Revista MÊS, edição 15

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cidades disseram que com “essa aproximação do governo municipal e estadual” ficou tudo mais fácil. Nesse quesito, a

população do bairro também confessa ter receio. Os moradores que conversaram com a MÊS temem que a

operação seja apenas algo passageiro, que não dure por muito tempo, principalmente, depois das eleições.

Uberaba A reportagem da Revista MÊS esteve no bairro Uberaba para constatar a atividade da Unidade Paraná Seguro (UPS) e conversar com moradores. Veja como é a UPS e a opinião dos moradores sobre a ação. Mais de cinco mil pessoas e veículos foram abordados na operação do dia 1º de março. Foram 34 mandados de segurança cumpridos, com a prisão dos principais traficantes e criminosos da área de Uberaba. No dia 08 de março, na região, foi instalada uma unidade fixa da UPS, com 65 policiais se revezando, desde então, no policiamento do local.

outra na morte. Eu espero que melhore pra sempre, a gente sempre tem fé”, diz o comerciante Élio Ortiz Bernal Jr., que comprou uma venda no local há oito meses e já teve o comércio arrombado. Outra comerciante que ficou bastante animada com a presença dos policiais foi Maristela Santine Guelen, moradora do bairro e dona de um supermercado há 16 anos. “O pessoal entrava com revólver na mão. Agora deu uma acalmada, porque a coisa tava feia. Pra nós, foi bom. A polícia passa direto e os vagabundos sumiram por enquanto. Tomara que não voltem”, afirma.

A atuação da UPS fica restrita a apenas uma parte do No entanto, no dia da Operação a polícia foi protagonista bairro. A Rua Zacarias Gomes de Souza, BR 277, Avenida de “várias arbitrariedades que foram praticadas”, afirma Das Torres e Rio Iguaçu delimitam o espaço. “O maior a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da problema era o Uberaba de baixo, onde algumas vilas seção Paraná da OAB, Isabel Mendes. “Isso aí é mais estavam com violência instalada, duas grandes quadrilhas, comum do que a gente pensa”. Para ela, o maior problema uma de cada lado da linha ferroviáé ainda o medo de as pessoas denunria, estavam impedindo a instalação ciarem os abusos. “O que acontece é o 65 policiais militares de programas que a Prefeitura tinha temor, o medo”, analisa. fazem o policiamento desejo de instalar, porque a violência dessas gangues estava impedindo”, Um desses casos ganhou as páginas de parte do Uberaba, afirma o subcomandante-geral da PM, da imprensa de Curitiba. O servenatendida pela UPS Coronel Cesar Alberto Souza. te de pedreiro Ismael Ferreira da Conceição que sofreu tortura por parte Hoje, com a UPS instalada, o policiamento comunitário dos policiais militares no dia 1º de março. A PM investiga está começando. “Na casa, no comércio, quando está o caso e já apontou dois policiais sob suspeita dos abusos. passando na rua. A gente está criando um elo com essas Segundo o subcomandante-geral da PM, Coronel Cesar pessoas”, explica a tenente Caroline Costa, responsável Alberto Souza, o fato ocorreu no bairro Cajuru e não no pela UPS do Uberaba, referindo-se ao trabalho inicial da Uberaba, como na época havia sido divulgado. unidade pacificadora. Para denunciar outros casos, existe a Comissão de Direitos “Existem algumas pessoas que estão receosas, por esse Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná, contato da Polícia. Não estavam acostumadas a falar com no telefone (41) 3250-5700. Ou denuncie no Ministério policial. Por isso, aos poucos a gente vai quebrando esse Público do Paraná no (41) 3016-8693 e na Secretaria Naestigma da pessoa, demonstrando que o policial é uma cional de Direitos Humanos no Disque 100. pessoa que ela pode confiar. Outras pessoas estão bem mais receptivas, elas vêm até aqui, procuram o policial na viatura e relatam os problemas de segurança. E isso facilita muito nosso trabalho, porque a gente pode ser os específico e não empírico”, completa a tenente. vagabundos sumiram por A equipe da MÊS esteve no local e constatou que o polienquanto. ciamento é efetivo. No mesmo dia foi possível cruzar com Tomara que uma blitz para carros e motos, uma Unidade Móvel em não voltem” uma avenida movimentada do bairro e diversas viaturas circulando pelo local. Em conversa com os moradores e comerciantes, o otimismo é geral. “Eles [policiais] andam passando direto. Antes você via uma viatura na vida,

28 | REVISTA MÊS | ABRIL DE 2012

Roberto Dziura Jr.

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Maristela Guelen


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