Enchidos (embutidos) que, no Alentejo, são defumados em varapaus (sarrafos)
Nas terras minhotas o consumo do porco: da cabeça ao rabo; orelhas, focinho, faceira, chispe, entremeada, sarrabulho com todo o seu cortejo de delícias, dentre elas os rojões, fígado e enchidos
Na cozinha doméstica, as mulheres começam a preparar acepipes do almoço comunitário: toucinho frito (torresmo) e sopa de cachola, à base dos miúdos e do sangue do porco, enriquecida com vinagre, alho, cravo, cominho e servida no prato sobre uma fatia de pão. No dia seguinte ao abate, faz-se a “desmanchação” do porco. Ele é cortado ao meio. As pernas dianteiras vão para cozidos e enchidos, especialmente o paio; as traseiras se tornarão presuntos; as carnes com mais sangue servirão para os chouriços; as magras, acrescidas de gordura, destinam-se à linguiça; a costela, o entrecosto e o lombo ficam dois dias em alguidares, temperadas com sal, alho moído, massa de pimentão e água fria, antes de irem ao fogo. “A vaca é a nobreza, a cabra é a matança, a ovelha é a riqueza, mas o porco é o tesouro”, filosofa o povo alentejano. Aproveita-se tudo do porco, inclusive a cabeça e os pés. Orelhas, língua, nariz e rabo são iguarias.
O sarrabulho-doce: feito do sangue do porco
As delícias do porco
A vaca é a nobreza, a cabra é a matança, a ovelha é a riqueza, mas o porco é o tesouro, filosofa o povo alentejano
Pará+
www.paramais.com.br
30
O ritual milenar da matança do porco.indd 30
11/12/2012 17:22:38