Revista AVENIDA - Nº 5 - Agosto 2013

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Cidade

Crime presente

“Parece que foi Deus. Saía com vários homens e não aguentava mais”, diz Maria, que trocou de nome e mudou de cidade para fugir dos traficantes. A história da então adolescente (o caso ocorreu há alguns anos) ainda é um problema presente na capital paulista. Em 7 de junho, por exemplo, a Polícia Civil paulista localizou um imóvel na Avenida Cruzeiro do Sul, em Santana, com 51 travestis aliciados no Pará. De acordo com o delegado titular da 1ª Delegacia de Proteção a Pessoas (DHPP), que atua no Estado de São Paulo, Cesar Camargo, as vítimas são submetidas a cirurgias plásticas e ficam na mão dos aliciadores. “Elas ficam devendo. O preço sai triplicado”, diz. A ocorrência do tráfico de pessoas é tão séria e preocupante que governo federal lançou em fevereiro o 2º Plano de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas com foco na melhor fiscalização das estradas e aeroportos, com consequente aprimoramento dos agentes públicos na identificação de possíveis vítimas. Em dezembro, o Senado concluiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o tráfico de pessoas entre 2003 e 2011. O documento propôs o enrijecimento da legislação nacional. Já a Câmara dos Deputados criou uma CPI com o mesmo tema, que deve ser concluída até o final do ano. De acordo com o deputado federal Arnaldo Jorday (PPS-PA), que preside a comissão, a conclusão dos trabalhos deve orientar mudanças na legislação e melhora por parte das instituições pú28

| Revista Avenida | Agosto 2013

lucaS danTaS

blicas da fiscalização. “Precisa de um diálogo melhor entre a Polícia Federal e as polícias civis”, diz. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera o tráfico de pessoas o pior desrespeito aos Direitos Inalienáveis do Ser Humano na sociedade atual e uma nova forma de escravidão. A estimativa da entidade é que essa indústria deixe 2,5 milhões de pessoas vítimas

de trabalhos forçados ou exploração sexual, com movimentação anual de US$ 32 bilhões. Relatórios do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC) estimam que 58% das pessoas traficadas são submetidas à exploração sexual e 36% ao trabalho escravo. No ano passado, a Polícia Federal instaurou 58 inquéritos para investigar o crime.

Em estudo recente, o Ministério da Justiça, em parceria com o UNODC, revelou que foram instaurados 514 inquéritos policiais sobre tráfico humano entre 2005 e 2011, dos quais 344 foram de trabalho escravo, 157 de internacional e 13 dentro do País.


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