BOOM MAGAZINE 2 - CAPA NX ZERO

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ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo: acompanhamos o evento! Saiba tudo!

Julho 2009 Ano um

#2 TEATRO

BROADWAY BRASILEIRA São Paulo se consolida como a cidade dos musicais

CINEMA DESTAQUES Wolverine Origens, Star Trek, Anjos e Demônios

MÚSICA

NA LOCADORA Crepúsculo, Marley e Eu, Perdidos pra Cachorro, Divã

LADY GAGA A queridinha das pistas

SHOWS Teatro Mágico

E MAIS: o que vêm por aí!

Heaven and Hell

OS MELHORES DA DÉCADA Separamos os dez melhores álbuns

ADA R T ES headrdo r ö NA t o Mo e b com diário dado! o

Noss

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ENTREVISTA

BRUNA SURFISTINHA

a ex-garota de programa que virou celebridade nacional

NX ZERO

DE OLHO NA CARREIRA INTERNACIONAL Entrevista com a banda mais badalada do momento


Opinando! EQUIPE BOOM! MAGAZINE CONSELHO EDITORIAL Gisele Santos Gustavo Dittrichi Ida Kazue EDIÇÃO-CHEFE Gustavo Dittrichi REDATORA PRINCIPAL Gisele Santos REVISÃO Gisele Santos Gustavo Dittrichi DIAGRAMAÇÃO Gustavo Dittrichi

SUPERAÇÃO É A PALAVRA! Enquanto eu recebia as pautas das matérias que iriam para a segunda edição da BOOM! Magazine, veio entre elas um e-mail de uma leitora da nossa revista, Roberta Soares (publicado na seção de cartas, página 4). Nele, ela elogiava a nossa iniciativa, indicando uma sugestão de reportagem do “Movimento SuperAção”, evento criado por jovens com o objetivo de estimular a cidadania das pessoas portadoras de deficiência através de ações sócio-culturais. Por falta de tempo, não conseguimos realizar essa reportagem, mas parando para pensar nisso, percebi que existem muitas formas de superação - e que conseguir trazer ao leitor a segunda edição da BOOM! Magazine foi um exemplo disso.

EQUIPE DE REPORTAGEM / REDAÇÃO Amanda Lopes Camila Calado Gisele Santos Gustavo Dittrichi Ida Kazue Silvia Fachim Tancredo Junior PAUTEIRAS Gisele Santos Ida Kazue COLUNISTAS Débora Podda Dona Lupa Juliana Negri Thiago Furlan COLABORADORES Estefani Medeiros Juliana Negri Luciana Matiazzo CARTUNISTA CONVIDADO Mauricio Rett ARTE E TRATAMENTO DE IMAGENS Gustavo Dittrichi FOTOS DE CAPA: Divulgação

Entre inúmeras tarefas, tendo de dividir o tempo entre nossos estudos, trabalhos e vida particular, passamos noites em claro tentando fazer a #2 superar nossa edição piloto. Depois de tanto esforço, eis que um problema com nosso disco rígido quase nos fez perder todo o trabalho - mas, novamente, nos superamos e contornamos a situação. Olhando agora para o resultado final, suspiro aliviado e fico contente em poder reunir tanta gente talentosa e tanta matéria interessante que eu, como leitor, adoraria ler em qualquer revista. Não foi fácil. Mas é com esse sentimento de superação que olho para frente e tomo fôlego para prosseguir rumo aos novos desafios que nos aguardam. E que a cada edição, a cada passo, nós possamos nos superar! Gustavo Dittrichi Editor-Chefe

www.programaboom.com.br Contato redacao.boom@gmail.com BOOM! MAGAZINE #2 JULHO 2009

-----------------------------------------------------A revista BOOM! MAGAZINE é um complemento ao PROGRAMA BOOM!, que integra blog, podcast (mini-programa de rádio) e Web-TV (programa jornalístico de vídeo para internet). Seu conteúdo (total ou parcial) não pode ser reproduzido sem o prévio consentimento da equipe. Essa revista é gratuita e não pode ser comercializada. Periodicidade trimestral. Tiragem online ilimitada. Disponível para download em www.programaboom.com.br -----------------------------------------------------O BOOM! não é responsável pelas publicações dos colunistas e nem é partidário de suas opiniões, sendo os mesmos responsáveis pelas matérias aqui expostas.


~ O que voce^ vai ver nesta edicao... ´

julho 2009

 DESTAQUES

BRUNA SURFISTINHA

A ex-garota de programa que virou celebridade conta tudo sobre o blog que a levou à fama PÁGINA 14

~  SECOES ´ FALA AÍ!

NXZERO

Os rapazes da banda mais badalada do momento fazem planos para carreira internacional PÁGINA 18

PÁGINA 43 PÁGINA 4 MÚSICA Lady Gaga, show do Teatro Mágico, E-mails e comentários do leitor. Heaven and Hell e os dez melhores DROPS PÁGINA 7 álbuns da década! Notícias e curiosidades rápidas. Casos e Acasos! PÁGINA 50 A saga dos substitutos em bandas PERFIL PÁGINA 12 de rock, por Thiago Furlan. Jennifer Garner: a eterna Sydney Bristow de Alias GARAGEM BOOM! PÁGINA 60 Dona Lupa Televisiva PÁGINA 22 Bianca Aguiar e seu Japanese-Rock. A Lupa Televisiva critica e não PASSARELA PÁGINA 63 vacila! E ela fala sobre o sensaA vez das gordinhas: entrevista excionalismo na TV. clusiva com Fluvia Lacerda, modelo FICA LIGADO! PÁGINA 23 internacional “plus-size”. Festival de cultura japonesa, XPÁGINA 67 Men Forever, exposição gratuita Virtual Débora Podda explica até onde a na FAAP, tudo isso junto! internet é fonte de informação sobre sexo para os jovens. ESPECIAL PÁGINA 28 COMPORTAMENTO PÁGINA 69 Virada Cultural Xamanismo urbano: sabe o que é? em São Paulo: Pois os jovens estão buscando cada reportagem vez mais a espiritualidade através especial! desse caminho. CINEMA PÁGINA 33 Wolverine, Anjos e Demônios, Star Trek, Crepúsculo, Marley e Eu e +!

TEATRO MUSICAL Separamos um superguia do gênero que conquistou São Paulo PÁGINA 52

TÁ NA TEIA PÁGINA 74 Você já tem Twitter? Sabe o que é? A gente explica! Ah, e a Susan Boyle também deu as caras por aqui! Diário de Bordo PÁGINA 76 A gente acompanhou a vinda do Motörhead ao Brasil! Juliana Negri conta tudinho, tim tim por tim tim, como foi essa experiência. PÁGINA 78 A pessoa que responderá vossos e-mails! Cartas de J.J. Scott

NAVEGUE DE FORMA MAIS FÁCIL!

Já sabe o que mais gostou? Já sabe o que quer ler na BOOM! Magazine? É só digitar o número da página no canto esquerdo do Adobe Reader!

SISTEMA DE NOTAS:  Excelente  Bom  Regular  Ruim  Péssimo


@

Algumas das cartas/e-mails publicados nessa seção foram reduzidos.

Boom, boom, bate coração! T e n h o 24 anos gosto muito de Elba Ramalho e, por coincidência, quando eu estava bisbilhotando o site de vocês e encantada lendo a revista, estava tocando no meu player a música “Bate Coração”. No trecho “amor que a gente tem pra dar”, eu traduzo como o amor que a equipe Boom tem ao preparar tão encantador site. E em vez de “tum, tum, bate coração”, comecei a cantar, “boom, boom, explode coração”. E queria ouvir a música no podcast de vocês. Desejo muita sorte a todos do BOOM. Conheci no Youtube, numa entrevista que fizeram numa festa e depois voltei e vi o comercial da revista. Sou cadeirante e achei magnífico falarem da peça da “Oficina dos Menestréis” (seção “Teatro” da BOOM! Magazine #1) e quero dar a dica de reportagem do Movimento Superação. Espero ver mais textos mostrando que podemos fazer tudo e também que os governos precisam investir em acessibilidade universal. É muito bom ver Claudinha (seção “Entrevista” da BOOM! Magazine #1) conterrânea representando nossa cultura. Também achei uma iniciativa cheia de atitude deixar grátis a revista para download, pois internet tem que ser informação livre! Um abraço apertado diretamente de Salvador pra todos vocês. Roberta Soares, Salvador-BA, por e-mail

Seções não sequenciais Fiquei conhecendo o lançamento através do Twitter e achei a revista muito bonita e com vasto e variado conteúdo, muito bem escrito também. Me chamou atenção só um detalhe, que talvez possam perceber também. É que as seções não estão sequenciais. O que quero dizer é que teatro quebra uma seção de música e depois volta a música e depois volta outra coisa. Outra situação que me chamou a atenção é que a capa e a maior parte da revista me pareceu ser rock e achei estranho ter material de Claudia Leitte e Britney Spears. Parabéns, pessoal, pela iniciativa! Abraços! Robson Nonato, pelo blog do BOOM! Olá Robson! Também percebemos as seções nãosequenciais logo após o fechamento e, por isso, corrigimos nessa edição. Agradecemos o toque! Quanto à diversidade em relação a estilos musicais, é inevitável que o rock prevaleça sobre o gosto dos jovens, mas damos espaço também para quem curte outros estilos, e não foi só Claudia Leitte e Britney Spears: tivemos também Kelly Clarkson e David Archuleta, que fazem pop. Ah, e por falar em Twitter, confira uma matéria especial na seção “Tá na teia”. Continue nos acompanhando!

Revista variada Era disso que precisávamos! Revista com variedade de assuntos interminável! E tudo de maneira clara, objetiva e muito bem organizada, além de muito bonito. Deram um baile em tudo e deixaram arrastando no chão muita publicação de banca de jornal que não merece um mísero centavo. Talvez seja melhor eles reciclarem os jornalistas e não as edições deles. Jamais pensei ver tanta coisa legal que me interessa em uma revista só! Li a revista inteira e já aguardo a próxima edição! Anna Carolina, pelo blog do BOOM!

Poxa, Roberta! Só podemos dizer que ficamos bem felizes e lisonjeados por podermos também prestar um serviço, além de explorar a pluralidade da cultura brasileira. Fazemos esse trabalho com muito carinho e dedicação, e muitas vezes é fruto de noites em claro, mas esse tipo de reconhecimento é o que nos move a continuar. É legal ver que nosso trabalho pode atravessar fronteiras e chegar até Salvador! Agradecemos as dicas e o carinho! Continue acessando nosso portal e não deixe de conferir essa nova edição da BOOM! Magazine, que está recheada de coisas legais!

Ficamos muito contentes que você tenha gostado da nossa primeira edição, Anna! E se estava esperando a segunda edição, pode conferir! Temos Nxzero na capa, uma reportagem especial sobre a Virada Cultural em São Paulo e muita coisa bem legal! Adoramos produzir esse conteúdo, e contamos com o apoio de todos os leitores e internautas! Abraços!

BOOM! Magazine

Fala ai!´ Comentários e e-mails dos leitores da BOOM! Magazine

Envie você também suas críticas, sugestões ou somente escreva pra gente dizendo o que achou dessa edição:

redacao.boom@gmail.com

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Nota do editor

MICHAEL JACKSON 1958 - 2009 No fechamento desta edição, a equipe BOOM! acompanhou chocada, assim como todo o mundo, a morte de um líder da música internacional. Michael Joseph Jackson faleceu em 25 de junho, em Los Angeles, Califórnia, possivelmente vítima de um ataque cardíaco fulminante. MJ não foi apenas um grande ícone da música, mas um símbolo artístico e o retrato de uma geração. Começou a carreira ainda criança, no grupo Jackson Five, junto dos irmãos. Posteriormente, seguiu carreira solo, lançando diversos sucessos e sendo responsável pelo álbum mais vendido da história, Thriller. Sempre esteve em evidência na mídia, nos últimos anos mais pelos escândalos em que esteve envolvido. Seu talento, entretanto, é inegável. MJ tinha planejado uma nova turnê, com início previsto ainda para esse ano. Ao redor do mundo, milhares de fãs ficam órfãos. O BOOM! presta suas condolências à família e aos fãs, e deseja que o legado deixado por MJ prossiga, provando que ser um artista é muito o mais que pegar o microfone e cantar: é ser um símbolo para muitas pessoas. A Equipe BOOM! Haverá um tempo em que ouviremos um chamado Quando o mundo deverá se juntar como um só Há pessoas morrendo E é tempo de emprestar uma mão para a vida Esse é o maior presente de todos Nós não podemos continuar fingindo todos os dias Que alguém, em algum lugar, irá em breve fazer a diferença Nós somos todos parte da grande família de Deus E a verdade, você sabe Amor é tudo o que precisamos Nós somos o mundo, nós somos as crianças Nós somos aqueles que criamos um dia mais brilhante Então vamos começar doando É uma escolha que estamos fazendo Estamos salvando nossas próprias vidas É verdade que nós vamos criar um dia melhor Só você e eu

Trecho da música “We Are The World”, escrita por MJ em ajuda aos povos africanos


FOMOS INDICADOS! Participe! Acesse www.programaboom.com e vote!


DROPS As rapidinhas do BOOM

Fotos: divulgação / reprodução

THE SIMS 3 CHEGA ÀS LOJAS

CELEBRIDADES CONQUISTAM A BROADWAY

Parece que a Broadway está mesmo investindo em celebridades da música e em estrelas do pop para levantar as audiências dos espetáculos musicais. Primeiro foi a cantora de pop rock Ashlee Simpson que se tornou Roxie Hart em Chicago. Depois, o rapper Usher participou da mesma montagem, como Billy Flinn, papel que no cinema foi de Richard Gere. Depois foi a vez de Kelly Osbourne (foto acima) participar do mesmo musical, como Mama Morton. Agora, a versão de A Pequena Sereia para os palcos receberá, até 8 de agosto, o cantor Drew Seeley (foto ao lado) no papel do Príncipe Eric. Seeley é mais conhecido aqui no Brasil por ser a voz cantante de Troy Bolton no primeiro High School Musical e por ter participado da turnê no lugar de Zac Efron. Também protagonizou o filme Outro Conto da Nova Cinderela, ao lado da estrela teen Selena Gomez. A Broadway, conhecida por escolher atores e atrizes mais velhos e exigir boa experiência no teatro musical, parece estar quebrando paradigmas.

Depois de inúmeros adiamentos, chegou às lojas a terceira versão do jogo de computador mais vendido de todos os tempos, The Sims. O jogo trata de simulação da vida real, onde o jogador pode construir casas e controlar a vida de personagens comuns, chamados sims. Para isso, deve satisfazer suas necessidades básicas, como fome, higiene, diversão e interação social. A terceira versão traz inovações gráficas e de jogabilidade muito superiores aos seus antecessores: os personagens viverão em uma vizinhança contínua, sem emendas e telas de loading entre as mudanças de casa. Dessa forma, tudo acontecerá simultaneamente com todas as famílias, independente do jogador estar controlando-a ou não. Além disso, a personalização é quase ilimitada: os sims terão características físicas e psicológicas muito mais diferenciadas do que nos jogos anteriores. Entretanto, o preço na maioria das lojas é salgado: R$ 139,90.

VOCALISTA GORDINHA DO GOSSIP VIRA BONECA

Beth Ditto, vocalista da banda de rock Gossip, virou boneca. O brinquedo é, na verdade, uma peça promocional da grife inglesa Evans, especializada em roupas para gordinhas. Beth Ditto, assumidamente acima do peso, assina uma linha de roupas da marca.

BOOM! CONCORRENDO AO PRÊMIO ONLINE!

O BOOM! está concorrendo, na categoria “Melhor Blog Cultural”, ao prêmio TOPBLOG, sistema interativo de incentivo cultural destinado a reconhecer e premiar, mediante a votação popular e acadêmica, os blogs brasileiros mais populares, que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro e com melhor apresentação técnica específica a cada categoria. Para votar, acesse www.programaboom.com BOOM! Magazine

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BIG BROTHER ALEMÃO “FORÇA” SEXO AO VIVO PARA AUMENTAR AUDIÊNCIA A busca por audiência pode levar a soluções absurdas! E a encontrada pela versão alemã do Big Brother foi deixar um dos participantes, Sacha, sozinho com uma estrela pornô, com o objetivo de incentivá-los a fazer sexo. E funcionou! O participante e a atriz Annina Ucatis – cujo um dos atributos são os seios gigantes – fizeram sexo ao vivo durante uma madrugada, enquanto os outros participantes foram enclausurados durante 24 horas em um quarto. E você reclamando das baixarias do Big Brother nacional, hein? CADELINHA SOBREVIVE QUATRO MESES SOZINHA EM ILHA DESERTA NA AUSTRÁLIA

CACHORRO GRANDE LANÇA SITE MAIS INTERATIVO COM IMAGENS DA TURNÊ COM OASIS

Parece enredo de animação da Disney, mas a cadelinha da foto, chamada Sophie Tucker, viveu uma aventura de verdade. Depois de uma tempestade que a derrubou do iate da família em Queensland, Austrália, Sophie nadou nada menos que 10 km (distância percorrida em maratonas aquáticas) em águas infestadas por tubarões até encontrar uma ilha deserta na costa da Austrália. Lá, sobreviveu por quatro meses, caçando cabritos e coalas. Pescadores desconfiaram após encontrarem os corpos dos animais, pois normalmente não existem predadores naturais naquela ilha. Assim, a guarda costeira foi acionada e resgatou Sophie, que voltou para a casa, surpreendendo os donos, já que eles acreditavam que ela estivesse morta.

A banda gaúcha Cachorro Grande, que participou da turnê brasileira ao lado dos britânicos do Oasis no início de maio, transformou o site oficial (www. cachorrogrande.com.br) em uma plataforma interativa com vídeos dos shows e fotos dos bastidores, além de utilizar as ferramentas Youtube, Flickr e Twitter para se aproximar ainda mais dos fãs que participam desses sites. Além disso, a banda já disponibiliza alguns trechos do documentário sobre Cachorro Grande, ainda sem título e data de lançamento, produzido por Lucas Cabu e Christian Roças, o Croca. Enquanto isso, Cachorro Grande se prepara para gravar o novo álbum, quinto da carreira, com previsão de lançamento para junho.

Priscilla Prade

Fotos: divulgação / reprodução

PREMIAÇÃO PARA CURTAS METRAGENS TEM INSCRIÇÕES ABERTAS Até dia 31 de julho, os interessados em divulgar seus filmes curtas metragens podem se inscrever para o concurso da Filma Brasil, que distribuirá R$ 110 mil em prêmios. Entretanto, a competição só vale para produções que abordem conteúdos relacionados à qualidade de vida, e devem ser filmes de curta e média metragens, em película 35 mm. Para realizar a inscrição ou obter outras informações, acesse www.filmabrasil.com

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Alemães e sua criatividade “cult” Um pub localizado na cidade de Freiburg, na Alemanha do Norte, causou o maior “frisson” quando substituiu os mictórios do banheiro masculino por tubas. Sim, tuba, aquele instrumento de som grave e belo, que sempre acompanha trios de Jazz. O idealizador do feito, Martin Hartmann, está sofrendo algumas reclamações por parte dos músicos. “A maioria das pessoas vêem o lado engraçado, mas nós tivemos um pequeno número de queixas dos músicos”, afirma o proprietário do Pub.

Viciada em pinguins quebra recorde mundial

Uma matemática de Cuxhaven, Alemanha, que amava o desenho “Pingu”, começou a colecionar pinguins de brinquedo. O resultado é que Birgit Berends bateu o recorde por ter mais de 7 mil na sua coleção e entrou para o “Livro Mundial dos Recordes”.

DOCUMENTÁRIO “FRUTOS DO BRASIL” É LANÇADO NA INTERNET Acaba de ser lançado na internet o documentário “Frutos do Brasil - Juventude em Debate”, dirigido pela jornalista Neide Duarte. Nele, jovens de várias regiões do país contam como modificaram suas vidas através desse projeto. O documentário, criado pela Ong ARACATI, tem o objetivo de incentivar a participação juvenil e o debate sobre a condição de vida dos jovens. Foram mais de 150 grupos inscritos, com atuação nos mais diferentes temas: meio ambiente, educação, desenvolvimento comunitário, e em todos os casos com a presença de resultados relevantes da participação juvenil. Como forma de dar visibilidade a essas histórias, a jornalista Neide Duarte escreveu um livro e produziu o documentário, dando vida, cor e caras a esse movimento de participação de jovens no país. Para assistir, acesse: www.frutosdobrasil.org.br

Atriz pornô é candidata do senado americano

A atriz pornô Stormy Daniels, de 30 anos, anunciou sua candidatura para vaga no senado americano nas eleições de 2010, representando o estado de Louisiana. Daniels, que já fez mais de 100 filmes pornôs durante sua carreira, insiste que o engajamento é sério, mesmo sem integrar nenhum partido político. Caso seja eleita, não será a primeira atriz pornô a conquistar um cargo público: Cicciolina estreou o cargo em 1987, eleita para o Parlamento Italiano. PARALAMAS DO SUCESSO LANÇA NOVO SITE Acompanhando o tema do novo CD “Brasil afora”, os Paralamas do Sucesso acabam de lançar o novo site, que está cheio de novidades, entre elas: vídeos com bastidores dos ensaios da nova turnê, blog, fotos, além de todos os videoclipes da carreira da banda, incluindo o novo da música “A lhe esperar”. Acesse: www.osparalamas.com.br

LUIZA POSSI LANÇA NOVO CD “Bons Ventos Sempre Chegam” é o nome do novo CD de estúdio da cantora, atriz e compositora Luiza Possi, sendo o quarto da carreira dela, que está nas lojas desde maio. A produção ficou por conta de Max Viana e várias músicas do CD foram compostas por Luiza em parceria com Dudu Falcão, além de regravações de Gilberto Gil , Skank, entre outros. BOOM! Magazine

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CARTUNISTA MARCIO BARALDI DIVULGA NOME DO NOVO LIVRO O cartunista Marcio Baraldi já está preparando seu próximo lançamento. Será o livro “Roko-Loko - Hey Ho, Lets Go!”, quarta edição dos personagens Roko-Loko e Adrina-Lina (que existem há treze anos) e décimo segundo livro da carreira do artista. O livro será lançado no mesmo padrão de qualidade de todos os livros de Baraldi, ou seja, 50 páginas em couche colorido e capa plastificada. Baraldi acaba de faturar o nono Angelo Agostini da carreira. No ano passado, ganhou Disco de Diamante por vender meio milhão de cópias do game RokoLoko. Outras informações: www.marciobaraldi.com.br

Com o término chocante da quinta temporada do seriado “Lost”, sucesso de público e crítica pelo mundo, os fãs aguardam a sexta e última temporada, programada para começar a ser transmitida no ano que vem. A quinta temporada terminou em maio nos EUA, e o episódio que colocará ponto final à história dos sobreviventes do voo Oceanic 815 deverá ser transmitido nos EUA no final em maio de 2010. O AXN, canal a cabo da rede Sony que transmite Lost no Brasil e na América Latina, transmitiu o final da quinta temporada em junho.

JONAS BROTHERS NO BRASIL

Fenômeno pop mundial, os Jonas Brothers desembarcaram no Brasil em maio para dois shows. Com muita música, dança e irreverências, os irmãos Nick, Joe e Kevin agitaram 18 mil pessoas no Rio de Janeiro e mais de 45 mil em São Paulo. BOOM! Magazine

CAT POWER VOLTA AO BRASIL EM JULHO

A cantora folk norteamericana, Cat Power, volta pela terceira vez ao Brasil para única apresentação na Via Funchal, em São Paulo, dia 26 de julho, para divulgação do CD “Jukebox” (2008). Os ingressos variam entre R$ 60 e R$ 300. A última vez que Cat Power esteve no país foi em 2007, quando participou do extinto Tim Festival. Outras informações: www.viafunchal.com.br MADONNA PREPARA MÚSICAS NOVAS QUE FARÃO PARTE DE UMA COLETÂNEA DE HITS

Aderindo também ao Twitter, sem o estrelismo de apenas a assessoria de imprensa divulgar notas oficiais, a pop star Madonna - que adora a internet anunciou que está finalizando três novas músicas que farão parte de uma coletânea com seus principais hits, e a previsão de lançamento é para setembro. E também prometeu lançar um DVD recheado de vídeos e cenas inéditas de toda sua carreira, além de imagens da última turnê “Sticky & Sweet” que passou pelo Brasil no ano passado.

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SERIADO “LOST” CHEGA AO FINAL EM 2010


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LÍDER DO FAITH NO MORE E FILHO DE JOHN LENNON ELOGIAM NOVO CD DOS MUTANTES

Sérgio Dias, durante sua estadia nos EUA, quando finalizava o novo CD dos Mutantes – primeiro de músicas inéditas após o jejum desde 1976 – recebeu entusiasmados elogios de Mike Patton (Faith no More; Fantomas), que comentou o disco e fez planos para uma parceria maior, além do americano aceitar participar dos vocais da faixa “Dois mil e agarrum”. “Realmente inspirador escutar você ainda criando música bonita e transcendente, surpreendente como sempre!”, disse Patton. E recheando ainda mais o currículo de elogios, o cantor e artista plástico Sean Lennon (filho de Jonhn Lennon e Yoko Ono) classificou o novo trabalho dos Mutantes como “brilhante” e completou dizendo que “seria uma honra novamente trabalhar com a banda”, lembrando que ele assinou a capa do CD “Technicolor” (2001). Sean também apontou possibilidade de lançamento do novo CD dos Mutantes na França e no Japão.

OS SIMPSONS VIRAM SELO

Em comemoração à vigésima temporada de Os Simpsons, os correios americanos lançaram selos com o rosto dos personagens principais: Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie Simpson. Foram impressos aproximadamente 1 bilhão de selos, e seu custo será de 44 centavos de dólar cada. Seu lançamento ocorreu em uma festa em Los Angeles e contou com a participação de seu produtor, Matt Groening. Esta é a primeira vez que o correio americano homenageia uma série televisiva ainda em exibição. Há 20 anos no ar, Os Simpsons é a série que ficou mais tempo em exibição nos Estados Unidos até hoje. ORANGOTANGO DRIBLA SEGURANÇA E FOGE DE JAULA

Com 62 kg, a orangotango fêmea, de 27 anos, que atende pelo nome de Karta, desativou a segurança do circuito elétrico de sua jaula utilizando uma vareta e em seguida fugiu. O zoológico australiano ficou fechado durante um dia inteiro, até que – segundo o diretor do local – “talvez, percebendo que estava errada, Karta voltou pra jaula sozinha” sem que os veterinários precisassem agir com suas armas carregadas com tranquilizantes.

MOTORES LANÇA NOVO ÁLBUM A banda paulista Motores, liderada pela vocalista Talita (mãe da primeira neta da Rita Lee), lança em junho o novo EP, “Como Você Sempre Quis”, produzido por Carlos Eduardo Miranda (Trama Virtual e jurado do programa “Astros” do SBT) e Tomás Magno. O primeiro single desse trabalho, “Novo Começo”, já tem videoclipe que pode ser visto no site www.bandamotores.com.br Colaboraram para os DROPS desta edição: Gisele Santos, Gustavo Dittrichi, Ida Kazue e Silvia Fachim BOOM! Magazine

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PERFIL Jennifer Garner:

A eterna Sydney Bristow é hoje uma das estrelas mais bem pagas de Hollywood Gustavo Dittrichi

Ela tem um daqueles rostinhos que você vê, reconhece, mas não sabe dizer de onde. Entre os trabalhos mais famosos de Jennifer Garner no Brasil estão os filmes De Repente 30, Juno e o seriado Alias. Lembrou? Pois é, mas a carreira de Garner não se limita somente a isso. Tanto é que a moça é ganhadora de um Globo de Ouro, e é um dos notáveis talentos de Hollywood hoje. Jennifer foi criada em Charleston, West Virginia, por sua mãe Pat e o pai Bill. Durante a adolescência, tomou contato com a arte quando passou nove anos se dedicando ao balé. Ao se tornar universitária, queria seguir engenheira química, como o seu pai, mas a paixão pelo teatro falou mais alto. Depois de formada, foi

para Nova York em busca de oportunidades, onde passou a trabalhar como hostess (mestre da casa) em um restaurante. Começou a participar de filmes para a TV e também de seriados como Law & Order e Dead Man’s Walk. Ainda apareceu em pequenos papéis nos filmes Mr. Magoo, Cara, Cadê Meu Carro, Prendame Se For Capaz e Pearl Harbor (onde conheceu o futuro marido, Ben Affleck). Garner ainda participou do elenco regular do seriado Time Of Your Life, protagonizado pela “rainha do grito” Jennifer Love-Hewitt. Mas foi quando conseguiu uma pontinha no seriado Felicity, de J.J. Abrams, que a carreira começou a alavancar. Foi também no seriado que se envolveu com o ator Scott Foley, com quem se casou pouco tempo depois. Quando J.J. Abrams deixou Felicity e começou a desenvolver um novo projeto para um seriado, Jennifer Garner foi chamada para um teste para viver a protagonista. A desenvoltura da atriz nas cenas de ação foi tão grande que, impressionado, Abrams a contratou logo de cara, observando seu possível potencial. E foi nesse seriado, Alias, que Jennifer Garner foi catapultada para o público. No papel da agente secreta Sydney Bristow, Jennifer mostrou competência ao criar, junto de Abrams, um personagem carismático, próximo do público e altamente complexo emocionalmente. Com o auge do seriado, no final da primeira e início da segunda temporada, Garner foi nomeada e venceu o Globo de Ouro por melhor atriz numa série dramática, em 2002. Ainda venceu o Screen Actors Guild Awards em 2005 e dois People’s Choice Awards em 2006. Recebeu também quatro indicações consecutivas ao Emmy, todas pelo trabalho em Alias. Daí para frente, choveram convites para filmes. Jennifer Garner viveu Elektra Natchios em Demolidor (2003) e reprisou o papel em Elektra (2005), sequência recebida com ferrenhas críticas e reconhecida como fracasso pela

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PERFIL afastada das cenas perigosas. Para isso, uma nova personagem, vivida por Rachel Nichols, foi incluída na trama, com o intuito de suprir as cenas de ação, e a personagem de Garner se tornou sua tutora.

As várias faces de Jennifer Garner como Sydney Bristow, em Alias (Reprodução).

Cena de Alias (Reprodução).

própria Jennifer. Um dos mais notáveis trabalhos foi ao fazer comédia em De Repente 30 (2004), com destaque para a cena onde Jennifer dança Thriller, clássico de Michael Jackson. Quando J.J. Abrams se afastou de Alias para se dedicar ao seu novo seriado, Lost, Jennifer passou também a arriscar de produtora do seriado, chegando até a dirigir os colegas de peso, como Ron Rifkin e Victor Garber. Aliás, Jennifer se tornou grande amiga de Garber, ator que interpretava o pai de sua personagem. Victor Garber foi o único membro de Alias convidado para o seu casamento com Ben Affleck. Mas antes de se casar, Jennifer, já separada de Scott Foley, se envolveu com seu par romântico no seriado, Michael Vartan. O romance durou pouco, e o estopim do término foi as fofocas a respeito de Vartan em boates, desacompanhado de Garner. Pouco tempo depois de casada, Jennifer engravidou da tão sonhada filha, Violet. Isso fez com que o seriado ficasse prejudicado, visto que ela não usava dublês na maioria das cenas de luta e ação e, por conta da gravidez, teve de ficar

Com o término de Alias em 2006, Garner passou a se dedicar somente à família e ao cinema. Em 2007, participou do filme de ação O Reino, ao lado de Jamie Foxx, de Juno, ao lado de Ellen Paige e Jason Bateman e protagonizou o insosso Pegar e Largar. Ainda este ano, está previsto o lançamento do filme Ghosts of Girlfriends Past (ainda sem título no Brasil), onde coestrela com Matthew McConaughey. Em janeiro de 2009, deu à luz à sua segunda filha com Ben Affleck, Seraphina Rose Elizabeth. Hoje, vive com as duas filhas, o marido Ben Affleck e a simpática labradora de estimação Martha Stewart (em homenagem à apresentadora de TV). Entre seus passatempos estão cozinhar, cuidar do quintal e, inspirada por Alias, treinar kickboxing. :-D

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 Dica

O seriado Alias, que lançou Jennifer Garner ao estrelato, está disponível para compras em formato de Box, nas melhores lojas. Os preços de cada Box variam de R$ 79,90 a R$ 199,90. No elenco estão, além de Garner, Michael Vartan, Victor Garber, Ron Rifkin, Carl Lumbly, Kevin Weisman e Lena Olin.

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Divulgação

Entrevista

O DIÁRIO DE RAQUEL PACHECO

Nacionalmente conhecida pelo pseudônimo Bruna Surfistinha, a ex-garota de programa conta como um blog pode levá-la à celebridade instantânea e mudar sua vida Gisele Santos, Gustavo Dittrichi, Ida Kazue e Silvia Fachim

Raquel Pacheco nunca imaginou que o seu blog, criado oficialmente em janeiro de 2004, servindo como um diário e um companheiro para suas madrugadas solitárias, iria se tornar ferramenta principal de divulgação do trabalho que realizava. Nacionalmente conhecida como Bruna Surfistinha, a exgarota de programa, nascida em Sorocaba, cidade do interior de São Paulo, lançou três livros e ainda utiliza o blog como ferramenta de trabalho para divulgar seus produtos e contar o seu dia-a-dia. Ela parou de ser garota de programa em 2005, mas continua escrevendo no blog. Pelo menos uma vez por semana publica textos gigantes, contando tudo o que fez durante os últimos dias: acordar cedo ou tarde, ir ao cabeleireiro, jantar em restaurantes, pedalar no parque. Namora desde 2005 com seu ex-cliente João Paulo (que antigamente BOOM: Por que criou o blog? Raquel Pacheco: Em dezembro de 2003, eu morava sozinha, fazia programas, o computador era meu único companheiro. E na madrugada eu ficava acordada, navegando na internet, e nessa época começou a febre dos blogs, e eu tive vontade de criar um pra mim. Busquei em vários sites se já existiam blogs de garotas de programa. Blog brasileiro eu não encontrei, e sim de uma espanhola. E já que eu era garota de programa e queria encontrar um blog de colega na mesma profissão, imaginei que passaria na cabeça de várias pessoas a mesma coisa. E aí eu decidi criar o blog, para contar toda minha vida como garota de programa. Nessa mesma noite eu contei tudo da minha vida em um blog que criei que era hospedado no “Terra”. E no dia seguinte eu acordei,

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ela chamava de Pedro, no blog), que foi casado durante seis anos com a comissária de bordo Samantha Moraes. Ele trocou a esposa por Bruna Surfistinha, ou se preferir, Raquel Pacheco. Depois do, considerado por Samantha, “trauma no casamento”, ela também criou um blog (www. samanthamoraes.blogspot.com), relatando tudo o que passou após a traição seguida de separação. Tornou-se celebridade cometa, ou seja, aproveitou a oportunidade de exposição na mídia, e lançou um livro com um título, digamos, sátira ao primeiro de Surfistinha, “Depois do Escorpião - uma História de Amor, Sexo e Traição”, onde ela conta o seu lado da história e considera a obra como auto-ajuda. Confira a entrevista exclusiva que Raquel Pacheco concedeu à equipe do Boom!:

li o q eu escrevi, achei um absurdo. Considerei uma exposição muito grande da minha vida na internet, e deletei o blog. Depois de um tempo criei um outro blog. Sempre quis criar o blog, pois também desde novinha eu escrevia em diário. Em janeiro de 2004, criei o blog finalmente, mostrando pra sociedade que garota de programa é um ser humano normal que tem medos, anseios, que ama, que sofre, vai ao cabeleireiro, etc. Este era o meu principal objetivo. E outro objetivo era usar o blog como terapia pra mim, mostrando para os leitores que eu existia. Como se eu estivesse dando um grito para algumas pessoas me escutarem. Eu era muito carente na época, não tinha namorado... O blog era meu companheiro. Bom, comecei a escrever no blog diariamente e relatava os programas que eu fazia

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com cada cliente, avaliando como era. E isso chamou muita atenção das pessoas, os leitores queriam saber minhas aventuras sexuais. Ninguém procurava saber quem era a Raquel e sim queriam saber sobre sexo. Na época eu não divulgava foto e nem número de telefone de contato. O único contato com meus leitores era o e-mail. E muita gente começou a duvidar, falando que eu era um homem que criou um blog com aquelas fantasias sexuais. Alguns diziam que eu era uma velha frustrada e acabei escrevendo tudo aquilo. Aí eu cansei dessa situação, que a maioria não acreditava em mim, então para provar eu tive a ideia de publicar um ensaio fotográfico e o número de telefone. No final, o meu blog se tornou uma ferramenta que ajudou a divulgar o meu trabalho como garota

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Entrevista

Era como se eu estivesse dando um grito para algumas pessoas me escutarem. Eu era muito carente na época, não tinha namorado... O blog era meu companheiro. de programa. E o meu número de clientes aumentou bastante depois disso. Tanto que uma amiga minha me ajudava a agendar com todos, inclusive atendia ao telefone. BOOM: Quando começou a ter mais visitas no blog? Você divulgava? Raquel Pacheco: A divulgação foi boca a boca. Da noite pro dia começou a aumentar o número de acessos. E também na época tinha um fórum (www.gpguia.net), onde os homens que saem com garotas de programa as avaliam, dão nota. Site pra homem que não tem o que fazer (risos). E talvez algum cliente meu divulgou lá o meu blog também, pois eu comentei para os mais íntimos que eu tinha criado o blog. Foi uma divulgação muito boa neste site. E sexo é a palavra mais buscada na internet, então as pessoas pesquisavam e já encontravam o meu blog. Eu não sei o que de fato deu impulso para que o blog ficasse tão conhecido. Tudo aconteceu naturalmente. BOOM: Muita gente fala diz que você criou o blog com a intenção de fazer marketing, pois já tinha em mente lançar o livro ... É verdade isso? Raquel Pacheco: Não. Foi um processo muito natural. Eu assumo que o blog se tornou ferramenta de trabalho com o passar do tempo, divulgou meu trabalho enquanto eu era garota de programa, abriu as portas para lançar meu primeiro livro e hoje ainda divulga todos meus livros. BOOM: O blog te ajudou né... Raquel Pacheco: É, nem eu sabia que ia se tornar tudo isso. Em 2004, o jornalista Pedro Dória, do extinto site No Mínimo, estava buscando alguma garota de programa que usasse a internet pra divulgar o trabalho. E depois desta matéria, acabei aparecendo em toda mídia. E aí divulgou o blog mais ainda e também meu trabalho como garota de programa, pois na época que, digamos, que “me descobriram”, eu ainda estava envolvida com prostituição. BOOM: Você que faz tudo no blog?

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Faz o design? Raquel Pacheco: A parte técnica não cuido, pois sou completamente analfabeta com tudo isso. Pra mim internet é e-mail, MSN, sites de notícias (risos). Um amigo meu que trabalha com internet faz o design, cuida de problemas técnicos caso o servidor caia. Mas quem escreve sou eu. BOOM: Foi até bom você falar isso, pois muita gente duvida que você escreve. Raquel Pacheco: Sempre escrevi e escrevo até hoje. Não consigo atualmente atualizar tanto como antigamente. Atualizo uma vez por semana, ou duas no máximo. Ele ficou conhecido por conteúdo sexual. Por dia, recebi de 4 mil a 4.500 leitores. Antigamente era de 10 mil a 11 mil por dia, porque a procura era sobre o sexo e eu ainda postava minhas aventuras. Hoje eu falo do meu diaa-dia, mas se por acaso eu apareço na mídia, aí aumenta muito. Quando eu participei do programa do Jô, recebi quase 200 mil visitas em um dia, até o servidor caiu. Talvez por não escrever tanto mais diariamente, as pessoas acessavam mais. Falo por mim, se eu vejo que não atualizam blogs, eu acabo desencanando, nem entro mais. BOOM: Quais blogs gosta de visitar? Raquel Pacheco: Gosto muito do blog do Marcelo Tas (jornalista do CQC). Gosto muito de blog de humor, como KibeLoco, que acompanho todo dia (risos). Também de uma amiga ou outra que comenta comigo pra eu acompanhar. Se eu gosto, continuo frequentando. BOOM: Você nunca pensou em transformar ou teu blog em um site? Raquel Pacheco: É um projeto para 2009, transformar o blog em um site. O blog vai continuar numa seção dentro do site, gosto muito de escrever nele. Eu mantive o blog até hoje, mesmo não sendo mais garota de programa, pois muitos leitores acompanham por curiosidade e outros acompanham desde o início. Nunca tive vontade de

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parar com o blog. Seria cuspir no prato que me ajudou a sair da prostituição, pois o blog que me deu impulso pro sucesso e para que eu parasse de fazer programa também. Quero fazer sim um site bem bacana, com links bem bacanas. BOOM: Você falou que o blog te ajudou a parar de fazer programa. Mas alguns relatos seus transparecem que você já tinha a meta de três anos de prostituição. Explica isso. Raquel Pacheco: Eu já tinha uma meta. Eu já sabia que não seria por muito tempo. Foi algo que coloquei na minha cabeça. Logo que comecei, já deparei com mulheres que se prostituíam há 10 anos. Achei essa situação deprimente, passarem a vida na prostituição. Eu não queria ser igual a elas. No início, foi difícil, pois eu comecei a usar drogas, a cheirar cocaína, então eu gastava boa parte do que ganhava com os programas para comprar drogas. Isso foi quando eu já fazia programa há um ano e meio. Depois eu vi que não estava me levando a lugar algum e caí fora das drogas. E o blog me ajudou muito mesmo para conseguir mais clientes. Acabei me destacando, mesmo sem querer, das outras meninas e percebi que isso é preciso também, pois há muita concorrência. BOOM: Você já planejava lançar um livro? Como aconteceu? Raquel Pacheco: Eu sempre tive muita vontade de escrever um livro, mesmo antes de começar a fazer programa. Imaginava quando era mais nova que poderia ser um livro sobre poesias... E depois que comecei a fazer programas, resolvi escrever a biografia contando tudo o que eu tinha passado em minha vida. Eu fiz esse comentário no blog, sobre a vontade de lançar um livro, e dias depois duas editoras que leram entraram em contato comigo e eu assinei com a Panda Books. E até nisso o blog me ajudou. BOOM: O design do teu blog atualmente divulga teus livros. Tem as três capas no topo e tua foto também, né?

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Entrevista Raquel Pacheco: É! O blog me ajuda a divulgar os livros. Sobre o design, sempre teve visual simples. Fiz questão de manter até hoje essa simplicidade. Não mudei pra um visual muito moderno. Mesmo com o site, o blog vai continuar com esse visual. Antes tinha a foto dos meus seios (quando eu fazia programa). Agora é minha foto e meu nome. BOOM: O João Paulo não liga de você escrever no blog até hoje? Raquel Pacheco: Não, ele entende perfeitamente. O blog foi meu companheiro durante muito tempo e continua sendo. Claro que hoje é diferente, não tenho tempo de escrever todo dia. Nos meus primeiros meses como garota de programa e depois que parei de usar drogas, meus amigos sumiram, e então eu era uma pessoa muito sozinha, tive poucos amigos no meio da prostituição também. O blog foi minha única companhia durante muitas madrugadas. Atualmente, eu percebo também quando deixo muito tempo sem atualizar, por falta de tempo como já falei, recebo muitos e-mails de leitores brigando comigo (risos). Há uma cobrança dos meus leitores fiéis. Me acompanham como se minha vida fosse uma novela virtual. BOOM: Vimos um banner no teu blog que a Bruna Surfistinha virou até quadrinhos no Hot Cartoons (site de cartoons eróticos). Raquel Pacheco: Pois é, virou. Eu sou responsável pelas histórias. Eu mando pra eles os textos e eles desenham. BOOM: E quando você vai lançar o filme da tua vida e a butique erótica (sex shop)? Raquel Pacheco: Está demorando bastante pra começar a gravar o filme. Estamos na fase final dos testes para elenco. Ainda não tem nada definido. E também estou em busca de patrocinadores. A butique eu ia abrir em novembro (2008) ou no máximo em dezembro pra aproveitar a época de natal, mas eu desfiz sociedade, até postei isso no blog. Provavelmente a loja vai ser mais rápido. BOOM: Você que foi atrás de alguém para fazer o filme?

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Muitas atrizes me criticam, mas muitas delas são santas do pau oco. Fazem programas escondidas. Pra mim não tem diferença alguma, estão no mesmo barco, a diferença é o quanto cobram. Raquel Pacheco: Não. Logo que lancei o primeiro livro em 2005, três ou quatro meses depois, em janeiro de 2006, Marcus Baldini (cineasta) ficou super entusiasmado, achando que a história daria um bom filme. Ele procurou a editora pra comprar direitos autorais e acabei assinando o contrato com ele. BOOM: Vimos na imprensa, pois criaram polêmica julgando o filme fazer apologia à prostituição. Qual mensagem quer passar com o filme? Raquel Pacheco: Eu não sou responsável pelo roteiro. Eu sempre tive medo sobre esse lance da apologia, das adolescentes saberem da minha história e acharem que devem fazer também, pois fiquei famosa, apareço muito na mídia. E muitas meninas, quando questionadas sobre o que querem ser quando crescer, falam “atriz, cantora”, algo sempre ligado à mídia. Ser famoso e estar na mídia não é um mar de rosas. E muitas vezes, as meninas olham tudo isso, querendo ganhar muito dinheiro e não é bem assim. Ainda tenho esse medo, mas sempre passei o recado, se fosse bom ser garota de programa, eu não teria parado. Sempre esclareço os pontos ruins da prostituição. E repito, se fosse bom, eu não teria parado. O filme é sobre tudo que passei, com a mensagem do que foi ruim também. BOOM: Como foi pra você encarar os preconceitos, principalmente depois de tanta exposição na mídia e muita gente lhe reconhecendo? Raquel Pacheco: Pra mim sempre foi muito fácil, pois eu nunca idealizei na minha vida ser famosa algum dia. Tudo aconteceu de forma muito natural. E se um dia eu cair no esquecimento, vou encarar de uma forma normal. Eu quero algum dia voltar a ser uma pessoa anônima, pois sempre sou abordada nas ruas. Eu não quero isso por muito mais tempo, pois ser famosa tem um lado bom – o carinho das pessoas – mas tem uma coisa

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ruim, de muitas críticas maldosas. Eu chorava antigamente quando lia coisas de pessoas que nem me conheciam, mas eu consegui trabalhar bem com isso e hoje em dia eu penso só no lado bom, que é o reconhecimento. Muita gente passa um carinho forte pra mim. E muita gente até desabafa também, faz amizade. Sempre passei a mensagem de que as pessoas nunca podem desistir dos sonhos. E muitos me elogiam bastante pela coragem, pois eu percebo que muita gente deixa de fazer o que tem vontade, pois ficam com medo do que os outros irão dizer. Fazem algo pra satisfazer pais, amigos, maridos. Acabam se tornando pessoas frustradas. Bom, há quatro anos que estou na mídia, ninguém nunca me bateu na rua ou xingou. Eu cheguei à conclusão que os críticos são pessoas covardes. BOOM: Muita gente critica, mas a hipocrisia reina... Raquel Pacheco: Sim, muitas atrizes me criticam, mas muitas delas são santas do pau oco. Fazem programas escondidas. Eu tive clientes que tinham muito dinheiro e contavam: “eu estava numa festa ontem que estava a atriz tal e ela faz programa, cobrou 20 mil reais”. E pra mim não tem diferença alguma, estão no mesmo barco, a diferença é o quanto cobram. BOOM: Você lançou os livros na Europa. No programa Pânico, da rádio Jovem Pan, em dezembro de 2007, você disse que era tratada na Europa como uma grande celebridade brasileira, que às vezes você tinha vontade de dizer “calma gente, menos, não sou tanto assim”. Raquel Pacheco: Eu fiquei muito sem graça, pois quando eu cheguei em Portugal foi um sucesso, eles adoram brasileiros. O João Cleber faz muito sucesso (risos). Eu ficava muito sem graça, pois as pessoas pensavam que eu era “a” celebridade brasileira. Eu tinha vontade de falar que não sou tão celebridade assim.

BOOM: E você pensa em fazer teu site e teu blog em mais línguas, pra atingir mais este mercado exterior? Raquel Pacheco: Sim, inclusive estou fazendo curso de inglês, pois muitos sites têm tradutores que publicam tudo

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Entrevista

Meus pais já sabiam que eu era garota de programa e com o livro tiveram certeza. Eu sei que foi difícil pra eles. Eu pensei que depois, o coração deles ia amolecer, mas infelizmente isso não aconteceu. errado, ao pé da letra. Então eu quero escrever direitinho. Eu quero lançar em português, espanhol e inglês. Meu livro foi publicado em todos os países da América Latina também. Recebo muitos e-mails de pessoas escrevendo em espanhol, inclusive do México.

BOOM: E o blog continuará mesmo,

né? Raquel Pacheco: Sim, eu quero ter blog pra contar aos meus leitores quando meu neto nascer ou comprei a minha dentadura (risos).

BOOM: Quanto já vendeu dos três

livros? Raquel Pacheco: Já passou de 300 mil cópias, os três juntos.

BOOM: O novo livro está selado. Foi problema com censura? Raquel Pacheco: É que neste terceiro livro eu falo sobre sexo sem pudor. Sobre dicas de sexo anal, oral. Então achamos melhor lacrarmos para não ter problemas, prevenindo que algum pai ou mãe reclame que o filho de, sei lá, 12 anos, leu na loja e depois comprou.

BOOM: Igual a TV, tem a vinheta que é proibida pra tal idade, mas aí depende também do pai ou mãe tirar a criança da frente da TV. Raquel Pacheco: É isso mesmo. Apesar de que hoje em dia está cada vez mais difícil privar os filhos de informações, ainda mais com internet.

BOOM: Sobre seus pais, você não sabe

mais nada deles? Eles são de SP? Raquel Pacheco: Sim, são de SP. Em 2006, eu tive contato com um primo, por parte do meu pai, e ele acabou me contando como eles estavam e que leram meu livro também. Meus pais já sabiam que eu era garota de programa e com o livro tiveram certeza. Eu brigava muito com meu pai, foi agressão verbal, e uma vez acabei esquecendo uma agenda onde eu fazia algumas anotações e eles encontraram, sabendo que eu fazia programas. E um amigo meu contou que eles já sabiam a verdade, pois leram e desconfiaram que fazia programas. Eu tive algumas conversas com a minha mãe depois que eu saí de casa. Ela nunca foi direta comigo, perguntando se eu fazia programa. Talvez por medo de ouvir a

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verdade. Ela sempre me perguntava se eu estava bem de saúde, nunca me perguntou o que eu estava fazendo. Eu perguntava da família. Foram papos rápidos, básicos. Quando comecei a aparecer na mídia, tiveram a ter certeza, pois eu ainda fazia programas na época. E contei tudo aos jornais, rádios, televisões, revistas. Eles não devem ter escondido da família que eu saí de casa, mas de um ou outro amigo esconderam, mas quando apareci na mídia, todo mundo ficou sabendo. Eu sei que foi difícil pra eles, com certeza. Eu pensei que depois, o coração deles ia amolecer, mas infelizmente isso não aconteceu. E meu primo, eu perdi contato, pois ele se aproximou de mim por interesse. Pediu dinheiro emprestado e se afastou de mim quando eu não entreguei a quantia desejada. Era minha única fonte direta pra eu saber da minha família. E um tempo atrás eu encontrei minha mãe e minhas irmãs no Orkut, mas não sou adicionada como amigo, estou como Bruna e não como Raquel, e lia tudo lá, mas atualmente tem cadeado e todas elas bloquearam tudo. Eu apenas entro no profile delas, pra ver foto do avatar ou ver algo, mas não consigo ler mais nada nos recados.

BOOM: Na época que saiu de casa, você

tinha 17 anos, uma idade difícil, até eles já tiveram 17 anos. Estranho eles não terem falado mais com você... Raquel Pacheco: Meus pais nasceram e cresceram no interior, a família de ambos é super religiosa. Super preconceituosos. Quando eu queria sair pra matinê, ficar com alguém, beijar na boca, era um absurdo. Se eles não aceitavam dar um beijo, imagina fazer sexo com estranhos. Eu sei o tanto que sofreram, e sei qual a visão deles diante a prostituição. Eu tinha preconceito, influenciada por eles, por escutar comentários deles sobre prostituição. Eu ter me tornado garota de programa pra eles foi um crime. Foi muito difícil pra eles, pois eu não precisava. Tinha vida confortável. Eu conheci muitas meninas que os pais sabiam que elas faziam programas, mas eram pobres, e acabavam aceitando. Mandavam pra família mil reais por semana, então os pais acabavam aceitando. O fato que mais pegou com meus pais foi o lance que eu não precisava de grana.

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BOOM: Só pra aproveitar para tirar a

limpo, gostaria de saber se você saiu de casa por saber que era adotiva ou foi influenciada por alguém? Raquel Pacheco: Eu sou escorpiana. Ter necessidade de liberdade é uma característica forte do meu signo. Eu sempre senti necessidade de ser independente financeiramente, e meu pai não deixava. Jogava na minha cara que eu ganhava boa mesada, queria que eu só estudasse. Não tem nada a ver, pois eu soube que fui adotada com cinco anos de idade. Claro que pesou muito, mas eu entrei em depressão desde os 14 anos e tomei remédios até sair de casa. Quando morava com meus pais, eu fumava muita maconha. A adoção não influenciou em nada diretamente na prostituição. Minha vida sempre foi muito conturbada, principalmente na fase de depressão. Tentei me matar, mas fui covarde, não fui até o fim nisso. Ainda bem que fui covarde. Eu queria sair de casa não pra passar fome ou frio. Eu brigava com meus pais diariamente, mas tinha comida e cama quentinha. E acabei me iludindo com prostituição. Com 17 anos, as empresas cobram experiência, tentei alguns empregos e não consegui. Comprei até classificados. Mas sabia que com prostituição eu teria o mesmo padrão de vida que já estava acostumada, então foi isso o que acabou me levando a prostituição. Ninguém me influenciou, eu resolvi. Engoli o orgulho e o preconceito, acabei virando garota de programa.

BOOM: Em 2006, você disse no

programa da Marilia Gabriela que queria estudar psicologia. Você faz faculdade? Raquel Pacheco: Eu quero muito fazer faculdade. É algo que me preocupa muito. Eu já estou com 24 anos e estarei uma tia na faculdade (risos). Meus amigos todos já estão formados e eu não fiz ainda. Então, nesse ponto, eu fiquei pra trás. Mas eu quero fazer faculdade certinha, sem precisar trancar. Eu quero primeiro aproveitar essa fase que a Bruna Surfistinha está me proporcionando, para me estabilizar financeiramente. Eu quero ser psicóloga, é meu sonho.

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CAPA

O R E Z X N

Fotos: divulgação

OS RAPAZES PLANEJAM ENCARAR CARREIRA INTERNACIONAL

A banda de rock brasileira mais popular de todos os tempos diz modestamente que ainda tem muita coisa pra acontecer para se consolidar como banda grande e aguarda convites para tocar fora do Brasil Gisele Santos

Não adianta alguns espernearem. Não adianta questionar se é Emo, Rock ou Pop Rock e muito menos torcer o nariz. O fato é que a banda paulista NX Zero, como dizem os Titãs no trecho de uma de suas músicas, é a maior banda de todos os tempos. Mas não só da última semana ou muito menos com quinze minutos de fama, e sim desde 2001, quando as atividades foram iniciadas e o sonho se fortaleceu, abrindo o caminho para o tapete vermelho do mainstream em 2006, com um contrato assinado com a gravadora Arsenal Music, comandada pelo renomado e polêmico produtor Rick Bonadio - contrato este que acaba de ser renovado por mais quatro anos. O NX Zero, que encerrou turnê de divulgação do álbum “Agora” (2008) em março e já se prepara para gravar

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novo CD, concorre ao Prêmio Multishow 2009 e já soma em sua bagagem dezessete troféus, referentes a nove premiações brasileiras, além de três CDs de estúdio e um ao vivo com DVD (projeto MTV com mais cinco bandas) e o DVD “62 Mil Horas Até Aqui”. Antes de iniciar as gravações do novo trabalho, em meados de abril, a banda gravou em São Paulo o clipe “Cartas Pra Você”, novo single do CD “Agora”, com direção de Paulo Caruso, que mostra o NX Zero literalmente em chamas no final da edição. Di Ferrero (vocal), Gee Rocha (guitarra e segunda voz), Dani Weksler (bateria), Caco Grandino (baixo) e Fi Ricardo (guitarra) estão sempre presentes na mídia e fazem centenas de shows por todo Brasil, além de já iniciarem os primeiros passos da carreira internacional, conforme contaram com exclusividade ao BOOM!. Confira nas próximas páginas:

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CAPA “Existe uma árvore que demora sete anos para sair da terra, ela vai juntando

força e criando imensas raízes por baixo da terra, para quando houver estabilidade o suficiente, ela sair sem medo de cair. Vimos nossa história fazendo isso.” BOOM: Conforme anúncio no site oficial da banda, vocês fizeram o último show da turnê de divulgação do CD “Agora” (2008) em São Paulo, no último 21 de março e acabaram de renovar contrato com Arsenal Music por mais quatro anos. Sairão de férias ou já pensam em compor novas músicas e entrar em estúdio na sequência? NX ZERO: Nesse ano ainda vamos lançar um CD. E nada de férias! BOOM: O estilo Emocore ainda é encarado com preconceito por muita gente, não somente galera do Metal ou Rock, mas também do Hardcore ou Punk. E é perceptível que aconteceu uma mudança de estilo do Emo para o Pop Rock no CD “Agora” comparando com os anteriores. Essa mudança foi espontânea ou por causa dessa rejeição ao estilo Emo? NX ZERO: Hoje achamos um pouco difícil definir estilo musical, pois como podem ver isso virou um estilo de roupa e atitude... Caso uma banda se vista toda de preto e faça canções tristes, as pessoas nem sabem mais se é Gótico ou Emo ou Death Metal. Então, deixem isso um pouco de lado, curtir o som ou não é o que importa. BOOM: Muita banda deixa o produtor fazer tudo e não opina em nada, nem participa. Aí depois reclamam que não ficou legal o resultado final, e acabam perdendo a personalidade do trabalho, e culpam a produção depois. Como

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funciona o trabalho de vocês com o Rick Bonadio? NX ZERO: Nossa proposta sempre foi tocar as coisas conforme tomam o seu caminho naturalmente. Mas é nossa música, nosso CD, nossa vida. O trabalho do Rick com a gente está em lapidar coisas que não estavam “prontas” ou embaralhadas. Ele apenas clareou ideias para tornar nosso processo de composição mais direto e fácil, pois às vezes demorávamos muito para chegar num ponto, musicalmente falando. Ele nos ensinou atalhos. BOOM: Vocês tocaram no Big Brother Brasil 8, no mesmo programa que o Rafinha participou, no ano passado. Inclusive o Rafinha fez parte de um clipe do NX Zero, “Pela Última Vez”. O que acham sobre esse tipo de reality show que promove celebridades instantâneas? NX ZERO: O Rafinha é um cara muito sossegado, muito legal mesmo. Sobre as celebridades instantâneas, acreditamos muito em uma história que escutamos sempre do nosso road manager: existe uma árvore que demora sete anos para sair da terra, ela vai juntando força e criando imensas raízes por baixo da terra, para depois de sete anos, quando houver estabilidade o suficiente, ela sair sem medo de cair. Vimos nossa história fazendo isso, juntando forças e raízes para ter estabilidade e cabeça para chegar onde queremos. E o dia que pensarmos que estamos estáveis, é aí que 

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cairemos, comodismo nunca funcionou com o NX. BOOM: A maioria de vocês está com 24 e 25 anos de idade. Como é lidar com tamanha fama e também com o assédio das fãs mais ousadinhas? NX ZERO: Ah, depende de onde estamos. Se os cinco estiverem juntos, tem lugar que é pra causar mesmo, por exemplo, quando rola tarde de autógrafos: queremos mais é ver ‘muvuca’ e tal. Sem ninguém se machucar, claro. Mas é só saber lidar nos momentos em que estamos fazendo alguma outra coisa. Achamos que a relação com os fãs é muito importante, às vezes por mais difícil que seja o acesso, sempre nos esforçamos para nos mantermos perto da galera que gosta do nosso som. Às vezes, tem uma galera que perde a noção, mas é legal, a galera tem muito carinho com a gente, procuramos sempre, por mais breve que seja, dar atenção pra todos. BOOM: Qual foi a maior loucura que algum(a) BOOM! Magazine

fã já fez? NX ZERO: Seguir a van, dormir na porta dos shows, viajar longas distâncias, tattoos em homenagem a banda, cartas quilométricas... Tem de tudo! (risos) BOOM: Qual foi o maior mico que algum integrante ou a banda toda já passou? NX ZERO: Uma vez, a caixa de som do baixo do Caco caiu da mala e ficou pela estrada. BOOM: Fora da estrada, do palco, longe de estúdio ou composições, o que gostam de fazer? NX ZERO: Todos nós jogamos games. Temos Playstation 2, 3 e por aí vai... Jogos preferidos do NX Zero: Winning Eleven, Poderoso Chefão, Guitar Hero. Sempre rolam uns campeonatos de futebol também e tal, mas só quando rola tempo participamos. BOOM: Com quem vocês adorariam fazer uma parceria musical, até convidando pra participar de um CD da banda? NX ZERO: Gringas: Foo Fighters, Blink, Pear 

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CAPA

“O Nx Zero está grande hoje, mas ainda tem muita coisa

pra acontecer pra nos consolidarmos como uma banda grande.” Jam, Aerosmith, Red Hot Chilli Pepper, entre outras muitas e muitas. Nacionais, já tivemos o prazer de tocar com quase todas que admiramos e é sempre bom reencontrá-los na estrada. BOOM: Vale a pena utilizar a internet mesmo a banda não sendo mais independente? NX ZERO: No começo da banda, o único meio que nós tínhamos pra divulgar nossas músicas e shows era a internet. Com a divulgação em diversos sites relacionados à música, como o extinto Mp3.com, o TramaVirtual, Fotolog, Orkut e Myspace, que utilizamos até hoje, começamos disponibilizando algumas músicas pra que a galera baixasse e conhecesse a banda. Divulgávamos também nesses sites as datas dos shows; assim percebemos que quanto mais o tempo passava, mais e mais pessoas iam assistir aos nossos shows. Hoje em dia nós ainda utilizamos a internet para ter mais proximidade com os nossos fãs, inclusive em tempo real através do Twitter. BOOM: E o que acham sobre música livre na internet? NX ZERO: As gravadoras independentes podem ajudar muito uma banda nova, que quase sempre conta com um orçamento baixo, mas sempre é um bom parceiro para o começo da banda. Usamos a internet até hoje, como já dissemos, porém não fazemos mais esse tipo de divulgação das músicas por que temos um contrato que não permite essa veiculação do nosso trabalho. Nós precisamos retirar as músicas disponibilizadas pra download em sites e temos outros meios que oferecemos para quem quiser achar nossas músicas, é só entrar em contato com nossa gravadora. BOOM: Por falar em banda nova, qual trabalho vocês acompanham ultimamente e acham bacana para indicar aos leitores da BOOM! Magazine? NX ZERO: Gloria. BOOM: Aqui no Brasil, sem sombra de dúvida, a banda é conhecida do Oiapoque ao Chuí. Contem pra gente, planejam investir na carreira internacional? NX ZERO: Sim, estamos planejando um tour pela América do Sul e América Latina, porque temos alguns fãs clubes no Chile e no México e gravamos um programa pro canal Boomerang, que foi transmitido em vários países. Até gravamos versões exclusivas BOOM! Magazine

de algumas músicas em espanhol. Só estamos aguardando o convite. BOOM: Em 2007, vocês ganharam o Prêmio Multishow como banda revelação. Em 2008, ganharam as três principais categorias do Vídeo Music Brasil (VMB) – clip, hit e artista do ano. E agora, 2009, foram indicados em oito categorias do Prêmio Multishow na primeira fase. Olhando pra toda essa bagagem, somando com as turnês, prêmios, discos lançados, reconhecimento nas ruas, etc... o que é o NX Zero hoje? NX ZERO: Estamos muito felizes com todo esse reconhecimento e sempre esperamos continuar superando e melhorando o que fizemos anteriormente. O Nx Zero está grande hoje, mas ainda tem muita coisa pra acontecer pra nos consolidarmos como uma banda grande. Gostaríamos de tocar fora do Brasil. BANDA EMO NORTE-AMERICANA DIZ QUE NX ZERO TERIA FEITO PLÁGIO

No início de 2009 a banda de Emocore Taking Back Sunday (www.takingbacksunday.com) acusou o NX Zero de plágio durante um videochat que ainda está disponível na internet. A banda norte-americana declarou que a banda brasileira teria copiado o refrão de “MakeDamnSure” do CD “Louder Now” (2006), na música “Daqui pra frente”, do CD “Agora”, lançado pelo NX Zero em 2008. Na época o produtor da banda, Rick Bonadio (Arsenal Music), explicou para alguns sites (Abril, Zona Punk, entre outros) que o suposto plágio é “coincidência do mundo musical”. Meses depois esse assunto ainda é comentado em alguns veículos de comunicação, em blogs e sites de relacionamento na internet, principalmente dezenas de vídeos no Youtube comparando as duas obras. Até o fechamento dessa edição, Bonadio pediu para sua assessoria de imprensa avisar que por falta de tempo não poderia falar conosco a quantas anda esse caso. :-S

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Coluna da

DONA LUPA TELEVISIVA

RUINDO A TV ABERTA ESTÁ

Sensacionalismo de baixo nível toma conta de praticamente todos os canais Nossa televisão está ruindo. Os programas de baixo nível aumentam a cada dia; tanto é verdade que Ratinho voltou ao SBT fazendo sensacionalismo assim como Sônia Abrão, que vive das desgraças alheias na RedeTV. O SBT está contratando montanhas de pessoas para piorar sua programação. Tio Silvio está desesperado, dormiu no ponto e agora acordou do pesadelo de sua emissora estar abaixo da Globo, Record e Band. O que dizer mais sobre esses programas como o de Márcia Goldschmidt, na Band, que explora o sentimento alheio? Resta lamentar e boicotar. ‘Quáquáquá’... Lembrei do Datena, um jornalismo pífio, terrorista e desprezível, além de tratar a equipe do “Brasil Urgente” muito mal. Datena chama o helicóptero Águia com tanta veemência que a sensação que tenho é que São Paulo vai explodir a qualquer instante. O jornalismo da Globo é imbatível, melhor do mundo, vejo as televisões do exterior e são sofríveis. Mas a Globo também está em queda: nesse ano, a nona edição do Big Brother Brasil (BBB) teve o menor índice de audiência devido ao favoritismo do apresentador Pedro Bial e do diretor Boninho com a participante Priscila, o que é injusto, porque o público compra pay per view, telefona para votar, mas edições são lamentáveis, escondendo realmente o comportamento medonho dos que lá estão confinados dentro da casa. Esse BBB9 foi impróprio a menores de 18 anos e o que vimos na Globo foi um parque infantil apresentado por um professor quase senil. Devemos lembrar que o BBB é o pote de ouro da emissora, tudo patrocinado, sem custo, e se continuar desse jeito, vai esvaziar o pote. Para os fãs

do programa, é triste e lamentável. Faço cobertura do BBB há 8 anos e desta vez o comportamento foi tão inadequado que eu sentia dificuldade em escrever sobre o programa, pois meus leitores não mereciam um nível tão baixo. Tento analisar a maioria dos canais abertos e fechados, acompanho os reality shows e considero “O Aprendiz”, apresentado por Roberto Justus, um sucesso. Justus é um pavão, mas sabe conduzir com seriedade e torna seu programa um dos melhores da tevê. “O Aprendiz” é uma escola para todos que o assistem, lá temos a oportunidade de aprender liderar, gerenciar e administrar qualquer tipo de ocasião; até para as donas de casa que não sabem lidar com seus serviçais. Justus muitas vezes é seco e ríspido, mas assim é a vida, temos que ser espertos e agregar pessoas competentes para nos auxiliar. A Rede Record é a salvação dos atores brasileiros, na Globo é impossível dar trabalho a todos. O que vemos são diretores e artistas que eram seculares na poderosa Globo migrando para a tevê do bispo, que por sinal paga muito bem. Estive recentemente nos EUA, e a tevê americana é de chorar, lá se assiste o canal do tempo, jornalismo repetitivo baseado em escândalos e crimes ou seriados do século passado, como “As Super Gatas”. A televisão, assim como a mídia impressa, tem que abrir o olho, pois a Internet está tomando conta do mercado. A Lupa televisiva critica e não vacila. Até a próxima!

Dona Lupa é psicopedagoga e atriz, participou de algumas novelas da Globo - a maior delas foi o remake de “Pecado Capital” (1998). Resolveu deixar a arte para se dedicar à vida particular e administrar seu blog www.tevescopio.blogger.com.br BOOM! Magazine

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NIKKEY MATSURI

Fran Rojas

FESTIVAL REÚNE O MELHOR DA CULTURA JAPONESA Amanda Lopes, Gustavo Dittrichi e Ida Kazue Colaborou Gisele Santos e Osmar Maeda

Culinária típica, origami, mangá, karatê, ikebana, taikô, tecnologia e tudo o mais que faz parte da cultura nipônica esteve presente na 4ª edição do Nikkey Matsuri, evento que acontece anualmente no bairro Jardim São Paulo, próximo do Metrô, na capital paulista. Neste ano, o evento recebeu 30 mil visitantes no Clube Escola Jardim São Paulo, o maior público do festival até então. Criado em 2006, o Nikkey Matsuri visa integrar todas as culturas com apresentações de arte, dança, música e teatro. É também um festival das famílias e da solidariedade, pois conta com a participação de quatro entidades assistenciais da comunidade nipobrasileira (Yassuragui Home, Kibô no Iê, Ikoi no Sono e Kodomo no Sono) e do grupo Soho. BOOM! Magazine

Todos os anos, o grupo promove, no espaço do Nikkey Matsuri, o “Soho Solidário”, quando uma numerosa equipe de profissionais faz cortes e tratamento de cabelo a preços populares. A renda dessa atividade é integralmente destinada a uma entidade assistencial indicada pela organização e outra indicada pelo Clube Escola Jardim São Paulo. Neste ano, a arrecadação foi dividida entre a Yassurague Home e o Espaço Vida, entidade da zona Norte da Capital. Além da culinária – com temaki, yakissoba, harumaki, tempurá, dorayaki, udon, okinawa sobá e também iguarias brasileiras tradicionais como espetinhos de camarão, carne e pastel – a festa reuniu diversas atrações artísticas. Danças tradicionais misturadas com um toque de street dance e hip hop estiveram presentes. Apresentações de luta e de taikô, os tambores japoneses, também agitaram o público.

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TV, quadrinhos, tecnologia, passeios, eventos e variedades. O festival é uma nikkeys levam os “não manifestação da japoneses” para conhecer a diversidade étnica e cultura. Mas havia também cultural de nosso país. muitos apreciadores da Depois do Japão, o Brasil cultura, que compareceram é o país que abriga a ao evento sem ter qualquer maior colônia japonesa relacionamento com do mundo, com cerca de japoneses. 1,5 milhão de japoneses e descendentes vivendo O Nikkey Matsuri é em solo brasileiro. Isso organizado pela ACET representa cerca de 8% (Associação Cultural e Ida Kazue da população do país. Segundo o IBGE, 0,5% da Esportiva Tucuruvi), ACEOSM (Associação Cultural população é considerada amarela, segundo definição e Esportiva Okinawa Santa Maria), ACENBI (Associação étnica. Cultural e Esportiva Nipo-brasileira Imirim), Associação Cultural e Esportiva Nipo-brasileira Vila A miscigenação do público é o que mais chama a Nova Cachoeirinha, Associação Cultural e Esportiva atenção: havia a presença de muitos gaidins (não- Campo Limpo, UCEG (União Cultural e Esportiva japoneses) no evento, principalmente porque os Guarulhense) e ANC (Anhanguera Nikkei Clube). ;-)

MAIS:

E EM JULHO 7º FESTIVAL DE YOSAKOI SORAN ACONTEC hal, em São Paulo, o 7º Func Via na , Será realizado dia 26 de julho maior evento de dança Festival de Yosakoi Soran, considerado o avaliados grupos inscritos contemporânea japonesa no Brasil. Serão nas categorias técnica, formados com o máximo de 120 participantes, obrigatoriedade do uso do harmonia, criatividade e conjunto, além da o ‘soran bushi’ em algum Naruko (chocalho japonês) e entoar o refrã três primeiros colocados momento da coreografia. Serão premiados os o Grand Prix. Ao todo, em cada categoria e um grupo destacado como serão distribuídos 20 mil reais em prêmios. . Outras informações: www.yosakoisoran.org.br

Ida Kazue

Gustavo Dittrichi

Ida Kazue

BOOM! TV NO NIKKEY MATSURI A BOOM! TV visitou o festival! Para assistir ao programa, acesse www.programaboom.com e clique em “BOOM! TV” no menu. BOOM! Magazine

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X-MEN FOREVER:

A VOLTA DOS HERÓIS MUTANTES DE CHRIS CLAREMONT Gustavo Dittrichi

Confira abaixo algumas imagens divulgadas no site Omelete e no Comic Book Resources e mate a saudade do visual clássico dos heróis, no traço de Tom Grummett.

Chris Claremont é considerado um marco para as histórias em quadrinhos, especialmente no universo Marvel. Ficou dezesseis anos à frente das histórias dos X-Men, se tornando referência para o mundo da HQ. Depois de um desentendimento com os editores, o roteirista ficou quase 20 anos afastado dos roteiros de X-Men. Em fevereiro, entretanto, a Marvel Comics anunciou novas minisséries com roteiros de Chris Claremont. X-Men Forever é a mais curiosa delas. Nela, Claremont vai simplesmente ignorar todos os fatos que se desenrolaram com Wolverine, Tempestade, Vampira, Professor Xavier e companhia e recriar as aventuras dos mutantes a partir do ponto em que os deixou, em X-Men #3, no auge da fama. O roteirista teve grande importância no universo dos X-Men, sendo responsável inclusive pela co-autoria de personagens importantes como Vampira, Lince Negra, Fênix e Mística. Claremont já tinha voltado para a Marvel escrevendo eventualmente publicações casuais dos X-Men, mas guardou para si os planos que tinha para os mutantes após a morte de Magneto – planos esses que ele pretende retomar na nova minissérie. Entre eles, está a descoberta de que Dentesde-Sabre é irmão de Wolverine, fato desconsiderado da cronologia oficial da Marvel. :-o

POR FALAR EM X-MEN... Nossa equipe foi conferir o lançamento de Wolverine: Origens nos cinemas brasileiros. Confira, em Cinema (pág. 33), a resenha! BOOM! Magazine

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MUSEU DE ARTE BRASILEIRA DA FAAP APRESENTA EXPOSIÇÃO “ISABELLE E EMILE TUCHBAND” Amanda Lopes O museu da FAAP apresenta, até 26 de julho, as obras de Isabelle e Emile Tuchband, filha e pai respectivamente, que contam suas histórias. Emille traz, em cores vibrantes, paisagens que misturam encantadoramente dois países, França e Brasil, em viagens que levam desde Montmarte coberta de neve ao árido do sertão brasileiro, campos de flores franceses a oferendas a Iemanjá. E Isabelle, dona de um estilo inigualável e inconfundível, herdou de seu pai a maneira sutil de coordenar as cores. A vivacidade das cores celebra a arte e convida ao prazer. A diretora do Museu de Arte Brasileira da FAAP e curadora da exposição, Maria Izabel Branco Ribeiro, acredita que a união das pinturas de pai e filha tem simultaneamente afinidades e distinções e

que a manutenção destes elementos promove a comunicação entre ambos e resulta essa situação. Tuchband chegou ao Brasil muito jovem, em 1956, com um diploma da escola de Belas Artes de Paris e uma experiência surpreendente. Auxiliou Chagall na execução do painel do teto da Ópera de Paris. No Brasil, não deixou de ser pintor francês, mas também tornou-se brasileiro. Faleceu em 2006. Sua filha Isabelle nasceu em 1968 no Brasil, estudou artes plásticas em Paris e hoje vive e trabalha em São Paulo. A mostra “Isabelle e Emile Tuchband” reune cerca de 30 obras, entre pinturas e cerâmicas, e está em cartaz no mezanino do Museu de Arte Brasileira FAAP desde 24 de maio, devendo ser encerrada em 26 de julho. :-)

Divulgação / Site Isabelle Tuchband (www.isabelletuchband.com.br) Exposição “Isabelle e Emile Tuchband” De 24 de maio a 26 de julho Durante a semana das 10h as 20h, finais de semana e feriados das 13h as 17h. Museu de Arte Brasileira da FAAP – Mezanino Rua Alagoas, 903 – Higienópolis Tel (11) 3662-7198 Outras informações: www.faap.br Entrada Franca BOOM! Magazine

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ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo

NA PEGADA DA VIRADA

Theatro Municipal de São Paulo (Ida Kazue).

Acompanhamos o evento e os passos de três jovens em um dos maiores eventos culturais de São Paulo Amanda Lopes, Gustavo Dittrichi, Ida Kazue e Luciana Matiazzo Colaborou Gisele Santos

A Virada Cultural mostrou para o público que a cidade de São Paulo é multifacetada e surpreendente, pois reune um gostinho de todo o Brasil e um pouquinho do que há de melhor no mundo. É, seguramente, o maior evento para pessoas que querem comemorar com a cidade. Há cinco anos, o evento faz São Paulo virar uma festa de música, cultura e arte durante 24 horas, sem interrupções. A programação promovida pela Secretaria Municipal de Cultura é gratuita e transforma o centro em uma mistura musical, de público, culturas e estilos. Nesse ano, o grande evento da capital começou às BOOM! Magazine

18 horas do dia 2 de maio e foi até ás 18 horas do dia 3. Cerca de 800 atrações ocuparam o Centro de São Paulo em 150 locais diferentes, sem nenhuma parada, durante as 24 horas ininterruptas de atrações. O investimento para a Virada foi de R$ 4,5 milhões, inferior ao ano de 2008, quando R$ 6 milhões foram aplicados para a realização. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que “o balanço é muito positivo” e que está “muito feliz com o resultado de mais essa edição da Virada”. Os shows apresentados variaram os ritmos e sintonias: do samba-rock ao eletrônico, do rock ao romântico brega; releituras dos discos mais significativos de importantes nomes da música brasileira;

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ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo apresentações circenses, intervenções e encontros. O Largo do Arouche reuniu o público romântico. A Avenida Cásper Líbero, os fãs do pai do rock n’ roll, Raul Seixas. Já a Praça do Correio contou com shows de malabarismo e no Anhangabaú teve aula de Dança de Salão. A rua XV de Novembro e o Largo São Bento reuniu os adeptos da música eletrônica.

Na Praça Dom Jose Gaspar, foi improvisado no Cine Dom Jose Gaspar, o “Cine Zumbi”: a atração foi a transmissão de filmes de terror que tinham como base histórias de zumbis, dos mais antigos, em branco e preto, aos mais atuais, cheios de efeitos digitais. O público pode observar a evolução dos efeitos especiais e conteúdos dos filmes exibidos.

Cordel do Amor Sem Fim – Uma história de amor às margens do Rio São Francisco...

Era ainda 17h30 e, passando pelo SESC da Avenida Paulista, nos deparamos com um ônibus inusitado. O “Cordel do Amor sem Fim” é um espetáculo teatral num ônibus urbano em movimento que navega pelas ruas da cidade contando e cantando uma história, quase verídica, de esperanças e armadilhas, que se passa no interior de Minas Gerais às margens do rio São Francisco. Transformado no interior da casa e em movimento, o ônibus abriga seus passageiros que conhecem as três personagens sertanejas: Madalena, Carminha e Teresa.

Ida Kazue.

Theatro Municipal de São Paulo. BOOM! Magazine

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“No interior de Minas, às margens do Rio São Francisco, Carminha gosta de José, que deseja Teresa, que espera por Antônio, para desespero de Madalena” Frase do cartaz da trupe.

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Gustavo Dittrichi.

E as ruas também lotaram de artistas de rua. É o caso da poetisa e declamadora G i s e l l e Biaanconi (foto ao lado), que viajou de Embu das Artes para participar da virada. Com o seu figurino medieval, ela atraiu atenção de diversos transeuntes, que tiravam fotografias com ela.

Ida Kazue.

No Jardim da Luz, o Groupe Carabosse trouxe a exposição Instalação de Fogo, que ocupou toda a extensão do Jardim da Luz, num espetáculo cênico e pirotécnico de grande formato e longa duração. O projeto propôs um percurso de fogo e música, desenvolvendo-se por uma grande parte do parque e também pela Estação da Luz. Por sua vez, uma As bailarinas Priscilla Yokai e Thais de Assis (Gustavo Dittrichi). instalação de som e três músicos, espalhados pelo caminho, acompanharam os visitantes ao Priscilla Yokai, 25 anos, e Thais longo do percurso. Ao cair da de Assis, 24, se apresentaram noite, seguindo seu próprio ritmo, no evento. As duas bailarinas os espectadores foram convidados participaram de uma apresentação a um passeio livre durante as 3 do coreógrafo Balanchini no palco horas de duração dos efeitos das do Anhangabaú. Priscila falou o chamas. que acha do evento. “É bem legal

e interessante. Muitas pessoas não poderiam assistir a um espetáculo de ballet em seu dia-a-dia, e a Virada Cultural oferece essa possibilidade”.


ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo Grand finale Pontualmente às 18h, Maria Rita encerrou a 5ª edição da Virada Cultural com muita animação. Nem parecia que já havia se passado as 24 horas do evento. Muita gente resistiu bravamente à “aventura” e curtiu o show com muita energia. O set list começou com a música “O Homem Falou”, de seu recente álbum Samba Meu (2008), mas apresentou sucessos de outros álbuns. As músicas “Pagu”, “Encontros e Despedidas”, “Caminho das Águas”, “A Festa”, “Cara Valente” e “Não Deixe o Samba Morrer” foram as que mais levantaram a galera. A cantora foi acompanhada pela banda da gravação de Samba Meu, o clássico trio de piano (Jota Moraes, também arranjador), baixo (Sylvio Mazzucca) e bateria (Camilo Mariano) que formatou a sonoridade dos trabalhos passados, além de violões (Tuca Alves), cavaquinho e bandolim (Márcio Almeida) e a animada dupla de percussionistas (Nene Brown e Miudinho).

Em maio, Maria Rita levou o show “Samba Meu” para a Europa, que passou pela Espanha, onde se apresentou no Festival TenSamba, no Auditório de Tenerife. Ela fez os holandeses sambarem no Melkweg de Amsterdam, além de retornar pela segunda vez em Portugal, nos Coliseus do Porto Lisboa. Próximo ao fim da edição de 2009 da Virada Cultural, a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo divulgou que o público foi recorde. Apuraram que mais de 4 milhões de pessoas compareceram as apresentações. Em 2008, o número foi de 3,5 milhões. Após o evento, entretanto, muitos problemas de organização foram observados este ano. A limpeza do lixo, por exemplo, é um deles. No fim da tarde de domingo (03/05), ainda eram observados amontoados de lixo, decorrente dos shows nas esquinas da Avenida São João, no Largo do Arouche e na Praça da República. Os organizadores planejam colocar, no próximo ano, as atrações mais distantes umas das outras, a fim de evitar concentrações.

Silvio Tanaka. Ida Kazue.

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ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo OS PASSOS DA VIRADA Acompanhamos três jovens que saíram do Metrô Jardim São Paulo, na zona norte da capital paulista, rumo ao centro de São Paulo, para acompanhar as diversas atrações da Virada. E eles deixaram as opiniões gerais sobre o evento. Confira: Gustavo Dittrichi.

Aluízio Torres, 21 anos, estudante universitário Foi a primeira vez que você participou da Virada? E por que resolveu participar? Não, fui ao show da Gal Costa no ano passado. Infelizmente não cheguei a tempo de ver o show da Cesária Évora, mas foi bom da mesma forma. Também assisti o do Zé Ramalho, ficamos no “gargarejo”, foi incrível. O que achou mais legal? Gostei do palco brega no Largo do Arouche, achei uma iniciativa divertida, mas gostei mesmo do balé da dualidade. Dança contemporânea costuma ficar enclausurada dentro de teatros com ingressos altíssimos, e poder ver de graça foi uma experiência e tanto. O que você acha de iniciativas como essa da Prefeitura, de utilizar espaços públicos como palco para espetáculos culturais? A cidade é um espaço vivo. Utilizá-la como palco de atividades culturais, gratuitas obviamente, nos faz perceber o quanto estamos ligados a ela. É como se nós nunca estivemos na Avenida São João, ao vê-la tomada por pessoas que querem se divertir de maneira civilizada. Qual foi a atração que mais gostou? Gostei do show do Wando, foi muito divertido. No fim das contas todos sabiam as letras de cor. Enfim, memorável. Você pretende ir novamente? Indicaria para os amigos? Virada Cultural já é uma tradição, com toda certeza eu irei no ano que vem. Espero que seja tão bom quanto foi nos últimos anos. E o que você não gostou na Virada? Não gostei da sujeira. Poderia haver maior cuidado com isso, imagino como ficaram os lugares depois da festa, pois até um sapato havia sido jogado na Praça da República. Também não gostei do preço dos alimentos, que variava de acordo com a rua.

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Diego Gouveia, 21 anos, bancário e estudante universitário Foi a primeira vez que você participou da Virada? E por que resolveu participar? Sim, foi a primeira vez. Fui para conhecer novas culturas, ver os espetáculos e conhecer a cidade de uma visão diferente do que temos no dia-adia. O que achou mais legal? Acho que foi o respeito entre as comunidades e também a união das pessoas e poder andar pela cidade a noite sem ser assaltado (risos). O que você acha de iniciativas como essa da Prefeitura, de utilizar espaços públicos como palco para espetáculos culturais? Eu acho super legal e muito interessante... Deveria acontecer diversas vezes ao longo do ano. Acho que São Paulo é uma cidade que necessita desse tipo de atração, mesmo porque não é todo mundo que tem acesso a tudo o que acontece. Isso influencia muito na educação e cultura, então é importante levar cultura pra quem não pode “pagar” por ela. Qual foi a atração que mais gostou? O show do Wando. Você pretende ir novamente? Indicaria para os amigos? Eu pretendo ir em todas, adorei! E indico para todo mundo que gosta de cultura. E o que você não gostou na Virada? A falta de ônibus de madrugada. E também acho que deveria ter mais polícia na rua, apesar de não ter ocorrido nada.

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Tatiane Santana, 21 anos, estagiária e estudante universitária Foi a primeira vez que você participou da Virada? E por que resolveu participar? Sim. Sempre tive interesse e curiosidade em saber como era a Virada Cultural e se as atrações eram boas. Não pude ir nos outros anos, e este ano fiz o possível para comparecer. O que achou mais legal? As apresentações nas ruas com certeza foram o que mais me chamaram a atenção, pessoas caracterizadas declamando poesias e apresentando sua arte. Além das inúmeras tribos misturadas que havia lá, como roqueiros, clubbers, patricinhas, etc. A organização também foi muito boa. O que você acha de iniciativas como essa da Prefeitura, de utilizar espaços públicos como palco para espetáculos culturais? Acho muito interessante a Prefeitura investir em ações culturais como essa, o que possibilita que pessoas de todas as classes e tribos se juntem e apreciem a arte que mais lhe agradam, já que há um acervo imenso e diversificado com atrações para todos os gostos, como teatro, dança, shows, rave. Deveria haver mais ações como esta durante o ano. Qual foi a atração que mais gostou? Como já disse, foram as apresentações de rua... Você pretende ir novamente? Indicaria para os amigos? Sim, com toda a certeza. E o que você não gostou na Virada? Não gostei de ver os moradores de rua que vivem no centro sofrendo com o tumulto e provocações dos visitantes. Acho que, para eventos como esse acontecerem, deve haver um consenso para que essas pessoas não sejam lesadas, como disponibilidade de um local para ficarem até que o evento termine. ;-)

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ESPECIAL: Virada Cultural em São Paulo Fotos por Gu

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 Cinema

NA TELONA HERÓI MUTANTE VOLTA EM LONGA PRÓPRIO, QUE CONTA SUAS ORIGENS

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Divulgação

 Cinema

Camila Calado

As adaptações cinematográficas das HQs da Marvel sempre surpreendem seus fiéis seguidores. Prova disso se tem com o sucesso dos três filmes anteriores de XMen, os do Homem-Aranha e agora com X-Men Origens: Wolverine. O longa conta a história do passado de Logan (que no início é vivido pelo adorável Toye Sivan e em sua fase adulta por Hugh Jackman) e o difícil convívio com seu irmão Vitor (Liev Schreiber). Logan descobre ainda criança que não é normal, e isso acontece assim que Logan vê o homem que o criou e que sempre acreditou ser seu pai, morto! Com a fúria de ver o assassino ali, ainda em frente ao corpo, começam a nascer as garras em Logan e instintivamente segue em direção ao assassino, cravando-as em seu peito, que antes de morrer, confessa ser seu pai. Logan vive um romance com Kayla (Linn Collins), que tenta mostrar para o seu amado que ele não é um animal e sim tem um dom. Em um clima de romance, Kayla explica o significado de Wolverine (pseudônimo de Logan). Mas o que Logan não esperava era que seu irmão Vitor pudesse fazer algum mal a Kayla. O clima de vingança começa entre os dois irmãos e o público pode vibrar com os efeitos especiais e muita ação. Por sua jornada, Logan encontrará outros mutantes,

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como Scott Summers (vivido pelo talentoso Tim Pocock), Remy LeBeau, o Gambit (Taylor Kitsch), John Wrait (Will.i.am, vocalista do grupo musical Black Eyes Peas), e DeadPool (Ryan Reynolds). A história começa a ter mais ação no momento em que Logan se torna indestrutível. Para isso, seu esqueleto é coberto por um tipo de metal fictício chamado adamantium, que será capaz de destruir qualquer coisa. A partir daí, Logan passa a usar uma placa com o nome de Wolverine. A preocupação de Logan passa a ser capturar Vitor, que foi capaz de afastá-lo de Kayla, sua verdadeira paixão. Para isso, Logan precisa de ajuda e conta com Remy LeBeau e Scott Summers. Os poderes dos mutantes são provados pouco a pouco no filme e a ação toma conta da telona. Os efeitos visuais no momento em que Logan, Vitor e DeadPool estão lutando, dá ao espectador a impressão de imersão em um jogo de vídeo game. Ótima atuação para Hugh Jackman, que conduz muito bem o filme, se redimindo do fracasso de “Austrália”, com Nicole Kidman. Um filme de ação imperdível. :-D X-Men Origens: Wolverine 2009 – Ação – 107 min. EUA – 20th Century Fox Film Corporation Nota: 

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Fotos: divulgação

 Cinema

A volta do Exterminador Gustavo Dittrichi

No ano de 2018, a Skynet trava uma batalha aniquiladora contra os seres humanos. As máquinas tomaram o controle e jogaram o mundo em um devastador cenário de destruição nuclear. O lendário John Connor (Christian Bale, o Batman) lidera a resistência dos humanos contra os ciborgues. Todo mundo conhece essa história pela trilogia lançada por James Cameron, durante três décadas, em 1984, com “O Exterminador do Futuro”, depois com a sequência em 1991, em “O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final” e com o terceiro capítulo, “O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas”, em 2003. Aproveitando a milionária franquia, foi lançado nos cinemas de todo o mundo “O Exterminador do Futuro: A Salvação”. Diferente dos outros episódios da franquia, esse filme não conta as peripécias para fugir dos exterminadores que tentam mudar o futuro eliminando a existência de John Connor, mas sim a guerra que os humanos travam no futuro contra as máquinas. Também diferente dos outros filmes, não é preciso assistir aos longas anteriores para entender o novo filme. Christian Bale lidera o ótimo elenco do filme, que conta com Sam Worthington como grande destaque, vivendo Marcus Wright. O Exterminador do Futuro: A Salvação (Terminator: Salvation) 2009 – Ação, Sci-Fi – 1230min. EUA – Sony Pictures Nota: 

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Divulgação

 Cinema

Star Trek

Anjos e Demônios

Gustavo Dittrichi

Camila Calado

Tom Hanks volta às telonas se aventurando na pele de Robert Longdon, professor de simbologia do best–seller O Código da Vinci, cuja adaptação cinematográfica arrecadou mais de U$$ 750 milhões. O filme rendeu bons comentários e muitas críticas tanto do público quanto da igreja católica. Em maio, estreou no Brasil a sequência, Anjos e Demônios, seguindo a fórmula do primeiro livro, com uma história mais amarrada e cenas de ações mais verdadeiras. No longa, Vittoria Vetra (vivida pela bela Ayelet Zurer) é física de altas energias e descobre uma partícula com alta concentração de energia, denominada antimatéria, o que pode ser a solução ou a destruição de tudo. A antimatéria acaba roubada pelos vilões com o intuito de destruir o Vaticano. Mas quem são os vilões? Diante do problema, o Vaticano convoca o professor Robert Longdon para desvendar o complô. Às vésperas do conclave que escolherá o novo papa, os Illuminati raptaram os quatro cardeais que foram cotados para a sucessão papal e roubaram a antimatéria para destruir o Vaticano. O professor Longdon procura por símbolos espalhados pelas igrejas de Roma, e conta com a ajuda de Patrick (vivido pelo talentoso Ewan McGregor), o arcebispo que ficou responsável pelas cerimônias depois da morte do papa. Longdon visita muitas igrejas de Roma, como, Basílica de São Pedro, Igreja Santa Maria Del Popolo, Igreja Santa Inês em Angonia, Castelo de Sant’ Ângelo. Uma curiosidade é que a equipe não pôde filmar o interior das igrejas, apenas as fachadas. Por isso, os interiores tiveram que ser recriados em tamanho real em Los Angeles. :-|

Uma das mais populares franquias ganha um recomeço no cinema pelas mãos de J.J. Abrams, criador de Alias e Lost e diretor de Missão: Impossível 3 e Cloverfield. Na trama, Spock (vivido por Zachary Quinto – ele mesmo, o Sylar de “Heroes”) retorna ao passado juntamente com um vingativo capitão romulano, Nero (Eric Bana). É claro que o vilão busca uma violenta e genocida vingança contra o vulcano e a Federação. Agora, o grupo de novatos tripulantes da recém-inaugurada Enterprise tem a tarefa de impedi-lo. A trama retoma o passado e a juventude dos heróis da consagrada série televisiva. No papel do Capitão Kirk está Chris Pine, no primeiro papel no cinema de grande expressão. O que talvez possa decepcionar os fãs da franquia é a ausência do capitão Kirk original (muitos dos aficionados criaram discussões acirradas em fóruns na internet com o objetivo de que William Shatner aparecesse de alguma maneira no filme). Entretanto, Leonard Nimoy, o eterno Spock, estará presente, garantindo uma ligação com a série original. Apesar dos pesares, Abrams consegue criar um roteiro bem costurado e envolvente, mas longe de alcançar o fascínio que Star Trek exerceu na década de 1960. :-/ Star Trek 2009 – Sci-Fi – 126 min. EUA – Sony Pictures Nota: 

Anjos e Demônios (Angels and Demons) 2009 – Ação – 107 min. EUA – Sony Pictures Nota:  BOOM! Magazine

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 Cinema FOTO: Revista Rolling Stone / ARTE: Gustavo Dittrichi

NA LOCADORA

Um conto de fadas

vampiresco

Crepúsculo traça um romance com toques sobrenaturais,  no melhor estilo “Romeu e Julieta” BOOM! Magazine

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 Cinema Camila Calado e Gustavo Dittrichi

Já imaginou se apaixonar por alguém tão diferente de você que se tornasse perigoso? É mais ou menos esse o fio principal que conduz a narrativa do filme Crepúsculo, adaptação do best-seller homônimo de Stephanie Meyer. Bella (vivida pela talentosa Kristen Stweart) vai viver com o pai em Forks, cidadezinha insólita com um clima peculiar: a maior parte do tempo está encoberta por nuvens, e as chuvas e o tempo frio são constantes. É lá que ela conhece o estranho Edward Cullen (Robert Pattinson), que, de início, parece evita-la a todo o custo – mesmo demonstrando uma grande atração por ela.

FOTOS: divulgação

A jovem Bella fica curiosa com as características diferentes e o olhar intrigante de Edward, que tenta de todas as formas fugir da garota. Bella inconformada procura resposta para entender a rejeição de Edward. Examinando as evidências, se torna claro para Bella que Edward é um vampiro. Entretanto, isso não a assusta. Ao se envolverem, Edward passa a viver o dilema entre beijar ou morder a amada, já que está sedento pelo sangue de Bella. E basicamente essa é a história de Crepúsculo. Se você espera um filme de ação ou suspense sobre vampiros, é melhor passar os primeiros 60 minutos direto. Mas daí você estará perdendo exatamente o charme que torna Crepúsculo (tanto o filme como o livro) um fenômeno irresistível: o apelo romântico. Qualquer vampiro em seu lugar esperaria o momento oportuno para atacar o pescoço de Bella, mas mesmo sedento pelo sangue da amada, Edward prefere não correr o risco e tenta lutar para resistir ao apelo animal do seu cheiro. A paixão começa a tomar conta de ambos e os olhares são cada vez mais intensos, Bella se sente cada vez mais atraída pelo jovem vampiro que mesmo resistindo à presença de Bella, nunca a deixa desprotegida. O que a garota apaixonada não consegue perceber é que quanto mais se aproxima dele, maior é o perigo para si e para os que a cercam. Em um mundo novo, com acontecimentos inesperados e surpreendentes, a garota se vê em meio a uma disputa de seres do submundo. BOOM! Magazine

Fora que a adaptação dos poderes de Edward para o cinema ficaram incríveis. É bem interessante ver como o vampiro pode subir em árvores e praticamente voar, além de ter força sobre-humana e poder ler os pensamentos de todos em sua volta – exceto de sua amada Bella. O desenvolvimento do relacionamento entre Bella e Edward é o ponto alto do filme. A saga de Stephanie Meyer não é o primeiro caso de sucesso de livros para jovens que vira um bom filme de altas bilheterias. É nessa onda de filmes infantojuvenis baseados em livros (como Harry Potter) que Crepúsculo pega carona. E já está em produção o segundo filme, Lua Nova, que deve estrear em novembro desse ano. A protagonista Kristen Stweart nem precisava demonstrar que tinha talento para estar nesse filme: depois de O Quarto do Pânico, onde viveu a filha diabética e contracenou com ninguém menos que Jodie Foster, Kristen já pode ser considerada um talento. Robert Pattinson também fez bonito. Depois de alguns filmes com pouco destaque, Pattinson ficou famoso após viver Cedric Diggory em Harry Potter e o Cálice de Fogo, em 2005. Ambos conseguiram dar vida ao romance ao melhor estilo “Romeu e Julieta”, com um toque de Anne Rice.

Basicamente, Crepúsculo é uma história adolescente, sobre sentimentos e paixões de uma fase inesquecível da vida de qualquer um – o que torna o longa um convite irresistível para todas as idades. ;-D Crepúsculo (Twilight) 2008 – Romance – 122 min. EUA – Paris Filmes Nota: 

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 Cinema

NA LOCADORA

UMA LIÇÃO DE VIDA

EM QUATRO PATAS A emocionante história do atrapalhado labrador Marley Amanda Lopes e Gustavo Dittrichi

Eles descendem dos lobos selvagens, mas se especializaram em nos fazer companhia. Passamos a ama-los e eles se tornaram nossos filhos – comprovado cientificamente, visto que despertam nas pessoas as mesmas sensações que um bebê recém nascido. Os nossos cachorros realmente viraram parte da família – se você tem um, sabe bem do que estamos falando. E talvez seja por isso que o longa Marley e Eu (adaptado do best-seller de John Grogan) mexa tão fundo com nossos corações.

O longa arrecadou 155,7 milhões de dólares por todo o mundo quando foi aos cinemas, e promete ser sucesso garantido também nas locadoras. É um filme que vale a pena ver e rever, e levar a história do labrador como lição de amor incondicional e desinteressado que somente um cachorro pode ter por um humano. :-) Marley e Eu (Marley and Me) 2008 – Comédia – 115 min. EUA – Fox Video do Brasil Nota: 

Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. John Grogan no livro Marley e Eu

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A história do simpático, adorável, incontrolável e destruidor labrador Marley desperta o melhor do que existe, não só nos personagens, mas também no espectador. John Grogan (Owen Wilson, conhecido comediante mostrando que também pode interpretar boas partes dramáticas) e sua esposa Jenny (Jennifer Aniston, em ótima interpretação) querem aumentar a família. Enquanto um filho não vem, Grogan decide presentear sua esposa com um cão labrador, Marley (em homenagem ao cantor Bob Marley), que logo se torna um potencial destruidor, chegando até a ser expulso da escola de treinamento para cães. Em meio às confusões criadas por Marley, a família vai crescendo e o cãozinho acompanha Grogan e sua esposa Jenny ao longo da vida, por seus altos e baixos.

Contar qualquer coisa sobre o enredo seria estragar as risadas, surpresas e emoções que a história traz. Dá para adiantar que Marley causa muita confusão por onde quer que passe. Mas, acima de tudo, o coração de Marley é puro. Da mesma forma que ele recusa alegremente qualquer limite seu comportamento, seu amor e lealdade também são ilimitados. Marley reparte os bons e maus momentos do casal. Por todo o tempo continua firme, um modelo devoção, mesmo quando sua família estava quase enlouquecendo. E é assim que eles aprendem que o amor incondicional pode vir de várias maneiras.


 Cinema

NA LOCADORA

Fashion

A AVENTURA DE UMA CADELINHA CHIHUAHUA EM “PERDIDO PRA CACHORRO” Gisele Santos

As patricinhas de Beverly Hills que se cuidem! A nova aventura infantil da Walt Disney Pictures, “Perdido pra Cachorro”, mostra como os Chihuahuas de famosos são fashion, ricos, bonitos e bem cuidados em Beverly Hills, principalmente a charmosa cadelinha Chloe, super paparicada por sua dona – uma modelo riquérrima chamada Vivi, estrelada por Jamie Lee Curtis (“True Lies”, “Paixão Assassina”, “Halloween - Ressurreição”). É uma crítica aos donos de cães que muitas vezes exageram nos cuidados dos animais, até mesmo esquecendo de si, e mostra um mercado que cada vez mais cresce voltado ao mundo animal, que inclui roupas, spa, brinquedos, perfumes, acessórios, etc. A falante Chloe (dublada no original por Drew Barrymore) fica aos cuidados da sobrinha de Vivi, Rachel (Piper Perabo), já que a modelo precisa viajar a negócios. Só que Rachel resolve viajar escondida com algumas amigas para a cidade do México, levando Chloe, que cansada de tanto desconforto, achando o fim da picada ser alimentada com comida pra cachorro, foge e se BOOM! Magazine

perde em seguida nas ruas, até que conhece uma outra realidade, vivendo muitas aventuras e até descobre sua origem humilde, além de ter sua coleira de diamantes roubada pelo rato Manuel e pela iguana Chico. Chloe é salva por um chihuahua malandrão, que atende pelo nome de Papi, dublado com sotaque espanhol por George Lopez, companheiro do jardineiro da casa de Vivi, que vai até o México proteger seu grande amor quando descobre que ela está a perigo. Não chega ser uma história genial e muito menos algo novo, pois a sétima arte há décadas apresenta animais que falam, sendo tudo muito engraçadinho. Mas é inegável a perfeição dos efeitos especiais chegando muito próximos ao real e toda a produção envolvida, ainda mais por causa do trabalhão que deve ter dado administrar mais de duzentos cães no elenco. Perdido pra Cachorro (Bervely Hills Chihuahua) 2008 – Comédia – 91 min. EUA – Walt Disney Pictures Nota:

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CHIHUAHUA


TOP

FOTOS: Divulgação. ARTE: Gustavo Dittrichi

 Cinema

da década Pra você que é apaixonado por cinema e não perde um bom filme nos finais de semana, a Boom! Magazine fez uma lista com os dez melhores filmes da década. Tancredo Junior

Em minha primeira colaboração para a Boom! Magazine recebi tarefas, digamos assim, um tanto desafiadoras para um iniciante neste estilo de publicação. Uma delas foi elaborar uma relação dos dez melhores filmes dos últimos dez anos. Confesso que foi um trabalho agradável, afinal sou cinéfilo de carteirinha, fã de bons filmes de ação, aventura, suspense e de comédia, de vez em quando, pra quebrar o gelo. O difícil mesmo foi escolher quais deveriam entrar nessa lista dos Top 10 do cinema, pois a cada ano Hollywood produz centenas de filmes – alguns bons, outros nem tanto. Nosso critério de seleção não se ateve, necessariamente, na seleção de películas ganhadoras do Globo de Ouro ou do Oscar, mas sim aquelas que de alguma forma encantaram o público e não levaram nenhuma estatueta. Afinal, tem sempre aquele filme que marcou nossas vidas, mas que provavelmente não foi um estouro nas bilheterias. Deixamos de fora excentricidades e bizarrices, como “O Massacre da Serra Elétrica” e “Sextafeira 13”. Divirta-se e bom filme! 1- Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)  Este filme revela a face obscura e demente de um assassino frio e calculista, interpretado por Javier Bardem, que levou o Oscar de ator coadjuvante. Baseado no livro de Cormac McCarthy, ganhador do Pulitzer, a produção faturou ao todo quatro estatuetas, incluindo a de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor diretor. Também pudera: a direção é dos experientes e consagrados irmãos Joel e Ethan Coen, que já fizeram BOOM! Magazine

outras grandes obras, como “O amor custa caro”, “Barton Fink – Delírios de Hollywood”, “Matadores de Velhinhas”, “Fargo – Uma Comédia de Erros”, “E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?”, “Ajuste Final” e “Arizona Nunca Mais”.

formado por Jake Gyllenhall, Mark Ruffalo, Anthony Edwards, Robert Downey Jr. e dirigido por David Flincher.

2- Zodíaco (2007)  Cartas enviadas em agosto de 1969 à redação dos jornais San Francisco Chronicle, San Francisco Examiner e Vallejo Times-Herald, pelo mesmo remetente, provocam medo e apreensão entre a população de San Francisco. Um matador usa códigos indecifráveis que revelariam sua identidade, além de conter a confissão de seus assassinatos. Um suspense de tirar o fôlego, com grande elenco

Mais uma vez o talentoso M. Night Shyamalan, escritor e diretor de “O Sexto Sentido”, “ C o r p o fechado”, “A Vila” e “Sinais”, produz um grande filme. Inteligente e perturbador,

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3-

Fim

dos

Tempos

(2008)



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 Cinema “Fim dos Tempos” aborda um tema até então impensável: a revolta da natureza contra os seres humanos. Um evento inexplicável repentinamente começa a afetar a sanidade das pessoas, levando-as a provocar suicídio em massa. Com Mark Wahlberg e Kohn Leguizamo. 4- Matrix (1999)  Realidade virtual se mistura à vida real neste que é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Efeitos especiais incríveis e lutas alucinantes são os ingredientes de uma história cibernética que conquistou fãs em todo o mundo. Matrix é uma revolução cinematográfica. A trilogia se completa com “Matrix Reloaded” e “Matrix Revolutions”, ambos também muito bem produzidos pelos irmãos Larry Wachowski e Andy Wachowski. 5- 300 (2007)  Quem gosta de história da Grécia antiga com certeza viu o filme. O numeroso exército persa, comandado pelo Imperador Xerxes, invade o território grego em 480 a.C. Mas eles não contavam com a bravura de 300 valentes guerreiros da cidade de Esparta. Na famosa batalha do desfiladeiro de Thermóplilas o Rei Leônidas não se intimida diante da imensidão dos adversários e luta com seus homens até a morte. Xerxes, estereotipado no filme como se fosse meio afemidado, é interpretado pelo brasileiro Rodrigo Santoro, que fica esquisito com aquela voz de Darth Vader. 6-Meu Nome Não é Johnny (2008)  Selton Mello é um ator versátil, que consegue fazer comédias como “Lisbela e o Prisioneiro” e “O

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Auto da Compadecida”, mas que também mostra sua habilidade de interpretar um jovem de classe média carioca que se envolve com o mundo do crime. Em “Meu Nome Não é Johnny”, Mello faz o papel de João Guilherme Estrella, que se transformou no rei do tráfico da zona sul do Rio de Janeiro nos anos 90. Baseado em uma história real, o filme conta com a beleza e a boa interpretação de Cléo Pires, que segura as pontas como coadjuvante. 7- O Código Da Vinci (2006)  Dan Brown tem faro fino para escrever livros que rendem bons roteiros cinematográficos. Em o Código Da Vinci, o personagem central da trama que virou best seller mundial é Robert Langdon, professor especialista em desvendar símbolos antigos, vivido na telona por Tom Hanks. Ao lado da criptóloga Sophie Neveu (Audrey Tatou), Langdon se envolve em uma busca pelo Santo Graal, objeto que supostamente é uma ameaça à hegemonia da Igreja Católica. Ficção que inquietou os prelados romanos, esse filme mistura fé, ciência e ação. 8Homem-Aranha 

(2002)

Um dos heróis mais amados dos gibis, “Spider-Men”, ou simplesmente “Homem-Aranha”, era aguardando ansiosamente pelos fãs na versão tela grande. Peter Parker, o jovem e franzino repórter fotográfico, vivido por Tobey Maguire, é picado por uma aranha e de repente se vê dotado de super poderes. A Marvel Comics ficou tão contente com o sucesso do filme que lançou mais dois, completando a trilogia em 2004 e 2007, ambos com recordes de bilheteria.

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9- À Procura da Felicidade (2006)  Uma história simples, mas envolvente. Will Simith, que começou sua carreira interpretando o cômico e orelhudo Will, na série de TV “Um Maluco no Pedaço”, se revela um bom ator dramático em “À Procura da Felicidade”. Ao lado de Jaden Smith, seu filho na vida real e na ficção, ele nos emociona com a história real de Chris Gardner, um homem que tinha um sonho: dar uma vida melhor para a sua família. Diante das dificuldades que enfrenta, Gardner é abandonado pela mulher, é despejado da sua casa, mora em abrigos com o garoto, mas não desiste da luta. Qualquer semelhança com a realidade não será mera coincidência. 10- Os Infiltrados (2006)  Geralmente filme policial é sempre igual, mas esse não é o caso de “Os Infiltrados”, uma superprodução que aborda a corrupção na polícia de Boston, nos Estados Unidos. Jack Nicholson é o chefão do submundo do crime, que mantêm informantes dentro do departamento de polícia. Com isso, ele sempre está um passo à frente dos homens da lei. A mesma tática é adotada pelo outro lado, que resolve infiltrar um agente disfarçado entre os criminosos. O resultado é uma história que prende o telespectador do início ao fim. Com Leonardo Dicaprio, Mark Wahlberg, Matt Damon e a direção sempre firme de Martin Scorsese. ;-D

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´  Musica

LADY GAGA

a queridinha das pistas

Com a música “Just Dance” a cantora dá nova direção à música pop Silvia Fachim

Considerada pelo The Times como o futuro do pop, a cantora de 23 anos, Lady Gaga, vem mostrando para que veio. Com um estilo que nos lembra os auges do dance das décadas de 70 e 80, e uma pintura no rosto a la David Bowie, a cantora está entre as primeiras nas paradas das rádios, e sua música “Just Dance” pode ser ouvida no mundo todo. Fora dos padrões pop dos últimos anos, Lady Gaga têm uma versão própria nas roupas e na música. Ela, que antes de ser famosa escreveu músicas para artistas como Pussycat Dolls, Fergie, Britney Spears, entre outros, garante seu lugar no topo graças a seu talento. Sua voz potente pode ser ouvida nas músicas “Money Honey” e “Eh, Eh ( Nothing Else I Can Say)”, do álbum The Fame. As faixas “Paparazzi” e “Lovegame” (que já segue o mesmo sucesso de “Just Dance”) são interessantes, do tipo que se ouve em qualquer lugar. Qualquer baladinha da moda que for, Lady Gaga está presente. Seu CD The Fame, é bem inovador, e parece que abre caminhos para novos tempos da música pop. :-)

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´  Musica

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OS

MELHORES ÁLBUNS da década

A Boom! Magazine resolveu trazer nesta edição a seleção dos dez melhores CDs da década. Uma tarefa nada fácil, mas muito agradável! Tancredo Junior O desafio foi lançado. A missão: apontar quais são os dez melhores CDs musicais dos últimos dez anos. Claro que essa escolha envolveu de certa forma opiniões e gostos musicais do editor da matéria, que tentou, é claro, ser o mais imparcial possível em sua avaliação. É sabido que deixamos de fora os Calypsos da vida, os sambas melosos de Alexandre Pires e companhia, além do suingue da “boquinha da garrafa” de compadre Washington e seus ilustres conterrâneos que fizeram do É o Tchan! um dos maiores fenômenos de vendas no Brasil. Mas quantidade de CDs vendidos não significa, necessariamente, qualidade musical. Tanto é que o rei Roberto Carlos já não vende hoje o volume de antes. Talvez a comparação não seja a mais adequada. Afinal, axé music e o romantismo do cabeludo são completamente diferentes, mas entre um e outro, prefiro o segundo, em termos de “conteúdo”, digamos assim. Diante da tarefa, mergulhamos no vasto e distinto universo musical, vasculhando as produções nacionais e internacionais feitas entre 1999 e 2009. Ouvimos atentamente CD por CD – os que não tínhamos em casa, fomos atrás. Definimos como critério de avaliação a qualidade final do produto, uma mistura perfeita entre ritmo, sonoridade, agradabilidade e importância da obra. O resultado final está aí. Com certeza, muita gente vai discordar e reclamar dizendo que seu artista preferido não entrou em nossa lista. Outros vão dizer que é inadmissível deixar NX Zero de fora, ou o Oasis, ou Mariah Carey, ou Madonna, ou Zeca pagodinho, ou Angélica, ou Ivete Sangalo. Paciência. Da próxima vez, a gente deixa os leitores votarem, ok? BOOM! Magazine

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´  Musica 1- Memórias, Crônicas e Declarações de Amor - Marisa Monte (2000) A cantora brasileira gravou um dos melhores CDs já lançados no País. Com arranjos simples e agradáveis, Marisa mereceu estar em nossa lista. Foi Nelson Motta quem a projetou ao sucesso em 1987, quando produziu seu primeiro show no Rio de Janeiro. A partir daí, foi um pulo para o sucesso. Destaque para as canções “Amor I Love You”, “Não Vá Embora”, “O que Me Importa” e “Não é Fácil”. 2- Todos Nós Somos Um - Jorge Vercilo (2007) O cantor carioca Jorge Vercilo canta e encanta com originalidade. Dono de uma voz que alguns dizem ser bem parecida com a de Djavan ele que agrada a qualquer ouvinte. Merecidamente, em 1997 foi indicado para o Prêmio Sharp na categoria Melhor Cantor Pop. Depois do sucesso de “Que Nem Maré”, que tocou bastante nas rádios de todo o Brasil, ele nos surpreende com mais um belo trabalho em “Todos Nós Somos Um”. 3- Live in Paris - Seal (2005) Seal faz parte do clube de grandes cantores internacionais. Suas músicas tocam bastante nas rádios adultas e agradam também os mais jovens. Baladas pop, como “Kiss from a Rose” (melhor música no Grammy de 1996) e “Prayer for the Dying” são marcas registradas do cantor, que vendeu mais de 25 milhões de cópias em todo o mundo. O álbum foi gravado em um show em Paris, e vem acompanhado de um DVD. 4- Greatest Hits - Simply Red (2003) Sei que muita gente vai me xingar, mas convenhamos: Simply Red marcou uma geração, com grandes hits nos anos 80 e 90. Quem vai negar que “Holding Back the Years”, “For Your Babies” e “If You Don’t Know Me By Now” não

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são perfeitas para aqueles momentos a dois? “Greatest Hits” trás algumas das melhores, mas infelizmente ficaram de fora outras que também poderiam estar na compilação. 5- Mind, Body & Soul - Joss Stone (2004) A cantora Joss Stone se firmou de vez no cenário da soul music moderna com esse CD impecável. Boa música é com ela. Dona de uma voz inconfundível e agradável, Stone conquista fãs por onde passa, inclusive aqui no Brasil. Uma das minhas preferidas é “Less Is More”. Vale a pena ouvir e conferir. 6Boy Remasterizado - Deluxe - U2 (2008) Os apaixonados pelo U2 com certeza reconhecem que essa obra é uma das mais primorosas da banda irlandesa. As faixas “Another Day” e “Boy-girl” têm aquela marca registrada dos rapazes de Dublin e são essenciais na estante dos colecionadores. O CD contém faixas não lançadas e vem em uma embalagem especial com livro de capa dura e fotos inéditas. 7- The Best So Far - Robbie Williams (2006) Internado várias vezes devido a sua compulsividade por sexo (pelo menos é o que dizem os tablóides londrinos), esse inglês faz um som de muito bom gosto, o que o diferencia dos demais. Basta ouvir algumas faixas do CD para entender o porquê Robbie Williams desponta como um dos grandes novos nomes da música pop mundial. “Sin Sin Sin”, “Advertising Space”, “Feel”, “Come Undone” e “No Regrets” tem que ser ouvidas em alto e bom som. 8- Lótus - Guilherme Arantes (2007) Mais um brasileiro em nossa lista dos melhores da década. O paulista Guilherme Arantes fez sucesso nos anos 80 com canções exuberantes,

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como “Planeta Água”, segundo lugar no festival MPB Shell de 1981, além de “Meu Mundo e Nada Mais”, “Deixa Chover”, “Pedacinhos (Bye, Bye So Long)”, “Cheia de Charme” e tantas outras. Depois de algum tempo sem gravar coisas inéditas, ele nos brinda com esse CD muito bem produzido. As canções “Cena de Cinema” e “Salvador, Primavera e Outono” são obras-primas. 9- The Very Best of - Diana Krall (2007) Diana faz parte do clube das divas da música contemporânea. A canadense sabe cantar de um jeito que envolve até mesmo aqueles que não são amantes do jazz. Suas canções devem ser ouvidas várias vezes, atentamente, sem pressa e acompanhadas preferencialmente de um bom vinho. Nesse álbum, Krall apresenta as melhores da sua discografia jazzística. Casada com o músico britânico Elvis Costello, Diana modernizou o estilo musical criado em New Orleans no início do século XX, mas não nega sua forte influência recebida dos grandes nomes do jazz, como Ella Fitzgerald, Miles Davis, Thelonious Monk, Louis Armstrong, Duke Ellington, Miles Davis, Nina Simone e Billie Holiday. 10- One Night Only - Bee Gees (1998) Sem dúvida, os irmãos Bee Gees marcaram época. Nos anos 70, no auge da chamada disco music, eles fizeram tanto sucesso que “Stayin’ Alive” e “You Should Be Dancing” eram tocadas intensamente em praticamente todas as boates dos EUA e nas rádios mundo afora. Ao todo, os caras venderam mais de 110 milhões de CDs ao longo da carreira. Outros destaques são “Massachusetts”, “To Love Somebody” “Words”, “How Can You Mend a Broken Heart” e “How Deep Is Your Love”. :-D

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´  Musica Cia. de foto. Um dos maiores fenômenos de público dos últimos anos, o grupo se apresentou de 5 a 10 de maio, recebendo como convidados os cantores e compositores Zé Geraldo, Silvério Pessoa Lula Queiroga e GOG; no dia 6 o show foi gravado para mais um DVD da coleção Toca Brasil que o instituto lança ainda em 2009. Amanda Lopes O Itaú Cultural (SP) recebeu pela primeira vez a trupe de O Teatro Mágico para uma temporada de seis dias na programação Toca Brasil. De 5 a 10 de maio, Fernando Anitelli e companhia levaram ao palco do instituto seu espetáculo musical-circenseteatral, ao lado de convidados que também trabalham a música por caminhos menos convencionais: o mineiro Zé Geraldo, com seu som de rock e música caipira; o rapper brasiliense GOG, que faz do verso um manifesto em prol da informação e do conhecimento; o pernambucano Silvério Pessoa, que mistura sonoridades do sertão com rock, e o conterrâneo Lula Queiroga, que há anos também BOOM! Magazine

funde o estilo com música nordestina. Os shows dos dias 5, 6 e 7 de maio foram transmitidos ao vivo pelo site www.itaucultural.org.br. A apresentação do dia 6, quartafeira, foi quando o Teatro Mágico recebeu o brasiliense GOG e Silvério Pessoas como convidados especiais, integrará um DVD produzido pelo Itaú Cultural, previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano. A temporada abriu um dia antes, na terça-feira, 5, com uma noite especial, na qual a trupe subiu ao palco para um show solo, com o seu elenco composto de 13 artistas – entre cantores, músicos, atores e circenses. Em turnê com o CD

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recém lançado Segundo Ato (2008), eles continuam atraindo milhares de fãs pelo país, desta vez com a sua música e poesia falando sobre o homem e a sociedade na qual ele vive. O disco traz músicas como Cidadão de Papelão, O Mérito e o Monstro e Xaneu N 5, e será a base do repertório dos shows, o qual incluirá, ainda, canções do seu disco de estréia, O Teatro Mágico: Entrada para Raros. O rapper Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, voltou a dividir o palco com eles, na quinta-feira, 7, um dia depois de terem gravado o DVD do show, e interpretou músicas como Brasil com P. Esta parceria tem se repetido desde o ano passado, quando eles se apresentaram juntos no Fórum Julho 2009


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urbanos. Vencedor do Prêmio TIM de Melhor Cantor Regional em 2006, o músico teve como formação musical a programação das rádios do interior, e a influência da mãe, que foi professora de acordeom, e da avó, freqüentadora assídua dos programas de auditório de Recife nas décadas de 40 e 50. No show, o cantor apresentou algumas músicas que integrarão o CD Nordeste/Occitan – no qual gravará composições e arranjos feitos em parceria com artistas e bandas francesas –, previsto para ser laçado até 2010. Já no domingo, Lula Queiroga sobiu ao palco dos anfitriões para mostrar um pouco do seu terceiro disco solo, Tem Juízo Mas Não Usa. Músico que começou a trabalhar a mistura de rock e música nordestina na década de 80 – com o álbum Baque Solto (1983), lançado em parceria com Lenine -, Lula ainda fez da mistura de sons e ritmos o elemento base da sua obra. A proposta de trabalhar a arte de uma forma mais ampla faz a sua música percorrer caminhos que extrapolam sua atuação solo. Além de ter composições interpretadas por artistas como Elba Ramalho, Milton Nascimento, Pedro Luís e a Parede e Ney Matogrosso, ele assina produções e direções musicais de documentários, como

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Circo Pindorama – A Verdadeira História dos Sete Anões. Em comum com O Teatro Mágico, além da proposta musical ampla, consta ainda a defesa por um mercado mais independente da música. Os anfitriões Criado há seis anos pelo ator, músico e compositor paulista Fernando Anitelli, O Teatro Mágico já nasceu com a ideia de reunir no palco uma trupe de músicos, artistas circenses, atores e poetas que levassem à cena a proposta de utilizar artisticamente todos os recursos que a imaginação pudesse criar. Rapidamente, a proposta ganhou seguidores. O projeto inovador de uma arte democrática, acabou refletindo num estilo bastante peculiar de trabalhar com a música no mercado fonográfico. Já no CD de estreia, o grupo colocou todo o repertório disponível para downloads gratuitos na internet, o que não impediu que vendessem ainda mais de 120 mil cópias do trabalho. A ação foi repetida no álbum seguinte da trupe, Segundo Ato, que bateu todos os recordes de downloads no site da gravador Trama Virtual: 600 mil, em menos de 48 horas.

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Cia. de foto.

Social Mundial. Mesmo com 25 anos de carreira e sete discos lançados, além do título de primeiro rapper brasileiro a fundar um selo dedicado ao gênero (Só Balanço, em 1993), GOG continua a defender a produção musical independente. Um dos resultados da maturidade do ritmo e poesia do rapper é o recém-lançado DVD Cartão Postal Bomba, com participações especiais de artistas como Paulo Diniz, Lenine, Maria Rita e Gerson King Combo. Na sexta-feira, dia 8, o Teatro Mágico e a sua poesia receberam a música caipira e urbana do mineiro Zé Geraldo. Artista também de público altamente fiel, o cantor e compositor interpretou ao lado dos anfitriões canções do novo disco, Catadô de Bromélias – o 16º de sua carreira –, e alguns dos sucessos acumulados em mais de 30 anos de carreira, com influências que vão de Bob Dylan e Rolling Stones a Ataulfo Alves, entre outros. Pernambuco Nos dois últimos dias desta mini-temporada, a música pernambucana deu o tom. No sábado, a trupe anfitriã dividiu o palco com Silvério Pessoa e sua música-síntese das canções da Zona da Mata, Agreste e Sertão, com sonoridade musicais dos centros


´  Musica A noite do Heaven and Hell toca em São Paulo e mostra que o gênero não morreu completamente a execução da música “Bible Black”, do disco novo, e em alguns momentos prejudicou a correta audição dos instrumentos. Era de se esperar que, cobrando ingressos tão caros, a casa pelo menos oferecesse condições mínimas para a realização do show.

Sérgio Siscaro

O Brasil tem sido destino certo de bandas veteranas nos últimos anos. Grupos que já não conseguem encher estádios na Europa e EUA, ou eternas “voltas” que não passam de projetos caça níqueis, têm visto o país como um mercado promissor para turnês. Contudo, este ano tem surpreendido pela grande quantidade de bons shows de velhos ícones do rock. Apesar de mais grisalhos, Deep Purple, Motörhead, Kiss e Iron Maiden foram gratas surpresas que desembarcaram por aqui nos últimos meses. Assim, era de se esperar que o show do Heaven and Hell – que nada mais é do que a segunda formação clássica do Black Sabbath, com Ronnie James Dio nos vocais, Geezer Butler no baixo, Vinny Appice na bateria e o inevitável Tony Iommi na guitarra – já despertasse interesse meses atrás, quando a vinda do grupo ao Brasil foi confirmada. E a primeira apresentação em São Paulo, realizada no último dia 15 de maio no Credicard Hall, confirmou que os velhinhos ainda têm gás para não apenas revisitar velhos clássicos, mas também para apresentar composições novas (que não ficam nada deslocadas no setlist). O show começou com a inevitável “E150”, o que já serviu para dar um gosto do que viria mais pela frente – um repertório que, se por um lado abriu espaço para as músicas do recém lançado disco, por outro foi quase que completamente voltado para o período clássico de Dio no Black Sabbath, entre 1980 e 1981, com faixas como “Children of the Sea”, “Die Young” e “Falling Off the Edge of the World”. A emblemática “Heaven and Hell” recebeu uma versão mais longa, na qual Tony Iommi pôde confirmar que ainda é um dos mais relevantes guitarristas de rock. Faixas do menos cotado Dehumanizer,

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Metal renovado

que marcou a volta de Dio à banda em 1992, também estiveram presentes, como “I” e “Time Machine”. No final, a dobradinha de “Country Girl” e “Neon Knights” fechou a noite. Em pouco menos de duas horas, o Heaven and Hell conseguiu empolgar não só um público formado por roqueiros trintões, fãs de longa data do Black Sabbath, mas também um pessoal mais novo, que conhecia o grupo pelo disco ao vivo Live from Radio City Music Hall (2007) e agora pôde conferir ao vivo a disposição do veteraníssimo Dio durante o show, ou o virtuosismo de Iommi, Butler e Appice. Como era inevitável, alguns clássicos ficaram de fora, como “Sign of the Southern Cross”, “Lady Evil”, “TV Crimes”; contudo, a inclusão de músicas do disco de estréia do Heaven and Hell, intitulado The Devil You Know (ainda inédito no Brasil), como “Follow the Tears”, serviram para deixar o público com a certeza de que esta não era mais uma banda caça níqueis. O ponto falho da apresentação ficou por conta do sistema de som do Credicard Hall – que comprometeu

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Agregado ao Black Sabbath no já distante ano de 1980, após ter ficado clara a ruptura entre Ozzy Osbourne e o resto de seus colegas de banda, Dio chegou com a missão de renovar o grupo no momento em que o heavy metal ainda não havia se rejuvenescido pela onda de bandas britânicas do início daquela década. E conseguiu: os álbuns clássicos Heaven and Hell (1980) e The Mob Rules (1981) foram sucesso instantâneo entre os headbangers, e tornaram o disco ao vivo Live Evil um monumento do rock pesado. Essa formação também é importante para os fãs brasileiros por ter sido a primeira a desembarcar no país, em maio de 1992 – quando havia acabado de ser lançado o álbum Dehumanizer. Um pouco esquecido hoje em dia, este álbum serviu para colocar um freio à espiral de decadência do Black Sabbath nos anos 80, quando vocalistas menos expressivos, como Tony Martin e Ray Gillen, estiveram à frente da banda. Mesmo com o problema de som, o show do Credicard Hall serviu para mostrar que o heavy metal clássico feito nos anos 70 e 80 ainda tem espaço para se reinventar – utilizando fórmulas consagradas, mas também inovando e tornando o gênero ainda relevante. E, se depender da vontade demonstrada pelos velhinhos no show e no novo disco, o heavy metal clássico ainda está longe de morrer.

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´  Musica

RESENHAS DE CDs

ALCEU VALENÇA – Ciranda Mourisca (Biscoito Fino) No auge dos seus 35 anos de carreira, o compositor pernambucano Alceu Valença sempre preservou sua identidade e cultura, e se destacou no cenário musical nacional escrevendo melodias que passaram a fazer parte do nosso cancioneiro. “Dia Branco”, “Girassol”, “Tropicana (Morena Tropicana)”, “Anunciação”, “Vem, Morena” e “Cana-caiana” são algumas das pérolas criadas por ele. E até hoje tocam em quase todas as rádios do Brasil as marcantes “La Belle de Jour”, “Dona da Minha Cabeça” e “Tomara”. Peço desculpas aos fãs se esqueci de mencionar outras tantas que fizeram sucesso ao longo dos anos. Agora, Valença nos brinda com um CD contendo doze canções de sua autoria e que passaram despercebidas ou que não foram divulgadas na época em que foram lançadas. Como ele mesmo diz, “são músicas consideradas Lado B, que não chegaram a tocar no rádio”. “Ciranda Mourisca” acrescenta um toque de originalidade que só um compositor da magnitude de Alceu pode impingir com um agradável clima acústico e uma clara referência à música árabe. Mesmo produzindo um disco com canções não inéditas – mas que ainda não são de certa forma conhecidas do seu público -, Valença consegue se reafirmar como um compositor moderno e de extrema importância para a MPB. Sua musicalidade, com letras inteligentes e acordes refinados, se diferencia dessas “novidades” que surgem no mercado fonográfico nacional e que, infelizmente, dominam as paradas das rádios e dos programas de TV. Mas isso é outra história. O importante mesmo é que Valença se mantém fiel às suas origens musicais, preservando sua “nordestinidade” claramente percebida no sotaque inconfundível, e demonstra que, pelo menos por enquanto, é um dos poucos artistas da velha guarda que ainda não sucumbiu às transformações por que passa a nossa tão sofrível música popular brasileira. [Tancredo Junior] Nota: 

TRIBUTO A CAZUZA - AO VIVO NA PRAIA DE COPACABANA (Som Livre) Para homenagear 50 anos de idade que Cazuza completaria nesse ano, a Som Livre teve a ideia de reunir em um show realizado no Rio de Janeiro – que contou com um público de 50 mil pessoas - algumas feras da música brasileira e outros nem tão conhecidos ainda para a gravação do show ao vivo que deu nome ao CD “Tributo a Cazuza – Ao vivo na praia de Copacabana”. Falecido em 1990, vítima da AIDS, o eterno ídolo do rock brasileiro deixou de herança rica obra com letras que servem para refletir nossa realidade sempre atual, como “O tempo não pára” muito bem representada por Zélia Duncan e Arnaldo Antunes. Ney Matogrosso não tem atitude e muito menos voz rock n’roll, é esquisito ouvi-lo nas duas primeiras faixas “Por que a gente é assim” e “Pro dia nascer feliz” – mesmo que algumas músicas tenham ganhado nova roupagem. Caetano Veloso se esforçou e mandou bem em “Maior Abandonado”. Sandra de Sá exagera e faz soar uma emoção forçada na balada “Preciso Dizer que te amo”. O ainda desconhecido Rodrigo Santos peca em tentar imitar a voz de Cazuza durante “Codinome Beija Flor”. O ponto alto do disco é, sem sombra de dúvida, Angela Rô Ro, que causa arrepios com sua voz grave e rouca numa interpretação emocionante na faixa “Malandragem”. Quem sabe ela não sirva pra dar umas aulas pro Ney Matogrosso e Preta Gil? [Gisele Santos] Nota: 

U2 – No Line On The Horizon (Universal) O novo CD do U2 chegou às lojas no dia 2 de março, e um mês antes teve capa músicas divulgadas. O sucessor de “How to Dismantle an Atomic Bomb” (2004) começou a ser gravado em 2007, no Marrocos. As sessões de gravação também aconteceram em Dublin, Nova York e Londres. A banda irlandesa que é sucesso em todo mundo revelou em seu site oficial a capa e o nome das 11 faixas que compõem o No Line On The Horizon. “Get On Your Boots” foi o primeiro single de trabalho do novo álbum e já foi liberado para download na internet. A capa do álbum foi feita pelo artista japonês Hiroshi Sugimoto, e mostra duas linhas formando o símbolo de igual (=), na linha que separa a água e o céu no horizonte. O álbum foi produzido por Brian Eno, Danny Lanois e Steve Lillywhite e gravado e vários estúdios diferentes como Fez, Marrocos, Dublin, Nova York e Londres. Uma curiosidade foi que em novembro do ano passado, vazou na internet quatro faixas do novo CD. Um fã reconheceu a inconfundível voz do U2 enquanto passeava por uma praia no sul da França. O som vinha da casa de Bono, que ouvia, um pouco alto demais, o novo disco da banda irlandesa, segundo o jornal inglês The Sun. [Amanda Lopes] Nota: 

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CASOS E ACASOS!

Por THIAGO FURLAN

A SINA DOS SUBSTITUTOS

As aprovações ou desaprovações dos músicos que substituem outros integrantes das bandas de rock ou metal “Bom mesmo era o Bon Scott!” “Esse Ripper não canta nada perto do Halford!” “Se liga, o Falaschi só erra, não chega perto do André Matos!” “O Blaze não cantava nada, destruía as músicas do Dickinson!” Quantas vezes ouvimos frases como estas de fãs de rock por aí? Pior, quantas vezes falamos frases como esta? Se você não sabe do que estou falando, o assunto é simples: substituições em bandas de rock. Quantas vezes achamos que a banda não é mais a mesma quando um ou outro integrante sai e é substituído por outro? Pior ainda, quando esse integrante é o vocalista? Os fãs se reúnem, postam comentários mil nos fóruns da internet, fazem u m concílio parecido com a troca de papas e de repente: habemus vocais! Mas quantos de nós pudemos estar na pele de substituir alguém? Ver como é lidar com fãs, com a expectativa de ficar a altura de um antigo membro da banda, de não decepcionar quem passou a vida ouvindo aquelas músicas? Pois bem, eu agora posso falar, ao vivo e em cores - até no Youtube - que sei como é a experiência. Contando a história inteira: em 2008, antes da Virada Cultural paulistana, fui convidado pelo Jorge, um grande amigo e um baita vocalista, a participar de um show como backing vocal de uma banda de rock. Ok, claro, já seria ótimo poder participar da Virada. “Qual é a banda, BOOM! Magazine

mano?”. “O Som Nosso de Cada Dia”. Pausa pra pequena explicação: pra quem não conhece, O Som Nosso de Cada Dia é uma das bandas mais lendárias do rock nacional. É responsável por pelo menos um disco clássico, “Snegs”, considerado por muitos o melhor disco de rock progressivo nacional de todos os tempos. Abriu os shows da mais que lendária turnê de Alice Cooper no Brasil em 1974, a primeiro turnê de rock pesado que o país já tinha visto. O Som Nosso de Cada Dia? Será que ele falou certo? A banda não tinha acabado? Sim, tinha, mas estavam voltando pra tocar “Snegs” na íntegra, no Teatro Municipal de São Paulo. Tá, mas e a substituição? Ok, pausa pra explicação número 2: em 1994, após gravar o Cd Live ‘94, no Centro Cultural São Paulo, um dos vocalistas (e também baterista), Pedrinho Batera, faleceu devido a uma isquemia cerebral. Nos ensaios para o show da Virada, eu e o Jorge acabamos sendo promovidos de backing vocals pra vocais principais, que seriam feitos junto com o Pedrão Baldanza, vocalista e baixista da banda. Ou seja, faríamos muitas vezes os vocais de Pedrinho ou pior ainda, os de Pedrão, que está com o timbre de voz muito mas grave do que na época das gravações originais.

Nosso colunista em cena (Bel Gasparotto).

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Depois de um ano e cinco shows com a banda (dois em Viradas Culturais, dois no Julho 2009


CASOS E ACASOS!

Por THIAGO FURLAN

Centro Cultural São Paulo e um no Festival Psicodália de Carnaval em Santa Catarina), posso dizer que entendo agora como é entrar em uma banda que já tem seus fãs, que lida com certas expectativas. Por um lado, é maravilhoso poder participar de algo que marcou a vida de várias pessoas. Mais de uma vez, fãs vieram nos parabenizar por cantar bem, por poder fazê-los ouvir de novo músicas que marcaram suas vidas, ou mesmo ouvir ao vivo pela primeira vez músicas que só podiam ouvir gravadas, não fosse a volta da banda. Ver mais de seis mil pessoas, muitas delas cantando a plenos pulmões letras e refrãos, como no show da Virada Cultural desse ano, não há o que pague uma emoção dessas. Ao mesmo tempo, entrar no Orkut e ler que “os vocalistas não tem nada a ver com o estilo da banda”, “pulavam demais no palco”, críticas que afirmam que você tem muito menos idade do que tem - “um dos vocalistas era um garoto”!, dizia uma resenha - não é a coisa mais bacana do mundo. Imagino que antes da internet a coisa fosse mais branda - não é todo mundo que critica abertamente na frente da pessoa criticada - mas agora, quando qualquer

um com um teclado na mão e uma ideia na cabeça pode falar o que quiser, a pressão pra se fazer mais e melhor é ainda mais forte. Muitas vezes, é preciso se colocar na pele do fã, que quer ouvir “suas” músicas do jeito que ele imaginava quando colocava o CD ou o vinil pra tocar. Mas é impossível não se colocar na pele de um dos tantos vocalistas ou instrumentistas criticados (por mim mesmo até) por não fazer igual, por não vestir tal estilo de roupa, ou - pasmem - por não se dedicar única a exclusivamente a um estilo de música. Depois de passar pro outro lado da cerca, agora me contenho nas críticas a quem substitui alguém em certas bandas. É difícil fazer o que os outros fizeram sem deixar de mostrar características próprias. Pior ainda, agradar e atender expectativas de como deveria ser a banda é ficar entre a cruz e a espada além de não agradar a todos, corre-se o risco de não fazer nada direito. Portanto, pro bem de todos -fãs e instrumentistas e vocalistas - sejamos mais compreensivos. Eu já estou fazendo minha parte! ;-)

A banda “O Som Nosso de Cada Dia (Marlene Alves).

Thiago Furlan é jornalista formado, guitarrista por dedicação e vocalista por cansar de esperar gente pra ensaiar. Pra quem quiser ouvir, é só procurar por Som Nosso de Cada Dia no Orkut, Youtube, www.myspace. com/somnosso ou www.myspae.com/furlanfufi BOOM! Magazine

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Teatro Divulgação.

Grandes elencos, orquestras ao vivo e produções milionárias: a capital paulista se firma como a cidade brasileira dos musicais Gustavo Dittrichi Grandes produções, cenários e figurinos impressionantes, orquestras ao vivo e elencos preparados para atuar, cantar e dançar. Tudo isso para dar vida a grandiosos e belíssimos espetáculos recheados de emoção, que são de fazer brilhar os olhos de qualquer espectador. E tudo isso aqui, em solo brasileiro. Desde 2000, com a estreia de O Beijo da Mulher-Aranha, a cidade de São Paulo vêm se destacando no ramo dos musicais, recebendo as principais grandes produções estrangeiras – e até arriscando dar os seus próprios passos em criações nacionais, como é o caso do excelente 7 - O Musical (confira a resenha nas próximas páginas). Desde 2000, mais de 2 milhões de ingressos para musicais foram vendidos. A volta do espetáculo A Bela e a Fera mostra que a investida no gênero deu certo. E a cidade já soma uma lista de grandes musicais, famosos na Broadway e no mundo: Les Misérables, Chicago, Sweet Charity, West Side Story, Miss Saigon, A Noviça Rebelde e O Fantasma da Ópera já passaram por aqui. Ainda esse ano, as cortinas devem se abrir para Spring Awakening e Hairspray. Pois é... São Paulo, definitivamente, adotou os musicais.

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Teatro Os espetáculos de teatro musical já fazem parte da rota de atrações turísticas de São Paulo. Inclusive, já existem agências de viagens oferecendo pacotes para turistas de outras cidades fazerem roteiros, incluindo os espetáculos. E o investimento não é pequeno, basta ver os números espantosos: Miss Saigon, último espetáculo em cartaz no Teatro Abril antes de A Bela e a Fera, custou 12 milhões de dólares e reuniu um elenco de 42 atores e 18 músicos. O Fantasma da Ópera, um dos musicais favoritos do público por todo o mundo, custou 10 milhões de dólares, e foi aplaudido por 880 mil pessoas durante os dois anos que ficou em cartaz em São Paulo. É visível o crescimento do investimento nas últimas superproduções, em relação às primeiras. Les Miserábles, de 2001, custou 3,5 milhões, e Chicago, de 2004, 2 milhões. É claro, o investimento reflete no preço do ingresso, que custa entre 90 e 240 reais a inteira. Preço esse que, em comparação ao da Broadway original, é barato. Cláudio Botelho (leia mais sobre ele a seguir) inclusive

escreveu um artigo sobre o preço do ingresso em seu site oficial (www.moellerbotelho.com.br), defendendo-se das críticas de que os musicais selecionariam seu público pelo alto preço dos ingressos. “Não é verdade que nós cobramos ingressos caros para espetáculos que foram patrocinados com dinheiro público. Vou usar o exemplo da ‘Noviça Rebelde’, espetáculo ao qual estou intimamente ligado. Nossa ‘Noviça’ é, em tamanho do elenco, orquestra, técnicos e equipamentos de luz e som, exatamente do mesmo tamanho que o mesmo espetáculo montado recentemente em Londres, por exemplo. O ingresso mais caro lá é 60 libras, o que equivale a R$ 196”, escreveu Botelho. Discussões à parte, a verdade é que o público paulista (e também o de turistas que vem até a capital) aceita bem as novas empreitadas do teatro musical. Prova disso é que, graças à boa aceitação do público, A Bela e a Fera, última superprodução do Teatro Abril (que pelos últimos oito anos, só recebe musicais de grande porte) está de volta.

A BELA E A FERA: UM CLÁSSICO TRANSPOSTO AOS PALCOS A história clássica, imortalizada pela Disney, conta a aventura da jovem Bela que, para salvar o pai, se torna prisioneira de uma Fera, é um espetáculo de encher os olhos. O espetáculo começa assim como o filme de animação de 1991: um jovem príncipe egoísta e mesquinho recebe a visita de uma velha senhora, que lhe pede abrigo do frio em troca de uma rosa. Assustado pela feiúra dela, ele recusa, mesmo sendo avisado por ela para não julgar as pessoas pela aparência. O príncipe a expulsa novamente, e nesse momento ela se transforma em uma feiticeira e o transforma em uma fera, lançando também uma maldição sobre todos os moradores do castelo, que se tornam objetos e móveis domésticos. A única forma de quebrar a maldição é uma moça de coração puro se apaixonar por ele antes que a última pétala da rosa oferecida pela feiticeira cair. Se isso acontecer, a Fera e os seus serviçais estarão condenados a essa forma para sempre. É claro que, algum tempo depois, a jovem Bela aparece para mudar a história. Para dar vida pela segunda vez à clássica história de amor (que veio para São Paulo entre 2002 e 2003), foram necessários oito milhões de reais. São quarenta atores em cena, que dançam, atuam e cantam ao vivo, acompanhados de orquestra. O figurino é impecável: um time de 26 costureiras confeccionou todas as roupas, e algumas delas chegam a pesar 20 quilos. O figurino da Fera, por exemplo, só mantêm os olhos do ator para fora, todo o resto é roupa, máscara e maquiagem. Tudo isso para manter-se fiel à versão original, da Broadway. Aliás, a montagem fez tanto sucesso em Nova York que ficou por treze anos em cartaz, sendo substituída recentemente pelo musical também infantil A Pequena Sereia.

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Na atual temporada, Lissah Martins (ex-Rouge, que estrelou no ano passado seu primeiro musical, Miss Saigon) encarna a princesa Bela e Ricardo Vieira vive a Fera. O elenco ainda conta com Marcos Tumura como Lumière, o candelabro falante, e com Murilo Trajano no papel do vilão Gaston. Na primeira vez que veio a São Paulo, cerca de 500 mil pessoas foram ao teatro conferir o espetáculo ao vivo.

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Teatro ESPETÁCULOS DE ENCHEREM OS OLHOS Veja os grandes musicais da Broadway que já vieram para o Brasil A BELA E A FERA (2002 – 2003)

Em sua primeira temporada, o musical contou com Kiara Sasso vivendo a Bela e Saulo Vasconcelos como a Fera. Ambos ainda fizeram par romântico em duas montagens posteriores: O Fantasma da Ópera e A Noviça Rebelde.

CHICAGO (2004)

A comédia musical mais sedutora da Broadway brilhou nos solos paulistas, trazendo como protagonistas Adriana Garambone, Daniel Boaventura e Danielle Winnits. No cinema, a adaptação do musical foi vencedor inclusive o Oscar.

O BEIJO DA MULHER-ARANHA (2000 – 2001)

Com Cláudia Raia, Tuca Andrada e Miguel Falabella, o musical contou a história de dois homens dividindo a mesma cela que criam, em sua imaginação, uma estrela de cinema. Foi o primeiro grande investimento no gênero do teatro musical, até então visto com receio por produtores teatrais.

LES MISERÁBLES (2001 - 2002)

O musical, que se passa em 1815, às vésperas da Revolução Francesa, retrata a vida de miséria através de seus protagonistas, Jean Valjean, Javert e Fantine. Os personagens ganharam vida no teatro brasileiro através de Marcos Tumura, Saulo Vasconcelos e Alessandra Maestrini.

O FA N TA S M A DA ÓPERA (2005 - 2007)

Uma das mais belas histórias, com arranjos musicais do mestre Andrew Lloyd Webber, a peça é até hoje um dos casos de maior sucesso do teatro musical, além de possuir a clássica cena do lustre voador que sobrevoa a plateia. Saulo Vasconcelos viveu o Fantasma, Nando Prado deu vida a Raoul e Sara Sarres e Kiara Sasso alternaram o papel da protagonista, a soprano Christine.

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SWEET CHARITY (2006 - 2007)

Cláudia Raia brilhou no papel de Charity, a prostituta que sonha com o príncipe encantado. Marcelo Médici, Kátia Barros e Renata Vilela completaram o elenco principal da montagem, com coreografias de Bob Fosse.

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Teatro MY FAIR LADY (2007 - 2008)

PETER PAN TODOS PODEMOS VOAR (2007)

Não é um musical da Broadway, mas aproveitou a carona e veio para São Paulo. Leonardo Miggiorin viveu o personagem título, alternando o papel com Felipe Ferreira. O espetáculo infantil encantou o público com seus efeitos especiais, como os realísticos voos de Peter Pan pelo palco e sobre a plateia.

Daniel Boaventura e Amanda Acosta lideraram o elenco desse musical, que conta a história de um professor de língua inglesa que se apaixona por uma simples florista ao tentar transformala em uma dama da alta sociedade. No cinema, a protagonista foi vivida por Audrey Hepburn.

OS PRODUTORES (2007)

Miguel Falabella, Vladimir Brichta e Juliana Paes (depois substituída por Juliana Baroni) protagonizaram esse divertidíssimo musical. Apesar das falhas de Falabella e principalmente Juliana Paes em relação ao canto, foi sucesso de público, especialmente em sua temporada no Rio de Janeiro.

WEST SIDE STORY (2008)

O conto shakesperiano “Romeu e Julieta” foi trazido para os tempos modernos nesse musical. A história trata do romance impossível de Tony e Maria, membros de duas gangues rivais, os Jets e os Sharks, em Nova York. O musical tem um toque latino, o ponto alto são as danças e ficou famosíssimo por sua canção “Maria”.

MISS SAIGON (2007 - 2008)

Belíssimo musical de sucesso por todo o mundo, conta a história do romance com contornos trágicos entre um soldado norte-americano e uma garota vietnamita em plena Guerra do Vietnã. No Brasil, foi protagonizado por Lissah Martins e Nando Prado.

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A NOVIÇA REBELDE (2009)

Montado pela primeira vez na Broadway há quase meio século, conta a história de amor entre uma jovem noviça e um capital viúvo e com sete filhos, durante a década de 1930, auge no nazismo. Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos lideram o elenco. O musical foi imortalizado no cinema em 1965, com Julie Andrews no papel da protagonista.

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Teatro Assistir a um musical ao vivo pode ser uma experiência inesquecível: ver ali, no palco, a história se tornar realidade num passe de mágica, os cenários surgirem, as canções e coreografias passarem toda a emoção de histórias belíssimas, às vezes engraçadas, outras dramáticas, tudo de forma quase que perfeita, no maior sincronismo. Mas, para isso, é necessária uma enorme equipe de profissionais, que trazem os espetáculos à vida. Confira quem são essas pessoas:

OS PROTAGONISTAS

Conheça alguns dos atores e atrizes que dão vida aos musicais Adriana Garambone Brilhou no musical Chicago, como a protagonista Roxie Hart. Seu carisma transpassava para a plateia. Começou como modelo e seguiu a carreira de atriz, participando de novelas da Globo, como Salsa e Merengue e Pecado Capital. Hoje está na Record, e participou da novela Essas Mulheres, onde viveu a vilã Adelaide.

Alessandra Maestrini A Bozena de Toma Lá, Dá Cá começou no teatro musical. Estudou teatro em Indiana, nos Estados Unidos. Mal voltou e já participou de diversos musicais, como As Malvadas, O Abre Alas, Rent, Les Miserables e Ópera do Malandro. Recentemente, esteve em 7 – O Musical.

Amanda Acosta Começou no “Trem da Alegria”, mas logo se destacou como cantora. No teatro, participou de O Mágico de Oz, vivendo Dorothy, Grease como Sandy, e My Fair Lady como Elisa Doolittle. Ficou em cartaz, de 2003 a 2005, com a peça O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.

Cláudia Raia Uma das maiores atrizes do teatro musical, Cláudia Raia estreou em 1983 com Chorus Line. No teatro, atuou em espetáculos como Splish Splash, Loja dos Horrores, Não Fuja da Raia, O Beijo da Mulher-Aranha e mais recentemente, Sweet Charity, conduzindo o espetáculo com carisma e maestria no papel da protagonista. A popularidade aumentou na televisão com as novelas da Globo, sendo a última A Favorita.

Daniel Boaventura É ator, cantor e saxofonista, conhecido pelos musicais e novelas na Globo. Participou de Vítor ou Vitória, A Bela e a Fera (na primeira temporada, como Gaston), Chicago (como Billy Flinn) e My Fair Lady (como Prof. Henry Higgins). Na TV, fez novelas como Senhora do Destino, Kubanacan e Laços de Família. Recentemente, lançou seu primeiro CD, “Songs 4 U”.

Fred Silveira Recentemente, viveu Tony, protagonista de West Side Story. Entretanto, começou a cantar aos 18 anos, e participou de Jesus Cristo Superstar, Godspell, Les Misérables, O Fantasma da Ópera e My Fair Lady. Também esteve no musical de bonecos Avenida Q.

Jonatas Joba Possui 22 anos de trabalho no teatro e 10 anos em teatro musical. Atuou na primeira e na segunda versão de A Bela e a Fera, em Chicago, em O Fantasma da Ópera e em Os Produtores. Na televisão, recentemente foi jurado do reality show High School Musical: a Seleção.

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Teatro Kátia Barros É atriz, bailarina e cantora. Trabalha em teatro e dança há 15 anos. Atuou em Splish Splash, Chicago, A Bela e a Fera (primeira versão), Vítor ou Vitória, Sweet Charity, Miss Saigon, entre outros.

Kiara Sasso Formada em Santa Mônica, EUA, Kiara é hoje um dos grandes nomes do teatro musical. Começou aos 8 anos, fazendo filmes e comerciais em Los Angeles. Fez dublagem para os filmes da Disney Hércules e A Pequena Sereia. Em teatro, começou com Banana Split, em 1993, e já soam mais de dez musicais, inclusive nos Estados Unidos. Viveu Bela na primeira versão de A Bela e a Fera, Christine em O Fantasma da Ópera, Ellen em Miss Saigon e Maria em A Noviça Rebelde.

Lissah Martins Alcançou projeção nacional quando foi selecionada, entre 30 mil candidatas, para integrar o grupo pop Rouge. Estreou seu primeiro musical em 2007, Miss Saigon, vivendo a protagonista Kim. Na segunda temporada de A Bela e a Fera, abocanhou o papel da princesa Bela.

Marcos Tumura Começou nos anos 80 em espetáculos como Splish Splash, Não Fuja da Raia e Nas Raias da Loucura. Soma uma extensa carreira no teatro musical, tendo participado de Les Misérables, O Fantasma da Ópera, Rent, Aí Vem o Dilúvio e Miss Saigon. Seu último musical foi A Bela e a Fera, no qual reprisou o seu papel de 2002/2003, como Lumière.

Nando Prado Ator, cantor, músico e artista plástico, começou em 200, com A Ópera do Malandro. Depois, emendou um espetáculo no outro: Victor ou Victoria, A Bela e a Fera, Chicago. Seus dois papéis de maior destaque foram o soldado Chris, em Miss Saigon, e Raoul em O Fantasma da Ópera.

Sara Sarres Viveu a protagonista Christine, em O Fantasma da Ópera, papel que alternou com Kiara Sasso. Tem formação lírica, mas já ousou até ser vocalista de banda de rock, até ganhar o papel de Cosette no musical Les Misérables, em 2001. Mais recentemente, participou de West Side Story, brilhando como Anita.

Saulo Vasconcelos Um dos mais bem sucedidos atores de musical, Saulo é natural de Brasília e iniciou sua carreira na ópera Madame Butterfly. Em musicais, já participou de Les Misérables no papel de Javert e foi o Fantasma da Ópera na cidade do México. Viveu a Fera na primeira montagem de A Bela e a Fera e depois, em São Paulo, voltou a viver o personagem título de O Fantasma da Ópera. Seu último trabalho foi no musical A Noviça Rebelde, como o capitão VonTrapp, substituindo em São Paulo Herson Capri.

OS ASES DOS MUSICAIS Charles Möeller e Claudio Botelho

Tendo trabalhado juntos em produções como Hello Gershwin, Os Fantástikos, De Rosto Colado e Na Bagunça do Teu Coração, Charles Möeller e Claudio Botelho efetivaram sua parceria artística em 1997, tornando-se, a partir de então, referência no teatro musical do Brasil. O primeiro musical da dupla foi As Malvadas, em 1996. Desde então, foram responsáveis por grandes musicais, como A Ópera do Malandro, Lado a Lado com Sondheim, Sweet Charity e A Noviça Rebelde.

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Teatro VEM POR AÍ

Mais uma musical está à caminho do Brasil. Hairspray deverá estrear no teatro “Oi Casa Grande”, no Leblon, Rio de Janeiro, em 10 de julho. Com direção e versão em português de Miguel Falabella, o espetáculo tem no elenco confirmado Edson Celulari, vivendo Edna Turnblad, mãe da protagonista, Arlete “Copélia” Salles como Velma Von Tussle, Danielle Winits como a vilã Amber, Jonatas Faro como o galã Link e Simone Gutierres como a protagonista Tracy. A montagem deverá seguir para São Paulo ainda em 2009. O elenco de Hairspray (Divulgação / Jairo Goldflus).

Além de Hairspray, também devem vir Spring Awakening e Gypsy, conforme anunciado no site de Möeller e Botelho. O Rei Leão também é um possível candidato a ocupar os palcos da capital paulista.

MUSICAL BRASILEIRO TAMBÉM TEM VEZ 7 – O musical: Um conto de fadas moderno “O que levou a Rainha Má ao extremo de pedir o coração de Branca de Neve?” Amanda Lopes

Denny Naka.

Produzido por Charles Möeller e Claudio Botelho com canções originais de Ed Motta, o musical reune um dos elencos mais inusitados e talentosos do teatro brasileiro, gente iniciando divide o palco com alguns baluartes do ofício. Quando estreou em setembro de 2007, no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, foi aclamado pela crítica. 7 – O Musical chegou ao Teatro Sergio Cardoso, em São Paulo, em abril, trazendo na bagagem três prêmios Shell (Direção, Figurino e Iluminação) e cinco prêmios APTR

(Texto, Direção, Figurino, Iluminação e Categoria Especial).

O espetáculo conta a história de Amélia, que perdeu seu grande amor, Herculano, que a trocou por outra, “mais bonita, mais pura, mais simples”, Bianca. Deseperada, ela ouve os conselhos da madrinha, Dona Rosa: que vá procurar uma cartomante, Dona Carmem dos Baralhos, que, dizem, sabe como ninguém das coisas do coração. Dona Carmem - mais que vidente - é bruxa. Promete trazer Herculano de volta. Sem erro, sem demora. Mas para alcançar seu objetivo, Amélia deve cumprir sete tarefas. As seis primeiras são simples, fáceis, rápidas. A sétima, a mais difícil: “traga um coração ainda moço, quente e feliz, arrancado pulsando do peito de um jovem”. Amélia, em desespero, atira-se nas ruas do Rio, entre prostitutas e figuras da noite. Disfarçada entre elas, consegue sua vítima. Mas a vidente, ao saber sua idade, não aceita a prenda: “pedi o coração de um jovem, ainda virgem. Um coração que nunca amou. Este não serve, já está estragado”. Amélia quer desistir, mas o feitiço não pode ser mais interrompido ou uma maldição recairá sobre ela. Uma nova tentativa. Vai parar em um bordel, dirigido por Dona Odete. Ali, o jovem Alvaro vem conhecer o amor. Sua primeira noite será com Amélia. Mas nas voltas da vida, caminhos se cruzam, as histórias se complicam, e nada sai exatamente do jeito que se quer. Enquanto isso, uma misteriosa velhinha, Senhora A., segue contando para sua enteada a história de Branca de Neve. Uma história que nunca chega ao fim... O elenco traz Rogéria, que arranca risos da platéia como a dona do bordel, Zezé Motta e Alessandra Maestrini como Amélia. :-D

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Teatro AS CENTENÁRIAS

TENTAM DRIBLAR A MORTE Luciana Matiazzo

Com um texto de alta qualidade, que vislumbra dramaticidade e humor, São Paulo recebeu o espetáculo “As Centenárias”. Além de uma idéia primorosa e criativa, as interpretações de Marieta Severo e Andréa Beltrão são imperdíveis. A história se dá no interior do nordeste onde duas amigas carpideiras (pessoas que frequentam velórios até mesmo sem ter conhecido o defunto) choram os mortos, ouvem e contam histórias. A comédia evolui cheia de personagens e ‘causos’ que em alguns momentos permeiam o irreal.

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Socorro (Marieta Severo) e Zaninha (Andréa Beltrão) quando muito jovens iniciam um forte vínculo de amizade. A novata Zaninha ao ver a carpideira Socorro rezando e cantando em um velório, sonha em seguir seus passos. Elas seguem seu caminho e encontram personagens como o lendário cangaceiro Lampião, um coronel traído e uma viúva inconsolável, até o inevitável confronto com a morte, que quer levar o filho de Zaninha. Com esperteza e sabedoria popular, as duas encontram caminhos inusitados e divertidos para adiar o inadiável. :-) Teatro Raul Cortez R. Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista - Centro. Telefone: 3188-4141. Ingresso: R$ 80 (sex. e dom.) e R$ 90 (sáb.). Até 29 de julho.

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BIANCA AGUIAR

DE ‘GENTE INOCENTE’ AO J-ROCK Conheça a história da cantora brasileira que iniciou carreira ainda criança e agora adulta está conquistando os japoneses Gisele Santos

Muitos artistas mirins não dão continuidade à carreira artística na adolescência ou quando chegam à fase adulta. Alguns devido à falta de oportunidades e outros por não gostarem mais da profissão. No mundo da música brasileira presenciamos fenômenos como Trem da Alegria e Turma do Balão Mágico nos anos 1980, mas a maioria dos artistas que faziam parte desses grupos infantis não estão mais na mídia e desistiram da carreira. Da boy band Polegar, apenas Rafael Ilha ainda está na mídia, mas não por seu talento e sim por envolvimento em escândalos variados. Alan Frank Schlang (ex-tecladista do Polegar) ingressou em outra profissão, atualmente é médico oftalmologista. Mas com a cantora paulista Bianca Aguiar foi diferente. Desde os 11 anos ela percebeu que gostava de cantar em festas realizadas em sua residência e karaokês. “Na época atormentei minha mãe para me levar na TV, eu adorava aparecer, onde tinha câmera eu estava com toda certeza (risos). Ela me levou à Rádio Imprensa (SP), num concurso de calouros, onde eu cantei músicas da Zizi Possi e da Gal Costa. Foi lá que ganhei o incentivo para iniciar minha carreira”, explica animada Bianca em entrevista exclusiva para Boom! Magazine. A cantora venceu o concurso de calouros que lhe rendeu frutos como participações nos programas de BOOM! Magazine

tevê, entre eles Raul Gil e Gente Inocente – nesse último, ela trabalhou durante um ano e meio. “Foi um grande passo trabalhar na Globo, pude aprender muitas coisas, tanto pra carreira quanto pra vida, lá aprendi a ouvir ‘não’ e a lidar com ele sem me decepcionar, me profissionalizei mais, pois tínhamos acompanhamento de professor de canto, coreógrafo, produtor musical, fonoaudiólogo, psicólogo, professor de teatro, foi uma grande escola. Vi também muitas coisas não tão boas, devido à grande competição entre as crianças, mas graças a todas essas experiências hoje eu sei lidar com a minha carreira muito bem”, revela Bianca. Invadindo o Japão Aos 18 anos, Bianca já não era mais gente inocente e depois de lançar discos com músicas românticas e MPB, se apaixonou pelo rock n’ roll. Em 2007 ela conheceu o J-Rock (abreviação do nome “japanese rock”, ou seja, rock japonês) e foi convidada por uma rádio com programação dedicada aos brasileiros residentes no Japão para gravar uma música em japonês, sendo a primeira brasileira a investir no estilo. O sucesso de “Glamorous Sky” - regravação da trilha sonora do filme em animê “Nana” - foi tamanho e outras rádios começaram a tocar a música, além de Bianca ser convidada para apresentar um programa de TV sobre animê e mangá que geraram algumas participações da artista em eventos voltados para esse público, como o Animê Friends.

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 garagem BOOM!  Atualmente, com 20 anos de idade e nove de carreira, Bianca Aguiar acaba de lançar o sexto CD “Let’s Rock” em versão álbum duplo com músicas no estilo Rock e J-Rock, inclusive a faixa “Waiting for Love” foi gravada em três idiomas - português, japonês e inglês – pois ela planeja carreira internacional. “Sou uma cantora brasileira que gravou e lançou o J-Rock comercialmente aqui no Brasil, em japonês e português. E como não tenho descendência oriental, não esperava ter tanta aceitação por parte do público que curte o estilo. Mas fui muito bem recebida pela galera, e pelas rádios também, que estão executando minhas músicas. Já recebi muitos convites internacionais, mas ainda não surgiu a oportunidade certa. Tenho muita vontade de conhecer o Japão”, conta Bianca. Bianca até ganhou

Defendendo os independentes com unhas e dentes

versão em mangá

(divulgação).

A cantora Bianca Aguiar trilha caminho musical independente, isto é, banca a carreira do próprio bolso sem contrato com empresário ou gravadora. “Sou independente e com muito orgulho. Acho que falta maturidade para as pessoas, infelizmente temos ouvidos ignorantes, que mal sabem escolher o que ouvir, tornando a sociedade algo parecido com um lixão. Defendo que música é música, mas existem inúmeras formas de usá-la. Os independentes estão caminhando para se firmar, sabemos que o caminho para o mainstream é sofrido, mas um dia com certeza chegaremos lá”, desabafa. Ela não só canta, mas também apresenta e representa Além de cantar, Bianca apresenta um programa de TV na Web chamado Perdidos na Net e também tem DRT (registro) de atriz. Ela já fez algumas peças de teatro, inclusive uma delas escrita por Gianfrancesco Guarnieri, a qual contracenou com os atores da Globo: Sueli Franco, Ewerton de Castro, Vanessa Gerbelli, Carmo de la Vecchia, entre outros. “Como a carreira de atriz ocupa 100% do tempo, precisei escolher uma das duas profissões para seguir em frente. E escolhi cantar, porque é o que realmente gosto de fazer”, diz Bianca. Acesse www.biancaaguiar.com

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GORDINHAS CONQUISTAM CADA VEZ MAIS ESPAÇO NA MÍDIA

Modelo brasileira faz sucesso nos EUA por campanhas de gordinhas Ida Kazue

No final do mês de abril, pousou no Brasil a modelo Fluvia Lacerda. O mundo da moda internacional começa a apontar mais uma revelação brasileira. Ela ainda não figura no hall das top models, mas já é a primeira brasileira a inaugurar a lista de modelos “plus size” do mundo. Fluvia, que mora nos Estados Unidos há mais de três anos, é contratada pela agência Elite e estrela muitas campanhas publicitárias para o público de gordinhas. Hoje, é uma das modelos mais procuradas da Europa, e encanta com suas curvas do manequim 48. Descoberta por uma editora de moda, de forma curiosa, Flúvia estava em um ônibus indo para Manhattan quando foi abordada. No princípio não sabia se era uma brincadeira, por conta de suas formas generosas, ou se acreditava naquilo. E desde então, já fotografou para revistas de diversos países e estrelou centenas de campanhas de moda, seu trabalho mais recente, a capa do primeiro calendário nacional das modelos “plus size”, fez bastante barulho nos Estados Unidos. Ela acreditou e contou muito mais no bate-papo com a BOOM! Magazine. Confira.

Parecia uma piada de mau gosto, afinal, como eu poderia ser considerada material ideal para o mundo da moda se a concepção que temos é de que todas as meninas precisam ser magérrimas, apenas de pele e osso? BOOM: Quando e por que se mudou para New York? Fluvia Lacerda - Vim para Nova Iorque há 11 anos para estudar inglês e outros idiomas. No entanto, diante das dificuldades financeiras que a minha família enfrentava no Brasil, quando cheguei aqui, ao invés de estudar decidi correr atrás de trabalhos que pudessem me ajudar a mandar dinheiro para minha casa. Não suportava a idéia de ter minha família passando necessidades. Quando cheguei nos Estados Unidos, a vida não foi fácil. BOOM: Qual era sua profissão antes de ser BOOM! Magazine

modelo? FL - Lavei chão de restaurante, fui babá e faxineira. Não tinha dinheiro para nada, comia macarrão instantâneo todo santo dia. Mas foi assim, com as minhas próprias mãos, que batalhei para conquistar o meu mundo. Fiz do otimismo o meu melhor amigo! BOOM: Sempre foi gordinha? FL - Sempre fui a mais cheinha da família, mas nunca senti desejo algum de fazer dietas. Honestamente, nunca senti necessidade de fazer dietas. Mas não por rebeldia, mas porque sempre gostei de mim dessa forma. E outra, nunca associei o “ser magra” com

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Passarela Moda sob os holofotes “ser bonita”, ou que eu precisaria perder uns quilinhos para poder me curtir, me vestir bem, me amar e também cuidar de mim. Por conta disso, nunca fui escrava das dietas. BOOM: Já sofreu por ser gordinha? FL - Dentro da minha própria família mesmo. Sempre lidei com as sugestões indesejáveis de fazer plástica ou as dietas malucas. Com os comentários de que tenho um rosto lindo, como se não tivesse um corpo, como se um dia fosse magra então seria um ser humano completo. As pessoas tentam impor o que julgam ser “beleza perfeita” e não conseguem entender a idéia de que simplesmente sou feliz do jeitinho que sou. Mas sou craque em me desligar desses tipos de sugestões que chegam a ser rudes (ainda mais considerando que não as pedi) por que elas sempre vão rolar. BOOM: Acredita que a ditadura da magreza está cada vez mais perdendo força? Por que? FL - Acredito que, aos poucos, as mulheres de diversas sociedades estão aprendendo a curtir mais, mesmo aquelas dotadas de biotipos que não seguem o estilo esquelético. Grande prova disso é que o mercado para tamanhos maiores está crescendo massivamente em diversos países e não só nos EUA. A realidade é que nem todas as mulheres são geneticamente pré-dispostas a serem magérrimas e muitas já estão cansadas de viver na tentativa de chegar lá, o que na maioria das vezes envolve métodos que geram malefícios para saúde. BOOM: Já foi acusada de fazer

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apologia a gordura? Por quem? FL - Estou longe de fazer apologia à gordura. A minha grande luta está em mostrar às pessoas que elas podem e devem se sentir bonitas como são e não ficarem reféns do que os outros acham dela. É sentir-se feliz com o que é e como é. Acho que qualquer extremo não é saudável ou atraente. Magreza esquelética ou obesidade não são nem saudáveis nem bonitos. BOOM: Os Estados Unidos tem fama de ter a maior população acima do peso, acha que essa é uma tendência mundial? FL - As pessoas ainda têm essa visão dos Estados Unidos, do fast food, da batata frita e do refrigerante, mas esse quadro já vem mudando há um tempo. Hoje, as pessoas buscam opções mais saudáveis. Prova disso é que aquelas máquinas de lanches e besteiras foram retiradas das escolas. Mas creio que essa fama e visão que as pessoas têm de lá continuará ainda por um bom tempo, mas para quem vive lá, sabe que as coisas estão mudando e dando lugar ao “hábito de vida saudável”. BOOM: Qual o prato da culinária brasileira que sente mais falta de comer quando está fora do Brasil? FL - Arroz e feijão, com certeza. Sempre brinco dizendo: você tira uma brasileira do Brasil, mas não tira o Brasil da brasileira. Eu amo arroz com feijão. Depois disso, acho que as frutas. É engraçado,

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mas em nenhuma parte do mundo se encontra frutas tão saborosas como as daqui. Adoro manga, goiaba, caju. E como boa nordestina de alma, amo uma boa paçoca com carne de sol. BOOM: Qual o seu prato preferido? Não vale falar: “os que constam no cardápio...” FL - Eu amo arroz. De qualquer tipo e tempero. Sou viciada em arroz e não consigo passar sem. BOOM: Você pratica exercícios por gostar, ou por precisar por motivos de saúde? FL - Vou à academia todos os dias. Meu ritual inclui andar de bike, o meu meio de transporte diário, e reforço com sessões de spinning na academia (45 min.), para fortalecer os músculos. Duas vezes na semana faço aulas de ginástica localizada, também com o objetivo de manter tudo durinho e uma vez na semana, quando não estou Julho 2009


Passarela Moda sob os holofotes viajando, pratico Flamenco, uma das minhas grandes paixões. Há três meses, me matriculei no curso de yoga Bikram, realizada numa sala a temperatura de 40 graus, com duração de 90 minutos. A grande diferença é que não malho pensando nas calorias que estou queimando, e sim porque gosto da sensação, para manter meu coração e meu corpo saudáveis. BOOM: Você disse que quando veio ao Brasil foi à praia e não se sentiu a vontade, por que? FL - Na verdade, não foi que eu não me senti a vontade, pelo contrário, eu adoro praia. Esse episódio foi uma experiência que fiz no Brasil. Eu sempre trago os meus biquínis, mas decidi que queria tentar comprar alguma coisa por aqui, até para ver como andava o mercado da moda no meu País. Visitei todas as lojas da cidade, conversei com os donos e tudo. E não consegui comprar nenhum. O mais engraçado é que os biquínis P e PP estavam lá nas prateleiras. Já os G e GG, todos esgotados, o que para mim é óbvio, uma vez que a mulher brasileira não é magrela, ela tem curvas, tem seios fartos, coxas grossas. Isso me fez ter certeza de que o mercado aqui é uma mina de ouro ainda não explorada. Os empresários não se deram conta ainda de que existe uma demanda que precisa ser suprida. BOOM: Como era sua auto-estima antes da fama? FL - É engraçado dizer, mas eu já nasci com uma autoconfiança nata. Sou objetiva e lógica quanto a esse aspecto da minha vida. Acredito que as pessoas vão pensar o que quiser não importa o quanto você se esforce pra se encaixar num molde, que muitas vezes não é seu por natureza. Sempre vão existir críticas: se você é muito alto precisa ser mais baixo, se tem cabelos vermelhos deveriam ser loiros, se ele é cacheado precisaria ser liso, se é muito baixinha não pode ser perfeita, a muito magra é feia, a cheinha vive afogada em paranóias e sonhando com uma pílula mágica para ficar magra. E nessa loucura em se transformar ou adequar a esse molde que a sociedade te empurra goela abaixo, as pessoas esquecem de viver, de se amar e de se darem a chance de se conhecerem melhor para, quem sabe, gostarem de si mesmos e de suas imperfeições. Eu sempre me achei linda. Mas não digo isso de forma “metida” ou que me sinta melhor que as outras pessoas. Como disse, beleza não é e não deve ser traduzida apenas pelos traços do rosto, as pernas contornadas ou pela sua silhueta. A beleza é um conjunto de coisas, principalmente, aquelas que carregamos dentro da gente. E toda mulher pode se sentir maravilhosa, BOOM! Magazine

desde que faça as pazes consigo mesma e passe a se aceitar do jeito que é e, principalmente, que respeite a sua natureza. BOOM: Aqui no Brasil, a moda “plus size” ainda é tímida e possui poucas lojas e opções para compras. Onde você mora é mais fácil se vestir bem? Conte suas impressões. FL - Nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália o mercado plus size é vasto e com inúmeras opções de roupas e modelos. Designers como Jean Paul Gautier, Diane Von Fustenberg, Galiano, entre outros, passaram a fazer seus modelos de roupas com numeração ate 44 e 46. São pessoas de visão. Trata-se de uma lógica de mercado: se a demanda existe, então também existe a necessidade de suprila. Já no Brasil, isso é uma missão impossível. BOOM: Fez compras no Brasil? O que comprou? FL - Fui ao shopping “tentar” fazer compras, mas o mercado brasileiro ainda não oferece opções para as pessoas com manequim acima de 44, 46. É um absurdo, mas as roupas G e GG daqui continuam como as de 10 anos atrás, quando fui morar nos Estados Unidos: feias, mal desenhadas e sem opções de tecidos, a maioria de malha. Literalmente, algo como desenhado especialmente para a sua avó ou um saco de batatas. Quem pode se sentir bonita e sexy se vestindo assim? Em algumas lojas, foi até engraçado, as vendedoras me olhavam de cima a baixo e deixavam transparecer no rosto: aqui não tem nada para você. É duro, mas a indústria da moda brasileira precisa acordar. Isso é uma mina de ouro! BOOM: Comprou roupas? Sapatos? O que costuma comprar aqui por não haver em nenhum outro lugar que esteve? FL - Comprar roupas e sapatos foi uma missão impossível nesta viagem. O mercado brasileiro é completamente diferente do que existe no exterior. Lá fora, você vai numa loja (e nem precisa ser específica) e consegue comprar roupas de qualquer tamanho. A magrinha e a gordinha podem comprar a mesma roupa numa mesma loja. É a visão diferenciada dos empresários de “inclusão” de todo o tipo de consumidor. Por aqui, consegui comprar apenas alguns acessórios. Aí sim é indiscutível falar da criatividade dos artesãos e as várias opções de cores, formatos. Me fascina o artesanato brasileiro. BOOM: Acha mesmo que o preto é o ideal para

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Passarela Moda sob os holofotes quem está acima do peso? FL - As pessoas mais cheinhas têm a tendência de viver em extremos. Ou usam preto (para disfarçar) ou só se vestem com roupas super coladas em branco ou outras cores vibrantes, que ressaltam mais do que deveriam. Para estar dentro da moda, uma regra é valiosíssima: vestir aquilo que lhe cai bem, respeitando assim o seu corpo. Se você tem um corpo com formato de pêra, por exemplo, use roupas mais escuras e estampas discretas na parte de baixo. E na parte de cima, pode abusar dos coloridos, estampas e estilos mais divertidos e vibrantes. Se você já faz o gênero triângulo invertido, a dica é a mesma, porém, faça tudo ao contrário. BOOM: No Brasil temos uma representante das gordinhas também, a Preta Gil, que na capa do seu primeiro CD apareceu nua, o que acha de atitudes como a dela? FL - Não a conheço e não sei muito bem a história dela. No entanto, se ela fez isso porque se sentia bem consigo mesmo, acho muito legal. As pessoas sempre terão suas próprias opiniões quanto à forma com que você se veste, fala, ou a sua aparência, não importa o que for isso sempre vai existir. Se no fim do dia você está de bem consigo mesma, por dentro, mantendo a mente focalizada nos objetivos mais importantes que você carrega, a interferência ou a pressão que vem de fora não terá como te abalar. BOOM: Em que cidade morava quando estava no Brasil? FL - Nasci no Rio de Janeiro, mas toda a minha infância e adolescência foi em Natal. BOOM: Veio para o Brasil a trabalho ou a passeio? Conte tudo! FL - Tirei uns dias de férias e vim para o Brasil curtir alguns dias de sol e também visitar alguns parentes. Aproveitei também para tentar esse canal de comunicação com as consumidoras brasileiras. Quero muito poder ajudá-las, mostrar que é possível ser gordinha e se sentir bem consigo mesma, bonita e sexy. Ao mesmo tempo, levantar essa discussão no País e mostrar aos empresários da indústria da moda de que é um segmento muito promissor e que a demanda existe. BOOM: Quais os planos profissionais para o futuro? FL - Acredito que hoje eu esteja vivendo o melhor momento da minha carreira. Além de pertencer ao cast de uma das melhores agências do mundo, sou convidada para fotografar em campanhas de estilistas renomados em diversos países. Mas tenho muita vontade de trabalhar no Brasil. Apesar de já ser reconhecida no exterior, acho que ninguém é completamente feliz se também não é reconhecido pela sua nação, né!? E vejo a dificuldade das brasileiras gordinhas em se vestirem, em se descobrirem como mulheres lindas, maravilhosas e sexies. Sinto que é meu dever ajudar. E gostaria muito de ter oportunidades para fazer isso. Recebo milhares de e-mails com relatos de pessoas que conseguiram se libertar dessa ditadura imposta pela sociedade depois que leram ou viram a minha história. E quero fazer mais por elas. Por isso, estou aberta a propostas de empresários brasileiros para iniciar esse movimento também no Brasil. ;-)

Gordinha e saudável Café da manhã: normalmente inclui ovos e torrada integral, um copo de café ou suco de laranja. Lanche da manhã: nozes ou frutas, normalmente uvas ou bananas, ou um iogurte. Almoço: normalmente uma super salada com frango ou peixe. Se der, inclui arroz. Jantar: Praticamente a mesma coisa do almoço. No inverno, no entanto, abusa das sopas antes da refeição, principalmente se for de ervilhas, a sua favorita. Prioriza refeições a base de peixe. Tenta comer pelo menos duas vezes na semana. E, outra dica, é ingerir pelo menos 2 litros de água durante o dia, mesmo durante o inverno, quando não sentir sede.

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VIRTUAL

Por DÉBORA PODDA

Sexo e sexualidade com informação. A INTERNET AJUDA OS JOVENS TÍMIDOS COM DÚVIDAS SOBRE SEXO Dúvidas básicas que deveriam ser esclarecidas nas escolas ou até dentro de casa, como o uso de preservativos ou prevenção de DST, são muito procuradas por jovens que preferem garantir o anonimato na grande rede de computadores Entre 1998 e 2007 apresentei um programa de rádio pela internet, no qual o assunto em destaque eram dúvidas sobre sexo. O próprio nome do programa já deixava isso bem claro – “Virtual”, assim como essa coluna – onde os ouvintes, conectados em um chat, enviavam suas perguntas e eu, com uma mistura de seriedade, baseada nos anos de estudo, leituras, conversas com equipes de médicos, psicólogos, educadores, e grandes doses de bom humor, respondia as dúvidas de um público entre 12 e 25 anos.

deveriam ser básicas, mas que pela falta, talvez, de interesse em ler, estudar de forma correta e séria, parece ser mais fácil acessar um site de pornografia, ler uma matéria sobre esporte no jornal ou assistir um programa sensacionalista na televisão, e assim a informação necessária se dispersa.

O programa ia ao ar toda sexta-feira, das 22h às 24h, e nesse tempo eu respondia as perguntas, entrevistava pessoas que eram convidadas a irem ao estúdio conversar sobre determinado tema, sorteava brindes dos patrocinadores, que a grande maioria eram sex shops e também tinha o apoio da Secretaria de Saúde da Prefeitura de São Paulo, que me fornecia preservativos para serem distribuídos nas “blitz” que a equipe do programa fazia pelas ruas. E isso era uma festa. Nos eventos externos, que aconteciam nas ruas, shoppings e até em uma famosa feira erótica, eu interpretava um personagem. De cinta liga, espartilho, roupa de odalisca, empregadinha e mais um monte de fantasias que os ouvintes sugeriam, eu percebia que os jovens ficavam mais tímidos, e não participavam tanto, pois eu estava olhando em seus olhos durante a entrevista. Eles não faziam tantas perguntas, participavam mais das brincadeiras e dos sorteios de brindes. Por todo esse tempo, o que pude notar foi que os jovens ainda têm muitas dúvidas sobre sexo. E não são dúvidas complexas. Muitas vezes, são dúvidas que BOOM! Magazine

Dúvidas como uso de preservativos, possibilidades de engravidar, DST (Doenças Sexualmente Transmissíveis), métodos anticoncepcionais, homossexualidade, qual a fórmula mágica para conquistar alguém, fantasias sexuais, uso de acessórios e mais uma vasta gama de questionamentos faziam parte do roteiro. E eu sempre me perguntava por que os jovens, ao invés de procurar os pais ou amigos para esclarecer suas dúvidas, estavam preferindo a segurança do anonimato da internet. E a resposta que consegui formular é que por intermédio da internet, o jovem se sentia seguro, pois não precisa se identificar, ficando assim, livre do pré-julgamento. E eu continuo achando que os pais, os educadores e a sociedade têm uma visão repressora sobre sexo. A preocupação e o medo que se tem que os jovens vão “fazer besteira” quando iniciarem sua vida sexual faz com que passem informações cheias de mitos. Falar sobre sexo com as crianças, adolescentes e jovens deveria ser igual a falar sobre moda, culinária ou sobre o tempo. De forma direta e sem frescura! Claro que em tudo existe exceção. Eu ficava imensamente feliz quando um ouvinte jovenzinho me dizia pelo chat que estava ouvindo o programa junto com a mãe e ela estava adorando e aproveitava para fazer perguntas para melhorar o relacionamento sexual com o marido.

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VIRTUAL

Por DÉBORA PODDA

Sexo e sexualidade com informação. o cabelo loiro, um tinha 1,70 de altura e outro apenas 1,60, e que valia aquele ditado manjado de que mais vale um baixinho brincalhão do que um grande e bobão. Outro estava preocupado, dizendo que queria transar com a namoradinha, mas o preservativo era muito grande e saia do pênis. O rapazinho ficou todo feliz ao descobrir que já existia há algum tempo os preservativos especiais para adolescentes, tão fáceis de encontrar e baratinhos, como os comuns.

Moça achava que ficaria louca se lavasse o cabelo durante o período menstrual Uma das perguntas que mais me deixou intrigada foi da moça de 19 anos que queria saber se era verdade caso lavasse a cabeça quando estivesse menstruada, poderia ficar louca, pois a mãe dela sempre dizia isso e as amigas riam dela por causa dessa (des)informação.

Algumas histórias Lembro com muita alegria de alguns casos do programa, que jamais vou esquecer. O carinha entrou no chat e mandou a pergunta de forma bem direta: “Tenho 17 e meu pênis tem menos de 10 cm. Isso é normal? Até hoje não transei porque tenho vergonha. Ele ainda vai crescer? O pênis dos meus amigos é bem maior que o meu!” E para que entendesse que estava tudo normal com ele, pedi para que se lembrasse dos amigos de classe, analisando que cada um tinha um tom de pele diferente, que um tinha o cabelo pixaim e outro tinha

A minha dica: A internet é uma ótima ferramenta de conhecimento, estudo, pesquisa e interatividade. Acesse, navegue, tecle. Mas pratique com responsabilidade! Ao vivo, bem de pertinho, é muito mais gostoso. Ui! Mas use camisinha sempre, pois além de prevenir contra DST e AIDS – que não tem cura – também evita gravidez indesejada. Sites de credibilidade que podem te ajudar: www. abcdasaude.com.br / www.dst.com.br / www.uro. com.br / www.aids.gov.br Se tiver alguma dúvida, mande e-mail pra mim, ficarei feliz em responder! :-)

Débora Podda é radialista, de 1998 a 2007, apresentou nas rádios online IRCBrasil e Rede Blitz o programa “Virtual”, especializado em aconselhamento sexual para jovens e adolescentes. Atualmente é redatora de conteúdo para rádios indoor. O e-mail de Débora é deborets@gmail.com

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comportamento

FOTOS: Juliana Negri

A BUSCA PELA CURA SEM RELIGIÕES Quem pensa que só Igreja Universal do Reino de Deus ou Padre Marcelo são a última moda entre os jovens que buscam conforto espiritual, pode pensar novamente. Uma das formas emergentes dessa busca é o chamado xamanismo urbano. Juliana Negri

todos os seres.

O termo não se refere apenas à espiritualidade indígena. Claro, foram eles os grandes responsáveis por manterem acesas as chamas da “medicina da terra”, mas a prática em si é conhecida do homem desde a era paleolítica.

O xamanismo se insere de acordo com a crença espiritual/religiosa local, é um fenômeno religioso. O xamã é sempre uma figura dominante e não um santo, avatar ou profeta. Ele é um intermediário entre o mundo espiritual, natureza e a comunidade. Muitos jovens têm buscado no xamanismo sua forma de comunicação com o divino.

A palavra xamanismo foi criada por antropólogos para definir um conjunto de crenças ancestrais, que datam de 40 a 50 mil anos, na Idade da Pedra. Seus traços estão presentes nas grandes religiões. Em síntese, o xamanismo é a jornada da consciência, uma espécie de legado da humanidade que vai muito além dos países, raças, credos ou filosofias. Partese da premissa de que tudo está interligado, e o praticante sabe quem é o chamado espírito essencial, dentro de si mesmo e sua ligação com a natureza e BOOM! Magazine

A psicóloga e terapeuta holística Michelle Godas diz que “o jovem tende a quebrar paradigmas, ir contra o que a sociedade impõe. Como estamos em uma sociedade cristã - predominantemente católica - a busca de algo que vai de encontro com isso instiga o jovem. Outro motivo seria o dinamismo e o encontro com a natureza. Em uma sociedade onde o contato com a natureza está tão escasso e, principalmente, o

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comportamento encontro com as raízes em uma seita que contesta a tudo isso, passa a ser mais interessante o xamanismo do que estar preso em uma igreja. A música e o tambor também são mecanismos fundamentais nessa escolha, pois os rituais são alegres, com muita música e dança”. Mesmo com essa visão, Michelle apresenta também sua versão holística sobre a crescente opção dos jovens pela antiga religião. “O planeta está passando por uma série de provas e expiações para regeneração; uma nova geração ressurgiu com o intuito de curar a Terra, regenerar o planeta. Essa geração resgatou religiões primitivas pela ligação a natureza e a seus fenômenos, além do que, mais do que uma seita, o xamanismo é um modo de vida. Isso acaba dando um suporte em meio ao caos que o mundo se encontra e enfatiza o resgate do ‘eu’, priorizando o ‘agora’”. O Xamanismo, como a mais antiga prática espiritual da humanidade, tem como base em suas práticas o respeito pela ecologia, reconhecimento do Sagrado, necessidade de expandir a consciência, obter resposta em mundos paralelos e a prática do amor incondicional. Suas práticas estabelecem contato com outros planos de consciência a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio, saúde. Propicia tranquilidade, paz, profunda concentração, estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual. A interação harmônica dos elementos equilibra a Jornada da Nossa Alma, faz girar a Roda da Vida em harmonia. No xamanismo praticado na atualidade estuda-se os talentos elementais:

a preservação da vida de todos os reinos (animal, mineral, vegetal, espiritual) em nosso planeta. Essa é uma filosofia bastante reconfortante, o que atrai jovens com o mesmo espírito de empreendedorismo. O foco das práticas do xamanismo centra-se nos ritmos cíclicos da natureza: nascimento, morte e renascimento; a complementaridade masculina e feminina, o contato pessoal individual com ambiente imediato da Terra, entre outras coisas. Um dos rituais mais populares dentro do xamanismo é a roda de cura. A roda de cura é feita em torno de um fogo central onde se abre um portal aos quatro elementos: ar, fogo, água e terra. Segundo os xamãs, durante o ritual é possível curar karmas do passado, desprender-se de diversas energias, refazer programação mental e celular e se livrar de padrões de pensamentos e emoções negativas. Numa roda de cura entra-se num estado alterado de consciência e com a ajuda dos chamados “animais de poder”, visita-se os reinos da natureza ocultos na dimensão xamânica. As rodas de cura duram em torno de duas a três horas e sempre acontecem em grupo. O xamã Junior Patta coordena um desses rituais. Ele inicia a roda com uma breve oração e incentiva as pessoas a cantarem e dançarem em torno da fogueira. Durante o ritual, os participantes podem consultar o oráculo xamânico, uma espécie de tarô com diversas mensagens.

- A Terra é relacionada com o corpo físico e com as sensações. - A Água é relacionada com a alma e com as emoções e sentimentos. - O ar é relacionado com a mente e aos pensamentos e idéias. - O fogo é relacionado com o espírito e associado à consciência, a claridade, a inspiração.

Ele também dá oficinas de tambor e tenda do suor (prática de purificação do corpo, mente e emoções do espírito através da transpiração), além de vislumbrar, em conjunto com Michelle Godas, um projeto social, o “Projeto Ahow”, que tem o intuito de levar a cultura ancestral às crianças de baixa renda através de música e oficinas de tambor. “Dessa maneira, resgataremos os indivíduos em sua totalidade, como cidadãos, alunos e crianças, afastando-os das ruas e consequentemente, de drogas e da marginalidade”, completa Michelle.

RODAS DE CURA Nessa cultura, o xamã deve compreender o “círculo sagrado da vida” e recomenda, auxilia na cura, ensina o que é necessário para o bem da comunidade. Isto significa frequentemente colocar a comunidade em primeiro plano. Para as pessoas ligadas a essa compreensão, o caminho xamânico conduz a um relacionamento de amor e respeito com a chamada “Mãe Terra”. Significa que não é possível praticar o verdadeiro xamanismo sem incluir os cuidados com

Na roda de cura, a cada sessão, vão sendo liberadas as energias densas grudadas no corpo emocional, o que possibilita à psique receber as dicas de como realizar as mudanças dos padrões que fazem as pessoas sofrer. Os facilitadores das rodas de cura recebem muitos comentários sobre exatamente isso, além da centralização emocional e a sensação de voltar a ter paz e equilíbrio espiritual. Por ser um ritual em grupo, os benefícios sociais são grandes, especialmente para os jovens, segundo Michelle Godas: “Em um

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comportamento mundo em que as pessoas mal conhecem a si mesmas e as perspectivas do futuro são mais importantes do que o presente, o turbilhão das famosas doenças da modernidade como depressão, ansiedade e síndrome do pânico crescem vertiginosamente, daí a importância de um caminho a seguir. O resgate

do ‘eu’ mesmo em grupo combate a depressão e as síndromes diversas, o interesse pela origem do ser sem dogmas ou tabus auxiliam a busca pela volta à espiritualidade, afastando principalmente o jovem da marginalidade e uso de drogas.”

O QUE SE ENCONTRA NO XAMANISMO E NOS XAMÃS 1. A busca por estados alterados de consciência, vôo da alma/êxtase. O xamã é um especialista e um mestre da viagem estática; 2. A capacidade de viajar em espírito assumindo a forma de um animal ou ave ou diretamente através daquilo a que chamaríamos de experiência fora do corpo. Este voo mágico é um dos fundamentos do xamanismo; 3. Viagem por mundos paralelos. Mundos invisíveis à realidade ordinária a fim de guiar espíritos e obter conhecimento espiritual; 4. O xamã atua como canal de cura. Tem conhecimento do poder das plantas, pedras, dos espíritos animais e seres da natureza. 5. Devoção à Criação, Sol, Lua, Estrelas. Reconhecimento da presença de Deus em todas as manifestações do Universo; 6. Interação com espíritos da natureza; 7. Utilização de instrumentos de poder para induzir ao transe/estados alterados de consciência (tambores, maracás, etc.); 8. Conhecimento sobre o fogo; 9. Utilização de plantas (purificação, enteógenas, medicinais, magnéticas); 10. Canções de Poder e danças; 11. Exercícios respiratórios e dietas.

SANTO DAIME: O MISTÉRIO DA AYAHUASCA Além do xamanismo, o Santo Daime é outro grande atrativo para os jovens que buscam a espiritualidade. Por alguns conhecidos como “vinho das almas”, a ayahuasca é uma bebida cerimonial feita a partir das plantas Banisteriopsis caapi e psicotrya viridis. Os pajés utilizam a bebida em cerimônias religiosas de cura, para diagnosticar e tratar doenças, para encontrar com espíritos e adivinhar o futuro. Ela tem propriedades enteógenas, isto é, produz uma expansão de consciência responsável pela experiência de contato com a divindade interior, presente no próprio homem. A partir da ayahuasca, iniciou-se o movimento da religião do Santo Daime, criada na Amazônia nas primeiras décadas do século XX, com o neto de escravos Raimundo Irineu Serra. Foi ele que recebeu a revelação de uma doutrina de cunho cristão, durante uma sessão com a bebida. Hoje, a cultura foi difundida e existem centenas de igrejas que cultuam a bebida e com sessões que chegam a ter duzentos BOOM! Magazine

participantes que comungam a ayahuasca. A grande maioria dos frequentadores é de jovens em busca de espiritualidade, mas em alguns casos, a busca pelo enteógeno não passa de uma fachada para perder a consciência. Ledo engano. Segundo pareceres do próprio Governo Federal, o Santo Daime não apresenta características do abuso de drogas, pelo seu uso ritualístico, descontínuo e ausência de alterações comportamentais. Jovens que buscam a bebida como “droga” podem simplesmente cair do cavalo. Os rituais são longos, a bebida é legalizada e, por essa razão, obedece a uma série de regras. A terapeuta holística Débora Paixão encontrou a ayahuasca há oito anos. “Eu já era terapeuta, e fui convidada por uma cliente pra que eu pudesse acompanhá-la. Não senti nada no começo, mas algo em meu inconsciente me dizia que era forte tudo aquilo, e respeitei todo o ritual. Minha primeira miração aconteceu na segunda vez que tomei o chá, quando conheci o Céu de Maria”. Há dois anos, ela é

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comportamento

facilitadora da ayahuasca e criou seu próprio local, o “Templo de Shekinah”. Ela conta como foi: “Há uns dois anos, o meu padrinho no Daime me deu o chá para que eu cuidasse da minha própria turma. Nunca tive intenção de fazer meus rituais, mas recebia instrução de como lidar com toda aquela força”. Ela recebe sempre vários jovens para suas sessões com a ayahuasca, e acredita no diferencial do seu templo: “Faço uma parte do tradicional e complemento com fraternidade branca e desenvolvimento de corpos luz. Não temos muito bailado (dança com hinos de poder, tradicional em igrejas do Santo Daime), só meditamos e desenvolvemos capacidade de expansão da consciência.” O atrativo da enteogenia porém,

faz com que a ayahuasca torne-se uma faca de dois gumes para os jovens. Um ditado interessante entre os frequentadores da prática é “a ayahuasca é para todos, mas nem todos foram feitos para ayahuasca”. A procura para dar uma “desbaratinada” nos pensamentos acaba tornando-se uma “bad trip”: “Nem todos conseguem segurar o entendimento de assumir que a mudança está em suas próprias mãos e ligar o canal com o Divino”, diz Débora. Por outro lado, muitos jovens se acalmam e buscam cada vez mais sua espiritualidade e param com velhos hábitos. Segundo Débora, o chá ajuda a tirar vícios, como o de cigarro, bebida e comidas pesadas.

LEGALIZAÇÃO O CONAD é o órgão normativo do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD - e suas decisões “deverão ser cumpridas pelos órgãos e entidades da Administração Pública integrantes do Sistema” (arts. 3o, I, 4o, 4o, II e 7o, do Decreto no 3.696, de 21/12/2000). Assim, no exercício de sua competência legal aprovou parecer da CATC que, por sua vez, adotou pareceres do colegiado que o precedeu - o CONFEN - e abordou outros aspectos pertinentes ao tema “o uso religioso da ayahuasca” cumprindo destacar a observação final e as conclusões do parecer que o CONAD aprovou: “que fique registrado em ata, para fins, inclusive de utilização pelos interessados, que não pode haver restrição, direta ou indireta, às práticas religiosas das comunidades, baseada em proibição do uso ritual da Ayahuasca”.

OUTRAS FORMAS DE CONEXÃO ESPIRITUAL REIKI Outra forma de busca de contato com o divino entre os jovens tem sido o Reiki. Sem dogmas ou grandes regras, o reiki é um dos cursos mais procurados nos espaços holísticos de São Paulo. Segundo a Associação Brasileira do Reiki, esse é um método de cura natural pelas mãos. REI significa universal e KI a força da energia vital que está presente, pois pertence ao que é cósmico. Reiki pode ser então definido como

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“a Arte e a Ciência da ativação, do direcionamento e da aplicação da Energia Vital Universal, para promover o completo equilíbrio energético, para prevenção das disfunções e para possibilitar as condições necessárias a um completo bem-estar”. Esta é a energia que forma os indivíduos em todas as etapas da vida, a porção de força vital (que é uma luz invisível que passa pelo cérebro, o sistema nervoso e as veias) que anima todos os corpos, fazendo com

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que uns sejam saudáveis, e outros, devido a sua falta, enfermos. Existem três níveis de Reiki, e os cursos com os módulos variam seu preço de 100 a 400 reais por pessoa. WICCA Wicca é uma religião neopagã fundamentada nos cultos da fertilidade que se originaram na Europa Antiga. O bruxo inglês Gerald B. Gardner impulsionou o renascimento do culto, com o nome de Wicca, junto com outros bruxos e bruxas, em meados dos anos

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comportamento 40 e 50. A tradição Wicca e seus termos são baseados em diversas culturas do paganismo antigo, modificadas pelo que, segundo Gardner, era uma tradição sobrevivente da bruxaria medieval, mas da qual o conhecimento que temos é obscuro. A Wicca é uma religião iniciática e pode ser praticada tanto de forma tradicional quanto de forma solitária. Todas as formas de Wicca cultuam A Deusa e O Deus, variando o grau de importância dado ao culto de cada um deles, pois apesar de existirem tradições que cultuam a Deusa com maior ênfase, o culto aos dois com igual dedicação é um ponto forte e mais presente nas crenças wiccanas devido ao trabalho com o equilíbrio entre os Gêneros Divinos, feminino e masculino.

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TERAPIAS HOLÍTICAS Cristaloterapia: aplicações de cristais e pedras em centros energéticos específicos, buscando a harmonização global. As pedras são selecionadas, de modo geral, segundo as suas cores, às quais se atribuem propriedades, ou, ainda, de acordo com sua composição química, na chamada Litoterapia. Cromoterapia: uso de cores adequadas como estímulos para a harmonização, sob as mais diversas formas, dentre elas mentalização, pintura ambiente, roupas, alimentos, cristais e pedras coloridas, águas sobre a influência da cor dos vasilhames, além das conhecidas lâmpadas coloridas, hoje em dia, substituídas por fibras óticas especiais, para “banhar” com cores o corpo todo ou a região problemática, havendo uma tendência atual a aplicar-se em regiões energéticas chaves chamadas de “Chacras” ou em pontos de Acupuntura. Fitoterapia: uso das ervas medicinais

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sob diversas formas, tais como chás, banhos, compressas, óleos, extratos, inalações, etc., visando não só despertar a capacidade de autocura, como, também, suprir a necessidade de certas substâncias e energias sutis que atuarão como princípios ativos para a harmonização psicofísica. Radiestesia: técnica de diagnóstico paranormal, onde se utiliza de instrumentos tais como um pêndulo e suas variantes para amplificar os movimentos inconscientes do profissional perante perguntas, regiões do corpo examinado ou, até mesmo, à distância, por fotos, objetos ou mapa de um local. Yogaterapia: uma série de posturas corporais específicas e padrões respiratórios especiais, ministrados geralmente em grupo, para obtenção da harmonia, passando, inclusive, por estados alterados de consciência via meditação. As técnicas mais conhecidas de yoga são as indianas.

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 Ta na Teia CULTURA NA WEB.

VAMOS TWITTAR? Depois dos blogs e sites de relacionamento, o microblog é a nova febre na internet Gisele Santos e Gustavo Dittrichi

Os blogs surgiram nos anos 1990 e começaram a ganhar força no Brasil a partir de 2005, após alguns anos de tentativas frustradas de servidores que ofereciam serviços de páginas pessoais com ferramentas “faça você mesmo seu próprio site”, já que exigiam que os usuários tivessem conhecimento de HTML (construção de páginas na internet por meio de códigos). No final dos anos 90, apenas serviços como Geocities (até então não-vinculado ao Yahoo), HPG, e Kit.net ofereciam a possibilidade de criação do próprio website gratuitamente. Se parece complicado pra você, esqueça tudo isso, pois agora é mais fácil expor suas idéias e ser personalidade na web. Basta utilizar o Twitter, microblog criado por um americano em 2006, que tem conquistado cada vez mais adeptos na rede mundial de computadores. Layout simples, cadastro rápido, envio e recebimento de mensagens através da internet e celulares. Com apenas 140 caracteres em segundos é possível se comunicar através dessa ferramenta que ainda por cima torna a pessoa em uma celebridade virtual, pois a lista de amigos ganhou um nome mais pomposo: seguidores. Famosos, empresas e anônimos utilizam o Twitter Além de pessoas físicas, empresas dos mais variados segmentos também entraram nessa onda, aproveitando a febre do momento para fazer marketing viral. Gravadoras como a Warner, por exemplo, sempre criam perfis para divulgar novos produtos. Portais de notícias como iG, G1, entre outros, publicam de segundo a segundo os links que encaminham o internauta para as páginas das reportagens. A TV Cultura utiliza a ferramenta em programas ao vivo, como o Roda Viva, para interagir com os telespectadores e ampliar os debates.

de comunicação, por exemplo, em abril de 2008 aconteceu um tremor de terra em São Paulo e as primeiras notícias surgiram no Twitter, onde os usuários conversavam e opinavam muito antes das rádios e televisões. Para artistas e celebridades, o mini blog tornouse ferramenta para divulgação de seus trabalhos e aproximação com os fãs, já que existe espaço para troca de mensagens diretas entre o autor e os leitores. É o caso de Britney Spears, NX Zero, Ivete Sangalo, entre outros e outros. A atriz americana Demi Moore tem cerca de 948 mil seguidores. O apresentador Marcelo Tas (CQC) tem mais de 62 mil seguidores. Verbo twittar Abreviações até hoje são muito utilizadas em trocas de mensagens instantâneas na internet, criando uma nova linguagem, mas o Twitter foi além. Os usuários criaram o verbo ‘twittar’: “ontem não twittei, pois fiquei com febre e dormi”; “vamos twittar mais tarde? Agora vou voltar ao trabalho”. Pessoas podem conseguir emprego através do Twitter Algumas mensagens são inúteis: “vou almoçar”; “volto já”. Mas além de divulgar, aumentar a rede de relacionamentos, informação livre e gratuita, o Twitter também ajuda quem procura emprego. A secretária Priscila F. Raulino, 27, divulgou o link de seu currículo via Twitter e em menos de meia hora uma empresa de tecnologia - sua seguidora e vice versa - a convidou para uma entrevista. “Eu sempre paguei alguns sites que divulgam vagas de emprego, mas nunca fui chamada. Vi no Twitter grande utilidade para somar mais contatos em meu networking e o melhor de tudo, não gastei nada e consegui trabalho”, contou sorridente. :-O

A rapidez da comunicação global do Twitter consegue atravessar os furos de reportagens dos veículos BOOM! Magazine

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Vem twittar com a gente! Veja nosso twitter em www.twitter.com/programaboom

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 Ta na Teia CULTURA NA WEB.

FEZ

BOOM! NA WEB

O fenômeno

Susan Boyle Estrela do reality show Britain´s Got Talent teve mais de 100 milhões de visitas no Youtube Silvia Fachim

Famoso por revelar astros, o reality show Britains Got Talent parece ter acertado novamente. O programa, que foi exibido em 19 de abril, mostrou o que aparentemente seria mais uma “caloura sem talento”, sendo motivo de ironia por pelos jurados e público que estava no teatro. Com seu jeito desengonçado e fora dos parâmetros de beleza das princesas do pop, a escocesa de 47 anos, Susan Boyle surpreendeu a todos. Cantando “I Dreamed a Dream”, do musical Les Misérables, Susan provou que o talento não está na aparência e respondeu ao cinismo de todos com uma apresentação impecável e uma voz espetacular. O vídeo, que está no Youtube, já foi assistido mais de 100 milhões de vezes, e diversas cópias dele se espalham por todos os sites que hospedam vídeos de streaming media, como o Youtube. Comparando, o discurso do presidente Barack Obama teve um número bem menor, aproximadamente 20 milhões de views. Programas do mundo inteiro já exibiram a apresentação da cantora, levando a mensagem “não julguem pela aparência”. Um dos jurados, Simon Cowell, planeja assinar contrato com a nova cantora, pelo selo Sony Music. Há boatos que a história de Susan será retratada em um filme, tendo Demi Moore para o papel principal.

FOTOS: reprodução

Stefhany Absoluta Gustavo Dittrichi

Com um clipe caseiro, a jovem do Piauí de 17 anos, Stefhany, conquistou grande público no YouTube. Ela transformou a música “A Thousand Miles” de Vanessa Carlton, em um hit brega, que diz: “eu sou linda, absoluta, eu sou Stefhany”. O sucesso rendeu convites ao programa do Gugu, no SBT, uma entrevista à MTV e até ao Caldeirão do Huck, onde faturou um carro zerinho. Até site a garota tem: www.stefhanylevaeu.com.br. O que não faz a internet hoje em dia, não? BOOM! Magazine

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´ de bordo diario MOTÖRHEAD

: Juliana Negri

FOTOS E ARTE

“Então Juliana, você vai produzir Motörhead”. A notícia caiu que nem uma bomba na minha cabeça quando eu li isso no meu MSN de trabalho. É bastante óbvio que, quando você curte uma banda e vai produzir um show dela, você sente um frio no estômago e uma leve tontura: o frio no estômago é de ansiedade pela data que não chega nunca; já a leve tontura é de pensar no tamanho da responsabilidade que é fazer um show desse tamanho, ainda mais porque é justamente UMA BANDA QUE VOCÊ CURTE.

E é extremamente interessante a forma com a qual o Motörhead trabalha: a mesma equipe há vários anos, muitos brasileiros entre as pessoas de confiança da banda (a música “Going to Brazil” não deve ser à toa), não ligam nem um pouquinho para a promoção do próprio disco – o disco se vende sozinho, segundo Lemmy – e a vida é uma verdadeira festa para a banda, que come chocolate, inala oxigênio direto do cilindro e bebe à beça. O público é o mais diverso possível, vai de headbangers que usam calçado Allstar cano longo e calça apertadinha até os senhores mais compostos, passando por motociclistas de clubes, gangues, mauricinhos e patricinhas, etc. OS CAMARINS, UM CASO A PARTE É certo e fácil que quando chega o chamado contract rider (N.R.: documento onde constam todas as exigências da banda), a primeira coisa que eu vou olhar é o camarim de cada músico. No caso do Motörhead, foram três camarins diferentes, um para cada músico, com especificações diferentes e surpresas que só lendo para acreditar. Na verdade, eu deveria ter tirado uma foto de como ficou cada camarim com tudo pronto. Os três músicos, Lemmy, Paul e Mikkey, pedem chocolate em grande quantidade, são cerca de seis barras grandes, e eles comem tudo. Muita Coca-Cola também, aliás, é tanto refrigerante pra uma pessoa só que eu fiquei duvidando que fossem mesmo consumir... E não é que consumiram? BOOM! Magazine

Por Julia na Negri

Mas o caso a parte no quesito “esquisitices e bizarrices” fica mesmo por conta do líder da banda: Lemmy exige seis “Kinder Ovo”. Isso mesmo, você não leu errado. Aquele chocolate que sempre vem com uma surpresa. O motivo? Lemmy adora as surpresas que vêm dentro do chocolate, ele as coleciona. Fora que ele adora chocolate. Maços e mais maços de cigarro, jornais ingleses e morangos com açúcar também fazem parte da lista de exigências desse senhor de 63 anos. Mas tem outra coisa curiosa... Quem costuma ler as notícias que são publicadas sobre o Lemmy, sempre enxerga nelas um cara que faz tudo de errado e continua na ativa sem o menor problema. Ledo engano. Lemmy já vê as consequências de tanta maluquice e festa, exigindo em seu camarim um cilindro de oxigênio, que ele usa bastante, durante o show principalmente. Ou seja, não é toda essa maravilha de homem de ferro que todo mundo costuma pintar. Os camarins são praticamente mini salões de festas, onde a banda convida os amigos mais chegados para beberem e comerem à vontade, ficar com groupies ou mesmo farrear sozinhos. As mulheres bonitas estão no topo da lista. E convidados inusitados também dão o ar da graça, como é o caso de uma apresentadora infantil (não posso citar o nome infelizmente), amiga do baterista Mikkey Dee, que chegou a levar seu filho para conhecer a banda e tirar algumas fotos.

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´ de bordo  diario LISTA DE CONVIDADOS E IMPRENSA: DOR DE CABEÇA Eu sempre montei listas de imprensa e de convidados com muita tranquilidade, dificilmente é necessário cortar alguém. Mas gerenciar as listas do Motörhead é uma das tarefas mais sem noção que alguém pode receber na vida. E lá fui eu para frente da casa, enfrentar convidados nervosos numa fila sem fim (e que começava do lado errado), de penetras pedindo ou implorando ingressos, de pseudoamigos da banda cujos nomes jamais constaram na lista e de espertinhos querendo um lugarzinho dentro da casa de espetáculos.

Por Julia na Negri

maioria das vezes só escuto mesmo... Não tem muito jeito. Eu ouvi o show enquanto corria de um lado para o outro. Enquanto isso, a manager da banda estava costurando um dos trajes do Lemmy, com linha e agulha na mão, eu estava pedindo pizza, o outro produtor estava contando ingressos, etc.

Mas antes disso tudo, teve o grande pepino da noite. Era meio dia e a equipe descobriu que a carga da banda, com todos os instrumentos, tudo da banda, estava presa em Eu já estive do outro lado Recife. Não chegaria a tempo dessa lista em particular, do show. Aí foi uma onda e sei como é a confusão. de ligações, pra companhia Aliás, que confusão! Tem aérea, pra banda, pra equipe, muita gente, o empurratodo mundo tentando dar empurra chega até o um jeito de trazer todo o balcão de quem está equipamento. Tanto fizeram trabalhando e ninguém que o equipamento finalmente Lemmy com as fãs. fica feliz. Gerenciar os convites embarcou e, quando chegou, por é complicado: sempre aparece volta de meia hora antes de começar o show, um um convidado de última hora que fica torrando a sua esquema de força tarefa foi criado para montar todo paciência, querendo que você vá chamar um fulano o equipamento em tempo hábil. E, antes disso, avisa lá dentro... “mas foi fulano quem colocou meu nome fila, é fã ficando nervoso, bravo, irritado, inquieto... na lista, como não está aí?”. Isso aconteceu bastante A coisa toda não é tão simples. O show v nessa noite. Um dos promotores da turnê deu uma isto do pa lco. de esperto e mandou uns dez convidados pra lá, sem Por fim, tudo deu certo. O show sequer me avisar, pedir autorização para o promotor aconteceu, eu assisti à última local, nem nada. Dois deles, um “casal” de pitboys, música e as pizzas da banda resolveu ficar fazendo pressão em cima de mim pelos chegaram a tempo. No final, eles convites usando de certa truculência, caras e bocas. ainda receberam cerca de cem Cada uma que a gente tem que ficar aturando... fãs sortudos que tiraram fotos e pegaram autógrafos com Lemmy e seus comparsas. E a produtora aqui SHOW E PÓS-SHOW TUDO É FESTA... MAS ANTES... enfiou a cabeça no travesseiro, depois de 26 horas seguidas de Problema sério de quem produz um show: nem sempre trabalho, sabendo que fez um a gente vê o show que produz. Eu por exemplo, na show grande de sucesso: mais de cinco mil fãs compareceram em São Paulo. :-D Juliana Negri tem 27 anos e é formada em Jornalismo pela Universidade Anhembi Morumbi. É jornalista, assessora de imprensa, diretora de arte, tradutora e muito mais. O “muito mais” ela deixa por conta. Atualmente, trabalha em uma produtora de eventos internacionais, inclusive acompanhou a banda Simple Plan por turnê.

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Cartas de J.J. Scott Saudações Senhoras e Senhores, eu sou Sir John John Scott III, atual Conde de Angershire. Encontrava-me imerso em meus estudos quando recebi um telefonema de um senhor, dizendo que necessitava de um homem do século XIX que se habilitasse a uma vaga para responder correspondências de leitores de uma revista. Pois bem, aqui estou! Se vossas senhorias não acreditam que sou do século referido, problema dos senhores, pois é a palavra de um Sir. Repararam nestas letrinhas antes do meu nome? Viram, SIR? Olhai bem, SIR! Os e-mails. Sinceramente, não sei o que é isso. Pelo o que parece, os senhores mandam as mensagens utilizando um aparelho específico e eu as recebo. Enfim, responderei vossas dúvidas sobre algo publicado pelos nossos competentes jornalistas, irei dar opiniões sobre algum tema que vossas senhorias sugerirem, ou mesmo irei dizer o que penso de vossas opiniões, por que hoje em dia uma pessoa com vinte anos está por aí, dizendo tudo o que pensa, ou seja, coisas pouco consistentes. Por isso, irei tentar colocar um pouco de juízo na mente dos senhores. Sabem, enquanto tomava meu brandy eu ponderava sobre quais tipos de dúvidas os “jovens” desta época teriam. Os rapazes perguntariam coisas a respeito de como assumir os negócios da família, depois do falecimento do patriarca. As moças eu teria problemas, pois como poderei dar conselhos de corte e costura, se a única agulha que vi em toda a minha nobre existência foi a do gramofone? Por isso, eu estou tentando entrar em contato com outra mulher nobre, dizem que é uma grande dama, uma Duquesa! O nome é Friga, Freda, Frégida, não, o nome é Fergie! Isso mesmo, dizem que é uma Duquesa cantora, e até gravou uma música sobre Londres. Não consigo falar com ela, toda vez que ligo, uma criada com maus modos atende e se identifica como a Duquesa. Criadagem insolente! Agora falarei um pouco sobre mim. Eu poderia ficar horas falando sobre este tema tão fascinante, mas vou encurtar as coisas, já que infelizmente os editores desta revista só disponibilizaram-me algumas linhas. Sou um homem muito culto. Já escrevi alguns livros, inclusive. Só não sou famoso no século de vossas senhorias, por culpa de um naufrágio, no qual perdi toda a minha obra. Meus livros: “Educação para meninos rebeldes: da palmatória à internação”; “Filhas: como casá-las aos 12 anos”; “Como criar seu cão com liberdade”. Vejam, eu sou muito instruído em Pedagogia, apesar de ser jurista. Por tal motivo, sou o melhor para dar conselhos de um ponto de vista diferente. Superior, obviamente. Aproveitarei este espaço para fazer um pequeno reclame. Estes dias fui até a redação deste sítio para ver como funcionava. Além de ficar escandalizado com a quantidade de moças solteiras trabalhando, fui impedido de fumar meu cachimbo. Disseram-me que há uma lei antifumo. Senhores do século XXI, na minha época todos fumavam. Um amigo meu tem uma fábrica em Londres, ele paga as crianças que trabalham nas fornalhas com fumo. Digam-me, qual o problema nisso? Ninguém no meu tempo morre de câncer. Simplesmente morrem e não ficamos jogando a culpa em hábitos tão prazerosos. Por isso eu digo: fumo, e morrerei fumando! Preciso encerrar esta carta. Digo-lhes o seguinte: será uma grande honra, da parte de vocês, mandarem vossos e-mails para alguém de tão nobre estirpe responder. Estarei aberto a todo tipo de dúvida. Por isso digo: não estou procurando este trabalho (argh!!) porque estou falido. Se eu quisesse, compraria esta revista e a transformaria em uma editora de manual de caça à raposa, mas, prefiro apenas dedicar-me a um pequeno deleite. Responder vossas bobagens, por exemplo. Agora preciso ir, reuni os melhores cães e irei caçar raposas em um lugar que foi muito bem recomendado. Acho que é Parque da Juventude, não sei bem. Disseram que se eu soltar os cães por lá voltarei para casa com quilos e quilos de carne. Acho que é por que as raposas são gordas, não sei. É um hobby muito nobre, coisa que os pais de vocês não fazem, pois soube que o único esporte da plebe neste país é a corrida matinal atrás do que vossas senhorias chamam de “coletivo”. Aguardo vossos comunicados, ou críticas (de quem tiver coragem, pois olha com quem vossa senhoria está falando) mandem por este número, endereço, coisa, sei lá: redacao.boom@gmail.com. Aguardo vossas senhorias! Melhores votos: Sir J.J. Scott III, Conde de Angershire. Sir J.J.Scott é pseudônimo de Aluizio Torres, que atualmente estuda História na Universidade de São Paulo. Dono de um humor ácido, sarcástico e perspicaz, tem como hobby escrever. No momento está terminando um livro policial. Se considera um ótimo cozinheiro e garante que faz os melhores quindins do bairro do Tremembé, zona norte paulistana. Para escrever para J.J. Scott, envie seus e-mails para redacao.boom@ gmail.com ou acesse o orkut dele: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=4414098212081586096 BOOM! Magazine

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Acesse o site do cartunista Mauricio Rett

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EXPLOSÃO DE CULTURA, MÚSICA E VARIEDADES.


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