Revista Ordem dos Médicos Nº131 Junho 2012

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É impossível fazer a recuperação económica do país se não tivermos uma população saudável – João Nabais (APDP)

É necessário combater a discriminação e o estigma e fazer pressão sobre a indústria farmacêutica para termos medicamentos a custos comportáveis – Pedro Silvério Marques (GAT)

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lenta, referindo que esteve 25 anos sem o correcto diagnóstico, resultado do adiamento da referenciação que acontece, nomeadamente, com os doentes que residem fora dos centros urbanos. «Neste momento os doentes estão a sentir dificuldades no acesso em resultado do aumento das taxas moderadoras porque a espondilite anquilosante tem efeitos secuntários e está associada a outras patologias, o que origina a necessidade da consulta em várias especialidades». A crise e o aumento generalizado dos preços tem posto em causa a sobrevivência da associação. A falta de reumatologistas nos hospitais é uma realidade que dificulta o acesso. Hernâni Costa defendeu ainda a necessidade de uma maior integração dos cuidados primários e secundários com vista à promoção do diagnóstico precoce. João Cunha da PSOPortugal - Associação Portuguesa da Psoríase enquadrou a patologia no contexto da sua manifestação reumática e explicou que a associação visa informar e tentar evitar a descriminação que se verifica e que um trabalho muito relevante foi pugnar pelo reconhecimento da doença como crónica. Especificamente no que se refere a terapêuticas inovadoras o acesso é dificultado e o recurso a cremes (hidratantes, essenciais aos doentes) não é considerado como parte do tratamento. A associação realçou que já existem alguns hospitais que têm consulta de psoríase mas que o acesso ainda é difícil. João Cunha realçou que, depois de terem visto o reconhecimento da doença como crónica, muito importante é agora a revisão do estatuto do doente crónico. Reconhecendo que havia desperdícios inaceitáveis só porque alguns medicamentos eram fornecidos de forma gratuita, o representante da PSOPortugal defendeu que «os medicamentos 100% comparticipados são uma porta aberta para o desperdício». Sobre as relações com a indústria farmacêutica, este interveniente não hesitou em referir que as associações têm que resistir às pressões e manter

o respeito pela defesa dos doentes que representam. No diálogo que se seguiu a este painel, Manuel Abecasis, presidente da ANEM – Associação dos Estudantes de Medicina, explicou o projecto que está a desenvolver que se pretende promover a humanização dos cuidados de saúde. «Mais humanos» realiza-se em Novembro de 2012 e em breve divulgaremos na ROM mais informação sobre este encontro. A ANDAR convidou a ANEM a estar presente, na última quarta-feira de cada mês, nas reuniões com os doentes, incentivando assim os futuros profissionais a um contacto mais precoce com aqueles que têm que estar, efectivamente, no centro do sistema. No painel relativo a associações representativas de doentes com cancro, o primeiro interveniente foi Teresa Nunes da Liga Portuguesa Contra o Cancro que começou por explicar que falava enquanto doente de oncologia e voluntária do Movimento Vencer e Viver e explicou essa dupla experiência enriquecedora de ajudar e ser ajudada, motivar e ser motivada, tendo frisado que é fundamental «ser optimista e positivo». A Associação Portuguesa de Ostomizados, que fez no dia 7 de Julho 33 anos de existência, foi representada da parte dos doentes por Delmar Videira (que também foi um dos fundadores da associação) que relatou o seu caso para demonstrar as dificuldades que se enfrentam em termos


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