Revista malagueta 04

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CONFEITARIA

Tradição, açúcar e afeto: eis a Confeitaria Pernambucana Por: Amanda Ferreira Fotos: Juliano Mendes da Hora

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um casarão nostálgico, de arquitetura original, está sediada a Confeitaria Pernambucana. De esquina, na principal avenida do bairro de Apipucos, os tijolos aparentes nas paredes, azulejos com arabescos originais no piso, lustres ao teto, mobília antiga e até a máquina registradora do caixa, podem nos transportar para o século XIX num piscar de olhos. O lugar de comidinhas pra lá de especiais, de sabor caseiro, mas com toda pompa dos quitutes portugueses, abriu as portas no Recife há poucos meses. É a realização de um sonho do empresário Sérgio Poggi, proprietário da casa, mas primeiramente tataraneto de Dona Maria Rosalina Monteiro da Cruz, forte inspiração para a abertura do estabelecimento. “Cresci ouvindo falar dos doces caseiros como ambrosia, baba de moça e muitos outros que decoravam as cristaleiras do palacete onde minha tataravó morou, no bairro da Soledade”, lembra Sérgio. As criações de Dona Maria sempre reuniram ao redor da mesa os filhos, netos e bisnetos. Elas ultrapassaram o tempo e foram encontradas num caderno repleto de criações, daquelas que dispensam (mas não desmerecem) as super técnicas da culinária

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contemporânea e revelam segredos como o ponto da massa molhadinha do típico Pastel de Nata, por exemplo.“De Maria em Maria, as criações da minha tataravó chegaram em minhas mãos e eu não poderia desperdiçar este tesouro”, conta Poggi. Cada folha deste relicário guarda tradição, mas, sobretudo, conta a história de uma cozinha de afeto, reproduzida, hoje, na Confeitaria Pernambucana de Sérgio. Ele mesmo se responsabiliza de colocar a mão na massa e executar em casa, sob sigilo, as receitas da sua grande inspiradora. Para a tarefa nada fácil, ele conta com a ajuda de sua mãe, Maria de Fátima, neta da matriarca que deixou um verdadeiro patrimônio para a família e agora para os recifenses. Mãe e filho preparam tudo à risca e já levam os recheios prontos para serem usados nas bases dos doces. Delícias conventuais da doçaria portuguesa à base de ovos, leite e açúcar preenchem o cardápio da casa, mas apesar da predominância ibérica, também notamos o toque brasileiro e até pernambucano nas criações da dupla. É o caso do coco, cana e mel de engenho. Dentre as delícias da casa, podemos mencionar Pastel de Belém, Pastel de Nata, Pastel de Tentugal, Pastel Santa Clara,


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