Revista Giropop - Ed 25

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Centro de Vivências. A vida religiosa com os capuchinhos iniciou aos 12 anos e foi até os 23, quando saiu por opção. Ao se formar em filosofia durante este período, José conta que teve uma ruptura dogmática, onde tudo que parecia acreditar deixou de ser verdade. “Então precisei construir um novo conceito de realidade e buscar outras informações que estivessem além dos limites da igreja”, conta. Conheceu então a medicina chinesa, naturologia, filosofia oriental, a cosmovisão de alguns povos indígenas, as comunidades alternativas e uma boa variedade de correntes de pensamento e propostas de vida. Sua segunda grande experiência foi no ramo profissional. Durante 12 anos foi gerente em agências bancárias nos estados de Santa

Catarina, Paraná e até São Paulo. Segundo ele, este exercício profissional o ensinou a lidar com prazos, metas, resultados e liderança, mas não era isso que queria. Apesar de ter uma vida confortável, a grande escola da administração o fez perceber que se a vida fosse apenas trabalhar comercialmente, não haveria valores. “Percebi que não queria gastar a existência produzindo e comprando coisas. A vida é uma oportunidade de experimentar com sentidos físicos, pensamentos, sentimentos, movimentos e outros níveis de percepção”, afirma. Assim, desenvolveu um projeto do que queria e o que não queria para a sua vida. Ele conta que desenvolveu a cosmovisão, a relação consciente com o entorno onde

Rio Três Barras. abita, a produção e consumo de alimentos e começou a desenhar construções de um ambiente ideal para se viver. “Cada desenho que ficava bom eu colava na parede do quarto, cheguei ter três paredes forradas de desenho. Procurei por anos, o ambiente que preenchesse os pré-requisitos”. Conforme José, eram cinco os itens essenciais: rio, mata, montanha, rodovia próxima e cidade próxima. A busca pelo local se deu de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul, até que em 27 de fevereiro de 1999 encontrou o Monte Crista. Segundo ele, o ambiente era exatamente como desenhava, faltavam apenas as construções. O começo não foi fácil, além de ter que aprender a viver com novos valores, no começo era apenas ele

e seu filho pequeno. Porém, não demorou muito para organizar uma ecovila, assunto que já estudava há tempo. Com reuniões mensais e famílias de diferentes culturas, em 2003 criaram o estatuto e hoje 21 famílias vivem na comunidade. Segundo José, desde 2011 não há rotatividade de moradores e para entrar alguém, só se sair alguma família. Diferente de outras ecovilas do país, principalmente dos modelos instituídos na região nordeste do Brasil, ali cada família é responsável pela sua renda. “Há o trabalho comum a todos de cura, de se auto melhorar”, explica o idealizador. Além de moradia, a comunidade Monte Crista é um centro de treinamento, onde estão disponíveis terapias e eventos místicos, eco-

Revista Giropop | Fevereiro 2015 | 27


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