Revista Dasartes 89

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À direita: Painter Working, Reflection, 1994.

Ele estava curioso para examinar seu próprio corpo, expressão e condição psicológica.

Quando foi revelado, (1994) foi imediatamente reconhecido como um dos grandes autorretratos da arte do pós-guerra e uma das realizações mais profundamente comoventes de Freud. Este ensaio examinará a produção dessa pintura notável e seu lugar na obra de Freud. Freud vinha pintando e desenhando sua própria imagem há mais de meio século, desde a adolescência. Pouquíssimos artistas na história da arte produziram autorretratos durante um período tão longo de tempo. Como Rembrandt, de quem Freud era um grande admirador, ele produziu pelo menos um autorretrato em cada período-chave de sua vida. Eles fornecem um registro fascinante de seu estado de espírito em certos momentos, das mudanças em sua técnica ao longo do tempo e dos riscos que ele estava disposto a assumir, tanto na vida quanto na arte, em prol dessa obra. Talvez haja duas razões principais pelas quais Freud continuaria a perseguir essa narrativa em primeira pessoa ao longo de tantos anos. Por um lado, ele estava interessado em entender e experimentar o escrutínio, o tédio e o rigoroso processo físico ao qual seus modelos eram rotineiramente sujeitos. Por outro, ele estava curioso para examinar seu próprio corpo, expressão e condição psicológica. Freud admitiu ter lutado com o autorretrato ao longo de sua carreira. Perguntado uma vez se ele era um bom modelo para si, Freud respondeu: “Não aceito as informações que recebo quando me olho e é aí que o problema começa”.

28 LUCIAN FREUD


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