Revista Morashá - ed 107

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atualidade

“Estou muito orgulhosa do que fez meu país”, afirmou Magda Haroun, presidente da Comunidade Judaica do Cairo, durante a cerimônia de reinauguração da Eliyahu Hanavi. Com lágrimas nos olhos, ela disse que tem lutado por anos para preservar a herança judaica no Egito e nunca imaginou que o governo destinaria tantos recursos para reconstruir o edifício. “Eu serei a última mulher judia do Egito a fechar a porta da sinagoga”. Ela relembra o que lhe disse sua mãe, em 2017, do alto de seus 91 anos: “Os judeus viviam no Egito desde a época dos faraós. Você quer que desapareçam séculos de História? ”.

o antissionismo é um tópico quase diário na mídia egípcia.

Restaurando a Sinagoga Eliyahu Hanavi Uma das maiores do Oriente Médio, a Sinagoga Eliyahu Hanavi é uma das duas sinagogas ainda existentes na cidade. Como vimos acima, a sinagoga data do século 14 e foi reconstruída em 1850. Essa reconstrução contou com doações da dinastia Mohammad Ali. Com capacidade para 700 pessoas, funcionou precariamente até meados de 2012, quando foi fechada por razões de segurança. Desde então, o edifício foi-se deteriorando ainda mais até que, em 2017, o Ministério das Antiguidades do Egito destinou recursos para reparos e restauração do edifício. A obra faz parte da política de recuperação da herança cultural e religiosa do país para promover a indústria do turismo e custou US$ 6,2 milhões. Em 2018, a Eliyahu Hanavi foi incluída no World Monuments Watch, com o intuito de manter viva a memória da outrora florescente comunidade judaica egípcia. A restauração da sinagoga foi ampla e lhe restituiu o esplendor. Incluiu

a fachada, a decoração interna e externa e o sistema de iluminação. Em seu interior, pode-se ver o piso de mármore e as imensas colunas cor-de-rosa no salão principal. Nas cadeiras, placas com o nome dos fiéis que costumavam participar dos serviços religiosos e festividades, além de uma ala para mulheres. Espaços abertos no piso permitem visualizar as estruturas das construções anteriores. Para os judeus egípcios, a Eliyahu Hanavi ainda é o símbolo do seu legado comunitário. Para o governo, uma ferramenta para demonstrar a pluralidade histórica nacional, que permitiu que diversas etnias e comunidades religiosas outrora vivessem e trabalhassem juntas. 62

Sentada em um dos bancos de madeira restaurados, Yolanda Mizrahi diz ser a única da sua família que não deixou o país. “Este é meu país, eu pertenço a este lugar. Por que deveria partir? Espero que a minha família venha visitar a nossa sinagoga, em breve”. Para ela, o principal responsável pela revitalização da Eliyahu Hanavi é o presidente Abdel Fattah al-Sissi. “Se não fosse por ele”, diz, “esta restauração jamais aconteceria”. Em 2018, o chefe da nação determinou como prioridade de seu governo a preservação dos locais de orações dos judeus e coptas cristãos.

Volta às origens A ideia de organizar a visita de judeus de origem egípcia à sua terra natal surgiu quando foi anunciado, há três anos, o projeto de restauração da sinagoga. Sob forte esquema de segurança, a delegação participou, na sexta-feira à noite, do serviço religioso na Eliyahu Hanavi. Antes do serviço foi colocada uma mezuzá no umbral interno da porta principal. Entre os membros da comitiva, o rabino Andrew Baker, dos EUA, e o


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