projecto :: arquitectura
QUANDO OLHAMOS PARA ESTA CASA,
um “laboratório de arquitectura” onde os arquitectos
o que vemos? A natureza a explodir por todos os lados,
procuram “sublinhar os pequenos rituais do quotidiano,
domada, é certo, mas incrivelmente presente.
torná-los significantes” e “engendrar paisagens mentais
Mesmo sem pisar a terra fértil que rodeia a casa, quase
complexas a partir de estímulos visuais, tácteis,
podemos ouvir o sussurrar do vento a pentear as barbas
acústicos e aromáticos, paisagens que se transformem
dos coqueiros inclinados, ou sentir os leves grãos de
ao longo do dia, das estações e da vida,
areia, o sal do mar, que o vento transporta das dunas
como um organismo vivo”.
B L U E
D E S I G N
até aos caminhos de terra batida da aldeia.
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Patrícia Sousa e Vasco Correia, do atelier Camarim
A Casa Tropical é uma casa de férias para um casal
Arquitectos, procuraram com esta Casa Tropical
luso-brasileiro, que vive há 30 anos em Lisboa mas não
criar um “dispositivo sensorial” que permitisse a fruição
perdeu, como é lógico, a ligação ao Brasil. Nem desistiu
de “uma experiência condensada e sensual da natureza
enquanto não encontrou o seu pedacinho de paraíso
próxima e distante”. Embora muito diferente da sua
terrestre, neste caso Mundaú, “uma aldeia de pescado-
experiência anterior (que inclui, ainda que em trajectos
res autêntica, alheia às dinâmicas do turismo internacio-
separados, a colaboração em projectos residenciais
nal de outras praias do Ceará, rodeada por uma nature-
de gama alta, um hospital, um conservatório e um
za luxuriante e vasta”, conta Patrícia Sousa. “Viram ali a
masterplan), a Casa Tropical inscreve-se no ethos
possibilidade de um estilo de vida ligado à água, à na-
do atelier fundado em 2007,
tureza, às pessoas, a todas as coisas que mais prezam.