Revista Lampião - Nº 2

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Dia 1 Lollapalooza. Apesar de eu não conhecer a banda, fiquei encantada com o som e com as vozes dos australianos, além da presença de palco do vocalista. Eles conseguiram mesclar tristeza melódica com animação de forma bem equilibrada e cativaram muito o público (boa parte formada por fãs de The Killers que já esperavam o show dos americanos). Saí no final do Temper Trap para atravessar o vale da lama de volta ao palco Butantã a fim de ver Cake, apesar de metade do meu grupo de amigos foi ver Crystal Castle. Mesmo com o palco Perry atrapalhando e muito o som com as músicas eletrônicas e de o telão de fundo do palco ter uma imagem de montanhas com neve, a banda levantou a plateia e fez todo mundo cantar e dançar com covers e as músicas próprias. O som deles estava bem baixo, mas um vocalista bom faz toda a diferença: a banda, muito talentosa e animada, interagiu muito com o público (o que ganhou meu coração) e superou minhas expectativas. Daí para frente eu tinha quatro vontades: ver Passion Pit, ver The Killers, comer e fazer xixi. Passion Pit demoraria cerca de uma hora para começar e The Killers umas duas horas e meia. Logo, fui comer. Enquanto deliciava minha pizza sabor oito reais (!), assistia à coisa bizarra que foi o show do The Flaming Lips (o vocalista chegou a dizer que seria muito legal se um avião caísse ali no Jockey). Foi a decepção do meu dia, porque, pelo que eu conhecia da banda, julgava que o show seria bom. Terminei minha pizza e corri dali para fazer xixi. Além da fila de mais de meia hora, o banheiro estava nojento. Não tinha condições de se apoiar em canto algum, que dirá utilizar o que sobrou de papel higiênico nos banheiros químicos. Quando saí do banheiro, os primeiros acordes de Passion Pit estavam ecoando pelo palco alternativo. Apesar da minha enorme vontade de assistir à banda, decidi que queria ficar num bom lugar no show do The Killers, afinal es-

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havia tempo, tínhamos que correr pelo Queens. Com esse mesmo pensamento, várias pessoas foram mais rápidas e não podemos ficar tão perto. Entre os sucessos estiveram “The Lost Art of Keeping a Secret”, “No One Knows” e “Burn the Witch”, estas duas últimas tiveram seus solos de guitarra “cantados” pela plateia. Acho que é meio comum para nós brasileiros fazer isso. Carismático, o frontman Josh Homme brindou com a plateia antes do animado “Little Sister” e fazia questão de avisar quando

a música era de amor, como em “Make it Wit Chu”. Impecável nos tons graves e instigante, o QOTSA fez um show digno de atração principal, como muitos disseram. Foi uma experiência envolvente e ainda com um presente, a inédita “My God is The Sun”, do novo CD “...Like a Clockwork”. Após um ano e meio sem tocarem juntos, a banda honrou o nome, foram “reis” e reafirmaram seus rock chapado que conquistou tantos jovens. Fim do show, estava feliz. E agora, vamos esperar pelo Black Keys. Era a primeira vez do duo

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impressionante, mas também não é ruim de se ouvir. Em meio ao nosso cambaleante rock nacional, podemos dizer que é algo com potencial. O Planet Hemp subiu ao palco e fez o que se esperava. Comandada por Marcelo D2, a banda apresentou todos os seus maiores hits, sempre dentro daquela temática já tradicional e com um som exatamente como o que a banda fazia nos anos 90, como fez questão de falar D2 ao introduzir “100% hardcore”. Além do som, o Planet sempre foi marcado por opiniões de bastante impacto e, dessa vez, não foi diferente. O show teve um começo impactante, com “Legalize Já”, e, em determinado momento, BNegão gritou “Fora Feliciano”. Tudo isso criava um bom dia de festival em São Paulo, mas faltava alguma coisa para que as 60 mil pessoa presentes fossem embora rindo à toa. Essa “coisa” se chamava Pearl Jam. O repertório foi composto por todos os hits mais grunge dos norte-americanos, uma pequena homenagem à banda Ramones (que veio por meio da música “I Believe In Miracles”) e algumas daquelas belas músicas que agradam a todos. Mas não foi só o repertório que surpreendeu. “Evenflow”, “Jeremy”, “Alive”, “Daughter” e tantas outras obras-primas já seriam suficientes para deixar o público extasiado simplesmente por serem tocadas. No entanto, Eddie Vedder e companhia fizeram questão de o fazer maravilhosamente bem. O vocalista está com a voz em dia e impressionou a todos com sua performance, mostrando que ainda tem a energia de um garoto, e o resto da banda continua tão preciso e emocionante quanto sempre foi. Na música “Yellow Ledbetter”, Eddie costuma dizer “Me faça chorar” antes do solo de guitarra. Se ao fim do solo ele não estava chorando, com certeza não foi culpa do guitarrista Mike McCready, porque grande

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