Revista Unit 09

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BULL DOG

André Campos, 24, estudante de Direito e professor de jiu-jitsu, é um cara que curte cachorros, tanto que acabou virando criador de bulldogs ingleses. André me convida para sentar à mesa, enquanto organiza uma pequena bagunça no local. Notebook, cadernos e caneta. Em poucos minutos, entra na sala o cachorro mais mal encarado que já vi na vida. E olha que eu tenho um rottweiler... Esse é o bulldog Make. Os olhos são quase esmagados por tanta pele, as dobrinhas começam na cabeça e param perto da boca, formando duas grandes bochechas caídas e imponentes. As orelhas são pequenas, com uma leve dobra. O focinho é desproporcional ao formato do rosto e a boca também o acompanha nessa simetria desregulada. Não existe “lábio” superior, apenas um contorno preto indicando que ali tem uma boca e quando está aberta, é

possível ver pequenos dentes da arcada inferior, que dão ainda mais charme à expressão mal humorada de Make. Sem contar no tamanho do cachorro... Ele é de baixa estatura, patas curtas e bem encorpado. Percebendo uma agitação na sala, o pai de André senta-se conosco na mesa. Ambos falam pausadamente, gesticulam suavemente com as mãos e explicam os detalhes das histórias com pitadas de técnica de cuidados com cães. Bem coisa de criador. Eles explicam que o primeiro bulldog foi o Bóris, depois vieram o Make, a Megg e a Angel. Os outros dois são filhotes que serão vendidos. Enquanto o pai de André explica o surgimento do canil, André acaricia Make, que está deitado no chão. Aproveito para questioná-los sobre o comportamento de Make. “Ele é tranquilo, pena que é mui-

to preguiçoso, igual ao meu pai”, André comenta rindo e olha para o pai, que complementa a falta de resistência do cachorro em fazer exercício. Ele explica que os bulldogs são calmos e companheiros, apesar de teimosos, e não sobrevivem por conta própria. Tento me aproximar de Make. Ele ainda está deitado no chão e, dessa vez, me deixa passar a mão em sua cabeça sem fazer bagunça. O pêlo é macio e brilhoso. A respiração é quase ofegante, o que me faz lembrar da pug. Até que eles têm algumas coisas semelhantes... O focinho e as dobras se parecem. Chego ao final da entrevista e concluo que tanto André como Make são na verdade pura aparência. André é um cara simpático e calmo, completamente ao contrário do estereótipo de lutador, e Make é carinhoso e sem noção de seu tamanho. revistaunit.com.br

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