Revista Amor e Vida

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Por Júnior Alves

LITERATURA

David Michael

GAROTOS DE GUERRA O OUTRO LADO DA HISTÓRIA

“A JUVENTUDE É O FUTURO DA NAÇÃO”, ESSA FRASE É DITA POR MUITAS PESSOAS, SEJAM ELAS IMPORTANTES OU NÃO. PORÉM, NÃO TEM O MÍNIMO VALOR À MAIORIA DOS ENGRAVATADOS. A CRIANÇA E O ADOLESCENTE, PRINCIPALMENTE NAS COMUNIDADES MAIS CARENTES, VIVEM EM CÁRCERE, NUMA DITADURA TENEBROSA QUE É O MUNDO DO CRIME. ESSA SITUAÇÃO AFETA NÃO SÓ A REGIÃO DE FORMOSA, MAS TODO O PAÍS E O MUNDO.

E

m “GAROTOS DE GUERRA, O Outro Lado Da História” Jorge Gomes da Mota (43) em sua primeira obra, relata nos sete capítulos a realidade vivida por crianças e adolescentes pertencentes à classe baixa. O livro que surgiu a partir de um conflito entre a Divisão de Proteção a Criança e ao Adolescente contra indivíduos envolvidos em crimes, consegue mostrar de forma clara e objetiva a realidade dos adolescentes em Formosa-GO e região. Segundo Jorge os menores infra-

Livro Garotos de Guerra

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tores estão inseridos no mundo do crime, não por opção, mas pela falta da mesma. São indivíduos que tem suas vozes muitas vezes ignoradas. Vozes como a do infrator que, preso há apenas alguns dias, disse: “O mundo do crime nunca financiou meus sonhos, estou pagando um alto preço e hoje com 69 dias aqui (N.T preso) descobri que o mundo do crime não compensa, pois, com o passar do tempo descobri que o inferno existe e atrás das grades é o verdadeiro inferno”. O autor vivenciou pragmaticamente grande parte destes e outros eventos. Não é apenas uma obra fictícia com um toque de realidade, as palavras digitadas no livro é a própria realidade. A diferença da obra de Jorge, comparada a muitas outras, está na veracidade dos fatos. Ele não se coloca como personagem central do enredo, é apenas um transmissor, um porta-voz de muitos jovens. Vindo de uma família humilde, Jorge estudou em escolas da área rural, trabalhou, ingressou nas forças armadas e ao deixar o Exercito retornou ao Município de Formosa. Atuando como agente de proteção da criança e adolescente, Jorge trabalha a autoestima dos garotos e também a importância do estudo, alguns meninos foram resgatados com êxito e a esses o autor mostrou que é possível viver longe do mundo do crime. Há mais de vinte anos, a redução da idade penal é discutida pelo Congresso Nacional. Ao

todo, 22 diferentes propostas de Emenda à Constituição Federal (PEC) foram apresentadas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O tema voltará a ser discutido na abertura do ano legislativo na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), com a PEC 33/2012. O dispositivo reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos em crimes hediondos, tráficos de drogas, tortura e terrorismo ou reincidência na prática de lesão corporal grave e roubo qualificado. A proposta estabelece o cumprimento da lei para processos que ocorram em órgãos da Justiça especializados em questões da infância e da adolescência e a partir de ação de membro especializado do Ministério Público. Como é de conhecimento, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) expressa, mais uma vez, posição contrária ao dispositivo, bem como qualquer alteração dessa natureza. Essa é uma luta longa, que existe desde 2007. Em GAROTOS DE GUERRA o autor exibe sua posição: “Acredito que a redução que alguns políticos querem, por influência da imprensa e da sociedade, trará problemas sérios, principalmente na entidade familiar, pois, não conseguirão impedir que seu filho frequente um local que, até então é proibido a ele. Outro agravante é a superlotação dos presídios que não suporta os presos e a destinação de recursos para a manutenção dos presídios, muitas vezes superior aos recursos que poderiam ser utilizados para assistir um jovem carente”. Segundo Jorge esses indivíduos vivem a infância, passa a adolescência reclusa do apoio familiar e em abandono material e afetivo, com pouca expectativa de vida, o crime lhe estende a mão, convidando-o


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