Revista T&C Amazônia - Edição 18

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A perspectiva de exportação de produtos florestais pela costa do Pacífico baseada no desempenho logístico das rodovias que ligam o Acre ao Sul do Brasil

balanço do setor florestal do Estado mostrou que, aproximadamente 16% do PIB correspondem ao setor florestal (SEPLAN, 2008). Com estes números justifica-se que a eficiência do setor de base florestal necessita estudos sobre logística e transportes. Não somente pelo significado de desenvolvimento que o setor de transportes representa para a região, mas também a importância da construção de estradas, como agentes precursores da alteração dos fluxos e investimentos de capital que alavanca a economia da região amazônica. Bronoski, 2007 conclui em seu trabalho que a representatividade do frete nos custos logísticos e no melhor desempenho das empresas com produtos de maior valor agregado são os fatores mais importantes na eficiência logística na gestão de suprimentos da indústria de compensados, reforçando a importância de estudos em outras regiões do país. Análises sobre temas inéditos e pouco conhecidos, como o caso dos corredores de transporte entre o Estado do Acre e a Região Sul e Oceano Pacífico são passíveis de aplicação prática e útil para o planejamento e alocação de investimentos em ações que abranjam a região. As variáveis logísticas de custo do frete e barreiras alfandegárias podem a primeira ordem não parecerem vantajosas, no escoamento através do Pacífico, mas na composição dos custos o tempo de viagem no mar pode reduzir drasticamente, melhorando assim o desempenho logístico. O transporte via fluvial pelo Rio Madeira até o Rio Amazonas com destino a exportação através de portos como o de Belém no Pará, não é frequentemente usado. Isso se deve a constantes dificuldades de preenchimento no formulário dos Documentos de Origem Florestal (DOF) emitidos pelo órgão estadual de meio ambiente - Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC) -, que por exigência do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), devem ser preenchidos com as rotas a serem percorridas pelo transportador. Logo que saem da indústria os transportadores devem estar munidos de DOF preenchido com rota e dados do veículo transportaT&C Amazônia, Ano VIII, Número 18, I Semestre de 2010

dor, o que gera impasses no preenchimento, visto que não é possível prever na saída da indústria qual balsa realizará o transporte fluvial. Isso, aliado aos altos custos cobrados pelos intermediários, justifica o fato de que nas indústrias florestais acreanas verifica-se que 100% do escoamento se dá através dos portos de Paranaguá e Itajaí, cada um respondendo aproximadamente por 10% e 90% das exportações, respectivamente.

Logística doméstica do Estado do Acre O Estado do Acre se divide em duas mesorregiões: a mesorregião do Vale do Acre e a mesorregião do Vale do Juruá, onde cada uma apresenta sistemas de abastecimento diferentes, ou seja, predomínio de transporte rodoviário e fluvial, respectivamente. O Estado do Acre possui como eixo de integração com o país, a BR 364, a qual percorre todo o Estado, porém não está completamente pavimentada, não permitindo assim a ligação entre as duas mesorregiões. No Vale do Juruá, ainda predomina a importação de bens através dos portos dos Estados do Amazonas e Rondônia; enquanto que Rio Branco contribui com a exportação de artigos leves, como confecções e mercadorias perecíveis, principalmente verduras, através do transporte aéreo. Em Rio Branco o fluxo de mercadorias é constante devido a BR 364; em contrapartida, em Cruzeiro do Sul o fluxo de entradas de mercadorias é lento, pois depende de longas viagens pelo Rio Juruá. Na capital, os operadores logísticos transportam pouco mais de 40 toneladas por operação. Em Cruzeiro do Sul, estes transportam quantidades que variam entre 200 a 1000 toneladas, que tem como objetivo formar estoque para abastecer a microrregião e cidades vizinhas por longos períodos. Apesar de o transporte fluvial geralmente apresentar um custo mais baixo, a população de Cruzeiro do Sul se depara com alto custo das mercadorias, principalmente se comparadas com o custo dos produtos em Rio Branco, o que reflete no consumo da população, principalmente daqueles

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