Desenvolvimento e empreendedorismo afro-brasileiro

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Giddens (1991), uma das consequências da modernidade é que os indivíduos estão a todo o momento se desvencilhando das tradições, sejam elas de qualquer espécie, credo ou forma. Com os negros ou afrodescendentes não é diferente, posto que a referências que dizem respeito à construção das identidades são múltiplas e cambiantes e qualquer dimensão do mundo da vida serve a esse propósito, logo, o mercado e a consequente mercantilização de símbolos que servem à causa dos afrodescendentes têm nesse espaço e lugar um discurso de alteridade a ser considerado. O que estamos colocando em discussão é o aspecto sociológico que permeia as relações de consumo numa perspectiva que crê que essa produção voltada aos afrodescendentes, seja ela da grande indústria ou dos pequenos empresários negros e não negros, aponta para uma prática que corrobora no antirracismo. Assim, ao passo que estamos diante de uma motivação empresarial de um indivíduo que percebe de forma pragmática a questão étnico-racial e faz suas apostas comerciais para tirar melhor proveito disso, não significa afirmar que ela vai ter sucesso, ou que seu empreendimento esteja apenas conectado a uma questão mercantil, porque de fato não se trata apenas disso. Estamos em um contexto em que as questões de natureza étnico-raciais no Brasil fazem com que qualquer ação nesse solo implique irrigar questões como posicionamento, autoestima, formação identitária e uma gama de outras que dizem respeito ao cotidiano dos afro-brasileiros. Um evento como a Feira Preta é um exemplo de que a produção segmentada está em crescimento no Brasil. Revela ainda que há um grande potencial nesse processo contempo261


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