Revista T&C Amazônia - Edição 01

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Pesquisa e Benefício Social - Uma Relação Possível?

damente qualquer assunto, o que faz parte da premiando pesquisadores, inclusive os do INPA, própria ciência, mas posso afirmar que há

que têm participado regularmente do Prêmio

comprometimento social, sim, pois cada vez

FUCAPI/CNPq de Tecnologia. Neste sentido,

mais passamos a nos preocupar com a questão vejo a iniciativa da FUCAPI com muita alegria, tecnológica, o que significa dizer que buscamos

pois está entrando em uma área em que estava

resultados práticos. Os institutos de pesquisa um pouco distante, as Ciências Humanas, o que da região não devem continuar sendo, como a fará cada vez mais representativa do pensaforam por algum tempo, claustros que afasta- mento e da tecnologia regionais. vam os produtores da ciência do seu objetivo, que é o homem e seu padrão de vida. À medida que a ciência sai dos seus claustros e ouve as demandas da sociedade, ganha cada vez mais valor e passa a ser mais respeitada. Neste contexto, o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) é um projeto que, na minha opinião, deve ser redirecionado com a perspectiva de integração entre a produção de conhecimento e sua aplicabilidade e contemplando a intermediação de empresários interessados em expandir o conhecimento acumulado a partir, principalmente, da biodiversidade existente na Amazônia. Se não nos assenhorearmos dessas riquezas – principalmente agora, na era dos estudos biotecnológicos das espécies -, interagindo com instituições de todo o mundo com as quais possamos fazer parcerias sem, no entanto, perdermos a liderança destes processos, e se não nos aprofundarmos nesta direção, biopiratas de todo o planeta vão cada vez mais entrar em nosso território e levar exemplares de nossa biodiversidade. Precisamos criar a “Calha Norte do Saber”, com mais educação, ciência e tecnologia, pois defendemos muito mais a nossa soberania com autonomia tecnológica do que com qualquer outro tipo de iniciativa. Precisamos, também, ser mais agressivos em relação ao

T&C – Qual a sua visão sobre a biopirataria, considerando-se que grupos empresariais estrangeiros estão utilizando a biodiversidade da floresta Amazônica, levando riquezas que poderiam gerar benefícios sociais para as populações locais? MB – Posso dizer que a biopirataria existe e está cada vez mais sofisticada. Uma das minhas estratégias como presidente do IBAMA será o de melhorar a fiscalização, utilizando métodos mais modernos, com a perspectiva de coibir cada vez mais o roubo de nossas riquezas. Porém, por mais que se aumentem o número de fiscais do IBAMA, será sempre pouco. A minha estratégia no combate à biopirataria será sensibilizar as comunidades amazônicas para que haja uma participação popular nesta luta. Só existe uma maneira efetiva de combate, que é por meio do crescimento do conhecimento existente nos institutos de pesquisas regionais, pois somente a fiscalização é insuficiente para controlar o problema. T&C – Qual o espaço que a Amazônia ocupará no novo governo brasileiro? MB – O tamanho dela: dois terços.

patenteamento daquilo que produzimos. A Estava assistindo à comemoração da vitória do FUCAPI tem muito a ver com esse processo, presidente Lula na Avenida Paulista e, num pois tem patrocinado possibilidades de evoluir, T&C Amazônia, Ano 1, no 1, Fev de 2003

discurso de improviso, ele citou sua preo45


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