Foco dezembro 219

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Florian Madruga

ARTIGOS

Pedidos a Noel

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Foi longa minha carta ao bom velhinho. Desta vez não fiz nenhum pedido pessoal. Seguindo o exemplo de São Francisco de Assis, e de Francisco, o papa, pedi pelos outros. Lembrei a Papai Noel que 2014 será um ano importantíssimo para os brasileiros. Afinal, vamos ter Copa do Mundo, eleição e Fluminense e Vasco da Gama na segundona do campeonato brasileiro. Será, sem dúvida, um ano de muitas emoções. Comecei a carta pedindo a Noel que dê um jeito na Educação em nosso País. Que se pare de tanto discutir e escrever sobre a má qualidade do ensino no Brasil, e se parta, logo, para os finalmentes. Pedi ao bom velhinho que ele dê de presente ao Brasil escolas com o padrão FIFA, e mais, que o dinheiro fácil e farto que jorrou para a construção das arenas para a Copa do Mundo jorre, agora, para a construção das escolas. Implorei a ele que dê de presente a todos os professores do país um salário igual ao de gerente administrativo de hotel, para, quem sabe, eles poderem ensinar e os alunos, quiçá, decidam estudar. Supliquei que no saco de presentes dele tivesse uma varinha mágica para que todos os apenados desta terra do carnaval possam ter tratamento humano, igualitário, e condições humanas para cumprimento de suas condenações. Solicitei que também estivesse presente, o ano todo, nos pronto-socorros, nos ambulatórios, nas clínicas e enfermarias dos nossos hospitais públicos, amenizando o sofrimento, a discriminação, as humilhações por que passam milhões de brasileiros que buscam recuperar sua saúde. Dirigi-me a São Nicolau para não esquecer da nossa economia, que anda em tempos de pibinho, nos humilhando entre nossos vizinhos latino-americanos, e que em 2014 possamos ter

um pibão exuberante de fazer inveja aos nossos adversários da Copa do Mundo. Por falar em Copa, não esqueci de pedir ao barbudinho simpático que ele proteja a seleção de Gana, para que ela possa representar bem a África nos jogos do seu grupo. Para nossa seleção não pedi nada porque segundo as declarações do treinador, dos jogadores, dos comentaristas, além de cabeça de chave, nós já ganhamos a Copa por antecedência. Só falta receber a taça. Em poucas linhas expliquei a Papai Noel que teremos eleição ano que vem. Uma grande eleição. E pedi que ele faça os brasileiros entenderem que existem dois brasis. O da propaganda eleitoral, que é a coisa mais linda do mundo, onde tudo é colorido, funciona perfeitamente, onde todos sorriem e não há problemas. E o outro real. Do dia a dia cruel. Da degradação dos centros urbanos à deterioração da periferia. Que ele, o bom velhinho, tire do seu saco de brinquedos a varinha de condão da verdade para cada eleitor. Finalmente, fui portador de um pedido especial do meu amigo Brittinho, o anão sergipano, que frequenta a pastelaria da Rodoviária. Ele quer do Papai Noel, em 2014, na sua vinda do Pólo Norte, que passe na Suécia, traga uma loura de 1,80m, aproximadamente, para que o anãozinho possa desposá-la. Ele só faz uma exigência: que a sueca seja flamenguista. Para meus 19 leitores e meio – o anão lê a crônica –, um Natal Cristão e que 2014 seja melhor que o 13. DO GÊNIO DO JORNALISMO BRASILEIRO, ARMANDO NOGUEIRA: “É sempre melhor ser otimista do que pessimista. Até que tudo dê errado, o otimista sofre menos”.


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