Desenvolvimento e empreendedorismo afro-brasileiro

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paração aqui nesta cidade. No Rio, quando eu estudava lá, nunca senti muito não. Aqui existe tanto na cor, quanto na classe (...)”6. Com a exceção de um, os demais nunca tinham participado de entidades de defesa do negro, nem mesmo conheciam alguma, mas ainda assim reconheciam a importância dos movimentos negros e de sua luta contra o racismo. Chamou a minha atenção a vontade demonstrada por todos de se unirem para melhorar sua atuação profissional e de romperem com o isolamento no qual se encontravam. A respeito, cito alguns trechos transcritos das entrevistas: “Toda união fica mais forte”; “a união faz a força”; “eu sou sempre a favor da coletividade, porque a gente vive numa coletividade” (MONTEIRO, 2001).

II. Mãos à massa: as associações para o empresaria do negro no Brasil

Há tempos, lideranças e intelectuais incentivam a criação de empresas por parte dos afro-brasileiros. Um bom exemplo está no professor José Pompílio da Hora. Em sua coluna intitulada A Voz da Raça, no jornal Quilombo de 28 de outubro de 1949, escreveu em sua crônica Aspecto reais da vida as seguintes palavras de incentivo à população negra: “(...) Nossa vida cívica advém de nossa prosperidade econômica. Quantas lojas de cidadãos negros temos? Quais os armazéns onde trabalhe o negro sendo ele o proprietário? Quantos bares ou casas de móveis de que ele é dono? Precisamos de tudo isto (...).”7 6 Sobre as relações entre raça e classe ver Fernandes (1978) e Ianni (1966). 7 Cf.: Pinto (1953, pg.281, nota 34)

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