Revista LiteraLivre 8ª edição

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LiteraLivre nº 8 – Mar/Abr de 2018 fetiches que ela tinha. Foi uma delícia e quando eu estava voltando para dentro de casa, um raio caiu. Agora eu só tinha mais quatro. Morri pela quarta vez no Madison Square Garden durante um show de Simon & Garfunkel. Um baita público por sinal, mas aparentemente sem nenhum médico. Eles estavam tocando “The sound of silence”, a música predileta de Jéssica, minha noiva, e uma das minhas canções prediletas também quando eu simplesmente enfartei e morri. De novo! Depois veio Fernanda e aqueles cachinhos, uma adorável tagarela que sonhava descobrir onde Elvis estava escondido. A garota mais engraçada que já conheci. Passamos a semana inteira indo a uma dessas redes de fastfood que estavam dando bonequinhas cabeçudas. Fernanda queria todas as bonequinhas e então na quinta-feira, depois de uma de suas muitas gracinhas que ao cair na gargalhada, me engasguei e morri sufocado com a droga de um hambúrguer. A sexta vida eu perdi depois de conhecer Rebecca, a bibliotecária da faculdade. Uma mulher linda, inteligente e elegante. Uma das paixões mais arrebatadoras que já senti. Mas ela não me quis e pela primeira vez, experimentei o pior de todos os sentimentos humanos, a rejeição. Morri de tristeza. Estou na sétima e última vida. Já conheci uma garota legal e acho que já estou me apaixonando. É, eu sei, eu sei. Logo eu vou morrer pela última vez. Não haverá outra vida, outra chance, outra oportunidade. Eu morrerei e será o fim de uma vez por todas. Paciência! Fico pensando nos gatos, será que eles se apaixonam por sete vezes? Se for esse o caso, felizes são os gatos.

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