O Livro do Ano 2011

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O HIV pode se encaixar em um recpetor CCR5

O vírus também pode se acoplar ao receptor CXCR4

Receptor CCR5 Receptor CD4

Receptor CXCR4

Cálula do sistema de defesa

2. Para invadir uma célula, o HIV faz conecções com receptores existentes na superfície celular. A reação funciona como a relação de uma chave e um cadeado. Cada tipo do vírus possui uma chave com formato diferente, que abre um cadeado específico. O vírus se liga primeiro a um receptor chamado CD4 e depois a um segundo, que pode ser o CCR5 ou o CXCR4.

Cálula do sistema de defesa

3. Uma mutação genética, presente em 1% da população de descendência europeia, confere resistência à Aids. Essas pessoas não possuem, em suas células de defesa, o receptor CCR5, que é utilizado pelo HIV para invadi-las. Como não consegue entrar na célula, o vírus também não consegue se reproduzir.

Doador com mutação genética Célula-tronco doada (capaz de originar vários tipos de célula) Paciente portador de leucemia e HIV Célula com receptor CCR5

Vírus HIV

Célula de defesa herdada do doador

TERAPIA E PREVENÇÃO. Encontrar uma vacina que impeça a contaminação pelo HIV é outra meta dos cientistas que estudam a Aids, mas os resultados nunca foram muito promissores. O que anima os pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Infecções dos Estados Unidos é a descoberta de dois antígenos, batizados de VRCO1 e VRCO2. Eles impediram, em laboratório e com eficácia inédita, a infecção de células humanas em mais de 90 tipos do HIV que existem hoje. Os anticorpos foram descobertos no sangue de soropositivos e são produzidos naturalmente pelo organismo dos pacientes. Com a descoberta, os cientistas começaram a desenvolver uma vacina que pode induzir o sistema imunológico humano a produzir anticorpos neutralizadores semelhantes aos antígenos VRC01 e VRC02 em grandes quantidades.n

4. Os pesquisadores alemães submeteram Brown ao tratamento de sua leucemia, que consiste no transplante de células-tronco da medula óssea. Além de geneticamente compatível, os médicos conseguiram encontrar um doador que tinha uma mutação que lhe conferia resistência ao HIV.

5. Após o transplante, Brown começou a produzir dois tipos de célula. As que tinham o receptor CCR5 foram infectadas pelo vírus para sua reprodução e destruídas. As que não tinham o receptor, herança do doador, não foram afetadas pelo HIV 6. Assim, as células do sistema imunológico que não continham o receptor foram recuperando o nível normal. O número de anticorpos contra o HIV foi diminuindo até não poder ser detectável, o que significa que o vírus não era mais uma ameaça ao paciente. Brown teria alcançado a cura

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Tecnologia

A cepa do HIV que encaixa com o receptor CCR5 não consegue invadir a célula Receptor CD4 Receptor CXCR4

com entusiasmo, mas a comunidade científica não considera que seja uma forma promissora de tratamento em longa escala. Isso se deve a vários fatores, dos quais os principais são a raridade de pessoas portadoras de tal mutação — presente em apenas 1% a 3% da população branca de ascendência europeia — e ao alto risco representado pelos transplantes de medula — um terço dos pacientes morrem durante o procedimento. Mesmo com tais ressalvas, a descoberta é um grande avanço na luta pela cura da Aids. Os estudos futuros devem se ater à proteína CCR5 e ao seu papel na cura da doença. A teoria dos cientistas é de que seja possível inibir a produção da CCR5, o que impediria que o HIV entrasse nas células dos infectados. Ainda não se sabe como isso seria possível, mas a aposta é em terapia genética ou em transplantes.


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