital.

R U: Como e quando você se descobriu artista plástico? J M: Desde os meus 12, 13 anos eu trabalho com as mãos e com criatividade. Minha primeira casa, eu comprei fazendo sandálias trançadas. Eu fui criado na fazenda, em roça e eu tinha aquela coisa de ver a cor da palha de milho – você já viu que bege mais lindo? A inspiração do pôr-do-sol, que cores! Já parou para imaginar quantos tons de verde existem em uma árvore? Isso ia me fascinando e eu sentia necessidade de reproduzir de alguma forma. E consegui! R U: Qual a sua cor preferida? J M: Amarelo. E eu uso pouco, mas é minha cor.

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R U: Como você se descreve enquanto artista? J M: Contemporâneo e com traços de primitivismo. Por que quando eu exploro tonalidades, estou trabalhando o subconsciente das pessoas. R U: Quais são suas referências artísticas? J M: Tudo que é belo, todo artista que pinta algo bonito é uma referência. Se eu falar de um artista em especial, eu vou estar ferindo outros. Mas posso dizer que tenho admiração por Giovana Osmarini, que é uma artista da minha região e trabalha com um vermelho perfeito. (Só ela tem aquele vermelho!). E também, Ezio Monari, que pinta arte sacra no cubismo. R U: Quais são as temáticas mais exploradas em suas telas? Por quê? J M: Horizontes. Fico feliz ao pinta-los.


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