Revista Noz 4

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12 The Museum of Art Builds a House. Nova York: The Museum of Modern Art, 1949.

13 BLAKE, Peter. “MoMA House in the garden area”. Interim Report, 12 de maio de 1948. Arquivos do MoMA.

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ra americana” 11. Mas mais do que Levittown, o fantasma, em 1949, era um objeto industrial: a casa modelo pré-fabricada que a Companhia Lustron levantou naquele inverno, na esquina das ruas 52ª e 6ª, a apenas um quarteirão da entrada principal do museu. O MoMA não procurou competir, mas construir uma posição que pudesse apelar para aqueles cujas casas os separariam das massas, pudesse ter um ar de sofisticação e atualidade. Enquanto a entrada para a casa Lustron era grátis, mas acompanhada por um enorme fosso nas vendas, os visitantes poderiam entrar nos jardins do MoMA por meros 35 centavos e desfrutar não apenas de uma contemplação silenciosa da casa como uma obra de arte – guiados, claro, por uma brochura bem desenhada –, mas também experimentar uma casa de planta aberta, expansível, e uma demonstração, sem pressão, dos eletrodomésticos mais atuais da época, mobiliário moderno disponível pela Knoll (projetado por Saarinen e Breuer), uma vasta gama de novos produtos, particularmente para a cozinha, e até uma linha de brinquedos infantis modernistas fornecidos pela loja Creative Playthings. No que diz respeito à arquitetura, o museu estava mais interessado em educar os visitantes do que em fazer alianças com a indústria: “O problema que o museu apresentou ao Sr. Breuer foi o de projetar uma casa de custo moderado para um homem que trabalha numa cidade grande e comuta para uma chamada “cidade-dormitório”. [...] Como o museu sente que os problemas práticos que confrontam potenciais construtores de casas são frequentemente mal entendidos, solicitou ao Sr. Breuer que demonstrasse quanta boa moradia e quanto bom design podem ser comprados por quantos dólares. A casa no jardim do museu não é uma casa mínima. É uma solução customizada, projetada por um arquiteto para uma família de renda média. O Sr. Breuer e o Museu acreditam que o problema da moradia mínima deve ser resolvido primeiramente em termos industriais, que não são da alçada de um museu de arte.” 12 Enquanto é duvidoso que Breuer partilhasse dessa filosofia completamente, dada a extensão à qual ele havia aplicado suas energias há apenas alguns anos antes em modelos para habitações industrialmente reprodutíveis, ele também estava percebendo a extensão à qual o arquiteto, como concretizador do sonho de um cliente, era um ponto inicial valioso para encontrar clientes interessados em desenvolver suas próprias variações pessoais da sua casa. Ao vendê-la para a administração do Museu – cinco depositários, incluindo Philip Johnson, Conger Goodyear e Sra. J. L. Rockefeller III, já haviam contribuído cada qual com US$5.000 – Blake engendrou a filosofia prevalecente: “Houve quase o que equivale a uma conspiração entre as revistas e seus assessores em não dizer ao público sobre os custos da construção. Propôs-se que esta casa deve competir em custo com qualquer casa rural pequena, única, projetada por arquiteto. Claro que não podemos competir, no museu, com habitações produzidas em massa como as que Levitt constrói em Long Island, ou os custos anunciados de casas pré-fabricadas.” 13 Ele estimou que os custos estivessem em torno de US$17.000 e US$18.000 – ou seja, quatro vezes mais que o preço de uma casa em Levittown. Construída por David Swoope, um construtor e empreendedor de Westchester County, a característica mais inovadora da casa – que, de outras formas, era uma versão mais reduzida e mais conservadora dos projetos iniciais de Breuer – não eram as laterais verticais em madeira cipreste, o telhado borboleta com sis-

Em casa no museu?

11 GILL, Brendan. American Gift (The New Yorker). 5 de março de 1949, p. 23.


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