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Entre 1997 e 2010, o Museu foi reunindo uma coleção de objetos de origem estrangeira que ajudam a retratar “o nosso caminho enquanto seres humanos no combate à doença”, afirmou o historiador e diretor da instituição, João Neto. Localizado na zona industrial da cidade do Porto (na rua Eng.º Ferreira Dias), o Museu da Farmácia – Porto foi projetado de raiz para receber peças que ajudem a “transmitir conhecimento”, explicou João Neto. Existem largas centenas de artefactos dispostos de forma cronológica, que explicam a evolução da Saúde e, consequentemente, da Humanidade ao longo dos milénios. “Aqui não existem fronteiras. Quase todas as culturas e civilizações estão representadas no Mu-

seu, pelo menos as mais significativas da história da humanidade”, reforçou. João Neto, conhecido pela alcunha “Indiana Jones da Farmácia”, é um dos fundadores do projeto em Portugal. Como entusiasta historiógrafo da Idade Média e das Cruzadas, o diretor da instituição

foi o principal angariador da maioria dos objetos que agora estão expostos. O único requisito museológico é a “cura”, adiantou, acrescentando que necessita de “estar constantemente de radar ligado” para expandir o património do museu. “Quando comecei a planear o museu, nunca pensei nele como um local exclusivamente dedicado à Farmácia; nem isso me foi pedido. O enfoque é a Farmácia, mas é preciso representá-la dentro de um todo que é a Saúde”, precisou João Neto. Do espólio fazem parte peças oriundas de civilizações tão antigas e distantes como a Mesopotâmia, o Egito, a Grécia, os Incas ou a Síria. É a partir destas peças, algumas com largos séculos de idade, que os progressos são contados. “O museu mostra a luta contínua do ser humano contra a doença, combatendo-a para viver melhor e procurando formas de se antecipar ao seu aparecimento”, referiu o historiador. Segundo o director do museu, o legado da Farmácia portuguesa está representado através da reconstituição da icónica Farmácia Estácio, tal como existiu durante décadas na Rua Sá da Bandeira, no Porto. O nome advém do farmacêutico Emílio Faria Estácio que, em 1883, fundou a Farmácia Estácio em Lisboa, chegando ao Porto apenas na segunda década do século XX. Inaugurada em 1924, este novo espaço, situado na famosa rua da baixa portuense, tornou-se célebre devido à sua “balança falante”, que anunciava o peso de quem a usasse. Hoje em dia, pode ser observada numa das divisões do Museu da Farmácia – Porto, adornada com frascos de medicamentos da época, ajudando a realizar uma viagem até ao passado. Ainda neste segmento histórico, o espaço passou a integrar, em 2015, uma farmácia islâmica do século XIX, proveniente de Damasco, capital da Síria. Aqui, ao contrário do que acontece nas farmácias portuguesas, não se conseguem visualizar os medicamentos comercializados na época. Esta estrutura, que outrora fez parte do interior de um palácio, é feita em madeira, pintada com cores vivas e decorada com espelhos e paisagens naturais. Foi adquirida para enriquecer a coleção do museu, representando a forma como as doenças eram tratadas no Médio Oriente. “Neste


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